Tristeza. Era tudo que eu visualizava na mulher próxima à mim. – Olha, eu só aceitei vir aqui para que o Eric possa se aproximar da sua filha. Ele não convive com outras crianças e eu sei que isso não é bom. Mas nós não temos mais nada há um bom tempo, Edward. Não vejo sentido em você insistir em se aproximar. Eu até conversei com meu pai e, se você quiser fazer um exame de DNA, tudo bem, eu vou autorizar. Só não tenta reviver uma coisa que já acabou há muito tempo.

- Vamos tentar? – sugeri. Eu queria dizer um monte de coisas que estavam entaladas na minha garganta, mas teria de ir com uma calma que eu não costumava usar.

Bella deu de ombros. – Você é engraçado, sabe? Quando você decidiu que não dava mais, você simplesmente acabou com tudo. Eu nunca questionei suas atitudes, mas agora você está agindo tão incoerente...

- Mas por que você não falou nada? Você me ouviu calada e simplesmente aceitou – questionei, buscando a razão de sua aceitação, já que ela mesma tinha iniciado o assunto.

Bella tristemente sorriu. – Quando foi que eu questionei qualquer decisão sua, Edward? Sempre foi você quem decidiu tudo em torno do nosso relacionamento. Eu confiava em você. Eu o amava. Você consegue me entender? Eu o amava. E você já ouviu dizer que a gente só deseja a felicidade de quem se ama? Pois foi assim comigo. Se a sua felicidade estava longe de mim, tudo bem. Desde que você fosse feliz.

Ela desviou seu olhar buscando nossos filhos. A acompanhei apenas para ter certeza que eles estavam bem. E estavam. Ambos estavam deitados de barriga para baixo, brincando com uma pecinha colorida qualquer e balançando os pezinhos no ar.

Havia muito sentido em tudo o que Bella dizia e as palavras do meu pai voltaram com força. “Se ela realmente o ama, não fará objeção às suas decisões”.

Eu acho que sempre esperei que ela implorasse para eu não deixá-la. Eu precisava disso, realmente. Se ela tivesse dito as palavras certas, eu teria desistido de tudo para ficar com ela, mesmo que meu pai me deserdasse, mesmo que a carreira de Emmett fosse pelo ralo.

- No fundo, eu sempre soube que agíamos contra tudo e contra todos. Lutávamos contra as possibilidades. Bastava prestar atenção que dava para ouvir as pessoas cochichando sobre nós. Eu sei que você também ouvia, Edward. E você não conseguiu lidar com isso.

Era bem mais complicado que isso. – Não foi por isso que eu terminei com você. – Senti o nó se formar na minha garganta. Eu ia declarar meu deslize. Não existia outra forma de fazer isso. Respirei fundo. – Eu não espero que você me perdoe. Juro. Só preciso ser sincero. Nunca foi sua culpa. Estas barreiras que você sempre viu para o nosso namoro, nunca existiram da minha parte nem da minha família e só isso importava.

Bella me encarou com expectativas.

- Eu traí você com a Tanya, Bella. – Eu não via qualquer expressão em seu rosto. – Foi na festa de encerramento do ano letivo. Aquela que você não foi. Na verdade, Emmett, Jacob e eu ficamos com ela naquela noite. Tínhamos bebido demais e uma coisa levou a outra. E eu juro, me arrependi antes mesmo de ficar sóbrio, mas já era tarde.

Nenhuma palavra.

- De lá eu fui para sua casa. Você se lembra que estava queimando de febre e eu fiquei cuidando de você? – sorri sem vontade. - Dois meses depois a Tanya apareceu em casa com o pai dela dizendo que estava grávida e eu teria que assumir. Eu tinha absoluta certeza que o bebê não era meu porque nós usamos camisinha. Contestei. Gritei. E Tanya confirmou que estava grávida de Emmett. Mesmo assim, meu pai exigiu que eu não deixasse ela e o bebê desamparados, já que também era um Cullen, e Em tinha toda uma carreira pela frente e não poderia lidar com tamanha responsabilidade.

Doeu declarar todas as minhas fraquezas.

- Eles decidiram a minha vida, diante dos meus olhos e não me deram opção para contestar. Meu pai exigiu que eu terminasse com você para ficar com Tanya. A Lilly não é minha filha de sangue, mas é a única coisa boa nesta minha vida de merda.

- Coitadinho de você, Edward – esta não era a reação que eu esperava. Talvez não que ela viesse me abraçar e beijar, mas o sarcasmo que ela usou quebrou todas as minhas esperanças.

Acho que eu tive uma ideia da dor que ela sentiu ao ver a frieza com que agi. Foi a mesma que ela adotou para a conversa que tínhamos acabado de ter. Engoli em seco e tentei não surtar.

- Você já acabou? - questionou-me.

Puxei minha cadeira para seu lado. Eu estava começando a ficar desesperado. E não era apenas por Eric. Era por Bella. Eu a queria de volta para mim. Estava disposto a tudo para tê-la comigo. - Por favor, vida. Me dá uma chance. Vamos tentar... - até me humilhar.

- Você está se ouvindo? - perguntou, amargurada. Deveria ter algum propósito ela me questionar desta forma e só esperei. – O Edward por quem eu me apaixonei jamais me pediria algo assim.

- Eu mudei, Bella. Me deixa mostrar isso para vocês? Eu posso oferecer uma vida que o Eric nunca teve – levei minhas mãos aos seus cabelos. – Eu imploro.

- Você não pode prometer nada disso. Você é um homem casado e eu tenho um mínimo de vergonha na cara. Jamais seria sua amante.