Conexão Seattle escrita por Karmen Bennett


Capítulo 34
Difíceis decisões


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem? Sei que demorei maaas em compensação esse cap é maiorzinho. Como estou com muito sono não vou prosear muito, mas espero bater um papo com todos (TODOS)vcs depois. Gente, de coração obrigada pelo apoio e compreensão de vcs, pela paciência, em fimvcs são D+. Nos vemos lá em baixo, tá?



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Freddie já havia percebido o poder de persuasão da namorada, mas vê-la encaminhando-se ao telefone destinada a ligar pedindo ajuda para um problemas dele, lhe chamou atenção para o fato de que estava sobrecarregando-a demais. Ela não merecia nem precisava estar passando por aquilo, não tinha a menor obrigação de se envolver com seus problemas muito menos de ajudar alguém que a odiava, como era o caso de Marissa.

-Sam, deixa esse telefone aí.

-Freddie...

-Minha mãe não é uma pessoa leiga. Temos advogados, ela pode e deve tentar entrar em contato com eles que me deixarão a par de tudo, no caso dela não poder fazer isso.

-Tem certeza?

-Absoluta. Vem aqui. –Ele se aproximou enlaçando-a pela cintura. –Sabe que adoro ficar com você, não é? Mas acho que deveria ir pra casa, já está ficando tarde.

-Só depois de ver o seu prato limpo, Benson. –Disse desvencilhando-se. –E não pretendo te deixar aqui sozinho.

-Já estou acostumado. Além disso, os Shay moram aqui na frente, não há problema algum.

-Ok, depois vemos isso.  Agora trate de se alimentar.

Ele assentiu e caminhou novamente até a cozinha, sentou-se a mesa e se pôs a devorar avidamente o que a garota havia preparado.

Os dois mergulharam num breve silêncio enquanto o garoto se alimentava e Sam finalizava a limpeza dos utensílios que usara, receosa de que Marissa não voltasse aquela noite e o trabalho ficasse por conta de Freddie cujo abatimento se soltava às vistas.

Freddie se alimentava de modo extremamente mecânico, mal reparando no quão saborosa estava a comida. Por mais que tentasse convencer a si mesmo de que estava tudo bem, sabia que não estava, alguma coisa estranha parecia estava acontecendo, como se alguém estivesse tentando conduzi-lo a um beco sem saída.

Ele percebeu quando Sam, após terminar a rápida arrumação, apanhou o celular no bolso e observou a tela do objeto com um ar preocupado. Aquilo o fez se sentir ainda pior, sentindo-se um estorvo na vida da garota.

-Algum problema, Sam? –Perguntou fitando-a.

-Sim. Ainda não ganhei na loteria, como poderia não haver problema?

Ele riu, e foi como se a última vez que tivesse feito aquilo fosse ha mil anos atrás.

-Vai pra casa. –Disse ainda sorrindo. –Está tudo bem.

Ela ia respondendo alguma coisa, quando um barulho na porta anunciou a chegada de alguém. Freddie imediatamente se pôs de pé e foi até a sala com passos contidos, sendo seguido por Sam. Não tiveram como disfarçar a surpresa ao ver Marissa outro homem adentrando o recinto.  

Carly ainda se sentia extremamente humilhada pela forma que Griffin a tratara, e mais ainda por continuar gostando de alguém tão fraco e manipulável como ele. Era estranho pensar que sempre o vira como alguém independente e corajoso, oposto a Freddie, sempre encolhido sob a asa da mãe. Era exatamente o contrário, e após tudo o que acontecera aquela noite, ela não conseguia deixar de fazer comparações entre os dois.

Freddie era alguém que falava baixo, quase nunca demonstrava insatisfação, mas que direcionava suas ações de acordo com suas convicções, independente de qualquer opinião. Griffin gostava de demonstrar poder, chamar a atenção dos outros e isso por único motivo: Se preocupava demais com que os outros pensavam dele.

-Imbecil. –Murmurou.

Enquanto se dirigia a casa de Missy, ela tentou mais uma vez ligar para Freddie ou para Sam, em busca de noticias, mas nenhum dos dois atendia. Ela abanou a cabeça quando se encontrava em frente a casa da amiga, e tocou a campainha. Após alguns segundos, uma senhora de cabelos grisalhos abriu a porta e a convidou a entrar.

-Como vai, Carly? –Perguntou a governanta.

