Ben e Jennifer estavam sentados em um dos banquinhos, se beijando.

Foi como se uma grande garra tivesse esmagando meu coração. Picando-o em mil pedaços.

Saí correndo, correndo para dentro da floresta que parecia o lugar mais seguro.

Como isso pode ter acontecido comigo? Não tinha para onde ir. Eu apenas corria, enquando a noite seguia. Enquanto corria por aquela terra escura, eu me sentia afundando. Desaparecendo.

Foi quando uma grande raiz de árvore apareceu em meu caminho. Tropecei e cai em cima de meu tornozelo. Abri meus olhos, cheios de lágrimas, e vi que estava no coração da floresta. "Que bom! Ninguém me viu chorando." Eu detestava chorar na frente dos outros. Me fazia me sentir fraca.

Olhei para baixo e vi que meu vestido estava rasgado, sujo de terra e sangue do meu tornozelo, que quebrara. Eu tinha perdido meus sapatos na corrida.

Uma figura apareceu do meio das árvores. Uma figura humana.

-Quem está aí? - perguntei com a voz tremula.

Não houve resposta. Mas a figura andou em minha direção, e quando passou pela luz da lua, eu pude ver seu rosto.

Era o garoto do trem. O loiro de olhos claros. Ele parecia perfeitamente calmo, mas me senti apreensiva, afinal, o que um garoto de 16 anos estaria fazendo na floresta, no meio da noite?

-Quem é você? - ele perguntou. Tinha a voz fria e arrastada, mas como se tentasse mudá-la.

-Rose. - respondi - E você?

-Scorpius. Por que você está suja de sangue?

- Eu...torci o tornozelo. - eu disse, limpando uma lágrima.

Ele se aproximou e abaixou-se para ver o meu pé.

-Ah, não é nada sério. Posso? - ele perguntou, erguendo a varinha.

-Você sabe o que está fazendo? - perguntei desconfiada

- Fique calma, eu sei concertar isso. - resolvi confiar nele. Assenti.

Ele apontou a varinha para o meu pé e murmurou alguns feitiços. Consegui sentir meus ossos se ajustando. Logo, estavam no lugar.

- Como fez isso? - perguntei

- Apenas um feitiço que meu pai me ensinou. Eu jogo quadribol com ele, e uma vez quebrei o braço, aí ele me ensinou.

Ficamos um tempo em silêncio até que ele se levantou e ergueu a mão para eu segurar.

-Vamos até o lago para você tirar o sangue. Não é muito longe, mas é melhor você não andar com esse pé.

Dei minha mão e Scorpius me ajudou a levantar.

-Agora, se apoie em mim. - ele disse, passando minha mão pelo seu ombro.

Fomos cambaleando até a beira do lago, onde nos sentamos e começei a lavar meus pés.

-O que você faz aqui? Quero dizer, está tendo um baile, no meio da noite, e você está no meio da floresta, sozinho. Por quê?

-Bem, eu não estou sozinho. Estou com você. - disse Scorpius com um sorriso - E estou aqui, suponho, pelo mesmo motivo que você.

-Você não parece triste. - eu disse sem pensar. Ele levantou uma sobrancelha.

-Eu não estou triste. Por que você está aqui?

-Eu quiria fugir. - respondi, desanimada

-O mesmo comigo. Por que queria fugir?

-Eu gostava de um garoto, mas percebi que ele não era quem eu pensava que ele fosse. E você?

-Meus pais - ele respondeu com amargura - Meus pais e sua mania de perfeição.

-O que isso significa?

- Eles arranjaram um par para mim, Rose. Eles não aceitam que eu escolha os meus amigos, nem um par.

-Quem são seus pais? - perguntei, temendo pela resposta.

-Draco e Astoria Malfoy.