Os dias foram se passam e minhas forças foram diminuindo, eu não comia mais direito, não dormia mais direito. Eu não conheço Justin suficiente pra saber se ele saiu mesmo correndo porta a fora quando meu pai falou aquilo pra ele, só sei que tinha tanto medo que fosse verdade.

Eu já estava magra, com olheiras e tudo mais, o que eu tinha pra me consolar era o colo de Gui, o abraço do Vitor e as piadas de Pedro que me faziam bem as vezes. Nunca mais falei com a Lara, eu não tenho o computador nem o celular ainda, os meninos dizem que ela esta bem, Vitor explicou pra ela o que aconteceu e porque eu não fui na despedida dela.Vitor disse que ela entende, mas ainda tem magoa, me senti péssima com isso.

Ultimamente o único jeito que eu escuto a voz do Justin é através das musicas, eu to praticamente vivendo no meu quarto. Hoje é mais um dia como qualquer um pra mim, indo pra escola, com cara de zumbi e tendo o olhar de Matt com pena de mim, isso é o pior!

-Bom dia! – disse Vitor cochichando e sorrindo fraco.

-Bom dia! – sorri fraco também o abraçando.

-Não acredito que ainda ta assim? Você tem que se animar! Essas olheiras, você ta mais magra que quando te conheci! Tem que começar a se cuidar Ally! – ele disse preocupado.

-Não, você também não! – eu disse saindo dos braços dele e andando até meu armário.

-Ally, desculpa, mas eu sou seu amigo, eu quero te ajudar!

-Ok Vitor! Só não tenho paciência pra ouvir isso! – eu disse abrindo o meu armário.

-Ally você veio de pijama pra escola? – disse Pedro chegando.

-Cala a boca! – eu disse brava.

-Awn, também te amo linda! – ele disse me abraçando, abracei ele também.

-Idiota! – eu disse e ele riu fraco.

-Me ama demais mesmo! – ele disse me soltando – mas sério, isso é pijama?

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-Não né! – eu disse arrumando meu armário de novo e o fechando.

-Tem que se arrumar mais!! Antes, quando eu te conheci você me seduzia! Agora me da sono porque sua roupa me lembra um pijama! – ele disse e eu ri fraco.

-Animadora as suas palavras! – eu disse e ele riu.

-Mas eu fiz você rir! – ele disse e eu sorri.

-Sim! – disse sorrindo.

-Cara, você viu isso? – disse Vitor cutucando o Pedro e me olhando assustado.

-O que? – eu disse me olhando.

-Cara, aquilo lá? – disse Pedro também olhando.

-O que gente? – eu disse preocupada.

-No rosto dela você viu? – disse Vitor.

-No meu rosto? – disse assustada passando a mão no meu rosto e eles olharam um pra cara do outro sorrindo sapecas.

-ELA SORRIU, NOOOOOOOOOOOOOSSA!!! – eles berraram rindo em seguida.

-Seus idiotas!!! – eu disse brava batendo neles – eu achei que era algo preocupante ou aaah!!

-Mas isso é super importante!! – disse Pedro parecendo uma menina, eu ri alto.

-Isso foi gay! – disse Vitor – mas então, isso é importante!! Você não sorria a dias, mesmo com o Pedro fazendo essas piadas idiotas! – ele disse sorrindo.

-Mas ontem eu ri! – eu disse meio indignada.

-Mas não sincera igual agora!! – disse Pedro.

-Ok, venceram! – eu disse andando em direção a classe.

-Vai deixar a gente aqui?

-Não, vocês também tem que entrar na classe! – eu disse e eles só não me xingaram alto porque estávamos no meio do corredor.

Logo eles vieram atrás de mim e me deram um tapa na cabeça cada um. Entrei correndo na classe e rindo, alguns que estavam lá se assustaram por me ver rindo, Matt principalmente que estava abraçado a cintura de Elizabeth e largou assustado no momento que eu entrei rindo. Conti meu sorriso momentâneo e me sentei no meu lugar com Pedro e Vitor me cercando como sempre.

As aulas foram passando e eu ainda mantinha o meu sorriso no rosto, por um dia eu estava feliz depois de tempos. Mas parece carma, na ultima aula, de português, a professora me resolve ler um poema e ele falava de que? Claro que é de amor! Um amor verdadeiro, sofrido, aonde a menina era separada de seu amor e nunca mais o viu.

Que ótimo, minha felicidade de 100 foi pra zero em menos de 1 segundo! O sorriso no meu rosto sumiu de novo, Pedro e Vitor perceberam, Pedro começou a fingir que batia a cabeça na apostila com a tentativa de me fazer rir, mas o que ele me tirou foi um sorriso fraco. De novo não almocei, os meninos tentaram me empurrar comida de todas as maneiras, mas eu tinha perdido a fome de novo.