-Bem senhora Arms. –A Missy está?

-Sim, eu a vi passar para o escritório do pai... Quer que eu vá chama-la?

-Não, obrigada posso ir até lá se não for um problema.

-É claro que não. A propósito, meu filho adora o seu web show.

-Eu fico feliz. –Disse sorrindo largamente. –Dá um beijo nele por mim.

-Pode deixar!

Carly assentiu e encaminhou-se ao escritório, após de onde vinha uns ruídos estranhos. Ao entrar, se deparou com uma cena no mínimo inesperada: Missy rasgava desesperadamente vários documentos de pastas diversas, todas espalhadas pelo cômodo. Ela chorava e dizia coisas sem sentido enquanto danificava a papelada do pai.

-Missy, para com isso. –Disse avançando em direção a menina.

-Hei, que bom que chegou! –Disse sem interromper o que fazia. –Me ajuda aqui, vai.

-Não, não vou te ajudar. –Disse segurando firme os braços da outra. –Agora para com isso!

A ruiva a fitou confusa.

-O que aconteceu?

-Estou ajudando meu pai. –Respondeu desvencilhando-se. –Quero justificar o ódio que ele sente por mim.

-Seu pai não te odeia!

-Odeia sim! –Gritou. – Eu fui admitida em Harvard, Carly. Fui contar a ele, mas ele só quer saber desses papéis, dessas empresas, de toda essa droga! A ambição dele estragou tudo. Por isso a Katy foi embora, ela não suportava mais isso aqui! Eu nunca entendi, meus pais sempre ficavam me comparando com ela e eu a odiava por isso, mas agora eu entendo... Mas agora é tarde. Essa gravidez acabou com a minha vida!

A menina falou de forma ininterrupta e quase incompreensível, tornando-se mais clara apenas durante a última frase.

-Missy, gravidez de quem? –Carly questionou pacientemente.

-Minha. –disse voltando a rasgar os papéis. –O Tomy é estudante de medicina, disse que não tem erro.

-Entendi, você está em choque. –Disse segurando-a novamente.  –Agora deixe esses papéis aí e sente-se aqui.

Carly fez a garota sentar na poltrona  e esperou até que ela se acalmasse. Era difícil descrever o que sentia. Estava frustrada por não ter gravado o web show, preocupada com a senhora Benson, irritada com Griffin e cansada de tudo aquilo. Não conseguia sequer demonstrar espanto com o estado de Missy, era como se estivesse entrado numa espécie de transe, buscando se manter calma para não surtar de uma vez.

Enquanto aguardava, ela passou rapidamente os olhos pela papelada e não pode deixar de reparar numa pasta vermelha onde se lia: Monopólio I.

Movida pela curiosidade, ela apanhou a pasta e a abriu. Não entendeu quase nada do que estava escrito. Haviam gráficos, planilhas, relatórios e uma serie de dados estatísticos sobre o mercado financeiro do país, com foco em Seattle.

Mais adiante ela encontrou uma série de papéis onde o nome “Benson” se repetia diversas vezes ela se viu completamente absorvida por aquela leitura. Em alguns trechos mais compreensíveis, lia-se:

A aquisição do imóvel atrairá grandes  investidores interassados nos altos lucros da propriedade e da marca a ele vinculada, parceiros de diversos setores comerciais e industriais [...] Em última instancia, informações (verdadeiras ou não) estarão circulando através dos veículos de comunicação em massa, e essas deverão auxiliar na manipulação de mercado. Pessoas devidamente  preparadas, já implantadas nos meios apropriados, se encarregarão de divulgar o que precisará ser exposto. 

Completamente absorta, ela guardou os documentos na pasta e a colocou novamente sobre a mesa, ainda em choque com o que acabara de ler. Nunca fora segredo a vontade que Steven Robinson tinha de se apropriar da Play&Back, mas daí a ambicionar um possível monopólio comercial sobre a cidade, parecia loucura.

Disfarçando a surpresa, ela voltou a atenção para a amiga, mas essa dormitava com a cabeça encostada ao encosto da luxuosa poltrona. Carly respirou fundo e levantou a fim de buscar ajuda para a menina, que aparentemente era apenas uma das vitimas da ganância do pai.

