A Verdadeira História De Emma escrita por SeriesFanatic


Capítulo 24
Paciência




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Storybrooke

Aria sabia o que o Coelho iria dizer. Sabia que ele não mandaria Regina para outro mundo. TALVEZ e só talvez ele ajudasse a salvar Baelfire e Derek. Mas era um talvez muito grande mesmo. Desde que ela conhecia o Coelho, ele só havia lhe contado que salvou a vida de uma pessoa e só porque o cara era peça chave em uma maldição doida aí que teve em Oz há alguns séculos. Ela temia pela vida de seu pai, mas sabia que, por mais malvado que Rumpelstiltskin fosse, ele não conseguiria fazer nada contra o Coelho. Não havia ninguém mais sábio e poderoso que o roedor falante.

Sabia que Snow, David e August estavam fazendo o impossível para alertar a cidade e para que todos esperassem o pior. Granny, do jeito que é, era capaz de pegar um rodo de macarrão e sair batendo na cabeça de Regina e ainda ganharia a briga. Mas era melhor que todos em Storybrooke ficassem quietos e deixassem os especialistas e Emma resolverem a situação. Aria também sabia que Belle não ia conseguir impedir que Rumple tivesse sua vingança, mas talvez Baelfire conseguisse. Um talvez maior que o do Coelho ajudando a salvar vidas.

Quando chegou à casa de Jefferson, o encontrou brincando de chá com a filha (o que era fofo). Mas ao falar do que estava ocorrendo e da possível guerra entre o Dark One e a Evil Queen, a cena mudou. Grace foi para seu quarto enquanto o chapeleiro a ajudou a contatar o Coelho; o que teria sido bem mais rápido de Aria não tivesse tirado meia hora para dar uma bronca em Jefferson por ele ter sequestrado Snow e Emma. Ele até quis ajudar, mas Aria o cortou logo dizendo que estavam sem tempo e ela estava sem paciência para adicionar mais pessoas ao plano (o que não era mentira). Demorou bem dez minutos pro Coelho aparecer, saindo de um buraco no chão do jardim. Ele usava terno tweed marrom, camisa social branca, gravata vermelha e óculos. Até pareceria um lorde inglês caso fosse humano e usasse calças.

– Você não pode tá falando sério. – ele disse ríspido após ouvir toda a história.

– Ei, foi a única ideia que eu tive! – ela retrucou.

– Mandar seus problemas para outro mundo não é ter uma ideia. – disse limpando os óculos.

– Não estou mandando meus problemas para outro mundo! – disse ofendida. – Estou querendo resolvê-los!

O Coelho suspirou e colocou os óculos no rosto, a encarando com uma expressão julgadora que Jefferson conhecia muito bem. Já tinha visto Alice receber inúmeras vezes o que ela chamava de “cara feia”. Aria respirava pesadamente, sabia o que teria que lidar, o Coelho era cabeça feita; se bem que era muito sábio e, boa parte das vezes que ele teimava numa ideia, era porque sabia que se não fosse feito de outra forma, haveria problemas.

– E sua sugestão é...? – Aria cruzou os braços, sentindo-se ofendida.

Ele pigarreou fracamente, talvez mais para limpar a garganta do que para chamar a atenção.

– Regina... ela encontrará um novo amor. – ele disse com um ar sábio.

– Coitado do cara. – Jefferson riu sarcasticamente.

– Mas para isso, ela precisará de tempo. E da compreensão de todos vocês. – continuou como não tivesse sido interrompido.

Aria e Jefferson trocaram olhares amedrontados. Quem era o pobre coitado que teria o azar de se apaixonar pela Regina? Tudo bem que ela é linda...

– Quanto ao seu pai... acho que você deveria deixar as coisas como estão. Sabe, deixar que sigam seu destino.

– Nem vem! – ela exclamou. – Fui nessa sua historinha de deixar as coisas seguirem seu destino e sabe no que deu? Enterrei minha irmã mês passado.

– Talvez o destino do seu pai e do seu irmão não seja perecer. – ele acrescentou, a voz monótona. – Talvez o destino dessa cidade seja continuar existindo. Assim como a dimensão paralela...

