Vais Ser a Minha Salvação? escrita por AnnieKazinsky


Capítulo 12
Confiança


Notas iniciais do capítulo

Tenho-me esquecido de dar credito a minha querida Beta paciente:) Alina és o maximo!



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A luz de uma varinha irrompeu na escuridão de uma rua transversal de Hogsmead. Uns olhos azuis desconfiados varreram as ruas desertas cheias de neve. Não havia vivalma presente. Foi andando devagar, passando pelas montras das lojas fechadas, decoradas com enfeites de Natal. Ah, Natal... Hogsmead trazia-lhe recordações tão boas. Aquele cheiro no ar lembrava-lhe a altura em que tinha fins-de-semana que podia sair de Hogwarts, indo com Hermione passear pelas frias ruas.

Hermione... aquela... aquela... Lembrar-se dela nos braços de outro era torturante... e sendo o Malfoy esse outro, era mil vezes pior...

Respirou fundo, lembrando-se de Harry fugido vindo pela passagem secreta do Mapa do Salteador que Fred e George... Fred e George... Fred... oh, Fred...

O rosto dele endureceu; avistou o seu destino: o Três Vassouras. O bar de Sempre.

Harry Potter já lá estava, bebendo uma cerveja de manteiga, sentado ao balcão. Acenou ao ver o amigo. Ron sentou-se calmamente ao lado dele, batendo-lhe levemente nas costas. Sacudiu o cabelo para retirar alguns flocos de neve persistentes, e pediu o mesmo que Harry para beber. Harry lia o Profeta Diário com um ar preocupado. Após momentos de silêncio, decidiu-se a quebrar o gelo.

“Então...” murmurou, olhando de lado para Harry; já o conhecia há muito tempo para saber que aquele olhar perdido queria dizer que algo não estava bem... “Está tudo bem?” perguntou na mesma.

“Sim... mais ou menos...” disse o amigo de olhar baixo. “ Tentaram entrar em Azkaban... e num Flash a notícia já está nos jornais...ainda gostava de saber quem se chibou...”

Ron olhou para o Jornal e perguntou:

“Aconteceu algo lá? Apanharam o gajo?”

“Não... e o pior é isso... não compreendo... todos os feitiços para proteger a maldita prisão foram feitos por mim, são infalíveis...! Não compreendo... quem quer que fosse desapareceu mesmo debaixo do meu nariz... e eu não sei o que pretende...” Harry deixou a questão pairar. Acabou por amarrotar o jornal, frustrado. Pediu mais uma cerveja de manteiga.

“A que se deve o encontro no bar? Porque não em casa?” Ron perguntou, estranhando.

“A Ginny... eu queria falar contigo... sabes...”

“Hum...” murmurou Ron virando-se totalmente para o amigo. Harry fitou-o nos olhos e tentava não acreditar em nenhuma das palavras de Hermione... ou melhor, de Malfoy.

“... Tu sabes... andas estranho... não pareces o mesmo...” disse muito hesitante.

Ron suspirou; já esperava algo do género.

“Já nenhum de nós é o que éramos, Harry... desde a guerra.... tu sabes disso...”

Harry anuiu acenando com a cabeça.

“Mas... tu... tu...”

“Harry, eu perdi o meu pai e o meu irmão... e a minha mãe esta em depressão...” disse Ron em voz baixa.

“Mas os outros...”

“Sim... Bill está desfigurado e tem a mulher dele e a filha... Charlie foi para a Roménia definitivamente... a Ginny está contigo... o Percy...” suspirou com ar irritado “Parece irreal, mas ainda está a tentar compensar tudo e todos por ter abandonado a família por ganância... e George... bolas... ele nunca, nunca mais foi o mesmo... perdeu metade de si...”

