The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Quentinho, tirado do forno, para vocês!



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Matthew era bem misterioso, não falou uma só palavra até chegarmos no estacionamento, já estava ficando nervosa. O que ele queria fazer no estacionamento?!

 Até que paramos, em frente ao meu carro.

 -Dei-me a chave. – disse ele. Não pareceu pedir e sim mandar, ordenar...

 -Para que quer a chave? – ele iria me seqüestrar?! A esse ponto, minha mente já estava um pouco mais lúcida, iria gritar, correr, me esconder, fazer qualquer coisa.

 -Para abrir a porta de seu carro. – ele não me olhava nos olhos. Intercalava entre a porta do carro e o chão. Parecia envergonhado, ou talvez com medo do que eu poderia ver, não sei dizer... Eu não conseguia decifrá-lo, e sempre fui muito boa em decifrar, mas essa cidade me surpreendia a cada instante.

 -Para que quer abrir?! – estava começando a me exaltar.

 Estava ao seu lado e com medo dele me puxar ou algo assim, mas sei correr e muito.

 -Para levá-la até sua casa. – eu me irritava com o jeito educado que falava, sem se exaltar, até me lembrava um pouco de meu pai.

 -Não moro por aqui. – disse por fim, indo até o outro lado do carro.

 Ele não me seguia com o olhar, estava sempre com os olhos fixos no carro ou no chão.

 -Eu sei... – sabe?! Como?! – pensei.

 Estreitei as sobrancelhas e pus as mãos na cintura.

 -Hã? Como sabe? – apavorei-me. Ele poderia ter sido mandado pelo Dr. Charlie. O que fazer agora?!

 -Me dê às chaves e vou te explicar tudo Melany. – como sabia meu nome?! Isso estava cada vez mais estranho e inquietante.

 Minha cabeça começava a girar, meu estômago a embrulhar, não poderia ser presa! Eu não fiz nada! Minha mente estava começando a me transportar para a delegacia e vendo minha avó chorando a me ver atrás das grades. A única pessoa que me restou era ela e eu a amava! Não queria dar esse desgosto a ela.

 -Saia de perto de mim! – gritei dando passos largos para trás, mas ainda não correndo.

 Pensei: Se ele continuar imóvel eu apenas entro rápido no carro e vou embora, agora se ele der um passo se quer, corro até minhas pernas latejarem. Eu não iria ser presa! Não iria!

 -Não vou lhe fazer mal Melany. – ele deu um pequeno passo para frente. Eu estava completamente tomada pela adrenalina e medo do momento não conseguia me concentrar em nada, somente em fugir, até que ele me olhou.

 Fitou-me de tal forma que era como se eu conseguisse me ver em seus olhos. O meu reflexo estava neles, não sei como mas, a uma distância de dois metros, eu conseguia me ver. Com minha trança, minha cara de espanto, meu vestido e colar e os punhos cerrados.

 Ele apenas deu um simples sorriso e veio até mim, calmamente. Eu estava imóvel, impressionada com seus olhos e aterrorizada por achar que ele iria me violentar, me seqüestrar ou qualquer coisa do gênero.

 Ele chegou bem perto de mim, dava para sentir seu perfume amargo, com um toque doce. Sua cabeça estava próxima de meu pescoço. Minha vontade era correr, gritar, mas eu apenas não conseguia.

 -Vou levá-la para casa. – sussurrou ele em meu ouvido lentamente. Senti sua mão deslizar sobre meu pescoço e estacionar em meu decote em “V”. Ele irá me violentar! – pensei. Mas, mesmo assim, eu estava completamente estática, até minha respiração estava mais lenta e meu coração a mil. Ele colocou a mão no começo de meu decote e puxou a chave. Balançou-a em frente aos meus olhos. – Venha comigo. – riu ele, ao ver minha cara de espanto. Ele sabia o que eu havia pensado, com certeza sabia.

 Continuei parada, estática. Com medo, até ouvir a voz desagradável de Petrick, vinda por trás.

 Imediatamente saí daquele “transe”.

 Olhei para trás e o vi vindo em minha direção. Matthew já estava dentro do carro e dando a partida. A porta do carona estava aberta.

 -Vem comigo ou não? – disse ele olhando-me, enquanto Petrick se aproximava cada vez mais.

 Eu não queria morrer, pelo menos não ali, então entrei dentro do carro, fechei a porta e Matthew pisou no acelerador, nos tirando daquele local.

 Ficamos em silêncio quase que o tempo todo. O vi sair da cidade e ir em direção a estrada íngreme que passei ao chegar àquela cidade. Ele sabia onde eu morava, mas como? Tantas perguntas e nenhuma resposta!