Ela sabia que o animal estava escondendo alguma coisa. Ele sempre falava como se soubesse o que estava por vir, como se pudesse ver o futuro. Aria sabia que seu avô tinha esse dom, mas era algo muito relativo e não tinha como ser controlado.

– O que quer dizer com isso? Que vamos ficar presos nesse Mundo Sem Magia para sempre? – Aria estava começando a perder a paciência.

– Ah não... – quase parecia que ele estava se divertindo em vê-la irritada. – Para sempre é muito tempo...

– E o que isso quer dizer? – disse Jefferson.

– Quer dizer que tudo tem sem tempo. Todos nós iremos morrer. Quando? Aí é que está. Storybrooke deixará de existir e vocês voltarão à Enchanted Forest? Provavelmente sim. Quando? Não sei. – ele parecia àqueles professores chatos que amavam provocar os alunos.

– E a dimensão paralela? Há pessoas. Há vida lá. Se voltarmos para casa, eles morrem. – Aria disse impaciente.

– Não exatamente. – tirou uma cenoura do bolço do paletó e começou a comer.

– Como assim? – Aria e Jefferson disseram, espantados.

– A Enchanted Forest não morreu, crianças. Ela está... doente, ferida, machucada... mas não está morta. O que acontece com uma árvore quando alguém a corta com uma faca?

– Sai seiva? – disse Jefferson.

– Isso. E depois? O que acontece com o tempo?

– Vai curando. Crescendo novas camadas de proteção e ficando mais forte. – disse Aria.

– Os mundos tem vida. Eles podem ficar doentes e machucados. Mas se curam. Assim como o corpo humano, os animais e a flora. Demora para se curar, para voltar ao que era antes... mas acontece. – disse sereno.

Aria e Jefferson se entreolharam novamente.

– Então quer dizer que... quando a Enchanted Forest se curar da maldição... a realidade paralela não correrá o risco de sumir? E nós poderemos voltar para casa? – Aria franzia a testa.

– Exatamente. – ele sorriu, os dentes estavam laranja por causa da cenoura.

– Isso é bom. Né? – Jefferson encarava Aria como uma criança encara os pais a procura de respostas.

– Mas enquanto a meu pai? E ao Dark One? – ela estava mais interessada em obter mais respostas do que explicar as coisas.

– O amor é capaz de muitas coisas, alteza. Inclusive transformar o coração mais negro e malvado em um coração bom. – ele sorriu. – Sua avódrasta e seu pai irão fazer isso com o velho Rumpelstiltskin. Tudo é uma questão de tempo.

Ela respirou aliviada. O sol se punha. Achava que Emma e Hook estavam se matando na cabana enquanto a cidade estava surtando (ou sendo liderada por Granny e uma inchada contra a casa da prefeita).

– Como faremos? Para que meu pai e meu irmão não morram? Para que Henry volte para a família e para que Regina não destrua a cidade? Ou para que ela e Rumple não causem a Terceira Guerra Mundial? – Aria falou.

O Coelho suspirou, estava mais para desapontado do que para com medo.

– Para que o coração do seu avô mude, ELE é quem terá que descobrir uma forma de salvar a vida do seu pai e do seu irmão. Henry já está com a família dele; Regina não é só sua mãe adotiva, é também sua bisavó adotiva. O menino é esperto, ele saberá como convencer a mãe a parar com essa ameaça de destruição. Nós sabemos muito bem que ele especial. Se tem alguém que poderá mudar o coração de Regina para algo bom e para uma convivência pacífica em Storybrooke, é Henry.

– Então... – disse Jefferson, perdidinho.

– Basta dar tempo e deixar de interferir. As coisas irão acontecer como tiverem que acontecer. – o Coelho segurou as mãos de Aria, que estava ajoelhada, e lhe olhou nos olhos. – O amor é a magia mais poderosa de todas. Nunca se esqueça disso. E é o amor que trará a paz a essa cidade.

Dito isso, ele sumiu cavando um buraco no chão. Aria ficou encarando a grama do quintal, pensativa. Jefferson cruzou os braços e bufou.

– E agora o que? – ele disse ainda sem entender muita coisa.

– Agora... esperamos. – ela disse séria.


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