Got My Heart In Your Hands escrita por Julia


Capítulo 125
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Hayley

Eu ainda estava amarrada, não havia outra saída. Marcela ainda estava com o Charles nos braços, que não parava de chorar de tão apavorado que estava. E ele ainda estava sem cobertor, até nisso a Marcela é malvada. O garoto estava passando frio, e provavelmente com fome... A mamadeira dele estava do outro lado. Mas, pela minha sorte, Marcela se virou, e no chão havia um caco de vidro. Provavelmente eram das garrafas de álcool que Marcela ingeria, e então, cortei a corda que prendia meus pulsos... Com certa dificuldade, admito, mas consegui.

Apanhei um vaso de cerâmica e quebrei na cabeça de Marcela, e quando ela estava caindo no chão, segurei Charles rapidamente em meus braços, para evitar que ele também caísse.

Quando ela finalmente caiu, corri com Charles no colo pela floresta, porém olhando para trás, pois estava ciente de que Marcela poderia acordar após a queda. E por mais que ela seja má, minha intenção nunca foi matá-la, e nunca será. Até porque não quero problemas com a polícia.

Eu estava muito transtornada com tudo aquilo. Acho que vai levar um tempo para que eu consiga esquecer o que aconteceu.

Será que só eu observei o quão frio andam os corações? Somos um mutirão de gelo seco, usáveis apenas em meio de bebidas alcoólicas. Será que foi isso que escolhemos para nós mesmos, ou foi somente o acaso que proporcionou tudo isso? Tornamo-nos platéia sem show, de uma vida sem nenhum espetáculo. Que sensação mais dolente… O que estamos fazendo? – somente sendo nós mesmos – ou na verdade arriscando ser uma idealização da mídia. Não se vê por ai mais seres humanos de verdade, aqueles sem máscaras que não se sentem envergonhados de chorar no ponto de ônibus. Seres humanos que olham para o companheiro desconhecido do lado e o pergunta “Por que a vida é tão injusta?” Humanos, que entregam para os desconhecidos que sentem falta algo, que estão incompletos. Humanos que não fingem ter uma auto-estima. Eu continuo sentada no banco velho da praça, tomando um café que eu comprei logo ali na esquina. Eu continuo sentada lendo mentiras, e idealizando as mentalmente, para que talvez um dia eu possa vive-las. Onde estou com a cabeça… São somente algumas intenções, ou sonhos escritos, assim como os meus que estão na agenda. Triste saber que tudo que poderia ser lindo, está somente lindo em folhas de papéis. Nada mais… Será que somente eu reparei as expressões mortas no rosto de cada um? Ou será que são mortos com um restinho de expressões. Estamos vivendo um apocalipse emocional, onde a tentativa de reprimir nossas verdades está nos matando pouco a pouco. Está nos dilacerando em um promíscuo e cuidadoso silêncio.

Avril

Mais um dia exaustivo. Voltei para casa depois de ter visitado os meus pais. Eu tive uma recepção ótima, eles aceitaram o Charles. Mas agora, preciso de um banho para relaxar.

Peguei a chave no bolso do meu casaco vermelho e o coloquei na fechadura da porta, girando a chave ali e logo em seguida a maçaneta. Adentrei a casa, e tirei a bolsa que estava machucando os meus ombros, colocando-a no sofá. Fui até o meu quarto e retirei o meu casaco, deixando-o sobre a cama, e depois fui até a suíte. Tranquei a porta e me despi lá dentro. Verifiquei se a água estava quente e na temperatura que eu gosto... Tudo certo, vamos ao banho. Liguei o chuveiro e deixei a água escorrer pelo meu corpo... Isso sim é banho!

Me ensaboei e passei o shampoo... Não demorei nada no banho.

Chuveiro desligado, hora de se enxugar. Peguei a toalha pendurada no box e me enxuguei, e coloquei a mesma em meu corpo logo após. Saí da suíte e vesti uma roupa rapidamente.

Hora de ver o Charles agora... Fui até o quarto dele, e... Espera, onde ele está? Apanhei o meu telefone e liguei para o Chuck.

─ Oi, amor.

─ Chuck, onde está o Charles?

─ Bom dia pra você também.

─ Não era pra você estar em casa?

─ Estou a caminho de casa.

─ Ok... Onde ele está?

─ Com a Hayley. Estou indo buscá-lo.

Desligamos.

Marcela

Eu não acredito que essa ruiva está fugindo... Por acaso ela pensa que eu sou boba? E agora com essa dor de cabeça... Mas nada pôde me deter, e enquanto ela corria, eu parei em sua frente.

─ Aonde pensa que vai? - Disse gargalhando da sua cara de espanto.

─ Marcela? - Eu ri ainda mais quando ela disse isso. Pude ver a cara de assustada dela, sem lugar para ir.

─ Você me acertou com um vaso. Agora vai ter o que merece.

Fui levando a Hayley pelos cabelos de volta a casa, enquanto o garotinho ainda chorava... Hã... Como é o nome dele mesmo? Ah, esquece, eu não preciso lembrar-me disso.

─ Vai ficar aí até aprender a me obedecer.

Disse e tranquei a porta de um quarto escuro. Escutei os gritos de Hayley e alguns choramingos de Charles. Aliás, estavam mais para berros... Menino irritante, não há pior.

