– FUJA! - foi a última palavra de minha mãe. Jimmy apertou o gatilho e então seu corpo foi caindo, sem vida, aos seus pés. Ele sorriu cinicamente, vindo à minha direção, dessa vez com uma faca.

– Olha só Cherry, sua querida mãe ali caída. – ele apontou a faca para ela e riu sem humor. - Tudo só porque ela não me falou onde está seu irmão drogadinho. Você não vai seguir o exemplo dela, não é mesmo? - ele foi chegando perto, quando eu não respondi, e apertou meu pescoço com força, me deixando sem ar - RESPONDA!

Eu iria honrar a última palavra de minha mãe, iria fazer de tudo para fugir. Fazia algum tempo que eu havia reparado que os nós que me prendiam na árvore, não estavam que nem os de minha mãe, apertados. Eles estavam meio soltos, o suficiente para eu conseguir fugir. Eu já estava me debatendo, sem ar, quando ele me soltou. Respirei fundo duas vezes e olhei para ele com nojo.

– Prefiro morrer... - ele sorriu, pensando que eu preferia morrer a seguir o exemplo de minha mãe, mas eu não tinha acabado. - ... Do que falar onde Matthew está. Seu nojento!

E então tudo foi muito rápido. Eu puxei minhas mãos das amarras e elas se soltaram. Ele ainda estava boquiaberto pela minha resposta, então ficou meio sem ação. Me virei rapidamente, dando um chute em seu peito para afastá-lo e saindo correndo pela floresta em seguida. Pensei que iria dar certo, tudo estava à meu favor em meus pensamentos. É, mas eu só pensei. Quando dei o chute nele, ele "acordou" do transe e foi atrás de mim pela floresta. Acabei me escondendo embaixo de um tronco de árvore.

– Eu sei onde você está! Não adianta fugir. - ele ia falando e me procurando, até que ele passou por mim, logo voltando para checar o troco. Saí de meu esconderijo, mas ele me pegou pelo pulso, o apertando. Quase desmaiei ao olhar pro meu braço e ver o sangue jorrando.

Como tortura para minha mãe, ele ficou passando a faca pelo meu braço e pela minha perna. Ela iria contar quando ele fez o primeiro corte, mas eu pedi que não, uma hora ele pararia. E assim o fez, logo após indo machucar minha mãe, que acabou... Morta.

Puxei meu braço, conseguindo abrir ainda mais o corte e soltei um grito de dor. Ele se distraiu procurando algo para jogar em mim, e eu saí correndo. Corri ignorando o meu sangue me molhando, os rastros no chão, minhas pernas pedindo pelo amor de Deus pra eu parar e os gritos de Jimmy. Estava virando mais uma esquina quando vi um grupo com cinco garotos andando distraidamente pela rua, provavelmente estavam se divertindo, pois riam bem alto. Juntei minhas ultimas forças e andei até eles. Eu estava a uns bons dez metros deles quando um parou do nada, fazendo todos pararem e o olharem confusos. Ele me olhou fixamente e disse:

– Me diga que não tem uma menina toda sangrando na minha frente, Liam. – era uma voz rouca e alta, seu sotaque era bem acentuado.

Todos se viraram para mim e arregalaram os olhos.

– Desculpe Harry, mas tem uma menina sangrando na sua frente. - o outro respondeu rapidamente, fazendo as palavras se confundirem em minha mente, que a essas horas, já não estava lá grandes coisas.

Eu me forcei a dar mais alguns passos bambos até estar perto deles, que não se mexeram.

– Por favor, me ajude, não o deixe me pegar. Eu imploro. - disse me aproximando de um deles.

Minhas pernas fraquejaram e eu tombei pra cima dele, que me pegou por reflexo. Olhei profundamente em seus olhos azuis.

– Me ajude, por favor. – eu sussurrei.

Logo em seguida a dor e o cansaço me dominaram e eu fui perdendo os sentidos aos poucos; primeiro a visão, depois a audição, o paladar, o olfato e por fim, o tato. E lá estava eu, caída nos braços de um desconhecido, implorando para morrer para toda essa dor finalmente cessar.