Got My Heart In Your Hands escrita por Julia


Capítulo 163
Suas palavras


Notas iniciais do capítulo

Queria deixar o capítulo maiorzinho,mas não deu :/
Boa leitura (:



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– Pierre! - David deu um empurrão em Pierre que dormia feito uma pedra na poltrona ao lado.

– Hum...?

– Levanta, a gente tá quase chegando!

– Tá bem, tá bem. - Ele disse coçando os olhos com ambas as mãos.

– Eu não vou dormir, estou ansioso. - David imitou a voz de Pierre.

– Tá bravinho, é?

– Você ficou roncando aqui do meu lado e não deixou nem a Lennon dormir.

Pierre corou e ficou quieto. Logo anunciaram que o avião iria pousar em terras portuguesas. Eles desceram do avião e foram saindo do aeroporto, Pierre chamou um táxi e em 15 minutos ele estava lá.

David colocava Lennon na cadeirinha enquanto Pierre ajudava o motorista a colocar as malas no porta-malas e Melanie apenas observava sentada no banco traseiro.

– Pierre...

– Oi.

– Cadê a Delilah e os filhotes?

Pierre olhou para os lados com uma cara de preocupado:

– Esquecemos eles!

– Droga!

– E agora?

– Calma, vai ajudando a arrumar o resto da bagagem aí que eu vou lá procurar eles!

– Tá bem!

– Cuida das meninas! - Ele disse saindo correndo para dentro do aeroporto novamente.

– Ok. - Pierre gritou e continuou a ajudar o motorista com as malas.

David’s POV: On

Pierre é muito lesado mesmo, bom, eu também não lembrei, somos pais ruins mesmo...

– Papai!

– Melanie? - Virei para trás e a vi.

– Vim com você.

– Ah, Pierre, seu idiota!

Abaixei-me, fazendo com que eu pudesse olhar nos olhos de Melanie.

– Meu anjo, você não pode sair correndo sozinha, ainda mais em um aeroporto, é muito perigoso, entendeu?

– Sim, papai. - Ela fez uma carinha triste.

Percebi e tentei animá-la:

– Agora que tal a gente procurar nossos bebês? Seu pai é muito esquecido mesmo!

Ela riu e concordou com a cabeça. Nós seguimos até o balcão de informações e uma funcionária nos informou que Delilah e os filhotes deviam estar com os outros animais, na área de carga. Corremos para lá e felizmente encontramos eles.

– São seus? - Um rapaz perguntou.

– Sim, esquecemos eles. - Eu disse meio envergonhado.

– Tudo bem, isso acontece muito.

– Obrigada moço. - Melanie disse sorridente.

– De nada, garotinha. - Ele sorriu.

Agradeci e nos despedimos. Fomos correndo até o táxi, onde encontramos Pierre tentando convencer o motorista a esperar.

– Mas senhor, eles já devem estar voltando.

– Eu não tenho o dia todo, você sabe o quanto estou deixando de faturar por causa disso?

– Sem problemas, nós pagamos a mais. - Eu disse me aproximando.

– Melanie! - Pierre correu para abraçá-la.

– Qual a parte de “cuida das meninas” você não entendeu? - Eu fitei Pierre por alguns segundos.

– Er, desculpa, eu fiquei distraído. - Ele corou novamente.

– E se alguma coisa tivesse acontecido? Você é um idiota Pierre!

– Eu sei, me desculpa David. - Ele abaixou a cabeça.

– Podemos ir? - O motorista perguntou.

– Sim.

Entramos no táxi. Eu fui ao banco do passageiro e Pierre foi com Lennon e Melanie atrás. Durante o percurso pude ver a expressão triste de Pierre e fiquei pensando se era pelo o que eu tinha dito a ele. Lennon e Melanie dormiam, estiquei minha mão, até alcançar a dele, que estava de cabeça baixa, assim que o toquei ele levantou a cabeça e olhou pra mim, eu segurei na mão dele e sussurrei:

– Desculpa. 

Happiness - The Fray

Ele sorriu, e isso foi um bom sinal. Ficamos com as mãos dadas até chegarmos ao hotel. Dirigimo-nos direto ao quarto, estava anoitecendo, Pierre me disse para eu tomar banho, eu não sei o porquê, mas eu fui, depois ele tomou.

– David?

– Sim?

– Tá pronto?

– Pra que?

– Vamos sair.

– Mas e as meninas?

– Aqui no hotel tem babá.

– De confiança?

– Esse é um dos melhores hotéis da cidade.

– Tá bem. - Eu me rendi.

– Vou chamar a babá.

– Ok.

Dez minutos depois a campainha tocou, eu fui atender e tive uma surpresa.

– Samanta!

