Conexão Seattle escrita por Karmen Bennett


Capítulo 24
Um grito no corredor


Notas iniciais do capítulo

Prontinho desculpem a demora, eu explico nas notas finais já atrasei de mais né? Brigada pelos reviews me deixam muito feliz e motivada! Espero que gostem do capítulo! Boa leitura



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Os alunos observavam perplexos dois inimigos abraçados de maneira afetuosa. O silencio era quebrado apenas pelos pedidos de “com licença” de um homem que não demorou muito conseguiu se por a frente da aglomeração a fim de descobrir o que ocorria ali.

–O que esta acontecendo aqui? –Perguntava o senhor Howard se aproximando. –Senhorita Puckett, afaste-se do senhor Benson! Dessa vez não se livra da suspensão.

–Por que? –Perguntou confusa.

–A caso pensa que pode se aproveitar do estado abatido de um jovem que teve seu projeto destruído e...

O homem pareceu se dar conta do que o que estava acontecendo ali. Os dois permaneciam abraçados enquanto os colegas os observavam incrédulos. Freddie tinha o semblante entre o confuso e o surpreso, mas permanecia abraçando a garota como se e a estivesse defendendo.

–O que esta acontecendo aqui? –Perguntou o homem num tom diferente e ainda mais severo.

A primeira coisa que passou pela cabeça de Sam foi rir e dizer que aquilo era mais uma piada. Talvez levasse uma advertência, ou coisa do tipo, mas tudo continuaria na mesma. As pessoas voltariam pra suas casas certas de que o mundo ainda fazia sentido. Freddie continuaria como a pobre vítima, e ela como a terrível vilã. Cada um em seus devidos papéis no adorável espetáculo da vida.

Mas a ideia de todos rindo de Freddie lhe causou forte repulsa, ainda que ele não se importasse. Descobriu-se incapaz de ir adiante. Carly a observava apreensiva e ela buscando ajuda com o olhar descobriu que não havia quem pudesse intervir. Agora era contar com a sorte.

–Quero que me explique senhor Howard, -Começou Sam. –por que acha que eu estou fazendo algo errado.

–Não sei se a senhorita lembra, há algum tempo, estabelecemos que para a sua permanência nessa instituição, teria que se manter a distancia mínima de dois metros do senhor Benson. A senhorita já infringiu essa regra diversas vezes, então por favor...

–Não. –Interveio Freddie. –Eu permiti que ela se aproximasse. Podemos ir embora agora?

Ouve um murmúrio entre os estudantes em função das palavras de Freddie.

–Nesse caso, vão os dois para a diretoria. –Disse o homem disfarçando a surpresa. –Saíram em meio a um importante plebiscito para infringir outra regra da escola, como todos viram, por tanto, para a diretoria.

Os dois deram as costas aos colegas e seguiram o homem. A maioria ria ainda acreditando ser uma piada. Os amigos de Sam já não tinham tanta certeza. A loira não os dissera absolutamente nada a respeito, mal os olhara, e não tinha seu habitual ar perverso. Fora que eles não viam como aquilo podia se tratar de uma piada. Não viam a menor graça. A possibilidade de Sam e Freddie estar juntos os aturdia e os desestabilizavam. Ia contra tudo o que eles acreditavam.

Sam e Freddie se perguntavam se a situação podia piorar, sem saber que a resposta afirmativa viria na manhã seguinte.

Na sala da direção, os dois aguardavam o diretor em companhia do senhor Howard que fez questão de permanecer. O homem os fuzilava com o olhar. Sam desejava que ele não estivesse ali, mas pra piorar sua situação ele achou que devia interagir.

–Sabe, eu presenciei anos de briga entre os senhores. Ainda tenho um arranhão por conta do dia em que a senhora Benson tentou agredir a senhorita Puckett. Eu não sei o que esta acontecendo aqui, mas não estou disposto a aturar...

–Não foi o senhor que disse que seus pais começaram brigando? –Perguntou Sam sarcasticamente.

–Ora senhorita Puckett... Aquilo foi uma piada.

–Nossa, tão engraçada...

–Sam!

–Não faço ideia de como os meus pais se conheceram ou como se relacionavam a princípio. Mas sei que pessoas normais não tentam afogar outra em um bebedouro num ano e no outro aparecem aos beijos!

–Não tentei afogar ele...

–Tentou sim. –Afirmou Freddie.

–Ta e quem mandou você olhar pra minha cara? Sabe que eu não gosto!