 O silêncio me incomodava, mas eu não tinha coragem de puxar assunto com ele. Tinha medo, até que comecei a sentir uma fortíssima dor de cabeça. Com certeza foi por causa da bebida e talvez também da pressão que eu estava passando ultimamente. Tudo veio de uma só vez, sem pedir permissão e não teve piedade de mim.

 Coloquei as mãos na cabeça e encostei-me no vidro do carro, colocando meus pés em cima do estofado macio de couro gasto. Franzi minhas sobrancelhas e mordi os lábios, a dor era quase desesperadora e gritante, mas controlei-me.

 -O que houve? – o tom de voz de Matthew era quase de preocupação.

 -Nada... – eu não queria trocar palavras com ele. Geralmente pessoas misteriosas demais são perigosas.

 -Estou vendo que não está bem Melany. – agora ele parecia realmente preocupado. Não o olhava, estava com os olhos fechados e apertados. Minhas mãos estavam em meu cabelo, apertando-o.

 -Matthew, estou bem! – falei grosseiramente.

 Ele deu um risinho. Olhei-o por um só instante e pude ver o sorriso rasgado de um lado só de sua boca. Era consideravelmente charmoso, se não fosse tão estranho até seria bonito.

 -Do que está rindo? – perguntei agora com raiva. Odiava que as pessoas rissem sem um motivo claro, ou melhor, sem eu saber o motivo real da graça.

 -Você é engraçada Melany. – sorriu ele mais uma vez.

 Ele me irritava profundamente.

 Ri.

 -Você sabe meu nome como, primeiramente? Quem é você? Da onde veio? Como sabe onde moro? Por que quer me ajudar? – lancei as perguntas de uma só vez e depois de ver que ele não me olhava, somente a estrada, voltei a colocar o rosto no vidro e respirei fundo, tentando controlar todas as minhas emoções e os terríveis desesperos.

Ele voltou a rir.

 -Você é muito curiosa Mel. – ele me chamou de Mel?! Qual o problema dele?! A gente não tinha intimidade para isso!

 -Você é muito estranho Math. – zombei, irritadíssima.

 Continuamos em silêncio por mais um tempo, até que comecei a chorar. A dor estava insuportável. Era como se estivesse batendo na minha cabeça com um machado ou girando-me sem parar.

 -Melany, você está muito mal. – falou ele.

 Respirei fundo.

 -Não tenho como disfarçar mais. – entreguei-me.

 Coloquei minha cabeça em cima de meus joelhos, tentando controlar minha respiração.

 Senti o carro estacionando.

 -Posso? – ouvi perguntar.

 Olhei-o e sua mão estava estendida, com as sobrancelhas arqueadas e com um leve sorriso nos lábios. Ele queria por a mão em minha testa.

 Acenti levemente.

Ele aproximou a mão de minha testa e fechou os olhos.

 -Está queimando em febre! – disse ele, abrindo os olhos preocupados.

 Fazia tempos que alguém se preocupava realmente comigo. Sentia falta de dormir sabendo que estava protegida, claro! Não era o caso, mas somente o olhar de preocupação dele já me reconfortava.

 -Jura?! – eu sentia meu corpo em chamas e um frio tremendo, sabia que estava com febre. Nunca mais coloco uma gota de álcool na boca!

 -Posso te ajudar, se quiser. – disse ele com aquele sorriso rasgado.

 Dei de ombros. Não havia nada que fizesse que me ajudaria naquele momento.

 Ele arreou a manga e o terno do braço esquerdo, o mesmo que tinha a tatuagem e o estendeu em direção a minha testa.

 -Vai doer só um pouquinho... – disse ele já com a mão em minha testa.

 Apavorei-me. Não sabia o que ele pretendia fazer com aquilo, era apenas uma mão em minha testa, até que senti algo entrar, penetrar minha pele, rasgá-la como uma lâmina.

 -O que está fazendo?! – gritei tentando me soltar, mas ele estava muito concentrado naquela ação e sua mão parecia grudada em minha testa.

 Eu me debatia, gritava, mas não havia nada que eu fizesse que tirasse a mão dele de minha testa, até que ele abriu os olhos e tirou a mão, lentamente.

 Pude ver algo, como se fosse uma cobra de verdade entrar em sua mão e voltar à forma de tatuagem, mas eu estava morrendo de dor de cabeça e com febre, deveria ser apenas uma alucinação.

 -Então... Como se sente? – perguntou ele, curioso.

 Era incrível, mas eu me sentia realmente melhor.    


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Notas finais do capítulo

MUAHAHAHAHHAA! Aguardem os próximos!