Abri novamente a porta, e joguei a mamadeira dele. Afinal, eu não queria deixar o bebê com fome, pois ele berrava e eu não suporto crianças berrando em meus ouvidos.

Chuck

Não encontrei o Charles e nem a Hayley, apenas Patrick no sofá. Ele também me parecia preocupado. Perguntei sobre o Charles e ele disse que estava com Hayley, mas Patrick também estava preocupado, pois Hayley não avisou, o que era algo que ela sempre fazia.

Patrick

Que raiva, o celular da Hayley está desligado... Estou ficando muito preocupado, ela nunca foi de sair sem me avisar.

De repente, escutei a campainha tocar. Suspeitei que fosse Hayley, mas eram só meus amigos.

─ Pat, meu amigo... Tem coisa pra comer? - Nem preciso dizer quem disse isso, né?

─ Já está com fome? - Perguntei revirando os olhos.

─ E quando que ele não está com fome? - Zombou Jeff, e todos riram, inclusive eu.

─ Olha na geladeira. - Disse.

─ Obrigado. - Pierre foi até a cozinha e abriu a geladeira.

─ Estou preocupado com a Hayley. - Falei após respirar fundo.

─ O que aconteceu? - Perguntou David.

─ Ela saiu e não me avisou aonde foi.

─ Ah, Patrick... Vai ver ela foi passear com o Charles. - Joel tentou me confortar.

─ Pode ser, mas de qualquer forma, ela teria me avisado.

─ Ela já não lhe avisou que iria cuidar do Charles? - Indagou Seb.

─ Sim, mas eu estou preocupado.

─ Então liga pra ela. - Disse Julie.

─ Liguei, mas só cai na caixa postal.

─ Acalme-se. Ela está bem. - Jay sorriu e pôs uma das mãos em meu ombro, tentando me fazer ficar bem, de alguma forma.

Há momentos na vida da gente, que a gente se pergunta por que é que as coisas são assim. São nesses momentos, que paramos para refletir sobre o real sentido das coisas… descobrindo assim as certezas e as incertezas da vida que a gente vem carregando desde sempre. O interessante disso tudo, é que não é apenas questão de rever os princípios, mas é questão de rever a si mesmo, em quem você se tornou em como você interage com as pessoas, se perguntar por que as coisas são assim não adianta em nada se você não demonstra pra você mesmo o seu brilho, a sua força, a sua garra, o seu carisma, o seu alto astral, o seu vigor, sua juventude. Não basta apenas mostrar pra você mesmo, você deve agarrar isso com tudo, e provar pra todo mundo do que você é capaz e como você se dispõe a encarar seus medos e seus tropeços de cabeça erguida, de peito aberto, sem medo, sem preceitos, sem esquecer-se de quem você realmente é de que como você realmente gostaria de ser. É com esse pensamento que você abre as portas de você mesmo para que o seu verdadeiro eu mostre a todos quem está por dentro e abrindo essa porta, também, é que você consegue trazer pra dentro, interagir com o exterior, absorver as coisas. Nessas horas, temos que ficar atentos e criar um filtro para drenar tudo de ruim e absorvermos somente o bom, o agradável, o doce. Se você consegue acordar todos os dias, com o brilho nos olhos, disposto a enfrentar seus medos, e dar um tapa nos inimigos, você consegue obter de você mesmo e dos outros tudo aquilo que você sonha, tudo aquilo que você quer. É a capacidade de nos apaixonarmos todos os dias é que nos faz criar asas e alçar vôo rumo a lugares mais distantes, mais bonitos. O fogo inocente dos olhos de uma criança, o brilho curioso, é o que devemos ter para conseguirmos sonhar, viver, sorrir e crescer.”

Lachelle

─ Preciso contar aos meninos o que aconteceu com a Hayley. - Disse em um tom aflito.

─ Não, Lachelle... Vai preocupá-los ainda mais. Tira a Hayley de lá, e peça para voltar para casa em silêncio. Se houver perguntas dos amigos dela, manda ela dizer que estava apenas passeando e o celular desligou porque estava sem bateria. - Disse Sarah.

Concordei com a cabeça e desci. Apareci para Hayley, e ela sorriu contente ao me ver.

─ Não faça barulho. - Sussurrei.

─ Que bom que está aqui. - Disse Hayley.

─ Vá para casa e diga apenas que estava passeando com Charles, e que seu celular desligou porque estava sem bateria... É que eu tenho certeza que eles vão lhe fazer mil perguntas.

Ela concordou com a cabeça, assim como eu fiz anteriormente com Sarah. Quebrei o vidro da janela, e Hayley ficou olhando assustada. Já até imaginava o que se passava na mente dela... “Como que a Lachelle quebrou esse vidro?” E bem, eu tenho os meus poderes, nos quais eu não posso revelar.

Desapareci com ela segurando Charles no colo, e a entreguei à porta de sua casa. Ela me agradeceu e eu fui novamente para o meu cantinho no céu, observando toda a conversa.

[...]

─ Hayley, pelo amor de Deus! Você quase nos mata do coração. Onde você estava? - Questionou Patrick.

─ Passeando com o Charles.

─ E por que não atendeu o celular?

─ Estava sem bateria, e ele desligou por causa disso. Acalme-se, Patrick. Eu estou bem.

Patrick ainda estava com um olhar desconfiado, mas ignorou. Agora Charles e Hayley poderiam ficar em paz... Por poucas horas.


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Notas finais do capítulo

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