O Casamento da Problemática escrita por Lila


Capítulo 2
CAPÍTULO II




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Shikamaru olhou da cara assustada de Temari para os vestidos espalhados pelo quarto e deu um sorriso sem graça. Primeiro, concluiu que Temari ainda estava mais bonita do que da última vez que a vira. Depois, pensou que o escolhido da princesa teria dias problemáticos, mas muito bem recompensados. E, por último nesta linha de raciocínio que durou um segundo, percebeu que o rubor que se espalhava pelas faces da loira era extremamente atraente.

 

 -Ah, Problemática... Desculpe, não quis intorremper... O Kazekage me informou que você estava por aqui, mas não o que estava fazendo.

 

-E por isso você se acha no direito de entrar sem bater?!? - Temari tacou um leque pequeno nele, furiosa, para então arrumar as idéias corretamente - O que você está fazendo em Suna??? O que você está fazendo aqui???

 

-Itai! Problemática... - Shikamaru bufou ao ser atingido pelo leque certeiro bem no meio da testa. Massageando a região dolorida, ele explicou - Eu estou aqui pelo mesmo motivo que você está perdida nesse mar de roupas espalhafatosas... A seleção de pretendentes da princesa de Suna me tirou de Konoha.

 

- Você é um candidato?!?!?!?!? - O espanto de Temari não poderia ser maior! Isso significava que ela estava certa, Shikamaru realmente gostava dela e eles poderiam dar um fim naquilo tudo...

 

Shikamaru duplicou o espanto de Temari no próprio rosto e respondeu rapidamente:

 

-Não! Claro que não! Eu estou em missão oficial! Vim ajudar na escolha dos pretendentes! Trabalho burocrático...

 

- Você... O QUE?!?!? Quem você pensa que é, Nara Shikamaru? - E agora ela tacava tudo que tinha à mão no pobre Nara, enraivecida como apenas ela conseguia ficar - Desde quando você é qualificado para escolher com quem eu vou me casar?!?! Ponha-se daqui prá fora, seu... seu... seu... preguiçoso!

 

E enquanto ela não viu a porta fechar e um dos objetos espatifar-se nesta não sossegou.

 

Depois sentou na cama, inconformada com a atitude dos irmãos e ainda mais com a frieza de Shikamaru. Então era hora dela reconstruir o caminho cheio de buracos que ela mesma tinha criado.

 

- Pois então lá embaixo tem um sortudo que vai ter o direito de estar ao meu lado... E Nara Shikamaru vai se arrepender pela audácia!!! - Disse, enquanto ia ao banheiro tomar um banho demorado e arrumar-se adequadamente.

 

Shikamaru saiu ás pressas para o pátio, onde estavam reunidos os corajosos que queriam passar o resto da vida ao lado de Temari. Enquanto andava sem reparar muito bem nos concorrentes [que, diga-se de passagem, eram muitos] ele ia tentando assimilar a razão de tanta irritação da noiva. Oras... Será que ela não sabia que um shinobi não recusa missões? E ele deixou bem claro que era uma missão e não vontade própria que o mantinha ali. Shikamaru se dirigiu para o local onde o Kazekage e Kankurou estavam, acompanhados de suas respectivas famílias.

 

Natsumi reparou num pequeno arroxeado recente na testa do sensei de Konoha e reprimiu um sorriso satisfeito. Certamente os dois já teriam se encontrado e se ela bem conhecia sua amiga, estaria ali mais radiante que nunca, nem que fosse apenas para implicar com ele.

 

E foi realmente o que aconteceu. Quando a música já estava alta, Temari surgiu silenciosa pelo salão, não houve qualquer apresentação, pois todos sabiam quem era ela.

 

A imagem da princesa da Areia nunca foi tão apreciada como naquele momento. O vestido era um tomara que caia azul, da cor dos olhos da kunoichi e os cabelos louros estavam soltos, presos apenas no alto da cabeça e enrolados nas pontas. Ela tinha quase uma aparência angelical e, implicantemente, escolheu o local ao lado do Nara para sentar.