– David! - Eu a abracei.

– Nossa, como você cresceu!

– Você também Ritalin!

Ela entrou e eu pude ver Pierre nos olhando, aquele olhar, eu conhecia bem, ciúmes na certa.

– Vocês se conhecem?

– Sim, eu e a Sammy estudamos juntos em Londres.

– Hum, legal.

– Pierre... - Eu o encarei.

– Prazer em conhecê-la Samanta. - Ele forçou.

– Prazer.

– Bem, vamos logo Pierre, as meninas estão em boas mãos! - Eu sorri puxando Pierre para fora do quarto.

Nós saímos do hotel, a noite estava agradável, podia-se sentir um leve vento que tocava nossos rostos como uma sinfonia.

– Sabia que você fica uma graça com ciúmes? - Eu o provoquei em quanto andávamos, eu não sabia onde íamos, apenas acompanhava Pierre.

– E quem disse que eu estou com ciúmes?

– E não está?

– Não.

– Hum, legal.

Ele parou por um momento e disse:

– Odeio sentir ciúmes de você.

– Eu também.

Nesse instante ele me fez encostar-se à parede e me beijou, foi um beijo quente, mas logo o cessamos, pois haviam algumas crianças vindo em nossa direção.

Andamos mais um pouco e chegamos a um restaurante.

– Chegamos!

– Vamos jantar?

– Mas é claro! Quero provar o vinho do Porto.

Entramos, Pierre tinha feito uma reserva. Oi? Pierre fez uma reserva adiantado? Eu estava amando aquilo. Sentamo-nos, comemos, bebemos o tradicional vinho do Porto, conversamos, pagamos a conta e fomos embora. Estávamos praticamente bêbados, andávamos devagar, conversando, sobre tudo. Até que começou a chover:

– Droga! Vamos ficar ensopados!

– E isso não é legal? - Pierre disse pulando numa poça e me molhando.

– Argh! Você não fez isso, está bêbado! - Eu me exaltei.

– Ah, deixa de ser fresco Desrosiers, vem aqui!

Ele me puxou, fazendo nós dois cairmos no chão, com a água caindo sobre nós. Levantei-me, eu realmente não tinha gostado muito daquilo, pois estávamos longe do hotel, eu estava molhado e com frio agora. Caminhei deixando Pierre para trás.

Antes que eu pudesse perceber ele havia me alcançado e me abraçado por trás.

– Pierre... - Eu olhei em seus olhos que estavam brilhando agora.

– Eu amo você! - Senti o meu rosto esquentar.

– Eu também amo você. - Eu disse acariciando seu rosto.

Ele passou sua mão pelo meu rosto, estava quentinha como sempre, eu amava tanto aquela sensação, depois nos beijamos debaixo da chuva que caía sem parar.

Fomos para o hotel andando abraçados, Pierre me emprestou seu casaco, para que eu ficasse aquecido.

A gente não tem nada. Pode até parecer que tem, mas não tem. Brigamos, discutimos e nos tratamos como se houvesse algo, mas não há. Passamos horas no telefone, a madrugada juntos, a maior parte do tempo grudados, mas não gruda pra valer. Ela diz “vem ficar aqui comigo”, e eu vou. Eu digo “fica mais um pouco”, e ela fica. Quando um se afasta do outro, ambos dizem “por favor, volta”, e nós voltamos. O mundo diz para admitirmos que existe algo entre nós, mas não admitimos. Nem para nós mesmos. Porque a gente não tem nada, e não tendo nada, não há o que admitir. E por mais absurdo que possa parecer: A gente não é um do outro, mas nos pertencemos mesmo assim.

Acho tão bonito casais que duram. Não importa o tempo, o que vale é a intensidade. Querer estar junto vale muito mais do que estar junto há 20 e tantos anos só por comodidade. Sei que estou falando obviedades, mas hoje vi um casal de velhinhos na rua. Acho que o amor, quando é amor, tem lá suas dores bonitas. A gente vê uma cena e o coração fica emocionado. Nos dias de hoje, com tanta tecnologia, com tanta correria, com tanta falta de tempo, com tanto olho no próprio umbigo e nos próprios problemas, com tanta disputa pelo poder, pelo dinheiro, por ter mais e mais, sei lá, acho bonito ver um casal de velhinhos na rua. A mão, enrugadinha, segura a outra mão. A outra mão, por sua vez, segura uma bengala. Falta equilíbrio, sobra experiência. Falta a juventude, sobra história para contar. Falta uma pele lisa, sobram marcas de expressão que contam segredos. Envelhecer não é feio. Em tempos de botox, a gente devia olhar um pouco para dentro. De si. Do outro. Do amor.

I'm Yours - The Script


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Notas finais do capítulo

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