Força De Um Amor escrita por MayLiam


Capítulo 63
A verdade sempre surge


Notas iniciais do capítulo

capítulo de hoje... (yn)
Boa leitura!



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- E então? Qual dos dois vai falar primeiro? – Elena cruzou os braços depois de fechar a porta a suas costas, ela ficou parada exigente, olhando cada um dos Salvatore a sua frente.

-Bem, eu acho que isso não cabe a mim então... – falou Stefan se erguendo da cadeira e Damon o encarou com um olhar que dizia: “traidor!” – Já está bem tarde também. Eu já vou. – ele falou encarando o olhar do irmão e depois se virou pra Elena e foi até ela, lhe deu um beijo no rosto. – Boa noite!

-Boa noite! – ela respondeu seca, sem tirar os olhos de Damon que ainda estava sentado, com um olhar assustado pra ela.

Stefan encarou o irmão depois de abrir a porta nas costas de Elena e soltou um “boa sorte!” surdo, Damon suspirou.

Elena estava encarando Damon, parada, ainda com os braços cruzados. – E então? – ela perguntou altiva.

-Senta aí! – Damon pediu apontando a cadeira e Elena sentou.

-Antes de mais nada, quero que saiba que eu escutei toda a conversa. Pelo menos o que me interessava. – ela começou cruzando as pernas devagar, se encostou na cadeira, enquanto Damon suspirou mais uma vez e deu alguns batidas na mesa, sinal de puro nervosismo. – Damon?! – ela estava impaciente.

-Certo. – ele engoliu seco. – Do começo. Eu omiti uma coisa de você. – Elena bufou.

-Já percebi! – falou revirando os olhos e rindo com ironia. – Quero que me diga o que. Exatamente!

-Quando você me perguntou no outro dia, sobre Rose e eu... – ele hesitou um pouco, fugiu do olhar de Elena, que o encarava veemente, suspirou outra vez. – Bem eu... Eu não falei a verdade. – Elena engoliu seco, tentando manter a calma, cruzou os braços outra vez, como se aquele gesto reestabelecesse o seu controle, era uma defesa.

-Continua. Eu não vou interromper. – ela disse num tom de calma. Damon a encarou por baixo, ele estava inclinado na mesa a sua frente, apoiado nos cotovelos.

-Aconteceu uma coisa, anos atrás. Estava pra completar um ano da morte de Katherine e... Bem, naquela época eu era um tanto imbecil demais. Eu reagi mal a morte dela. – Damon fez uma pausa um tanto demorara, com o olhar distante, Elena pigarreou o trazendo de volta, ele a olhou brevemente e prosseguiu. – Eu estava bebendo muito, ficando depressivo, um caco de pessoa, cada vez mais entregue a dor. Rose tinha muita paciência comigo. Eu era muito estúpido com ela. Em uma noite em especial, eu estava mais uma vez bebendo sem parar. Ela veio outra vez me alertar e pedir que eu parasse, que aquilo estava acabando comigo. Eu a chamei pra beber comigo, ela relutou, mas depois de tanto eu falar e falar ela acabou aceitando.

Elena sentia seu coração doer com cada detalhe. Ela sempre soube que aquela época havia sido mais que negra na vida dele. Que ele passou por muita coisa, mas ela nunca soube de todos os detalhes, ela só lembrava de Stefan sofrer muito por ele, assim como a mãe deles. Ela se sentia pior ao pensar que depois de tudo, Rose era a única pessoa que ele tinha e isso certamente os aproximou, ela só não queria imaginar o quanto. Nunca havia perguntado a ele sobre aquela época, sabia que era algo muito ruim. Preferiu sempre evitar. Damon continuou explicando.