Era 14:30 ainda quando eu sai da escola, eu ando saindo mais cedo, digo que to passando mal, o que é verdade, a professora me manda pra enfermaria e a enfermeira me manda ir pra cantina comer algo. Então eu comia algo bobo e voltava pra enfermaria e perguntava se eu podia ir pra casa, ela fala que eu posso e eu saio.

Mas eu não vou pra casa, eu vou andar! Os fotógrafos não ficam mais atrás de mim, não sei o porque, mas pararam de vir até a porta do colégio e essas coisas, provavelmente acharam alguém que as fotos tiradas valem mais que a minha. Como de costume estava indo até uma cafeteria um quarteirão pra frente da escola.

Quando no caminho me sinto seguida, olhei pros lados, pra trás, não tinha ninguém. Andei mais um pouco e ainda nada. Quando eu ia atravessar a rua para chegar no quarteirão do café sinto alguém me segurando pelo pulso e me puxando pra dentro de um carro preto que parou em minha frente. Eu não tinha forças me soltar da pessoa que estava com o capuz da blusa na cabeça me impedindo de saber quem era na primeira olhada.

-Me solta! – eu disse tentando soltar meu pulso.

-Vo-você esta tão magra! – uma voz rouca soou pelo carro já andando.

-Quem é você? Me solta por favor! – eu disse puxando meu pulso de novo.

-Você ta magra, pálida, com olheiras, o que estava acontecendo com você meu anjo? – o menino disse de novo.

-Você me chamou de que? – eu disse assustada, afinal a única pessoa que me chamou assim foi...

-Meu anjo! – disse o menino levantando o rosto, podendo assim me permitir ver que era Justin, com seus olhos marejados.

-Justin... – eu disse assustada.

-Porque você ta assim? Porque não me ligou mais? Porque não esta se cuidando? Porque Ally? – ele disse e eu não tinha respostas – todo esse tempo passei esperando uma ligação sua, uma noticia! As suas fotos na internet foram diminuindo, me impedindo de te acompanhar de longe! Você não me ligou mais e assim eu tive o medo de te ligar, não sabia o que estava acontecendo! Resolvi vir atrás de você e te encontro magra, pálida, com olheiras... porque? – ele disse limpando algumas lágrimas.

-Pode soltar o meu pulso? – eu disse, ele segurava forte ali, provavelmente pela surpresa de eu estar bem mais magra e fria.

-Me responde por favor meu anjo, me responde! – ele disse implorando.

-Eu, eu não sei o que falar! Faz tanto tempo que eu não te vejo, faz meses! – eu disse com olhos marejados – eu senti tanta a sua falta!! – eu disse o abraçando.

-Eu também senti muita a sua falta! – ele disse com a voz meio falha.

-Eu não sei porque parei de falar com você, não sei porque, me faltavam forças pra te ligar, eu tinha medo que você não quisesse mais falar comigo depois de não sei o que o meu pai e falou! – eu disse o soltando e limpando as lagrimas.

-Meu anjo, você acha que eu liguei pra ele? Eu acredito apenas nas suas palavras, nos seus eu te amo, nos seus beijos e abraços! Eu fiquei sim mexido com o que o seu pai me disse, mas eu me importo mesmo é com você! – ele disse fazendo carinho no meu rosto me fazendo sorrir.

-Me desculpa, me desculpa por tudo! – eu disse o abraçando de novo – eu não queria parar de falar com você! Eu não queria parar de te ligar! Me desculpa meu amor! – eu disse ainda abraçando ele.

-Eu te desculpo por tudo! Apenas não te desculpo por estar assim! – ele disse me largando – esta magra, com olheiras, gelada... porque parou de se cuidar? – ele disse segurando a minha mão.

-Acho que me faltava forças, eu estava a cada dia mais triste! Minha mãe, meus irmãos super preocupados! Meu pai se tornou um monstro na minha vida, não me deixando sair, me trancando no quarto que depois eu passei a me trancar lá! Eu só pensava em você, só queria saber como você estava! Eu sinto muito! – eu disse de cabeça baixa.

-Hey! – ele disse levantando o meu rosto – você é linda, eu te amo! Nunca mais faça isso, não se descuide! Eu sempre estarei aqui pra você! Lembra, lembra que vamos enfrentar todos juntos, até o fim? Eu nunca vou te deixar sozinha, nunca! – ele disse sorrindo, o sorriso mais lindo, o sorriso que eu mais amo!

-Eu te amo meu amor, te amo! – eu disse sorrindo.

-Te amo meu anjo! – ele disse e me beijou.

Voltamos pra escola, afinal meu pai tinha que chegar e eu tinha que estar ali.

-Espera! – disse Justin antes que eu descesse.

-Oi? – eu disse me virando pra ele.

-Eu tenho um plano, fique preparada! A gente vai fugir, eu vou te tirar de lá, vamos ser felizes juntos! – ele disse sorrindo.

-Eu confio em você! Te amo! – eu disse dando um selinho nele.

-Te amo muito! – ele disse.

