–Ele é um deus, Bel – respondeu – Não há como disser não. Você vai casar com uma pessoa importante e... poderosa. Não há mais o que fazer. Já foi decidido. Você vai se casar com Poseidon.

Capitulo 4 – Talvez meu sapatinho de cristal não sirva

Nunca pensei muito em como iria me casar. Pra falar a verdade, casar nunca esteve nos meus planos originais, de modo que eu não precisava pensar muito sobre o assunto.

Não que eu fosse pensar muito sobre isso, é claro. Eu não faria nada para arrumar as coisas para o meu casamento, tinha duas especialista para fazerem isso por mim. Eu tinha Afrodite e Hera. A verdade é que eu só havia visto as duas uma ou duas vezes, que foi logo depois de eu chegar ao Olimpo, quando eu provei meu vestido de casamento. Todo o resto ficou nas mãos magicas das duas deusas, com a ajuda de Anne e minha mãe.

Então, por cinco longos dias, eu apenas dormi e fiquei aos cuidados da minha equipe de preparação: Summer, August e Cinna. Além dos meus pais e Anne, eles são as únicas pessoas normais que eu vejo, e estão sempre me arrumando para alguma coisa. Ah, hoje tem um evento na Praça do Olimpo. O motivo? Estão todos felizes. Ou melhor... Apolo veio nos fazer uma visita, vamos beijar o chão onde ele passa (tudo bem, nenhum deles fez ou falou isso, mas eu aposto qualquer coisa que pensaram). Apesar de tudo, eles são boas pessoas e querem meu bem.

Essa noite, por exemplo, eu iria encontrar meu noivo. E como essa seria a primeira vez que eu iria vê-lo, eu tinha que estar formidável (palavras de Cinna).

Eu tentava não pensar muito nisso: o fato de eu me casar com alguém que nunca havia visto, de entrar em um ‘novo mundo’ ou ter me tornar imortal... Continuar linda e viva, enquanto as pessoas que eu mais amava morriam ao meu redor.

Isso tudo parecia uma versão bizarra de Gossip Girl.

–Bel, minha querida – me chama Cinna – Você esta maravilhosa.

E estou mesmo, admito enquanto meu reflexo no espelho. O vestido que uso é simples, mas ainda sim bonito. É um tomara-que-caia da cor zinca, e tem uma faixa preta na altura dos seios, não longo, mas também não muito curto. Meu cabelo esta solto e com cachos nas pontos e a maquiagem em meu resto não é muito marcante. Pela primeira vez em muito tempo, eu me sinto realmente bonita.

Sorrindo, olho para minha equipe de preparação. August esta sentado em uma poltrona não muito longe de mim, e sua expressão é relaxada. Summer torce um pedaço da faixa preta que sobrou do meu vestido em seus longos dedos e Cinna me olha atentamente. Eu sorrio para oos três, sem saber ao certo o que fazer.

Cinna suspira e troca um olhar com August. Percebo que eles estão preocupados. E talvez tenham motivo para isso.

–Certo, agora é comigo - é a única que coisa que consigo falar.

–*-

Ainda no Olimpo, Cinna me levou a uma sala não muito afastada do meu quarto. Comparado aos outros cômodos, a sala era extremamente normal, com paredes brancas e alguns detalhes em ouro, além do lustre de cristal. A única diferença era que no meio da sala, havia uma mesa redonda com duas cadeiras.

Não havia ninguém me esperando e logo Cinna me deixou sozinha na sala. Me aproximei da mesa, olhando para o pequeno buque de rosas vermelhas que estava sobre ela.

–Lindas, não acha?

Olhei para traz, na direção da voz, onde um homem estava encostado na porta. Estava igual a ultima vez que eu o vira, usando camisa branca e jeans.

–Você! – falei, enquanto olhava ele vir em minha direção – Quem diabos é você?

Ele chegou mais perto e se curvou para depositar um beijo em minha mão.

–Poseidon, a seu dispor – respondeu sorrindo.

Inconscientemente, arregalei os olhos, sem saber ao certo o que fazer. Minha cabeça estava a mil, tentando entender tudo o que havia acontecido.

Eu beijei um cara... Poseidon é esse cara... E eu vou casar com ele.

Acho que vou vomitar.

Poseidon se curva novamente, dessa vez, ele toca seus lábios com os meus. Não me afastei, mas também não retribui. Quando o deus dos mares se afastou um pouco, fiz a coisa mais idiota que uma garota poderia fazer a um deus, lhe dei um tapa na cara. Fiquei olhando as marcas avermelhadas de meus dedos em seu rosto, enquanto ele massageava o local.

–Isso foi... esclarecedor – disse, com um leve sorriso nos lábios. Depois olhou pra mim, e indicando a cadeira, falou que eu me sentasse.

Minutos depois, uma garota de no máximo 15 anos entrou trazendo uma travessa com comida e vinho. Ela o prata na minha frente e depois serviu um pouco de vinho a Poseidon, antes de sair apressada da sala.

–Não vai comer? – perguntei, quando notei que só eu estava comendo.

–Prefiro ficar no meu vinho

Olhei para ele por alguns instantes antes de voltar a comer.

–Quero deixar bem claro que eu não quero me casar com você – falo, depois de um tempo.

–Mas vai – responde, dando outro gole no vinho.

Suspiro.

–Amanha você ira se tornar imortal – continua ele – Depois nos casaremos e então, você ira morar comigo em meu palácio.

–Tenho que avisar que, não mergulho muito bem. Serei deusa do que?

–Ganhara a imortalidade por casar comigo, mas não se tornara uma deusa – responde – E quando a mergulhar... não se preocupe com isso, darei meu jeito.

Eu suspiro outra vez.

–Tem alguma chance de você simplesmente esquecer que eu existo?

Poseidon sorriu e levantando-se, veio em minha direção. Ele pegou minha mão e me puxou para ele, passando um dos braços ao redor da minha cintura. Depois segurou firmemente meu cabelo com uma das mãos e fez uma trilha de beijos por meu pescoço.

–Não – sussurrou em meu ouvido – Não vou esquecer de você. E é melhor se acostumando com isso, por que você será minha.