-Conversa vai, lembranças vêm e... Eu não lembro muito como nem porque, mas... Eu a beijei. – Elena arregalou os olhos e mais uma vez engoliu seco, deixou uma lágrima escapar de seu olho e logo a limpou, aproveitou-se do fato de Damon não estar lhe olhando, ele tinha a cabeça baixa. – Eu a beijei, ela não recuou, as coisas foram ficando intensas demais. – Elena tremia. Havia acontecido algo pior que um beijo intenso? – Depois que algumas visões turvas e lembranças vagas, imagens desconexas, só me lembro de acordar no meu quarto, sem camisa, apenas com minha cueca, com uma baita dor de cabeça e minutos depois ver a Rose entrar no meu quarto com uma bandeja de café da manhã, sorrindo de orelha a orelha. – A voz dele era amarga, fria.

-Você dormiu com ela? – a pergunta saiu mais baixa do que Elena pretendia.

-Dormi. E o arrependimento só piorou quando ela se dirigiu a mim com doçura, quase como se já fossemos um casal feliz. – Elena soltou uma risada amarga. – Ela me chamou de meu amor. – Elena quase caiu da cadeira, se fosse algo possível ela o faria.

Elena olhou pro lado, braços cruzados, lágrimas nos olhos, Damon apenas observava as suas reações com cautela, apreensivo. Temia o que ela estava prestes a dizer, ou fazer. Temia por sua família.

-O que aconteceu depois? Ficaram vivendo um caso até você voltar? – ela perguntou voltando a encarar Damon, com amargor na voz e no olhar, marejado pela decepção.

-Claro que não! – Damon quase gritou, alterou um pouco a voz, mas o olhar de Elena era tão forte, que seu tom baixou imediatamente. – Demorou pouco mais de segundos pra eu dizer que nada deveria ter acontecido, que foi um erro, me desculpei e deixei claro que nada mudaria entre nós, eu ainda amava minha falecida esposa. – a voz dele era puro sussurro no final, Elena bufou.

-Por favor Damon, não espera que eu acredite que depois disso, vocês conversaram, se entenderam, ela resolveu continuar trabalhando com você numa boa e nada mais aconteceu? Está na cara o quanto ela ainda gosta de você até hoje. Nada mudou pra ela.

-Mas foi o que aconteceu Elena. Eu confesso que imaginei que ela sentiria um ódio mortal de mim e nunca iria querer voltar a ame ver, mas ela me disse que queria ficar e continuar me ajudando, que acima de tudo era a minha amiga. Eu tentei lutar contra isso, eu me sentia estranho demais com toda aquela situação. Mas ela me lembrou que não tinha lugar pra ir e também que ela não se importava, que realmente foi um erro e... – Elena balançava a cabeça incrédula. – Bem, ela acabou ficando.

-Tudo ficou muito cômodo pra você não? Você teve uma noite de aventura, usou ela, os sentimentos dela. Claro que não vou defendê-la. Ela sabia exatamente o que queria de você. – Elena cuspia as palavras com um rancor audível.

-Nada era cômodo pra mim. Nunca mais foi. Depois eu fiquei mais um ano lá, mas eu mal parava em casa. Vivia sempre o mais distante possível dela. Até que resolvi voltar. Achei que nunca mais a veria, seguimos caminhos diferentes e então...

-E então ela volta pra sua vida dias depois de eu sair dela. – Elena completou. – Bem conveniente.

-Quando eu recebi o telegrama do Stefan eu fiquei muito surpreso. Pensei que nunca mais a veria. Eu e Rose sempre fomos muito amigos, por meio da Katherine, depois de tudo o que aconteceu, veio a culpa, a sensação de trair minha falecida esposa com sua melhor amiga e é claro, me sentir um cachorro por esnobar tudo o que aconteceu, mesmo sabendo que foi muito para ela.

Elena começou a bater os pés, sua cabeça estava a mil. Era difícil crer que tudo não passou de apenas uma noite. Ele passou mais um ano inteiro com ela, mesmo ele negando algo parecido, agora, se sentindo enganada, Elena até começou a considerar que algo aconteceu na semana que ela chegou na mansão. Algo como relembrar os velhos tempos. Damon estava separado dela. O que o impediria?

-Aconteceu mais alguma coisa entre vocês? Depois que ela voltou? – Damon arregalou os olhos fitando Elena incrédulo.

