Uma Dose De Nostalgia escrita por IeroVengenz


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e sintam a brisa UASHS boa leitura :*



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Zachary andava lentamente e silenciosamente pelas ruas que estavam pouco movimentadas. Era inverno, e ele vestia um sobretudo e um cachecol, ambos de cor negra, que tentavam aquecer seu corpo, enquanto um vento frio atingia-lhe no rosto.

Com as mãos enterradas nos bolsos, Zachary parou em frente a um prédio e encarou a fachada do local que frequentou por alguns longos anos. Lembranças de seu passado vieram à tona, e com isso, permitiu sorrir consigo mesmo.

Resolveu sentar-se no banco da praça que se encontrava em frente ao prédio. Aquele prédio fora sua escola.

Encarou o banco onde estava sentado e recordou-se de seu primeiro beijo que foi dado justamente ali. O nome da garota ele não se recordava, só lembrava-se que era ruiva, de uma pele extremamente clara. Nada mais do que isso, e também pouco lhe fazia importância. Só se lembrava do local e da ocasião.

Voltou seu olhar para a fachada da escola e lembrou-se de seus amigos, lembrou-se de vários momentos juntos, lembrou-se da primeira gota de álcool que ingeriu junto com eles, o primeiro porre e a primeira ressaca. Diversas memórias de quando era adolescente bombardeavam sua mente e ele nada fazia a não ser relembrar cada instante enquanto encarava cada detalhe da arquitetura do local que não havia mudado desde sua época de estudante.

Pegou um cigarro do bolso e o acendeu. Inevitavelmente lembrou-se do primeiro cigarro que fumou. Fora por influencia de Brian, que dizia que era legal ver a “fumacinha saindo da própria boca”. Bem, e depois de vários anos após o primeiro cigarro, nem Zachary, nem Brian haviam largado o maldito vicio de fumar. Tentaram, mas no fundo eles não queriam parar. Até porque os mesmos pensamentos que eles tinham na época sobre o cigarro os perseguiam até os dias atuais: Pra quê parar? De uma forma ou de outra, todos nós vamos morrer.

Achava tal pensamento grotesco, mas acreditava nisso.

Encarou a portaria da escola e lembrou-se dos dias que ficava sentado ali esperando as horas passarem enquanto Jimmy fazia diversas piadas sobre tudo e todos além de assustar as pessoas que ali passavam. Lembrou-se também de uma briga que arranjou com um cara do terceiro ano que havia mexido e ofendido Johnny. Apanhou naquele dia, mas também soube revidar, além de Matt e Brian que também entraram na briga para defendê-lo. A partir daquele dia soube que Brian, Matt, Johnny e Jimmy eram seus companheiros nas orgias, nas bebidas e nas brigas.

Suspirou e encarou o chão da praça, próximo ao banco tinha algo riscado, pode notar que era sua letra, leu e indignou-se com o que havia escrito.

“Foda-se esta merda de escola, foda-se minha casa, meus pais e meus irmãos, foda-se minha vida.

             ZV – 1997”

Além de indignado com a própria mentalidade, indignou-se ainda mais ao ver que jovens dos anos seguintes concordavam com o que ele havia escrito.

- Nós não sabemos o que falamos. – comentou baixo, voltando a encarar a escola.

Permitiu detestar-se por segundos ao lembrar-se mais de seus velhos discursos de pseudo adolescente rebelde: “quero ser adulto logo” “quero sair da casa de meus pais e morar sozinho

Oh, mente inocente para um mundo real diferente e cruel!

Se pudesse, certamente ele escolheria a opção de ser adolescente, morar com os pais para sempre e eternizar seus amigos ao seu lado.

Mas o que seria do presente se não houvesse a ânsia pelo futuro?

Acreditava que a vida pregava peças, pois envelhecemos, as visões de mundo mudam, os primeiros cabelos brancos aparecem, mesmo que precocemente, as preocupações mudam. Enfim, muitas coisas mudam. As únicas coisas que não mudam, são a amizade verdadeira e o amor.

Levantou-se e decidiu fazer o mesmo trajeto que fazia quando saia da escola. Andou lentamente, fechando os olhos toda vez que o vento insistente batia-lhe na face. Mordeu o lábio e encarava cada detalhe de seu caminho, risos tímidos surgiam ao lembrar-se de fatos dele com Matt, Brian, Johnny e Jimmy... Oh, Jimmy. Este ultimo lhe fazia tanta falta que chegava a doer no peito.

- Por que teve de partir tão cedo? – perguntou baixo, encarando a foto da tela de seu celular, que era justamente de Jimmy.

Uma vez ouviu que pessoas boas demais iam embora cedo para o paraíso, e o inferno era onde todos nós que estamos vivos vivemos. Pois vivemos num mundo tomado de violência, preconceito, ódio... Existiria lugar pior que esse?

Balançou a cabeça negativamente e voltou a caminhar. Sorriu largo ao deparar-se com a banca de jornal que existia desde a sua época e que ele e os outros, juntavam dinheiro para comprar revistas de mulheres nuas. É, era época onde sua puberdade estava aflorada.

Tantas coisas aconteceram naquela época e ele nunca havia parado para pensar nisso. Não antes dessa caminhada, diferente das que estava acostumado a fazer de uns tempos para cá.

Zachary não havia perdido contato com Matt, nem com Johnny e muito menos com Brian... Mas de certo todos eram ocupados com seus trabalhos e famílias.

Com isso, pode perceber que o tempo desgasta, mas ao mesmo instante amadurece. Quem diria que Johnny trabalharia, já que na época estudantil, vivia dizendo que se dependesse dele, viraria mendigo? Quem diria que um namorico de Matt resultaria em casamento? Quem diria que Brian largaria mão de ser o garanhão para casar-se e ser extremamente fiel a sua esposa? Quem diria que ele próprio terminaria os estudos, entraria numa universidade e se formaria no que ele sempre quis?

O “culpado” disso tudo, meus caros, foi o tempo.

Zachary pegou mais um cigarro e levou até a boca, acendendo e retomando a sua caminhada.

Entrou ao bar que costumava vir nos últimos anos, sorriu gentil para duas mulheres que o encararam e sentou-se no balcão.

- Olá Zachary. O que vai querer? – o garçom já conhecido logo apareceu sorrindo para atender-lhe.

- Após uma dose de nostalgia, por favor, me dê uma dose de Absinto. – sorriu. – Foi a primeira bebida que ingeri na vida.

O garçom assentiu e se retirou, Zachary sacou seu celular e encarou uma foto antiga dele, Brian, Matt, Johnny e Jimmy juntos.

- Grandes velhos tempos, meus amigos! – murmurou.


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