 

Shikamaru perdeu uns bons dois minutos de boca aberta. Assim que se recuperou da surpresa, correu os olhos pelo salão analisando pela primeira vez os homens que ali estavam. Todos estavam tão deslumbrados quanto, tinha que admitir, ele mesmo provavelmente estava. Todos os olhares cobiçosos convergiam para a problemática ao seu lado e se sentiu incomodado com os desejos que anunciavam.

 

Temari e Natsumi trocaram olhares confidentes. As duas sabiam exatamente o que estava acontecendo ali e Temari tinha a "missão" de fazer aquela noite horrível para o Nara. Assumiu uma pose formal e autoritária:

 

- Está pronto para fazer seu trabalho? Já produziu alguma coisa?

 

Shikamaru ainda não emergira da corrente de pensamentos que mergulhara.

 

Estranhamente, todos os candidatos que avaliava no momento eram considerados inapropriados. E por motivos que nem ele entendia porque reparou: Baixo demais, pervertido demais, fracote - "Este não agüentaria nem um segundo com ela, tenho certeza". Apenas percebeu que Temari se dirigia a ele quando a moça repetiu a pergunta.

 

-Deculpe, Problemática... O que você disse?

 

Temari revirou os olhos, irritada, mas não demonstraria. Ele precisava achar que ela estava satisfeita com a situação.

 

- Quais os candidatos que você já avaliou? Não temos a noite toda!

 

Shikamaru não gostou nem um pouco da confortabilidade que Temari aparentava. O que ele esperava? Nem mesmo seu cérebro assombroso fazia questão de responder a esta pergunta. Ele fez um gesto de cansaço e anunciou:

 

- Já avaliei todos, é claro.

 

Shikamaru continuava bom no que fazia, e se era uma missão, é claro que ele colocaria primeiro. De qualquer maneira, Temari não lhe daria o gostinho da decepção.

 

- E então....?

 

-Tsc... Não encontrei ninguém excepcionalmente apropriado para...- As palavras demonstraram uma certa relutância para serem pronunciadas – se tornar um bom marido. São umas coleções de defeitos, olhe atentamente. Não me admira que estejam todos solteiros.

 

Shikamaru terminou a avaliação se sentindo estranhamente melhor por ter esculachado os pretendentes da princesa. Por mais que estivesse em dúvida se falara para tentar convencer Temari ou a si mesmo.

 

- Impossível! Não acredito que todos são inapropriados! - Pela primeira vez ela passou os olhos pelos pretendentes atentamente e pelo menos metade dali ela conhecia e repugnaria completamente.

 

Ao olhar mais diretamente para um dos pretendentes, não pôde deixar de murmurar alguma coisa, desgostosa com aquela figura. Não tinha boas lembranças daquele encontro.

 

Shikamaru sorriu vitorioso ao notar a decepção de Temari ao avaliar ela mesma as opções. Embora fosse uma vitória absolutamente sem sentido. Por um segundo, se sentiu culpado por querer tão desesperadamente que o evento fosse um fracasso. No momento seguinte, estava sorrindo de novo, pois Temari murmurava a respeito de um covarde entre os pretendentes e isso varreu qualquer culpa para bem longe.

 

No meio de tantos ela conseguiu identificar um que talvez chamasse sua atenção. Estava de pé próximo à porta, o que quer dizer que desgostava daquela situação quase tanto quanto ela. Era loiro e alto, tal como ela e não o conhecia muito bem. O interesse foi óbvio. Voltou-se para Kankurou:

 

- Quem é aquele ali, onii-san?

 

O irmão olhou bem para a figura e teve que buscar alguns instantes na mente.

 

- Ah... – Lembrou-se repentinamente - Aquele é o Tagoya Naoto. Formou comigo na academia, lembra?

 

- Aquele seu parceiro de pilantragens? Lembro sim... Muito bem... - O interesse dela quase tinha ido por terra, mas ao perceber que o shinobi de Konoha prestava atenção à conversa, resolveu mudar sua abordagem. - Há quantos anos ele estava fora mesmo? Eu não o vejo em Suna desde... Nem sei quantos anos.

