As Irmãs Blackwell escrita por EyesOfBlood


Capítulo 1
1º Cap: Diana enfrenta todas


Notas iniciais do capítulo

"gritei o mais alto possível. Aquilo foi o que bastou para fazer a garota avançar para cima de mim com um garfo."



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CASSIE


Acordei com um pouco de tonteira e cansaço, mas estava faminta demais para me importar com coisas pequenas, como meu cabelo assanhado ou a terrível enxaqueca que parecia rachar o meu crânio. Já passara por coisas muito piores para chegar a onde cheguei.


Os últimos dias haviam passado como um borrão, fugir e se esconder não são as melhores coisas a se fazer. Principalmente quando sua vida só se resume a isso, pensei triste comigo mesma.


Ao meu lado Diana estava sentada olhando em minha direção e por sua expressão vi que havia passado a noite em claro. Ela tinha essa mania de não dormir quando estava preocupada ou ansiosa.


–­­ Oi, bom dia - Disse me espreguiçando. Oque não foi nada confortável se vendo o mínimo tamanho do carro.


– Oi, dormiu bem? – A pergunta parecia meioidiota, levando em consideração que não fui eu a dirigir durante todo o caminho. Diana sempre tentava fazer tudo sozinha, mesmo que tivesse de passar a noite em claro.


Mesmo cheia de olheiras Diana era linda, seus cabelos castanhos e sua pele branca a faziam parecer uma modelo de capa de revista. Senti ate um pouco de inveja.


– Não, e pelo que vejo você também não – Ela estava com uma cara terrível de cansaço, mas mesmo assim ainda se preocupava comigo. Chegava a ser engraçado.


– Passei toda a noite dirigindo, estamos quase chegando – Ela parecia incomodada com algo, mas fingi não perceber. Ela já sofreu demais, obviamente esta incomodada e chateada, pensei. Eu tinha esse costume de falar ou pensar comigo mesma quando estava mal ou entediada. Sempre considerei como o primeiro estágio de minha loucura pessoal.


– Ótimo! – Falei um pouco alto demais – Estou com torcicolo e muita fome. Já fazem dois dias que nos dormimos nesse carro, e não aguento mais comer no Mcdonalds. – Demos risinhos abafados e vi que ela queria me dizer algo. Fiquei impaciente.


– Fala logo, qual o problema? – Comecei a com meu interrogatório.


– Não e nada só que eu estava pensando... – Ela enrolou. Já pensava no pior.


– Estava pensando em... – Repeti. Fiz um gesto para ela continuar.


– O que você pretende encontrar nessa cidade? – A pergunta me pegou desprevenida –Afina, não importa pra onde formos, os problemas sempre acham um jeito de nos achar. – Seus olhos mostravam tristeza. Tive certeza que aos seus olhos, eu deveria estar igualmente abalada.


Comecei a entender o problema, ela estava com medo de não ser aceita na nova cidade, e no fundo devo admitir que tinha a mesma preocupação. Ninguém ira me querer por perto se souberem oque fiz, nem mesmo Diana. Afastei o pensamento para longe.


– Vai dar tudo bem, nos vamos nos sair bem – Disse encorajando. Não convenci nem a mim mesma com essas palavras.


– Você sabe que não será bem assim, pelo menos não enquanto tivermos de carregar essa coisa! – Ela apontou para o banco de traz. Para o objeto que juramos jamais usar.


Eu sabia que se referia à caixa de madeira no fundo da mala, a caveira de cristal um objeto com tanto poder, que foi capaz de corromper ate mesmo o mais confiável do nosso circulo, estava lá dentro. Pronta para causar mais tragédias e mortes. As lembranças voltavam a minha cabeça, e eu vi os rostos de todos os que eu perdi. Minha mãe, minha avó e por fim o rosto que me causava mais tristeza, lá estava Adam de volta a minha cabeça.


– Cassie, você esta bem? – Não entendi o porquê da pergunta, mas fiz que sim com a cabeça. Só então percebi que estava chorando. Limpei as lagrimas com a camisa e voltei a por meus pensamentos tristes no lugar certo, o mais longe possível, pensei.


– Vamos parar para comer algo, estive ouvindo sua barrica roncar a noite toda – Agradeci em silencio por ela mudar de assunto. Não queria voltar a chorar.