Harry sentiu-se envergonhado; era verdade aquela família estava feita em farrapos e Mrs Weasley caia a pique: tinha perdido filho e marido. Já não era a mesma senhora rechonchuda que Harry se lembrava de ver na plataforma 9 ¾ a acenar vivamente aos seus adorados filhos. Ron continuou a falar:

“E ainda por cima deram com falta de dinheiro nas contas da loja de brincadeiras...” Harry ficou surpreso.

“A sério? Alguém roubou?...”

“Eles não sabem...mas é o Percy que cuida das contas... por isso, foi feito ao milímetro... vamos lá ver o que dá...” disse Ron com ar preocupado.

“Não devias ter ido a Roménia... foi má altura...” disse Harry após um longo silêncio.

“Tu achas isso...” afirmou Ron dando um gole na cerveja.

“Só eu?.. e a Hermione?... Vocês andavam chateados... e tu desapareceste...puff” Harry acusou. Ron revirou os olhos.

“Ela decepcionou-me muito, Harry, nem imaginas...”

Harry ficou estupefacto ao ouvir aquelas palavras. Ron olhava para os espelhos atrás do balcão; estava com um ar indecifrável...

“Ela não compreendeu... ela não esperou por mim...”

“Era suposto?” disse Harry já irritado. Ron olhou para ele de lado.

“Ela era minha namorada...” disse com ar óbvio.

“Mas foste TU que te foste embora! Sem aviso prévio...”Harry abanou a cabeça irritado. “Porque é que vocês andavam chateados? Nunca soube...”

“Sabes que ela anda com o Malfoy?” disse Ron de repente, mudando de assunto. Esperando ver a reacção. Harry ficou sereno. “Tu.... tu sabes?”

“Soube ontem... pela Ginny...” admitiu.

“Mas… e não dizes nada?!”

“Dizer o quê?... A Hermione tem o direito de andar com quem quer... seja o Malfoy ou não...”

“Foi o Malfoy que matou o meu pai!” disse Ron entre dentes.

“Não... não foi...”

“Foi ele que o encurralou!”

“Mas não foi ele que puxou a varinha para o fazer... há testemunhas que dizem que...”

“Não quero saber!” gritou Ron partindo a garrafa de cerveja na mão. As suas orelhas estavam vermelhas de raiva “Ele é o culpado e ela é uma cabra de merda!” ele levantou-se e saiu do bar furioso.

Foi ai que Harry decidiu: era prudente meter Ron debaixo de olho. Ele estava realmente alterado.

Foda-se!

Draco tinha razão.

Tanto que tinha rezado para que Draco estivesse a fazer das suas e tivesse a mentir a Hermione.

Sentia-se mal ao pensar tal coisa.

Afinal, queria Hermione feliz.

Mas queria muito o seu amigo de volta, aquele miúdo ruivo de nariz manchado que se sentara na frente dele na carruagem do expresso de Hogwarts, com um rato sonolento nas mãos e uma sanduíche de carne de conserva que odiava.

‘Merda, Ron... o que é que se passa?’ Pensou Harry triste.

 

**

 

As mãos dele estavam mesmo frias.

Enrolava os dedos nos cabelos dela fazendo caracolinhos, puxava e largava fazendo mola, soltava um risinho quase inaudível.

Ela virou o rosto para ele, mas não conseguia apanhá-lo a sorrir; aqueles olhos cinzentos sempre frios... aproximou-se mais, afastando as mãos dele do seu cabelo que já devia estar todo enleado. Sentiu na sua pele o anel frio que ele usava, aproximou o rosto do dele na almofada e beijou-o levemente.

“Como é que tens as mãos tão frias?” murmurou ela. Ele fitou uma das mãos, levantando uma sobrancelha.

“Sou naturalmente frio... acho que não são só as mãos...” disse em tom de gozo. Ela riu-se.

"Gosto do teu anel..." disse Hermione puxando a mão dele para ver melhor, era simples e prateada.

"É uma aliança... " murmurou Draco, Hermione levantou uma sobrancelha curiosa, ele revirou os olhos. "És tãããããããão curiosa...!... Era da minha mãe... tive de lhe meter um feitiço para me servir..."

