Doce Amargo escrita por WaalPomps


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Hey galera. Bem vindas MrsOverstreet e QuinnPuckerman, sempre presentes *---* Espero que curtam o capítulo e até lá embaixo ;@,



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Elizabeth estava ferrada. Sabia disso. A mãe havia estipulado o horário de chegada para 22h30. Já passava das 23h e ainda estava há alguns razoáveis quarteirões de casa, isso sem contar as duas multas que Ian provavelmente receberá.

Ele estava mais tranqüilo, já tinha 18. Mas ela ainda tinha 16, e sua mãe era muito rígida com horários.

_ Vai Ian, acelera! – pediu ela ao namorado.

_ Amor, eu estou a mais de 100 em uma rodovia de 70! – disse ele – Uma terceira multa, e eu me ferro de vez!

Ela bufou, mas lhe deu razão. Seu tio Charles era um cara legal, mas não o suficiente para relevar três multas MAIS o atraso dos pombinhos. E todos aqueles caminhões de bombeiros e ambulâncias não ajudavam muito em uma sexta à noite, antevéspera de Natal. Era o 4º ou 5º em menos de dez quilômetros.

_ Por Deus, onde é o incêndio? – bufou ela. O namorado riu, enquanto dava passagem a outro carro de policia.

_ Vamos entrar na estradinha de terra, o transito ficara melhor. – disse ele, enquanto a pista mudava. A jovem sorriu. A estrada de terra que levava a casa de ambos era ladeada por belas arvores, e ali estariam livres dos carros de resgate. Ou assim pensava.

Um carro de bombeiros passou zunindo por eles, a sirene ligada. O casal trocou um rápido olhar, antes de Ian pisar no acelerador. Logo, o manto de arvores ficou para trás, e o que viram foi a grande casa dos Strand sendo consumida por chamas.

_ PUTA QUE... – Ian xingou, parando o carro de qualquer jeito. Desceram sem ao menos se dar ao trabalho de fechar as portas. Três ambulâncias saiam apressadas, enquanto outras duas chegavam. Um helicóptero se aproximava e os bombeiros tentavam controlar as chamas.

Elizabeth olhava o local em pânico. Onde estaria sua mãe? E os pais de Ian? E os funcionários? Ela começou a correr em direção a casa, quando viu uma maca sendo tirada de lá.

_ Mamãe! – gritou a jovem, empurrando o paramédico. Shelly Danten tinha o corpo queimado e mal conseguia firmar os olhos abertos. Um paramédico falava no radio. Não havia muitas chances.

_ Temos que levá-la garota! – disse a paramédica ao lado dela.

_ Não. – Shelly gemeu – Beth, filha... Vem aqui.

_ Mas senhora... – argumentou outro paramédico.

_ P-p-por favor. – implorou a mulher – Eu preciso falar com ela.

Os paramédicos bufaram, mas atenderam ao pedido da paciente. Eles se afastaram, ajudando com a retirada de outra pessoa.

_ Minha princesa... – gemeu a mais velha, enquanto a filha chorar – Como eu te amo.

_ Eu também te amo mãe. – soluçou a menina – Obrigado por ter me amado, quando meus verdadeiros pais não me amaram.

_ Beth... Olhe para mim. – pediu a mãe e a menina ergueu os olhos – Eu menti sobre os seus pais.

_ Você o que? – perguntou a menina, chocada.

_ Seus pais... Eles deram sim você para a adoção. Mas eles não eram adultos, nem nada. Eles estavam no colégio, eram muito novos. – a voz da mulher ia enfraquecendo, mas ela precisava falar – A verdade é que eles tentaram te ter de volta, mas eu te amava tanto. Eu fugi com você.

Uma explosão detonou todo o andar de cima da casa, causando uma comoção. Mas Beth não se importou. Seus olhos transbordavam lágrimas e suas mãos agarravam a beirada da maca com extrema força.

_ Quem são eles? Onde eles estão? – perguntou ela, os dentes cerrados.