 

- Cinco anos. Ele foi morar na Vila da Chuva. É viúvo e tem uma filha de três anos, mesma idade que Nin-chan... - Muitas perguntas significavam interesse e Kankurou não soube dizer se era real ou se era apenas para implicar com o Nara.

 

- Hum... Interessante... Ele está entre os selecionados? - Ao escutar uma resposta positiva, voltou-se para Shikamaru - E então, o que há de errado com ele? - Apontou para o homem que agora sim sentia os olhares sobre si e respondia com um sorriso discreto.

 

 

Shikamaru avaliou rapidamente o shinobi. Sem dúvidas, ele parecia um homem forte, e sua postura não tinha sequer um aspecto desrespeitoso como a maioria de ávidos amantes daquele salão. Aparentemente perfeito para Temari. Irritantemente perfeito DEMAIS - foi o que lhe ocorreu, mas ele não ia dar o braço a torcer. Buscou socorro nas palavras da própria Temari.

 

- Você mesma já apontou o defeito... Ele não é um pilantra?

 

- Kankurou também era e Natsumi arrumou as coisas. Somos muito parecidas, temos gostos parecidos. - Sorriu em resposta para o rapaz o mais encantadoramente possível - Não precisa analisar mais ninguém. Pode averiguar o homem mais detalhadamente e me passar o relatório amanhã.

 

A princesa se levantou sem dar mais explicações, caminhando até o loiro. Tratou de conversar com ele o máximo possível e fazer gestos exagerados para acentuar o quanto estava satisfeita com a presença dele e sua companhia. Dançaram, riram e se divertiram, mas toda hora a Sabaku voltava os olhos para a bancada que ocupava antes e tentava ler as reações do Nara.

 

Reações estas que não eram tão difíceis de se traduzir. Shikamaru se mantinha observando o casal, e vez ou outra se remexia no assento, perguntando quando estaria livre para se retirar.

 

-Nada disso, Nara no Shikamaru. - Natsumi retorquia - Nós o contratamos para acompanhar todo o procedimento, está lembrado? Ficará até o fim.

 

E o olhar enviesado da esposa de Kankurou não deixava espaços para apelos.

 

Temari esperou até que a impaciência do Nara ficasse evidente e sorrateiramente escapou dos olhares dele, certa de que ele seguiria os dois. O homem era até interessante, mas a Sabaku estava mais preocupada em fazer com que o Nara se arrependesse dos anos de ilusões. Ainda assim, ela estava sendo a "perfeita dama" que os irmãos tinham pedido.

 

Naoto ficou encantado com a princesa. Depois de alguns minutos de conversa, ele passou a considerar absurdos os comentários que se faziam a respeito do gênio de Temari. E, agora que ela insistira para que os dois ficassem a sós, ele teve certeza que estava agradando também.

 

- Naoto-san... Afinal de contas, por que perder seu tempo num evento entediante como esse? - Ela disfarçava interesse, mas sempre com um sorriso gentil e convidativo.

 

-Entediante? Temari-sama... - Naoto se aproximou da loira, confiante no jogo de sedução.

 - Como eu poderia me entendiar com a sua companhia encantadora? Está sendo um imenso prazer ficar ao seu lado esta noite. Espero que esse prazer se repita por muitas noites seguidas.

 

Temari teve vontade de socar o homem, tal o abuso dele, mas conteve-se. A primeira reação que teve foi uma esquiva acanhada, onde procurou ver onde diabos o Nara estava. Ela não sentia o chakra dele em lugar algum!

 

- Mas... Até pouco tempo estava com cara de quem tinha coisa melhor a fazer...

 

-Não mesmo, você me compreendeu mal. Eu estava apenas desesperançoso que com tantos competidores, a senhorita não fosse nem sequer tomar conhecimento da minha presença.

 

Naoto segurou as mãos de Temari, tentando diminuir ainda mais a distência entre eles.

 

- Ahn... Que é isso... Eu... Ahn... Afinal de contas você me conhece desde criança... Não é como se fosse um desconhecido... - As palavras saíam forçadas, ela já não tinha mais vontade de socar, sim de triturar. E onde diabos estava Shikamaru?