–Talvez por que você tenha pisado no meu pé... Três vezes numa só manhã!

–Você riu de mim por que minha blusa estava pelo avesso.

–Pior foi quando você me deixou de cueca no meio do pátio...

–Não pior foi quando você me chamou de morta de fome!

–Você roubou meu lanche.

–Eu tava com fome...

–Podia ter me pedido, seria mais educado...

–Você não ia dividir!

–E que obrigação eu tinha?

–Nenhuma. Por isso não pedi.

–Ta, e todos os tapas gratuitos que eu levei?

–Gratuitos não. Você ficava me chamando de “ele” toda hora, isso me irritava.

–Por que você batia, e ainda bate como um garoto.

–Você bate como uma garota e eu não te chamava de “ela”

–Eu não bato como uma garota, apenas não revido quando você me bate.

–Faz coisa pior... Como quando alterou a nota do meu trabalho.

–Não. Você mudou seu F para B e alguém após te ouvir comentar um pouco alto, concertou.

–Tem provas de que eu fiz isso?

–Não. É coisa que a gente ouve por ai, sabe?

Os dois trocavam olhares fulminantes. Não que de fato estivessem evocando o ódio que sentiram em cada situação citada, mas era como se de repente estivessem competindo para ver quem tinha mais culpa pelas desavenças que os manterem distantes por tanto tempo. Um sorriso começou a surgir da feição séria de Freddie e Sam teve que desviar ao olhar para não acabar se atirando nos braços do garoto como era sua vontade sempre que o via sorrir daquele jeito. O professor, sentado numa cadeira distante os encarava com desprezo mortal, incapaz de intervir na discussão e também esperançoso de que eles acabassem por dizer algo que pudesse prejudicar a um dos dois, principalmente a Sam.

Quando o diretor entrou na sala, eles ainda trocavam farpas. Calaram-se e o senhor Howard imediatamente informou o que havia acontecido (embora aquela altura ele provavelmente já soubesse), dizendo que os alunos infringiram regras da escola. Depois o professor se retirou apressadamente, visivelmente aborrecido pela demora do diretor.

–Desculpem fazê-los esperar. –Disse o diretor sentando na cadeira. –Mas estava ajudando os outros professores a evacuar a quadra, depois escola. Deu trabalho, mas todos já se foram.

–Todos? –Perguntou Sam.

–Sim, todos. Queriam aguarda-los, o que muito me surpreendeu, mas tive que pedir que saíssem. O que fez dessa vez, senhorita Puckett?

–A gente... A gente estava se beijando –Informou Sam constrangida.

–Senhorita Puckett, não me diga que submeteu seu colega a um novo constrangimento...

–Não! Por que sempre acham que sou só eu a culpada?

–Força do hábito. –Respondeu Freddie.

–Então deixe eu ver se eu entendi. –O homem se ajeitou na cadeira visivelmente perturbado. –Estavam... Se beijando por livre e espontânea vontade...

–Sim. –Respondeu Freddie.

–Queria saber se todos que são pegos assim são trazido aos senhor... –Disse Sam já aborrecida.

–Infringiram as regras da escola, senhorita Puckett sabem que esse tipo de comportamento não é permitido. Se voltar a se repetir, chamarei os responsáveis de ambos aqui. Sabemos que essa advertência verbal poderia ser aplicada pelo próprio senhor Howard. Mas creio que ele assim como eu tenha imaginado que isso tudo se tratava de uma brincadeira e os trouxe diretamente a mim para maiores esclarecimentos. Contudo, vejo que ele se enganou...

–Foi. Mas a gente entende. –Disse Freddie. –Alem disso foi bom termos escapado daquela situação.

–Ah foi...

–Nesse caso, estão liberados. Tenham um ótimo fim de semana!

Os dois se retiraram de mãos dadas. O diretor Franklin observou Freddie abrir a porta deixando Sam passar primeiro. Sorriu quando a porta se fechou e perguntou que outras surpresas ainda podia esperar da vida.

O caminho pra casa foi complicado. Sam não aceitou a carona que Freddie tentou lhe oferecer por que chegar em casa de carro não ia ajudar em nada, muito pelo contrario. Quando Sam abriu a porta de casa, os quatro a esperavam sentados no sofá. Assistiam alguma coisa que ela não pode ver o que era pois Shelby desligou assim que ela bateu a porta.

–Oi gente. –Disse guardando a chave na mochila.

–Oi Sam. –Respondeu Jonah. –Sabemos que não nos deve explicação pelo que faz da sua vida, mas...

