Innocent. escrita por Jones


Capítulo 1
Prólogo.




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Eu e Draco nos conhecemos há muito tempo e tivemos aquilo que as pessoas costumam chamar de ódio à primeira vista. Ele era um rapaz do quinto ano que só não era mais metido por falta de espaço e eu era a moça tímida do terceiro ano, irmã da melhor amiga da namoradinha dele - outra pessoa que só de ouvir o nome me embrulhava o estomago.

Agradeci todos os dias da minha vida por me instalar em uma torre e não nas masmorras. Nada contra a casa e sim contra as pessoas.
Odiava Draco Malfoy, os capangas dele – os quais dos nomes nem me recordo. – Pansy Parkinson e até minha irmã.

Então não sei dizer o que aconteceu naquele ano.

Muitas pessoas eram alheias aos acontecimentos da guerra, como eu. Pessoas que rejeitavam a influência negativa e persuasiva d’O Profeta Diário naquela época – como eu, novamente – só sabiam que Harry Potter era taxado de louco e que tudo era coisa da cabeça dele. Que o rapaz de Lufa-Lufa tinha sofrido uma fatalidade.

Eu não sabia em quem acreditar e naquela época pouco me importava.

Mas no início daquele ano escolar, em novembro, para ser mais exata, encontrei Malfoy na biblioteca como se estivesse escondendo-se.

Por mim, o deixaria recolhido onde ele estava. Os idiotas da turma dele estavam em uma ala recebendo olhares tortos e represálias raivosas de Madame Pince e eu preferia ficar sozinha naquele canto onde estava que em uma rodinha de gente exibida como aquela. Em um canto, Harry Potter, o rapaz ruivo e Hermione Granger conversavam aos sussurros – se os lábios não se movessem, eu não diria que havia uma conversa ali – ao mesmo tempo em que Granger parecia engolir livros.

Ninguém havia percebido Malfoy ali.

E eu estava fazendo um bom trabalho em ignorá-lo até Madame Pince me chamar e dizer que achava que Malfoy precisava de ajuda. Naturalmente, perguntei o que eu tinha com aquilo e ela disse qualquer coisa sobre uma detenção mal cumprida.

– Madame Pince me pediu para te perguntar se você precisa de ajuda. – Perguntei com má vontade e ele não se deu o trabalho de me responder. Sentado ali no chão da biblioteca, me olhou e ergueu a sobrancelha, voltando a olhar para o livro em seguida.

Eu não gostava dele, estava acostumada a ser ignorada e não dava a mínima se ele sabia meu nome ou não. Então não sei qual foi o motivo de eu ter plantado os meus pés ali até ele me olhar novamente.

– Você não tem alguma boneca ou algo desinteressante para fazer não? – Ele me perguntou naquele tom desdenhoso característico de Malfoy. – Ou pretende ficar me olhando a tarde inteira?

– Estou esperando você me responder direito. – Disse firme, e eu acho que ele ficou surpreso por ver que eu tinha voz e que eu não ia sair correndo como as crianças do primeiro ano que ele e os brutamontes costumavam assustar. – Eu te fiz uma pergunta.

– Não. Eu não preciso da sua ajuda. – Ele me respondeu depois de algum tempo encarando meus olhos. – Agora, se você puder sair, eu quero ficar sozinho.

– Qual é o seu problema? – Perguntei de braços cruzados. – É algum tipo de doença ser educado com as pessoas?

– Eu nem sei quem é você, mas não estou gostando do seu tom. – Malfoy ainda me encarava.

– Eu sou Astoria e nunca gostei do seu. – Falei e tive o cuidado de não desviar dos olhos dele nem por um segundo.

– Pois bem, Astoria. – Ele disse fechando o livro. – Você quer saber o que eu estou fazendo aqui? Eu estou tentando ficar sozinho.

– Em minha opinião, você já está sozinho o tempo inteiro. – Disse cheia da razão. – Suas atitudes são atitudes de alguém que precisa se auto afirmar e se exibir para ter amigos, que na verdade não são seus amigos coisa nenhuma, porque nenhum deles te conhece de verdade.

– Não paguei por nenhuma análise. – Draco falou, me olhando feio enquanto eu me sentava ao lado dele. – O que você está fazendo?

– Te conhecendo melhor, Malfoy. – Ainda não entendo a motivação naquela decisão, mas cruzei os braços e esperei que ele falasse. Ele parecia desesperado para falar.

– Eu não vou falar minha vida para uma estranha. – Ele meneou a cabeça e riu nervosamente.

– Eu acho que se você não fala para os amigos, os estranhos são a melhor opção. – Observei enquanto me encostava à parede e fechava os olhos. – Sem contar que eu não tenho o mínimo interesse em sair divulgando sua vida por aí, Malfoy.

– O que você quer saber, mini analista? Eu sou o filho único de uma família que compensa a ausência com presentes caros e fotos na mídia, exibindo a família perfeita. – Ele disse de repente bastante irritado. – Minha mãe costuma me mimar e meu pai costuma me dizer que eu sou o futuro da família e que eu tenho que saber lidar com tudo que envolve os Malfoy! E isso significa o que? Que eu vou ter que me envolver cedo ou tarde nas coisas perigosas deles? Por causa do incrível Harry Potter e seus amiguinhos sangue-ruins ou traidores do sangue? Depois me perguntam porque eu odeio Harry Potter. Eu o odeio porque ele não precisa fazer nada para ter atenção de todo mundo, porque ele tem mais contato com os pais mortos dele que eu tenho com os meus que estão vivos! Porque tudo o que ele fez desde que chegou a Hogwarts foi conseguir tudo de graça e atormentar a minha vida.

E eu não sei explicar porque depois daquele discurso irritado eu começava a odiar cada vez menos Malfoy. Talvez eu já tivesse naquela época uma queda pelas pessoas problemáticas... Ou eu gostei de ter enxergado o verdadeiro Draco pela primeira vez. E não interessava se eu gostava do que via: o ódio intenso, a carência extrema e a frustração de não ter conseguido sempre ser o melhor.

O que interessava é que havia algo para se ver, além da máscara de desdém e deboche que ele ostentava. E talvez eu gostasse de ver alguém além daquilo.

Por isso passamos a nos ver, como amigos, e o nosso objetivo era simplesmente conversar. Claro que nunca dissemos nada disso para ninguém, até porque eu não posso ser hipócrita ao afirmar que nunca liguei para a opinião das pessoas e nem ele; eu não queria ser vista com o mais arrogante e metido a bad boy de Hogwarts e ele não queria ser visto ao lado da irmã mais nova de Dafne, dois anos mais nova que ele e de Corvinal, ainda por cima.

O que importa é que se as pessoas conhecessem o Draco que eu conheci, jamais suspeitariam do que aconteceria nos próximos anos... Nem eu suspeitei.


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