 

Os instintos de sedutor de Naoto não deixavam dúvidas: tamanho acanhamento de Temari só seria curado com um beijo!

 

-Mas eu me sinto como se tivesse a conhecendo mais uma vez, pois nunca vi mulher mais deslumbrante, Temari-sama... - E arrematando esta cantada infalível [segundo o julgamento dele] Naoto a puxou para si e juntou os lábios aos dela apaixonadamente.

 

Pressentindo o que ele estava preste a fazer, Temari ainda tentou se afastar ou esquivar e desta vez não usaria de nenhuma elegância, mas travou no momento em que sentiu o chakra do Nara alterar-se absurdamente. Certamente ele estivera ali todo o tempo em silêncio, escondendo sua presença, e Temari sentiu seu interior vibrar com a sensação de poder.

 

Se Naoto queria um beijo, ela daria muito mais que isso. A princesa agarrou o homem pela blusa e deixou a boca voraz atrás dos lábios surpresos de Naoto, num beijo digno de cenas épicas de cinema.

 

Naoto se recuperou da surpresa rapidamente e se concentrou em terminar o trabalho de conquistar a princesa através daquele beijo. Ele tinha as próprias habilidades românticas em muitíssimo alta conta.

 

 -Mas o quê...? - As palavras escaparam perfeitamente audíveis de um dos cantos escuros do lugar, sem que Shikamaru pudesse segurá-las.

 

O shinobi das sombras ficou paralisado ao presenciar o agarramento dos dois pombinhos. E agora a paralisação dava lugar a uma revolta impossível de se manter muda.

 

Pronto, o plano finalmente dera certo. Até que enfim aquele projeto de homem tinha mostrado alguma reação! Passara a noite toda provocando, cutucando e apenas uma atitude daquela fez o Nara sentir o que tinha perdido. Mas Temari não recuou ou inquiriu. Continuou abraçada ao homem e a desvendar mais facetas para irritar Shikamaru com o beijo que parecia não ter fim.

 

Naoto não estava tão ansioso assim para impressionar Shikamaru. Percebendo a presença do jounnin de Konoha, ele lutou algum tempo para se soltar dos lábios ainda mais ansiosos de Temari. Ela estava levando o amasso quase para uma batalha física quando Naoto finalmente pôde respirar e indagar:

 

-Desculpe, Temari... Estamos sendo observados.

 

Ela teve que se segurar para não revirar os olhos com tamanha imbecilidade, mas controlou-se a tempo de deixar uma voz ingênua, enquanto mantinha o corpo protegido ao dele:

 

 - Observados? Por quem, Naoto-kun? - Arrastava até mesmo a pronúncia das palavras, propositalmente...

 

Naoto fez um sinal com a cabeça em direção ao espumante Shikamaru.

 

O shinobi das sombras ignorou a presença do pretendente beijoqueiro e se dirigiu a Temari:

- O que você está fazendo, Problemática?!

 

Temari teve que se segurar para não rir e colocar tudo a perder. Fez a maior pose de ofendida que podia e tratou de ir confrontar o Nara longe dos ouvidos de Naoto:


- O que você pensa que está fazendo Shikamaru? Era para você vigiar o Naoto, AMANHÃ! Não hoje, quando mal nos conhecemos! Ora essa, que papel ridículo!

Shikamaru já não refletia tanto sobre as palavras que vinham à mente: ele as atirava direto para Temari:

- Eu estou fazendo um papel ridículo e a princesa de Suna se agarrando com um quase desconhecido é normal?! Minha missão é garantir que tudo saia nos conformes e isso NÃO estava no protocolo.

 

- E desde quando existe protocolo para esse tipo de missão, hein, Shikamaru? - Estava impagável e ela sabia que depois que estivesse em seu quarto certamente daria boas risadas. - Você acabou com o clima, estraga-prazer!

 

Ela foi até o ninja de suna e deu um último beijo de boa noite, antes de sair e deixar dois homens atônitos, cada um com seu motivo particular.

 

Naoto abriu um sorriso bobo ao vê-la se afastar tão charmosamente, dando a princesa por conquistada.