–Não, espera. –Pediu Sam. –Precisamos conversar. Eu devo desculpas a vocês, sei que somos amigos a muito tempo e não deveríamos esconder nada um do outro, mas...

–Ta mesmo ficando com o Freddie? –Perguntou Shelby.

–Estou. E queria saber se vocês podem manter isso em segredo.

–A gente até manteria. –Disse Griffin. –Mas ninguém vai acreditar. Enquanto vocês estavam la na sala do diretor, todo mundo chegou a conclusão de que aquilo não foi uma brincadeira.

–E por que não disseram que era?

–Por que você não nos disse nada. –Respondeu Jonah. –Você não confiou na gente Sam...

–Não foi isso. Mas eu nunca imaginei que ia chegar a esse ponto, sinceramente não!

–Sam, achei que eu fosse a sua melhor amiga...

–E é, Shelby, mas não era uma coisa de que eu me orgulhava eu prensei que vocês podiam me odiar... Quando eu percebi já era tarde então a gente ficava adiando e adiando...

–Perai. –Interrompeu Griffin. –Há quanto tempo isso esta acontecendo?

–Eu não sei dizer. Mais de dois meses... Quase três... Gente vocês me perdoam? Por favor?

–Eu acho que a Sam tem o direito de fazer o que quiser da vida dela. –Disse Brad friamente. –Mas é péssimo pra imagem da Purple ter uma vocalista que é namorada de um... De um Freddie da vida.

–Isso não tem nada a ver. É minha vida pessoal.

–Sam a caminho daqui eu conversei com um empresário mais experiente. E ele me disse que esse tipo de coisa pra iniciantes, como nós que ainda estão adquirindo publico, esse tipo de coisa influencia sim. Muito negativamente.

–Ta. E o que você sugere?

–Escolha. Ou o Freddie ou a banda.

–O QUE? Pirou? Vocês concordam com isso?

–Claro que não. –Respondeu Shelby. –Deixa esse idiota viajar.

–Idiota, não estou sendo sincero.

–Sabemos...

–Espera, depois vocês terminam essa conversa. –Interveio Jonah. –Mas, Sam pensa. O que o Freddie pode querer de sério com você?

–Não me peçam pra escolher. Por favor, não façam isso.

–Sam, a gente poderia estar muito bravo com você. –Continuou Brad. –Mas não estamos.

–Fale por você. –Disse Jonah. –É claro que eu estou ainda não acredito naquela cena...

–Gente ele é legal, inteligente, divertido...

Houve um protesto generalizado para que ela parasse com aquele discurso. Ela silenciou aborrecida. Nunca aquela cena passou pela sua cabeça. Ela sentou no sofá ao lado de Jonah segurando o rosto com as mãos demonstrando o aborrecimento.

–Sam, pensa... –Continuou Brad. –Lembra do teste na semana que vem. Precisamos passar uma boa imagem...

–Ok, eu já decidi. –Disse encostando-se no sofá. –Não vou abrir mão do Freddie nem da Purple. Apenas você esta de acordo com isso portanto...

–O Jonah também esta.

–Ainda assim são a minoria. Acho que devemos focar no ensaio. Nossa performance é o que importa.

–É sua ultima palavra?

–É sim Brad.

–Tudo bem, arrumem outro empresário.

–Não, Brad espera por favor...

–Deixa Sam. A gente arruma coisa melhor. O problema dele é recalque.

–Não ouse questionar o meu profissionalismo, Shelby!

–Recaldo, sim, quer saber durma com isso Brad!

A garota saltava uma gargalhada escandalosa enquanto os garotos evacuavam a sala. Sam percebeu que nenhum deles lhe dirigiu uma única palavra ou olhar se quer. Sentiu vontade de chorar, eram seus amigos e estavam visivelmente decepcionados com ela.

–Liga não Sam. –Disse Shelby assim a porta foi batida. –O Brad ta envenenando eles dois, e também todo mundo aqui pela rua... Ele não se conforma com o fato de você ter preferido o Freddie a ele.

–Não esta brava comigo?

–Um pouco. –A garota levantou do chão e sentou no sofá ao lado da amiga. –Mas só por que não me contou. Alias cuidado, viu? O Freddie só deve ta querendo se divertir.

–Ele não é assim. Sabe o Spike? Foi ele quem me deu.

–Ta brincando? Desde quando isso ta acontecendo, Sam vocês já...