"Aliança de casamento?..." estranhou Hermione.

"Mais ou menos... Esta aliança deu o meu avô Black à minha avó... por amor... ela era aquela que ele queria ao seu lado e conseguiu-o..."

"Black...?"

Draco sorriu e tirou a aliança, mostrando-lhe o brasão Black gravado no interior.

"Sim... quem diria que sou parente do famoso Sirius Black?" murmurou Draco, puxando Hermione pela cintura para mais perto de si. Ela beijou-o docemente. “A verdade é que os Black sempre foram um filhos da mãe... assim como os Malfoy... foi uma boa junção... a mui nobre família Black e os Malfoy... e nasci eu...”

“Sim... o Sirius foi uma excepção... foi Gryffindor...” murmurou ela sorrindo; era engraçado pensar nisso...

"Hermione....” hesitou ele “Conta-me de novo como vocês foram apanhados..." disse com aquele ar matreiro, mudando completamente de assunto. Hermione sorriu revirando o olhar, já lhe tinha contado mil vezes aquele triste episódio. Aquela maldita noite em que ela, Harry e Ron foram apanhados pelo grupo de Fenrir Greyback e foram parar à mansão Malfoy.

"Harry Potter disse o nome de Lord Voldemort... oh, Draco..."

"Oh, Merlin..." disse Draco com ar divertido "Não consigo parar de imaginar a cena... quer dizer, ele sabia que o nome do senhor das trevas era tabu... que grande burrice...sempre soube que ele não primava de inteligência, mas isso foi a gota de aguá...!"

Hermione riu-se. Sim, agora era hilariante, mas na altura não tivera piada nenhuma. Fitou-o, séria.

"Ok... desculpa... abusei não foi?..." disse ele olhando de lado para ela.

"Não...esses episódios passados fazem-me triste e nostálgica... o tempo passa tão rápido..." suspirou profundamente.

“Saudades?... Daquele tempo?...” disse Draco sombrio.

“Oh... não do terror, é claro... mas da amizade... da coragem... percebes... eu vivi uma perspectiva muito diferente da tua...” murmurou ela, ele baixou o rosto.

“Sim, eu sei...” e calou-se, fitando o tecto. “Muito diferente...”

“Afinal... como é que acabaste por ficar com casa do Snape?” perguntou ela repentinamente.

“Curiosamente, ele deixou-ma em testamento... ainda estou para descobrir porquê...” disse ele passando a mão pelo cabelo louro claro. “Tens de ir lá ver aquilo... é um desatino... pó e livros, livros e pó... e tem lá umas bebidas deveras interessantes!”

“Severus Snape era um grande feiticeiro... e tu eras o aluno favorito dele...”

“Pfffttt... ah, está bem... isso era fachada...”

“Mas até eras bastante bom a poções...” disse ela sincera, fazendo Draco levantar um canto da boca.

“Sim... era bastante bom...” disse de ego inchado. Hermione bateu-lhe no ombro rindo. Levantou-se da cama vestindo um roupão.

“Draco?...Lembras-te da Pansy Parkinson?” perguntou ela de voz baixa. Ele estranhou a conversa; claro que se lembrava de Pansy, aquela mosca morta interesseira.

“Sim... também dos Slytherin... do nosso ano…” disse sem mover um músculo. Estava à espera do que ia sair dali.

“Há quanto tempo não a vês?”

Ciúmes? Seria? Que estranho... ele relaxou um pouco.

“Não sei... talvez desde que ela me disse que apesar de giro, que eu era um merdas vendido ao lado da Ordem da Fénix...” fingiu pensar um pouco “Ou seja, quando o Santo Potter tornou oficial que perdoava a minha família... porquê o interesse?”

“Nada... estive com ela...” disse sem se alongar. A história de Pansy confirmava-se...