Já passava das dez horas quando Sam finalmente conseguiu chegar em sua casa, completamente exausta. Em frente ao imóvel, havia duas bicicletas paradas que imediatamente a fizeram lembrar que tinha faltado a mais um ensaio da Purple. Ela pensou em retroceder, mas nem sequer chegou a interromper os passos, não gostava de fugir de coisas que realmente precisasse ser enfrentado.

Ela fazia grande esforço para não manter os pensamentos direcionados apenas no que estava acontecendo no apartamento de Freddie, mas era praticamente impossível.

Sam tentava convencê-lo a buscar ajuda quando a mãe do garoto irrompeu pela sala acompanhada de Steven Robinson, causando-lhes extremo assombro.

Não foi menos assombroso o fato de Marissa não tê-la escorraçado de imediato e permitido que o filho a acompanhasse até o elevador.

 Sam tentava não pensar na fisionomia abatida e confusa de Freddie ao deixa-lo naquele corredor. Mas era inútil.

E agora havia outro problema para enfrentar.

Ela passou pela sala, sendo recepcionado por latidos frenéticos do filhote de beagle que logo avançou extremamente eufórico, tentando arrancar alguns carinho da dona. Sem conseguir resistir aquilo, ela se abaixou pegando-o nos braços e finalmente se dirigiu até a garagem onde o grupo de quatro jovens a aguardava. Ela estranhou que Brad também estivesse ali.

-Boa noite. –Cumprimentou baixinho. 

-Boa noite? –Jonah perguntou levantando da cadeira onde estava. –Estamos aqui a uma hora e meia aguardando vossa alteza.

-E-eu realmente sinto muito... –Disse pondo o cãozinho no chão.

-Sente mesmo, Sam? Então por que ao menos não nos telefonou?

-Eu achei que ia conseguir chegar a tempo, mas então  aconteceram umas coisas e eu esqueci. Por favor, me desculpem...

-Tá, tudo bem. –Interpôs-se Shelby. –Então diz o que aconteceu. Dependendo da gravidade...

-É uma coisa meio pessoal de outra pessoa...

-Do Freddie! –Adiantou-se a outra. –Olha Sam, eu realmente detesto concordar com o Jonah, mas assim realmente fica muito difícil!

A loira baixou o rosto em silencio. Não havia como argumentar sem expor os problemas de Freddie.

-Não vai mesmo contar o que aconteceu? –Perguntou Griffin. –Não tem problema, eu sei. A mãe dele foi presa, não é? Conta pra gente o porque, não se esconde uma coisa dessa dos amigos.

-Ainda mais daquela ridícula que vive nos chamando de delinquente... –Completou Shelby.

-Peguem leve, é a sogra da garota... –Jonah disse sarcasticamente. –Que diferença faz tudo o que ela já te disse, não é Sam?

-Ok, já chega. Eu não sei por que ela foi presa e nem quero saber! Que diferença isso faz nas nossas vidas?

-Hm... –Jonah girou os olhos fingindo estar pensando. –Quase duas horas de atraso do ensaio? Ah, não melhor! E que tal o teste em Los Angeles que nós perdemos?

Mais uma vez ela não respondeu.

-Está bem, já chega. –Disse Brad pondo-se entre os demais. –Preciso filmar vocês tocando por pelo menos dez minutos pra levar em uma gravadora. Mas se forem continuar nessa, avisem que eu começo o vídeo e envio pra UFC.

Houve um breve silencio até que Shelby subiu no palanque improvisado, sendo logo seguida por Griffin, e esse por Sam. Por ultimo e de maneira relutante, o baterista concordou em ensaiar e se juntou ao grupo.

-Ótimo.-Brad sorriu satisfeito –Podemos começar.

Mesmo aborrecidos pela breve discussão e também por seus problemas pessoais, os quatro conseguiram tocar perfeitamente bem, quem quer que visse o vídeo finalizado, jamais imaginaria o clima tenso que havia no ambiente no momento da gravação. A música era o principal aspecto que tinham em comum e isso os tornava capazes de executa-la nas mais variadas situações. Não havia dúvidas de que aquela banda poderia no futuro não tão distante, constituir, no mínimo, uma fonte de renda razoável aos seus membros.

 Jonah sabia disso, e estava disposto a tudo para que nada nem ninguém interferisse em seus planos.

Enquanto finalizava as atividades escolares, Freddie ignorava deliberadamente os chamados da mãe, todas as vezes que ela batia a porta do seu quarto. Ela se recusara terminantemente a contar o que havia acontecido, afirmando não ter sido nada de mais, e que só chamara o amigo por uma questão de segurança, pois não queria voltar pra casa sozinha tão tarde.