–Não! As coisas até esquentam, mas ele me respeita sabe... Eu não vou abrir mão dele.

–Você gosta mesmo daquele babaca. Desculpe. Daquele nerd... Relaxa, eu vou ficar do seu lado. Mesmo não entendendo.

–Nem eu entendo. Mas, Shelby... E se eles insistirem pra que eu saia?

–Para de se preocupar, já disse que isso é pilha do Brad. Ele ta com ódio, mas no que depender de mim ele que se exploda.

–E os outros hem? O Jonah saiu na mão com o Freddie naquela festa ele pode se sentir mal...

–Isso é. E o Griffin já andava meio desconfiado com certeza deve estar se sentindo enganado. Tem que dar tempo a eles, Sam a você também. Eu to do seu lado. No fundo eles também.

–O que seria de mim sem você? –Disse deitando a cabeça no colo da amiga. –Mas e quanto a você? Já tentou conversar com o...

–Não, acabou Sam. Quer hambúrguer?

–Quero, mas deixa que eu faço. –Disse levantando num salto. –Põe um filme ai.




Brad entrou em seu quarto batendo a porta com fúria. Estava transtornado. Tudo estava saindo absurdamente errado. Shelby o fizera de bobo, o atirara em uma grande armadilha e o ódio que sentia por ela em nada afetava o amor que parecia aumentar a cada dia. Era indescritível a sensação que experimentava ao ver o sorriso da garota, ou mesmo o simples jeito dela prender os cabelos rapidamente em um coque. Em relação a Sam, fora o fato dela ter auxiliado Shelby em sua vingança sem sentido, havia uma espécie de orgulho ferido e um ciúme tardio pelo fato dela estar com Freddie. Afinal, ambos eram estudiosos e comportados, mas ela preferiu a Freddie.

Mirou o espelho e não reconheceu aquele rosto. Havia um ódio que ele não sabia existir dentro dele.

– “Benson” – Murmurou.

Mais uma vez. Brad deu um violento soco na parede. Não sabia o que fazer. Separar os dois agora parecia ainda mais difícil. Talvez não. Uma ideia começou a iluminar sua mente. Uma conversa com seu pai talvez pudesse lhe auxiliar. Alem de inteligente, o homem sabia como ninguém fomentar uma briga entre alguém que vivia no centro da cidade e outra no subúrbio.




Ao entrar em casa, Freddie encontrou a mãe preparando alguma coisa que exalava um aroma agradável. Sentiu o estomago roncar. A mulher sorriu ao velo, e ele correspondeu, mas depois de trocarem os cumprimentos habituais, Freddie adquiriu um ar sério. Precisava contar a verdade a mãe. Buscou as palavras da melhor maneira que podia, mas não encontrou. Ele estava sentado num banco atrás do balcão da cozinha, fitando o nada. A mulher, percebendo o conflito interno do garoto, sorriu e perguntou:

–O que foi querido? A apresentação não foi boa?

–Não. Não mesmo.

–Aqueles marginais aprontaram novamente? –Perguntou Marissa os olhos em chamas.

–Acho que sim. –Respondeu dando de ombros.

–Esta vendo? Eu quis te por numa escola melhor, mas o Arthur –Havia desprezo ao pronunciar o nome do cunhado. – disse que o Ridgeway em nada ficava devendo a escola nenhuma! Por culpa dele você foi alvo de piadas estúpidas por anos e ninguém fez nada.

–O diretor até faz. –Disse Freddie –Mas talvez se a senhora não tivesse exagerado tanto sobre os suburbanos, eles não perceberiam que eu tinha medo deles e pegassem tanto no meu pé.

–Pegariam do mesmo jeito, querido eles o invejam.

–Então eu poderia pelo menos enfrenta-los e não agir como um covarde como eu fazia.

–Não agia como um covarde, apenas como alguém pacifico e acima de tudo que não se nivelava a eles. E de todo o modo eles são sim pessoas medonhas e perigosas.

–Mãe, eu preciso te dizer uma coisa muito importante. –Disse após um longo suspiro. –É melhor que sente.

–Ora, Freddie não se preocupe. Não me surpreendo com mais nada nessa vida. Alem disso, não posso parar de mexer, perderia o ponto. Mas diga.

–Tudo bem. Há algum tempo, eu venho saindo cm uma pessoa. Saindo não é bem a palavra, mas em fim... Estou com alguém.

–Mas isso é ótimo! Quem é essa afortunada?

–Mãe, senta aqui. –Freddie deu um tapinha no banco ao lado. –Acho melhor que sente.