_ E-e-eu não sei onde eles estão. – disse a mulher – Mas eu sei quem deve saber. Minha filha, ela era melhor amiga da sua mãe e...

_ FILHA? – gritou a menina, perdendo a cabeça de vez – QUE FILHA?

_ Eu tenho uma filha, ela... R... – a voz da mãe ia sumindo – Encontre-a... Seus pais... Eu... Amo...

Os olhos se fecharam lentamente e a cabeça tombou. Outra explosão, mas a menina continuava alheia.

_ MÃE! ACORDA! ME DIZ! ME DIZ! – gritava ela, chacoalhando o cadáver da mãe – MÃÃÃÃÃÃÃÃE!

Braços a envolveram e começaram a puxá-la, enquanto vinham levar o corpo da mãe. Elizabeth se debatia debilmente, chorando e gritando, arranhando quem quer que fosse. Até perceber que era Ian.

Ela enterrou sua cabeça no peito do namorado e chorou, enquanto ele afagava sua cabeça e chorava também.

_ Meus pais não conseguiram sair. – sussurrou ele – Nem Nicole ou James. Eles estão mortos.

Sua mãe morrera. Os pais de Ian morreram. Os irmãos dele morreram. Mas ela não conseguia pensar nisso. As palavras da mãe ainda ressoavam em sua mente.

“Eu menti sobre os seus pais. A verdade é que eles tentaram te ter de volta, mas eu te amava tanto. Eu fugi com você.”

~*~

O cemitério de Gosberton, no interior do Reino Unido, fervilhava. A família Strand era muito influente na região, sendo Charles Strand dono de uma grande empresa de móveis de madeira, e Katherine, sua esposa, a organizadora de todos os eventos beneficentes.

Shelly Danten, amiga intima do casal, era professora de música de quase todos os jovens talentos da cidade. E Nicole e James, filhos caçulas dos Strand, ainda estavam no colégio primário, ambos com apenas sete anos.

Além deles, estavam sendo enterrados três empregados da casa e dois bombeiros, mortos na explosão. A polícia investigava as causas do incêndio, sem maiores conclusões.

Na primeira fileira, parecendo mais mortos que vivos, estavam Ian e Elizabeth, de mãos dadas, cada um com cinco rosas. Um padre celebrava as preces, enquanto os caixões desciam. Parecia devastador dois caixões tão pequenos afundando na terra, enquanto os dois estavam vivos.

Ian pôs uma flor para os pais, uma para o irmão, uma para o mordomo e uma para o bombeiro. Beth pôs para a mãe, Nicole, as empregadas e o outro bombeiro. Deram-se as mãos e saíram cabisbaixos, sem ligar para as dezenas de pessoas. Mas uma não poderiam ignorar.

Nigel Strand, avô de Ian, estava parado a poucos metros do aglomerado, em frente a sua limusine. Trajava vestes negras e tinha os olhos inchados, tristes. Abriu os braços e acolheu os dois.

_ Meu vôo só chegou agora. – explicou o homem – Maldita nevasca, maldita véspera de Natal.

_ Tudo bem vô. – disse o rapaz, abraçando a namorada – Imagino que traga notícias sobre a situação da Beth?

_ Claro, claro... – explicou o senhor, sorrindo bondosamente. Tinham acabado de perder os pais, mereciam alguma noticia boa – Consegui a emancipação dela facilmente. Ela não irá embora, nem você, ou mesmo eu. Estou me mudando para cá, pelo menos até que você consiga tocar o negócio da família sozinho.

Ian sorriu, beijando a namorada, que tinha um sorriso distante. Entraram no carro aquecido, seguindo para os destroços da mansão. Ian e o avô conversavam, mas Beth nem ao menos prestava atenção.

Seus pais estavam em algum lugar. E ela iria descobrir onde.



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Notas finais do capítulo

É isso gente. Gostaram? Odiaram? Mereço reviews? hihi'
Beijinhos ;@