Rainha Dos Mares escrita por Serendipity


Capítulo 1
1. Tenho vontade de matar minha tia mais nova.




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Rainha dos Mares

Capitulo 1 – Tenho vontade de matar minha tia mais nova.

-Acho que devíamos voltar, Anne – falei - Dionísio disse que logo voltaríamos para o acampamento.

-Bel, não seria uma visita completa ao Olimpo se não fossemos a Sala dos Tronos.

Suspirei, enquanto Anne segurava meu pulso e me puxava pelos corredores desertos.

-Espero que saiba onde esta indo – voltei a falar depois de um tempo

-É claro que eu sei – retrucou – Já vim aqui antes, lembra? E se eu não me engano é... Por aqui

Anne soltou meu pulso no mesmo instante que entramos no que, provavelmente era, a Sala dos Tronos. E nossa...

Eu nunca fui muito boa para descrever lugares, mas posso garantir que aquele era incrivelmente belo e grande (tipo, tão grande que faria um estádio de futebol parecer a sala de estar da minha casa). Era maravilho com seus 12 tronos em forma de U.

-Pelos deuses! – foi à única coisa que consegui falar enquanto andava em direção aos tronos.

Percebi que Anne foi em direção a um trono especifico e se ajoelhou a sua frente, como se o deus estivesse ali. Presumi que era o trono de Hermes, seu pai e... Meu avo.

Diferente de Anne, nenhum dos meus pais era um deus olimpiano. Não... Meus pais eram mortais, como todo mundo. Bem, não como todo mundo... A verdade é que eles eram semideuses. Minha mãe, Elena, era filha de Hermes e meu pai, Joseph, era filho de Atena.

Se você ainda não entendeu, isso fazia de Anne minha tia, o que era bem estranho, já que ela tinha 14 anos e eu 17.

Então, como eu não tinha um trono especifico para me ajoelhar, passei a observá-los. Eram todos bonitos, é claro, mas o que mais me chamou a atenção foi um trono ao lado do de Zeus, o de Poseidon.  Era todo feito de ouro, com desenhos de mares aos pés do trono (é bom resaltar que os desenhos tinham, praticamente o meu tamanho).

Aproximei-me um pouco mais, a fim de olhar melhor. O desenho era tão realista que dava a impressão que as ondas realmente se mexiam. Era tão perfeito que eu praticamente conseguia sentir o cheiro da água salgada do mar.

E as ondas... Elas vinham pra lá e para cá, como se realmente estivessem ali.

Impossível, pensei. Eles nunca fariam isso... Ou fariam?

Levei a mão em direção ao desenho do mar e senti as pontas as pontas dos dedos molharem.

-Pelos deuses – exclamei, maravilhada.

Puxei a manga da jaqueta de couro pra cima e enfiei toda a mão no desenho. Minha mão afundou e eu pude sentir perfeitamente a água gelada contra minha pele.

Tirei a mãe e corri em direção a Anne, que ainda estava ajoelhada aos pés do trono de Hermes, sussurrando algo que não consegui ouvir.

-Anne, você precisa ver isso – falei a puxando até o trono do deus do mar.

-Ah, um desenho – disse Anne – É bonito.

Ela olhou pra mim confusa, como se esperasse que eu dissesse algo revelador sobre a pintura.

Sera que ela não via? Não sentia?

Voltei a olhar para o desenho das ondas, com suas cores vibrantes e totalmente... normais. Apesar de minha mão ainda estar úmida, o mar não estava mais ali.

-Mas... É que... Ah, esquece

Balancei a cabeça e suspirei, antes de voltar a falar:

-Vamos embora, antes que Dionísio nos deixe aqui

Anne apenas concordou, e fomos em direção a saída.

-Fiquei sabendo que Poseidon esta procurando uma nova esposa. Achei que ele demoraria um pouco mais sabe, pra curtir essa fase de solteiro.

-Separado – corrigi – Espera que ele faça o que Anne? Saia por ai transando com todas que aparecerem em sua frente? Ele é um deus, rei do seu palácio e precisa de uma nova... rainha.

O fato é que Anfitrite, a antiga esposa de Poseidon, havia traído o marido e dado informações importante para Oceano na guerra que havia passada. O deus dos mares havia pedido o divorcio, e como Anfitrite  havia sido ‘expulsa’ (por falta de palavra melhor)do Olimpo, Hera o deu.

-Ele bem que podia... Gato do jeito que é – falou sorrindo – Você devia ver, Bel. Ele é do tipo que tem cara de mais velho, só que daqueles que continuam muito bonitos, entende?

Não, pensei em responder. E ele é mais velho. Muito mais velho...

-Oposto que foi Hera que mandou ele voltar a se casar – continuou – Ou Zeus. Tipo, pra que ele não voltasse a quebrar aquela promessa de não ter mais filhos com humanos.

Nesse meio tempo já havíamos saído do Palácio e entrado no elevador que nos levaria de volta ao mundo mortal.

Estranhei o fato de não ter visto nenhum dos campistas enquanto caminhávamos, mas achei melhor não comentar nada.

Eu praticamente senti meu coração sair pela boca quando chegamos a entrado do Empire State Building e não vimos a van que havia nos trazido

-Ops... Acho que deixaram a gente – riu Anne –Trouxe dinheiro? Porque eu não tenho nada e não to a fim de andar, sabe... Ah, será que um deus nos ajuda?

Trinquei os dentes e fechei os olhos com força.

Chamo-me Annabel Fletcher, tenho 17 anos e estou a ponto de matar minha tia.


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