–Ah, tudo bem. Acho que não chega a preocupar. –A mulher largou a panela sentando-se do lado filho apoiando o cotovelo no balcão. –Agora me diga quem é a sortuda?

–Mãe, eu... É a Sam.

Silencio. Depois um riso suave. A mulher levantou com um sorriso divertido no rosto e voltou a mexer a panela. Tremia um pouco, mas depois recuperou a calma e disse olhando pro filho de relance.

–Sebe, Freddie. Daria um ótimo ator. Por um momento cheguei a creditar.

–Mãe isso é extremamente sério. Sei que parece difícil entender, mas...

–Eu sei. Acredito. Sabe, tenho um encontro com o Osama Bin Laden amanhã.

–Ele é um terrorista. E esta morto!

–E daí? Não existem barreiras para o amor! Agora por que não vai tomar um banho, estudar e descansar um pouco?

–Mãe, por favor entenda. A Sam e eu...

–Freddie, querido entenda você. –Disse num tom gentil. – Sei que ganham uma graninha com vídeos que gravam, mas eu não vou cair. Não sei se a câmera esta em sua roupa, aqui pela sala, não importa. Desista.

Freddie tentou entrar na conversa novamente com a mãe, mas ela encerrou o assunto dizendo que já estava perdendo a graça. Não havia forma dela acreditar. Ela não queria acreditar. Freddie foi descansar decidido a falar com ela mais tarde, de forma mais incisiva durante o jantar. Acabou pegando no sono, quando levantou, por volta das sete horas da noite, ela já havia ido trabalhar. Deixara um bilhete avisando que ficaria de plantão. Freddie soltou um suspiro resignado.

Jantou sozinho, pensando no que faria dali em diante. Pensou em como seria entrar na escola novamente. De certa forma seria engraçado, divertido. Também seria maravilhoso, finalmente poder assumir o que sentia. Por outro lado havia uma imensa preocupação com Sam. Temia que os amigos dela se voltassem contra ela, sabia o quanto ela gostava deles e a ideia de vê-la triste, de certa forma por culpa sua, o angustiava.

Freddie foi pra cama decidido a falar com a mãe assim que ela chegasse. Chamaria Carly para confirmar se fosse necessário. Ela precisava acreditar. Adiar a conversa o deixou angustiado, ansioso e isso, acrescido a todas as suas outra preocupações o fez ter dificuldades para dormir. Acordou varias vezes durante a noite, e só entrou em um sono profundo às quatro da manhã.




Na manhã seguinte, Freddie foi despertado pela campainha. Aborrecido pela interrupção, abriu a porta com a pior cara que conseguiu fazer e qual não foi a sua surpresa ao ver Carly aguardando na porta ao lado de Sam. As duas pareciam tão cansadas quanto apreensivas.

–Não vai deixar a gente entrar? –Perguntou Sam.

–Ah, claro entra ai.

O garoto abriu o caminho enquanto observava o relógio. Eram oito horas. Da manhã. As duas sentaram-se no sofá e o observaram sumir murmurando algo sobre se trocar, ainda sonolento. Voltou vinte minutos depois, bem vestido, perfumado e mais desperto. As duas aguardavam no sofá, conversando baixo. Ele as observou atentamente demorando o olhar no rosto de Sam que parecia um pouco triste. Sorriu discretamente pra ela enquanto sentava na poltrona fazendo-a corar e sorrir desconcertada.

–O que aconteceu? –Perguntou.

–A Carly me ligou. Também não sei pra que.

–Tudo bem, agora eu posso falar. Sua mãe só volta as dez não é? Perfeito! Descobri que o seu tio é quem estava investigando meu pai e isso o tem prejudicado.

–Como descobriu isso?

–Fácil. Juntei dois e dois. Seu tio esta conduzindo uma investigação. Meu pai esta sendo investigado. Eles sempre se estranharam, então... E também minha mãe deixou escapar uma coisa em uma ligação e...

–Carly eu agradeço muito. Mas já pedi pra vocês não se envolverem mais nisso.

–Da pra me escutar? Obrigada. Eu tive uma ideia. De qualquer forma a gente nunca ia conseguir descobrir nada sozinhos, mas ao que parece conseguimos fazer eles se mexerem.

–Como assim? –Perguntou Sam.

–Minha mãe deixou escapar, que o meu pai, por causa de pressão do senhor Benson, resolveu empreender uma busca mais incisiva atrás do Peter.

–E daí?