 

Shikamaru não lançou um único olhar ao shinobi de Suna e se virou para os dormitórios, onde - ele sabia - ia ter uma bela noite insone. Como Temari conseguia ser tão...tão... problemática?!

 

No dia seguinte, Shikamaru se dirigiu ao escritório do Kazekage logo pela manhã. Andando pelos corredores do palácio de areia, ele ainda se perguntava quando aquela confusão iria terminar. Não queria nem pensar quais seriam suas próximas obrigações torturantes para aquele dia.

 

Antes de alcançar a sala do Kage, Shikamaru percebeu sons de risos.

 

Estranhamente, reconheceu a voz de Temari entre os participantes da brincadeira.

 

Incrédulo, ele decide ceder à curiosidade e verificar o que estava acontecendo.

 

Sorrateiramente, Shikamaru se aproxima da sala de onde as vozes se originavam. Apenas o suficiente para uma breve espiada. Os ouvidos não o enganaram. Realmente, deitada no chão do aposento estava Temari. A problemática ria como ele nunca sequer imaginou que ela fosse capaz. Ao seu lado, estava a criança que ele reconheceu como filha de Kankurou. Uma menininha de três anos de idade que se derretia em pedidos para a tia:

 

-Ah...Por favor! Só mais uma vez! Brinca mais...

 

-Nin-chan... - Temari afagava a sobrinha carinhosamente - Eu não tenho mais idade para passar o dia todo brincando com você...

 

Percebendo o biquinho de choro se formando, Temari levantou a criança no colo e a fez "voar" até a cama do outro lado do quarto. A menina riu e pareceu perdoar a tia. Enquanto Shikamaru ainda observava a diversão das duas, foi surpreendido por uma pessoa pigarreando para se fazer notar às suas costas. Era a mãe da menina, Natsumi.

 

Natsumi estava no quarto junto com a filha e a cunhada momentos atrás e tinha saído apenas para atender um chamado na cozinha. Voltou a tempo de ver o Nara chegar, parar e ficar.

 

E em silêncio estudou as reações do homem, depois de ter ouvido de Temari o que tinha acontecido na noite anterior. Por teimosia o plano perfeito poderia ir para o lixo! E ela jamais deixaria isso acontecer. Ah, não!...

 

Ele estava quase que enfeitiçado com a magia que vinha daquela cena tão inocente. Só um perfeito idiota para não perceber que aquilo era amor e dos grandes. Por fim, aproximou-se sem que as duas percebessem sua presença do lado de fora, não era uma shinobi, mas tinha a discrição natural das mulheres, quando precisam dela:

 

- Perdeu alguma coisa, Shikamaru-san?

 

Shikamaru teve que manter o autocontrole firme para não saltar de susto.

 

-Desculpe-me, Natsumi-san... - Tentou reequilibrar o tom de voz e se afastar do quarto, torcendo para que ela fosse adepta das desculpas esfarrapadas - Eu... Bem, estava indo ao escritório do Kazekage...

 

- Siga-me Nara. – Ela disse com o mesmo tom autoritário que usava com o marido.

 

Natsumi foi até o escritório e fechou a porta com cuidado, encarando raivosa o homem que não sabia como lidar com a situação.

 

- Olha, eu não sei como vocês fazem as coisas em Konoha, mas em Suna quando um homem ama uma mulher e ela é desimpedida e tem reciprocidade, ele FALA isso pra ela. E comumente acabam se casando mais dia menos dia... O que você pensa que está fazendo aqui, Shikamaru?

 

As sinceridade e objetividade de Natsumi atingiram o Nara em cheio. É claro que ele já descobrira sua paixão por Temari - não seria um gênio se não o fizesse - mas ainda não o tinha assumido para si mesmo. Natsumi não deixou espaço para ele, o shinobi que se anunciava como o covarde número 1 de Konoha se esconder.

 

-Imagino que ajudar na seleção não é o propósito de eu estar aqui.

 

A mulher levantou as mãos pro céu, como quem dizia "Finalmente...".