Diana me lançou um sorriso triste. Ela sabia no que eu estava pensando, e tentava me fazer sentir melhor. Obviamente não deu certo.


– Certo, vamos parar – Disse por fim.


DIANA


O cansaço era estremo, mas eu sabia que se tentasse dormir ou se sequer fechasse os olhos, os meus pesadelos voltariam. Não queria ter de sofrer tudo aquilo... De novo.


– Que tal aquele lugar? – Apontei para uma lanchonete e um posto de gasolina a poucos metros – Não parece tão ruim. – Menti o melhor que pude. Traduzindo, eu não enganei ninguém.


– Café da manhã! A refeição mais importante do dia – Falou brincando. Senti tristeza em sua voz.


Estacionamos no posto que parecia estar vazio, e saímos do carro no momento em que o barulho alto de motor se aproximou na rua. Um Porsche passou voando a nossa frente. A porta da frente se abriu e uma garota alta e loira saiu cambaleando, ela estava claramente bêbada, e segurava um cigarro.


– O que foi? – Ela olhou pra mim e em seguida pra Cassie, logo desviou o olhar para os dois caras que saiam do carro, todos estavam em condições tão ruins ou piores que ela. A vadiazinha de todos, senti vontade de dizer.


– Vamos Samanta! Não temos o dia todo – O garoto que falou era meio assustador, tinha um olhar maldoso e algumas tatuagens à vista, ele piscou em nossa direção e entrou na lanchonete. Repulsivo! Gritei mentalmente.


– Considerem hoje o seu dia de sorte – Ela se virou e andou... ou melhor. Cambaleou atrás amigos.


– Mas que hospitalidade as pessoas dessa cidade tem. Não acha? – Falei quando todos os três já haviam entrado. Cassie continha o riso, mas eu não achei grassa na situação. Quase nos metemos numa briga com uma loira bêbada no primeiro dia, e nem sequer havíamos chegado a cidade.


– Acho melhor nos irmos embora, não quero arrumar confusão – Estava nervosa com a situação. Tinha certeza que algo ruim ia acabar acontecendo.


– Está brincando? Estou faminta, e a patricinha burra não me intimidou – Ela me lançou um sorriso antes de me agarrar pelo braço e me forçar a entrar. Não consegui resistir e entrei.


O lugar estava meio acabado, a tinta das paredes estava descascando e o chão tinha um aspecto sujo. Olhem que eu ignorei o lixo e o cheiro forte de fritura.


– Vamos sentar ali – Falou apontando. Fui arrastada ate uma mesa quadrada com quatro cadeiras ao redor. Tudo com um aspecto sujo.


– Batata frita! Frango frito! E cheeseburger! Nem um pouco calórico – Comecei a ler o cardápio. Senti ânsia de vomito ao terminar, pois tudo naquele lugar era me dava nojo.


– Pede logo, esse lugar e nojento – ela pegou um guardanapo e começou a limpar a mesa. Como se não estive morrendo de nojo também, gritei mentalmente. O estranho foi que ela pareceu entender meus pensamentos. Revirou os olhos para mim.


A garçonete vinha nos atender, quando a loira Samanta pós o pé na sua frente. Ela caiu derrubando comida no chão já sujo.


– Precisa de ajuda senhora? – Eu e Cassie fomos ajudá-la a se levantar, quando Samanta se levantou e veio em nossa direção. E só oque faltava! Vou ter de dar uma surra nessa vaca, no fundo sabia que pensava a verdade. Ela estava perdida.


– Vocês de novo? – ela nos olhou com desprezo. Parecia uma cobra cuspindo veneno.


Senti uma súbita vontade de arrancar todos os dentes metidos daquele sorriso sínico. E era o que eu ia fazer.


– Qual o seu problema? – Não aguentava mais aquela garota sínica. Queria verdadeiramente atropelá-la com um caminhão.


– Se eu fosse você ficaria fora do meu caminho. – fez um gesto ameaçador com as mãos.


– Se você fosse eu! Teria uma coisa chamada educação. – gritei o mais alto possível. Aquilo foi o que bastou para fazer a garota avançar para cima de mim com um garfo.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Até o próximo Capítulo!