–E daí, Sam que sabemos de coisas que eles não sabem, e isso é fundamental. Mas não podemos contar então nossa interferência continua sendo necessária.

–Fora que os dois me parecem bem suspeitos... –Disse Sam desviando os olhos dos dois.

–O meu pai? Não mesmo ele só quer colaborar.

–Então pense. Por que ele só passou a colaborar quando viu a carreira e a reputação em risco? Olha, o Freddie disse que queria a gente fora e eu respeitei, mas pra mim todo mundo é suspeito. E eu já contei que a mãe do Griffin tem pavor a essa gente toda?

–Nunca nos disse isso. –Freddie franzia o cenho. –Eu acho, na verdade tenho certeza que a minha mãe esconde alguma coisa.

–E tem aquele esquisito la que é obcecado pela sua loja, esse nem se fala e ele é super amigo da sua mãe... Robinson não é? E o seu tio, as vezes eu me pergunto, assim que ele passou ao comendo dessa empresa, não podia ter desconfiado que havia algo estranho?

–O que quer dizer? –Indagou Freddie.

–Que é estranho... Já pararam pra pensar que entre até seu pai escondia uma coisa? E de uma dimensão absurda?

–O que mais a mãe do Griffin disse? –Perguntou Freddie.

–Nada de mais. –Sam baixou os olhos ao lembrar. –A Carly esta certa. Não podemos descansar. Parece muito conveniente a todos continuar escondendo suas sujeiras embaixo do tapete.

–Meninas, não quero que se envolvam com isso, pode ser perigoso.

–Ah, e vamos criar códigos. –Disse Carly levantando-se e pondo-se a andar de um lado pro outro. –Qualquer coisa relacionada a isso diremos que é algo relacionado ao Conexão Seattle. Pistas ou qualquer informação diremos que encontramos um novo vídeo. Em fim sempre códigos.

Sam observava o rosto de Freddie atentamente. Não demonstrava nada. Ajeitou-se no sofá tentando prestar atenção ao que Carly falava. Não soube dizer por que, mas as palavras de Olivia latejavam em sua mente. “Não se envolva emocionalmente com nenhum deles e nada acontecerá com você”. Ao sair do apartamento, Freddie perguntou o que havia. Seria mais fácil se ele perguntasse o que não havia. Estava brigada com os amigos, ameaçando ser expulsa da banda, e preocupada com ele. Carly havia entrado em casa deixando-os a sós no corredor.

–Não há nada de errado comigo. –Ela respondeu. –Apenas prometa que vai se cuidar.

–Prometo se você fizer o mesmo. Como foi com seus amigos?

–Normal... Precisam de tempo.

–Eles estão com chateados com você não é? Eu sinto muito.

–Se preocupa não. Eu vou pra casa, ficamos de ensaiar agora de manhã.

–Tudo bem.

Freddie se aproximou abraçando-a de uma maneira intensa. Ela mesma chegou a se espantar com a forma terna que ele a beijou. O espanto foi dando lugar a vontade de corresponder aquele beijo e aqueles carinhos que recebia. Não percebeu quando ele a encostou na parede aprofundando o beijo cada vez mais. Ele fazia movimentos lentos e ao mesmo tempo acelerados com a língua enquanto apertava-lhe a cintura de forma brusca e carinhosa ao mesmo tempo. Ela mesmo já se entregava ao momento correspondendo ao beijo do mesmo jeito e acariciando-lhe os cabelos de uma forma um tanto selvagem. Era como se de repente, todas as preocupações e angustias de ambos se dissipassem e tudo que restasse fosse o desejo descontrolado de possuir um ao outro até as ultimas consequências.

Um grito ensurdecedor encheu o corredor fazendo os dois interromperem o beijo e se afastarem assustados. Pães voaram pelo ar caindo ruidosamente no chão em função da altura que ganharam ao serem arremessados. Ser surpreendidos pelos colegas pareceu pouco perto do escândalo que a mulher fazia ao ver o filho aos beijos com alguém que ela considerava uma delinquente.








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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado fiz com muito carinho esse cap! Acreditem eu fico extremamente aborrecida qd me atraso em qualquer circunstancia inclusive aqui. Mas é inevitável. Além da faculdade, como eu disse antes, preciso de atenção agora ai acaba demorando espero que vcs entendam. Pfv deixem reviews, palpites comentários, em fim... Eu dei uma revisada de ultima hora, aqui, mas se encontrarem erros me alertem, sim? Bjos gente até mais!



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