 

- E me disseram que você era o mais inteligente de Konoha... - Fez uma pausa e continuou - Decida-se se o que sente é verdadeiro e duradouro e entre na briga. Ou deixe que um desconhecido tire a mulher que te esperou por anos. Por ANOS, ouviu bem? Você a viu brincando com minha filha. Temari é louca para ter os próprios e abriu mão disso também esperando um sinal seu. Ora, faça-me o favor e resolva isso de uma vez...

 

A esposa de Kankurou era realmente uma pessoa impaciente com casualidades e obviedades.

 

- Não se preocupe, eu já me decidi. - Shikamaru passou por Natsumi e, antes de fechar a porta atrás de si, sussurrou - Obrigado, Natsumi-san.

 

Shikamaru foi até o quarto onde Temari estava momentos atrás, mas o encontrou vazio. Com uma pontada de impaciência crescente no peito, ele se pôs a procurar pelos corredores do palácio, que parecia não ter fim. Depois de um tempo que pareceu longo demais [ou ele que estaria ansioso demais?], a encontrou em um quase-esbarrão enquanto virava para tentar um novo caminho. Antes que Temari começasse as implicâncias de sempre, Shikamaru disse seriamente:

 

-Temari, precisamos conversar. - Sim, Temari e não "problemática".

 

Ela estava preste a reclamar em altíssimo e bom som quando percebeu a urgência na voz e no olhar dele. Talvez fosse alguma coisa realmente séria e por hora deixou que a curiosidade e a preocupação poupassem Shikamaru de alguns gritos. Sem saber, Temari levou Shikamaru para o mesmo escritório em que ele confabulara com Natsumi, ocupando a cabeceira da mesa e dirigindo-se a ele com o temperamento esquentado de sempre:

 

- E agora, o que foi?

 

Não compartilhando do mesmo jogo costumeiro entre eles, Shikamaru indagou:

 

- Antes de qualquer coisa, eu preciso saber: Temari, o que você realmente sente por aquele cara de ontem a noite? Eu não quero me arrepender por ter demorado tanto a decidir me mexer... Então, seja sincera.

 

- Se Mexer? Ora essa... De que diabos está... - E um sinal dizendo que ele estava falando sério, embora ela ainda não entendesse qual o assunto, fez com que respondesse com a franqueza que ele pedia: - Naoto não me diz nada, mas eu preciso me casar, não? Eu não tenho escolha, Shikamaru...

 

Shikamaru percebeu o temor que sentira de perder Temari quando as palavras dela pareceram retirar um grande peso dos seus ombros.

 

- Você tem escolha... - Ele suspirou, tentando fazer a confissão menos desconfortável - Se for capaz de me perdoar. Eu sou um preguiçoso irremediável que precisou de dez anos e de uma ameaça séria para perceber o quanto você é importante para mim. Desculpe-me, problemática, mas estou tentando me declarar. Se não for pedir demais que me aceite na lista de candidatos...

 

A declaração tão aberta e inusitada fez Temari quase cair da cadeira. Aquele seria mesmo Nara Shikamaru? Entretanto, suas dúvidas ruíram quando ela viu o nervosismo na sinceridade de suas palavras. Medo da rejeição, certamente. Neste momento ela não se sentiu vitoriosa, mas sim liberta.

 

- Shikamaru... Por que está fazendo isto? Você não precisa me salvar de nada.

 

-Tsc, Problemática... - Ele revirou os olhos, incrédulo - Você ainda não entendeu. Sou eu que estou pedindo para ser salvo de uma vida de remorso! Conviver com a idéia que te deixei escapar de mim será muito complicado...

 

- Shikamaru... - Ela estava sem ação, sem voz, pela primeira vez em muitos anos e no fundo sabia que apenas ele poderia causar-lhe isso

 

Shikamaru foi até a cadeira onde ela sentava, atônita, e a puxou para si.

 

- Eu vou deduzir que isso é um sim. - Disse o shinobi de Konoha que, cansado de sua própria falta de atitudes, uniu os lábios aos de Temari, em um beijo carregado dos desejos de uma década.

 

 

 

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Notas finais do capítulo

Hey! Agora que você leu até aqui, não custa nada nos dizer o que achou, não é? Vamos lá! É rapidinho! Lila e Teffyyy agradecem.^^