Ele já havia desistido de tentar obter qualquer explicação através da mãe, e com a possibilidade do tio ter atentado contra ele, restava-lhe apenas a solidão do seu quarto, e a amargura pelas desventuras de sua família.

Por volta das duas horas, ele ainda se encontrava acordado, com os pensamentos divididos entre os problemas que o cercavam e a falta de soluções para os mesmos.Sentindo-se incapaz de adormecer, ele se levantou, calçou os pés e encaminhou-se até a cozinha tencionado beber um copo d’água. Só não esperava encontrar a mãe ainda de pé. Ela estava sentada à mesa, com os olhos fixos sobre a mesma, aparentando total distanciamento.

Freddie fez menção de dá meia volta e retornar ao quarto, mas voz angustiada da mulher o deteve.

-Eu também queria que ele estivesse aqui. –Disse. –Mas somos só nós dois, entende?

-Não. –Respondeu aproximando-se. – Não entendo seu egoísmo, e suas mentiras. Não sou obrigado a entender, muito menos a aceitar.

-Freddie... Afaste-se daquela garota! Aquela gente nos tirou o seu pai, não vou deixar que...

-Um assassino. –Disse exaltado –Um único assassino, no máximo uma quadrilha matou o meu pai, não “aquela gente”.

Irritado, ele pensou mais uma vez em voltar ao quarto e deixa-la ali refletindo suas atitudes, mas subitamente,  as lembranças das fotos cortadas na gaveta da mãe, a jovem do subúrbio vitima de um ataque cardíaco fatal, encheram-lhe a mente e o fizeram avançar até a mesa e sentar diante da mãe.

-Seja sincera mãe, ao menos uma vez na vida. O que “aquela gente” representa pra você?

-O que quer dizer com isso? Sabe o que quero dizer!

-Não, não sei! –Gritou. –Não sei por que odeia a Sam, por que foi presa esta noite ou por que pediu ajuda a um homem que te chantageia! Por que a senhora não me conta?

-O-o quê?

Ele esfregou o rosto furiosamente e procurou falar mais calmamente.

-Mãe, se só temos um ao outro, por que não confia em mim? O que aquele homem sabe sobre a senhora? Não pode ser tão grave, e se for talvez eu possa te ajudar...

-Não está falando coisa com coisa. –Disse levantando. –Isso é coisa do Arthur, aposto. Vá dormir  Freddie, já está tarde para ficar reproduzindo os desvarios do Arthur.  Boa noite.

Dizendo isso, ela se retirou rapidamente e o som dos seus passos foram rapidamente procedidos do barulho da porta do quarto se fechando.

Freddie permaneceu por mais alguns minutos na cozinha, cogitando a possibilidade de sumir daquela casa, mas por fim acabou retornando ao seu quarto.

Nunca na vida sentira tanto ódio e revolta juntos, aliado a isso havia um forte sentimento de impotência que parecia consumi-lo por dentro. Ele deitou na cama e se pôs a olhar fixamente para o teto, questionando-se sobre o que faria no dia seguinte, a respeito de tudo o que havia visto e ouvido naquele que fora o dia mais longo da sua vida.

Por fim, levantou novamente, pegou o notebook em cima da cômoda  e retornou a cama onde digitou rapidamente um email para ser encaminhado ao advogado da família Benson solicitando uma audiência com Ronald Crawelt e sigilo absoluto em relação aquele assunto. A dúvida era se o homem respeitaria o pedido de sigilo e quais consequências poderia haver se ele não o fizesse. Sabia que podia tentar pedir ajuda a Sam, mas não cogitava a possibilidade de perturba-la ainda mais.

Por fim, acabou enviando a mensagem.  


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Notas finais do capítulo

Pro caso de vcs não terem conseguido acessar o link da música que eles cantaram: http://boncelkillmz.heck.in/files/evanescene-bring-me-to.mp3 Porra eu fiquei viajando imaginando a Purple cantando isso, antes q vcs peguntem eu não sou louca.

Gente, pfv comentem preciso saber o que vcs acharam. Em breve eu volto pra ver MMV. Comentem a capa nova (e temporária tbm).

Um obrigado a MayaNatsume pelas recomendações em MMV e CS respectivamente!!

Bjos e até breve.