-Não! Já disse que não Elena. Não houve nada.

-Acontece que não consigo acreditar em você Damon. Não quando eu penso que você teve a coragem de me olhar no olho e mentir pra mim. – Damon ia protestar, mas ela o cortou. – Mentir sim, não foi omissão. Eu te perguntei. Naquela noite lembra? Na London Eye. Você me olhou nos olhos e negou tudo, isso é mentir. – Elena se levantou da cadeira e Damon seguiu seu movimento, ela estava chegando perto da porta e ele a alcançou.

-Espera! – ele falou segurando o braço dela, a fazendo o encarar. – Eu sei que foi errado, mas... Eu apenas não quis te contar ali, naquele dia. Elena eu temia a sua reação. Você sempre detestou ela e...

-Eu tinha um motivo afinal, um que embora eu não entendesse, existia dentro de mim, como se eu sentisse algo. Motivo que você sempre me acusou de “criar” na minha mente. – e você sabendo de tudo. – ela desviou o olhar se entregando ao choro. – Como pôde Damon?

-Elena... – ele tentava falar, mas ela estava impossível.

-Você me enganou, mentiu pra mim, me fez suportar aquela mulher. Me exigiu. Sempre alegando que eu não tinha motivos pra me sentir ameaçada por ela, ou não gostar dela e todo esse tempo... Vocês estavam rindo de mim juntos. – Damon negava com a cabeça, suas mãos ainda nos braços dela, tentando fazer com que ela parasse pra escutar.

-Não Elena! Não significou nada, por isso eu não falei. – ela se soltou dele com brutalidade.

-Stefan, você e Rose rindo de mim, sabendo de tudo. Quem mais? Sua mãe? Seu pai? – ele a olhou incrédulo. – Certamente seu pai. Homens sempre ficam juntos nessa.

-Elena não existe essa! Você era cismada com Rose, sem ela ter feito nada com você, não diretamente. Como você acha que reagiria se eu contasse tudo? Céus, eu esperei o momento certo. Achei que seria melhor se eu falasse depois dela ter partido. Quando ela desistiu de ficar aqui, me senti mais leve, sabia que este dia estava próximo, eu apenas não podia contar com você e ela debaixo do mesmo teto. Daí você veio me perguntando aquilo antes, eu fiz o que achei certo, pra te proteger.

-Mentindo pra mim? Que espécie de proteção é esta? – ela se afastou dele indo sentar em uma poltrona, ele ficou de pé diante da porta, olhando pro teto e respirando fundo.

-Olha, eu sei que eu errei, eu devia ter te contado tudo, mas...

-VOCÊ NÃO IA ME CONTAR NUNCA! – Elena gritou. – Eu ouvi sua conversa com Stefan, você iria continuar mentindo o quando fosse possível.

-Pra te proteger disso!  Olha o seu estado! – ele falou levando as mãos a cabeça e virando as costas pra ela. – Você estava feliz Elena, como nunca, como eu sempre desejei que estivesse. Finalmente estava bem. Eu só queria que ficasse assim. Não era preciso você saber. Foi logo sem valor e já estava no passado, pra mim e pra ela também.

-A que preço Damon? – ela perguntou quase sem voz. – A que preço eu estaria feliz? Você me enganando... Me fazendo de boba... Como... – Elena parou de falar ao sentir o choro emergir em sua garganta, Damon se virou devagar pra ela e foi até sua direção, ficando de joelhos diante da poltrona, buscando o olhar dela, depois de segurar suas mãos.

-Eu não queria que sofresse. Eu fiz por você, por nosso filho. Eu...

-Eu te disse que entenderia Damon, você só bastava acreditar em mim, confiar na minha compreensão.

-Você nunca compreende. Mal consegue compreender porque escondi isso. Imagine perdoar e seguir em frente. Não entende? Você ia me deixar.

-Você não pode dizer isso, pois só eu posso e eu disse que entenderia. Você só precisava confiar em mim. – Damon baixou a cabeça. Soltou as mãos dela.