Desci do carro e fechei a porta, não conseguia conter o meu sorriso, eu não acredito, eu tinha encontrado o Justin! Era um sonho? Real demais pra ser um sonho! Fiquei parada na porta da escola, quieta, sem demonstrar reação, logo bateu o sinal e todos saíram. Vitor e Pedro vieram pro meu lado, junto com o gui que hoje não tinha treino.

-Hey! – disse Gui e eu o abracei.

-Ta melhor? – perguntou Vitor.

-Bem melhor! – eu disse e sorri.

-Eita, o que aconteceu? – perguntou Pedro.

-Amanha eu conto! – disse sorrindo.

-E eu? – disse Gui.

-Te conto depois! – eu disse e ele me deu um beijo na testa.

Logo o nosso pai chegou, entrei no carro em silencio como todos os outros dias, ele não disse nada e eu também não. Chegamos em casa e eu subi pro meu quarto, me tranquei lá como sempre e me deitei na cama, coloquei um travesseiro na cara e berrei, berrei alto, me aliviando completamente.

Ouvi batidas na porta e abri, vendo que era o Gui. O puxei pra dentro do quarto sorrindo e antes que eu fechasse a porta Isa entrou correndo no quarto. Me sentei na cama, Isa também e Gui na cadeira do quarto. Eles me olhavam estranho, talvez pelo fato de eu estar sorrindo depois de todo esse tempo calada.

-Ok, o que ta acontecendo? – disse Gui.

-Você fofocou pra Isa? – eu disse o encarando.

-Eu tinha que contar! Você chegou sorrindo! – ele disse erguendo as mãos em defesa.

-Vai, fala que eu to curiosa! Você ta sorrindo lindamente de novo! – disse Isa.

-Eu vi o Justin! – disse sorrindo.

-Como? – disse Isa.

-Eu não vou explicar detalhadamente, mas eu tinha saído antes da escola e estava andando até um café, Justin me puxou pra dentro de um carro e conversamos, eu fui uma idiota de ficar todo esse tempo sem falar com ele, sem olhar pra ele! Eu o amo! – eu disse e Isa sorriu junto ao Gui.

-Por isso sorri tanto? – disse Gui – e que mais tem pra contar?

-Ele disse que sabe como vamos fazer, como eu vou fugir com ele! É pra mim ficar preparada que ele vai me chamar no dia e na hora! E eu vou fugir com ele! – eu disse e meus irmão se encararam depois me encarando.

-Você vai mesmo? – disse Isa.

-Você sabe que é perigoso Ally, o nosso pai tem se tornado um monstro que nenhum de nós conhecíamos, eu nunca imaginei ele daquele jeito e eu não sei o que ele é capaz de fazer! – disse Gui.

-Eu estou disposta a arriscar! Eu vou fugir com o Justin, eu vou fugir com ele! – eu disse decidida.

Os dias foram se passando e minhas malas já estavam prontas. Claro que não era um monte de coisa, era uma mochila, grande que eu tinha, aonde coube bastante coisa. Justin ainda não tinha dado sinal de vida, eu já estava quase de férias, ok, não é férias, pra semana Natal/ Ano Novo.

Era dia 15 de dezembro quando Gui me trouxe um papel quando chegou da escola depois do treino aonde estava escrito: “ me encontre hoje a noite  na estação de trem!” .

Apenas assenti com a cabeça pra mim mesmo, me preparei. Era 10 horas da noite já, eu provavelmente já teria que sair, quando meu pai abriu a porta do meu quarto com muita força, eu me assustei, eu já tava trocada, mas a bolsa estava dentro do armário, então provavelmente o que passou na cabeça do meu pai era: ela ainda não se trocou para dormir.

-Você se encontrou com ele! – ele disse baixo.

-Eu o que? – disse sem entender.

-Você se encontrou com ele, eu mandei nunca mais olhar pra ele, nunca mais se encontrar com ele, você me desobedeceu!! – ele disse me olhando com fúria.

-Como assim? – eu disse me sentando na cama.

-Tem fotos de você na TV! Você se encontrou com aquele moleque de novo! Sabe o que vai acontecer? Você vai ficar aqui, presa, de novo! Você não vai sair mais de casa, nem no natal, muito menos no ano novo! – ele disse bravo.

-Eu já não saio a meses, não converso com as pessoas a não ser na escola, fico trancada aqui o dia inteiro, você acha mesmo que tem como piorar? – eu disse também brava – me encontrei sim com ele e isso me fez me sentir melhor, me sentir mais feliz! Eu acreditei nas suas mentiras e ele desmentiu, eu o amo, você não vai separar a gente!

-É o que veremos! – ele disse fechando a porta e a trancando.

Eu comecei a chorar, me sentei no chão entre a cama e a cômoda. Chorei por minutos até que o celular de Gui começou a tocar em cima da cama, era o Justin. Eu devia atender, mas pra que? Pra falar que mais uma vez não ia fugir com ele? Que mais uma vez to trancada no meu quarto?