“A Parkinson era uma junção conveniente para os meus pais e os dela... Hermione... e honestamente...” começou ele a dizer. Ela interrompeu:

“Não tens que te justificar... esquece isso... Draco” disse muito seria “Eu avisei o Harry... daquilo que me disseste... do Ron...”

Ele hesitou, assentindo com a cabeça. Não tinha nada a acrescentar. Nunca mais tinha visto o Weasley, desde que lhe tinha dado autorização para usar o seu cofre. Até estava a estranhar a ausência dele.

“Se for real... eu não sei o que vai acontecer...” murmurou.

Ele bufou aborrecido.

“Não acreditas em mim... ainda?” sentou-se na cama fitando-a com admiração estampada no rosto.

“Não, não é isso... tenta perceber o meu lado... eu conheço o Ron desde sempre... eu sei que ele...” hesitou “… Mas pelos vistos perdi uns belos capítulos da vida dele... isso irrita-me, Draco... o que o fez mudar tanto?”

“As pessoas mudam...” disse entre dentes mal acreditando no que ouvia.

“Não pode... ele não... pode ter...“ disse com dúvidas, fitando Draco intensamente.

“Porquê?! Se achas que as pessoas não mudam, o que faço aqui contigo?” interrompeu-a realmente irritado.

“Não sei... diz-me tu...” desafiou ela.

Draco revirou o olhar cinzento.

Vestiu-se num ápice.

Foda-se.

Realmente parecia não valer a pena; estavam sempre a discutir, as diferenças eram imensas. Para quê se enganarem?

Para quê?

Maldita ilusão.

Maldita. Maldita!

Estava farto!

“Draco… desculpa-me... ouve...” murmurou ela indo atrás dele.

Mas ele estava decepcionado. Lançou-lhe um olhar triste. Levantou uma mão para que ela se calasse.

“Não digas nada...” pediu.

Ela não confiava nele.

Como fazê-la ver a realidade?

Que teria de acontecer para ela abrir os olhos?

Saiu.

Deixou o apartamento dela frustrado.

Não olhou para trás.

Na rua nevava intensamente, tal como o dia em que ela o Salvou.

Respirou fundo o ar gelado.

Ouviu passos atrás de si. Moveu-se rápido, entrou numa ruela para se desmaterializar para sua casa mas foi encurralado. Olhou para trás, fitando-o com ar desafiador.

“O que é que queres?” disse, impaciente.

“As tuas mãos imundas não deveriam ter o privilégio de lhe tocar...”

“Que dizes?!” disse aproximando-se dele. Estava fulo da vida e ainda aparecia aquele palhaço para lhe atazanar a vida...

“Faz-te de parvo, filho da puta...”

“Vai-te foder!... ok? Tive um dia de merda... e tu queres o quê, Weasel?” passou por ele sem esperar pela resposta, batendo-lhe no ombro. Não se virou para ver a reacção dele, não lhe dando importância, e esse foi o seu erro. Só o ouviu gritar:

“Sectunsempra!”

Dor.

Sangue na neve alva.

Abriu os olhos turvos.

Merda.

Merda.

Merda.

“Crucio” a voz do outro pronunciou cheia de raiva.

Aquela dor tão conhecida de Draco invadiu-lhe cada poro da sua pele. Sentia os cortes arderem. O seu cérebro entrou em convulsão; um pouco mais e ficaria louco.

A dor parou de repente.

Ofegou.

“O acordo ainda está de pé...” disse o ruivo como se nada tivesse acontecido “Ele vai estar fora de Azkaban... ainda esta semana... isto é, se sobreviveres a isto...”

Draco sentiu a vista ficar ainda mais desfocada e escura; viu os tennis dele afastarem-se no escuro da viela e ouviu o som dele a Desmaterializar-se.

Perdeu momentaneamente a consciência.

Seria melhor se morresse logo.

Bem rápido.


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Notas finais do capítulo

ehehehe ok eu tinha de fazer das minhas... lol que me dizem? ideias?



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