-E você entende? – ele perguntou sem encarar ela. – Entende porque eu fiz isso?

Elena respirou fundo, fechou seus olhos devagar e ao abrir se deparou com o olhar de Damon, marejado e ansioso.

-Eu entendo. – ela disse simplesmente e Damon arregalou os olhos, confuso. – Eu entendo o que você fez e porque você fez. Sei que você me ama e que quer o melhor pra mim, que tem essa mania horrenda de tentar me proteger de tudo. Me julga, não confia na minha força ou no que eu digo a você. Talvez este seja o ponto mais grave de tudo isso. Confiança! E se não confia em mim ou duvida de minha maturidade, será difícil levar nosso casamento adiante. – Damon começou a balançar a cabeça, temendo o pior.

-Elena... – sua voz era pura cautela e súplica.

-Não se preocupe Damon. Isso não vai acabar com nosso casamento, mas vai mudar algumas coisas. – ela disse se levantando e deixando Damon de joelhos no chão ainda mais confuso.

-O que você está dizendo?

-Continuaremos casados, vivendo nesta casa. Você é o pai de meu filho, meu marido, somos uma família agora e pra todos os efeitos, somos absurdamente felizes. – Damon se levantou olhando pra ela, que estava perto da porta.

-Como assim pra todos os efeitos? – ele perguntou se aproximando dela.

-Eu estou magoada, triste demais. Preciso de um tempo pra pensar sobre tudo. Não vou sair desta casa e nem quero que você saia. Ela é nossa casa. Mas de hoje em diante vamos dormir em quartos separados, seremos um casal feliz na teoria, mas vamos perder um pouco na prática. - Damon semicerrou os olhos.

-Quer fingir estar casada comigo?

-Eu estou casada com você. Apenas eu preciso de um tempo pra mim. Quero que fique bem longe de mim. Encare como uma breve separação. Acho que precisamos rever conceitos. Você precisa aprender a confiar em mim e eu preciso aceitar tudo o que você me contou.

-Elena... Isso... Não faz sentido!

-Faz todo sentido do mundo. É isso o que eu proponho para não dar as costas e acabar com tudo de uma vez. É uma última tentativa de salvar tudo entre nós. Vamos aprender juntos a entender os motivos e sentimentos do outro. Eu só espero que tenhamos conseguido antes de meu filho nascer. – Damon travou o maxilar, “meu filho” ela nunca disse isso antes.

-Nosso! – ele corrigiu e ela nada falou. – e até quando isso duraria? – ele perguntou cruzando os braços.

-Até quando eu sentir que algo mudou entre nós. Que você não me esconde mais nada, sobre nada e que perdeu a mania de tentar “me proteger”. Não antes disso. Sei que você vai aceitar, porque eu aceitei quando você me propôs um tempo para que eu crescesse. –Damon revirou os olhos. Ela jamais iria esquecer aquilo. – Agora eu proponho um tempo, até você perceber que não tem que me esconder nada, nem tentar me poupar, principalmente se pra isso tiver que mentir.

Damon assentiu. – E até lá?

-Dormimos separados, conviveremos mais como amigos. Temos uma bela amizade. – ela sorriu irônica e amarga.

-Eu realmente não concordo, mas não tenho escolha. – Damon falou se virando e indo se sentar na cadeira.

-Estamos conversados então. Mandarei levarem suas coisas pro quarto de hóspedes, perto do nosso. Pedirei discrição também, não quero que saiam comentando que não dormimos mais juntos. Darei a desculpa de que apenas ficou incomodo demais. – ela falou acariciando a barriga sugestivamente.

Damon ouviu tudo e não falou mais nada. Elena deixou o escritório logo depois. Ela subiu as escadas, quase que correndo, queria se por o mais distante possível dele, chegou ao quarto dos dois, sentindo que toda a recente e mais completa felicidade em que vivera nestas ultimas semanas, não passava de uma mentira, uma ilusão, fingimento.

Elena se jogou na cama e começou um choro desesperado. De decepção, raiva, dor, ela se agarrava a sua barriga, como se aquilo fosse poupar o pequeno Samuel a ter contato com tudo aquilo. Claro que era algo impossível, pois a criança se agitava em sua barriga, tanto quanto ela estava agitada.

Damon continuou no escritório, se culpando ainda mais que antes, se martirizando. Ele sabia o quanto seria difícil restaurar a paz em sua casa, em seu casamento. Elena era orgulhosa, rancorosa, embora ela estivesse sendo muito condescendente, mais até do que ele nunca esperaria. Talvez ela tivesse razão e ele estivesse precisando enxergar o quanto ela mudou. Ele ficou no silêncio do escritório, se rendeu as lágrimas em silêncio. Foi o pior erro de sua vida, mas ele estava disposto a concertar, se era isso que faltava, ele faria. Faria o que Elena propôs.

...

Na manhã seguinte, eu acordei bem cedo. Na verdade eu nem dormi. Elena se trancou no quarto e eu não a vi mais. Ela não desceu pro café. Eu estava a caminho do hospital quando Stefan me ligou. Eu contei tudo pra ele – como sempre fazia – ele ficou bastante culpado, mas eu o convenci do contrário. Eu tinha um dia difícil no hospital, novos exames pra mim – Alaric me submetia constantemente a eles - consultas, cirurgias marcadas. Depois uma reunião com meu pai e os acionistas de suas empresas, - eu era um deles então... –

-Bom dia doutor Salvatore! – me disse a minha assistente de consultório. Liz.

-Bom dia! Alaric já chegou?

-Sim!

-A que horas é meu primeiro paciente?

-Às oito.

-Atrase meia hora. Preciso falar com o doutor Saltzman. – ela assentiu e fui até a sala do Ric.

-Hey! – ele falou ao me ver entrar na sala, Andie estava com ele, eu parei na porta.

-Atrapalho? - Ambos reviraram os olhos.

-Claro que não Damon. – Ric falou se levantando da cadeira. Andie fez o mesmo e ao passar por mim beijou meu rosto, me desejou bom dia e saiu. Alaric me apontou a cadeira depois de fechar a porta do consultório.

-Vocês parecem bem. - Eu falei e Ric sentou sorrindo diante de mim.

-Estamos caminhando. Acho que vamos morar juntos.

-Sério? – ele assentiu. – Nossa! É bem legal, eu acredito que serão bem felizes, Andie é uma ótima pessoa e vocês merecem ser felizes.

-Bem, estamos bem de vida amigo. Com quem gostamos, tudo está no lugar certo. – eu suspirei, baixei a cabeça e depois que voltei a encará-lo ele me olhava confuso. – Que foi?

-Cabeça cheia Ric. Estou preocupado com minha saúde. – ele se mexeu meio incomodado.

-Ficará tudo bem. Sabíamos que seria bem complicado. É tudo meio imprevisível nisso Damon. Você está numa fase de recaída, mas estamos cuidando e você sairá dela e ficará tudo bem. – eu assenti.

-Eu tenho pacientes agora, então...

-Nos vemos no final do expediente, pros exames. – eu concordei e saí da sala.

...

Acordei toda dolorida, dormi muito mal, é claro. Damon não estava comigo, seria algo que eu teria que me acostumar. Eu ia arrumar um travesseiro enorme pra substituí-lo.

Eu fiquei o dia inteiro no meu quarto, sai pra almoçar e voltei, fui até o quarto de Samuel. Adorava o cheiro das coisas dele. Eu estava triste, mas não chorava mais. Estava agitando o meu filho e nada mudaria, então me controlei. O resto da tarde eu fiquei no quarto, vendo TV, recebi uma mensagem de Damon avisando que não viria jantar. Ele tinha exames. Resolvi sair, visitar minha mãe, eu pensei em não falar nada pra ela, mas como precisava desabafar, falaria com Caroline sobre tudo. Tomei um banho, me arrumei e saí, deixando os empregados avisados pra quando Damon voltasse.

Chaguei a casa de meus pais e de certa forma fiquei feliz quando notei que minha mãe não estava e com meu pai no trabalho só estava a Carol em casa. Perfeito! Conversei com ela, contei tudo. Ela me olhava perplexa.

-E eu que defendia ele... – ela falou pensativa.

-Eu entendi o que ele fez Caroline, eu não consigo sentir ódio dele, eu o amo demais, mas Damon precisa dessa prensa. – ela assentiu.

-Sabe que pode contar comigo. – ela falou estendendo os braços pra mim, eu a abracei.

-Sei sim. - Eu precisava daquele abraço, fiquei presa nele por uns minutos.

Logo chegou a hora do jantar, meus pais já estavam em casa, estranharam a ausência de Damon, mas eu expliquei que ele estava preso no hospital, fazendo alguns exames de rotina. Carol respeitou minha decisão de não contar nada sobre o que aconteceu, para os outros, Damon e eu estamos mais felizes do que nunca. Depois do jantar me demorei um pouco mais, matando as saudades deles, até me diverti um pouco, enquanto falávamos sobre Samuel, mas sempre que eles tocavam no nome do Damon, algo em mim se partia. Já eram quase dez da noite quando eu decidi voltar pra casa, como havia deixado minha bolsa em meu carro, por puro esquecimento, meu celular ficou junto e quando entrei no meu carro e o peguei haviam três ligações não atendidas de Damon. Respirei fundo, liguei o carro e voltei pra casa.

...

Ouvi o carro de Elena chegar, eu estava na sala, bebendo. Precisava beber, embora soubesse que não podia, mas tive um dia horrendo, cheio de problemas, complicações, frustrações e até mesmo dor física. Muita dor, meu corpo inteiro doía e o álcool ajudava a entorpecer tudo. Elena surgiu na sala, embrulhada num casaco. Ela me olhou meio confusa.

-Estava ficando preocupado. – falei tirando o olhar dela.

-Você está bebendo? Sério? – ela ignorou o que falei pra me repreender.

-Foi só essa dose. – ela cruzou os braços e suspirou. - Eu estava esperando você voltar pra subir e dormir. Foi um dia cheio. Viu que eu liguei?

-Eu estava longe do celular... – falou dando de ombros.

-Certo. – levantei, deixei o copo em cima da mesa de centro e fui em direção as escadas. Ao passar por ela me inclinei pra beijar sua testa, ela iria desviar, mas por não esperar isto de mim acabou que não deu tempo. – Boa noite então. – falei e subi lentamente, meu corpo podia me trair a qualquer instante, eu apenas queria deitar e dormir.

...

Observei Damon subir as escadas devagar, com certa dificuldade, pensei em perguntar se ele estava bem, mas provavelmente estava apenas sofrendo os efeitos do álcool. Quando finalmente ele subiu eu fui até a cozinha.

-Carmen! – chamei a empregada que já parecia ter ido deitar e estava pegando um copo com água.

-Sim senhora. – ela falou se virando pra mim.

-Meu marido jantou? – perguntei desconfiada.

-Não senhora! Ele chegou bem cansado, se jogou no sofá e depois nos dispensou. Não parecia muito bem, ele se queixava de dor.

-Dor? – perguntei meio preocupada.

-Sim senhora, ele me pediu uma bolsa térmica, usou um pouco na nuca, depois me devolveu. Não sei de mais nada.

-Certo Carmen. Obrigada!

-Disponha! Vai precisar de mim?

-Não pode ir deitar. Obrigada! – ela assentiu, eu tomei um copo com água e subi até meu quarto, pensei em ir ver o Damon, mas se ele estava cansado, achei melhor o deixar em paz.

As coisas estavam bem estranhas, mas eram necessárias. Eu precisava de um tempo. Damon estava disposto a me dar. No final eu só queria estar bem com ele de novo. Rezava para conseguir isto logo. Damon precisava mudar e eu precisava perdoar ele. De certa forma já havia, mas... Era difícil admitir.


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Notas finais do capítulo

Beijos!