Acordei com o barulho da chuva batendo na janela, abri meus olhos, ainda cansada e percebi que estava caindo uma tempestade do lado de fora da casa.

Olhei em volta e percebi meu celular vibrar. Ainda na cama o peguei e vi uma mensagem de Meredith.

Não vou poder sair hoje, um dos médicos do hospital ficou doente e eu vou ter de substituí-lo, podemos comprar os vestidos depois de amanhã?

Suspirei e olhei novamente para a janela. É, havia sido melhor assim... Sair ás compras com esse temporal não iria ser uma boa ideia, ainda mais por que aqui em Mystic Falls não havia sequer um shopping, teríamos que “bater perna” para achar vestido, sapatos e provavelmente bolsas para o baile.

Logo após ler a mensagem de Meredith respondi-a, dizendo que sim, poderíamos nos encontrar depois de amanhã.

Deixei meu celular na cômoda novamente e olhei para o teto, sem nenhuma vontade de sair da cama.

Olhei para o relógio que ficava na cômoda e vi que ainda eram 8:30 da manhã.

Em alguns minutos cai no sono novamente.

...

Num lugar escuro, iluminado somente pela luz do luar estava um bebê, chorando ao relento, coberto apenas por um manto fino.

-Shh.. vai ficar tudo bem – uma mulher estranha, que estava encapuzada disse carinhosamente enquanto desenhava alguns símbolos em volta da pedra onde o bebê se encontrava.

Aos poucos o desenho foi ficando mais elaborado, e a mulher deu um beijo na testa da criança antes de começar a recitar palavras estranhas, que mais pareciam latim.

- Vita, dimensiones.. spiritus – a mulher repetia incansavelmente.

De repente um jovem homem, vestido com trajes antigos apareceu na cena, indo em direção á tal mulher.

-Não faças isso! – o homem se aproximava rapidamente da mulher e a mesma começou a cantar cada vez mais alto. O chão começou a tremer e tochas se acenderam por toda parte. Antes que o homem pudesse chegar à mulher, tudo escureceu.

Acordei ofegante, olhando em volta assustada. O sonho fora mais vívido e intenso do que os anteriores.

Quem era aquele homem? E o que a mulher estava fazendo com o bebê?

Peguei meu celular rapidamente e disquei o número de Bonnie, sonhos tão vívidos se repetindo assim não poderiam ser bom sinal e Bonnie talvez pudesse me ajudar a descobrir o que eles significavam – se eles significassem alguma coisa... Talvez eu só estivesse ficando maluca mesmo. –

-Alô? – escutei a voz dela do outro lado da linha.

-Oi... Bonnie, sou eu, Elena – disse, não sabendo como começar a conversa, pois tem algum tempo que nós não nos falávamos.

-Ah, oi Elena.. O que houve? Está tudo bem? – ela perguntou.

-Está tudo bem sim... Mas precisamos conversar, preciso de sua ajuda – disse direta, observando que a chuva continuava incessante do lado de fora da casa.

-Tudo bem, que tal vir aqui em casa daqui á uma hora? – ela disse simpática, assenti – mesmo sabendo que ela não veria -.

-Ok, estarei ai em uma hora então. Beijos – disse desligando o telefone e suspirando. Eu tinha um pressentimento estranho em relação a esses sonhos.

Levantei-me da cama e fui até o banheiro, tomei um longo banho e logo após vesti um vestido de tecido grosso, sobretudo e uma bota com salto, desci as escadas e cumprimentei Ric e Jeremy com um “Bom dia”. Ric estava fazendo algumas anotações na sala, ele me disse que era algo relacionado a um planejamento de aula, nada de muito interessante, já Jeremy estava comendo seu almoço, pois já era quase uma da tarde.

Despedi-me deles após tomar somente um copo de leite e avisei que iria até a casa de Bonnie – que antigamente era de sua avó -, que pelas lembranças de Elena, não ficava muito longe daqui. Peguei o carro de Ric emprestado e em pouco tempo – mais que o necessário por causa da chuva -, eu estava na casa de Bonnie.

Avistei-a apoiada na porta da casa. Saltei do carro e fui até ela, nos encaramos por alguns segundos e ela me abraçou. Retribui o abraço, percebendo o quão longo foi o tempo em que ficamos sem nos falar. Uma onde de culpa me atingiu. Bonnie precisava de uma amiga – ainda mais agora que ela havia encontrado sua mãe - e eu aqui, no lugar de Elena, sem nem telefonar para ela.

-Entre – ela disse logo após o abraço ter acabado. Entramos em sua casa e logo estávamos sentadas no sofá da sala.

-E então.. O que houve? – ela perguntou parecendo pouco curiosa, chateada até.

-Como você está? – perguntei sem respondê-la, eu queria consertar as coisas entre ela e “Elena”, queria que Bonnie tivesse sua amiga “de volta”... Quem sabe assim eu me sentiria menos culpada.

-Hã.. bem.. – ela disse parecendo surpresa. Desde o final da segunda temporada já acho que Bonnie tem estado chateada com a maneira com qual as pessoas a estavam tratando, sempre querendo alguma coisa, algum feitiço ou explicação. Ninguém nunca falava com ela sem algum interesse.

-Tudo bem com sua mãe? – perguntei também, com um sorriso no rosto e logo começamos uma longa conversa sobre “tudo”, sobre a mãe dela, sobre os poderes, sobre Jeremy e Jamie, sobre Damon – Não fui eu que entrei no assunto -, e sobre várias outras coisas. No final, eu nem me lembrava mais do por que de ter ido a casa de Bonnie.

-Então.. Você vai mesmo nesse baile? – Bonnie perguntou parecendo preocupada. Estávamos as duas sentadas preguiçosamente no chão da sala, devorando um pote de sorvete enquanto conversávamos.

-Yeap.. Eu tenho que ir, sinto que Esther pode ter coisas muito importantes pra me dizer – respondi pegando mais uma colherada do pote de sorvete.

-Você sabe que é perigoso.. – ela tentou me alertar mas a interrompi.

-Não acho que ela vá fazer nada com tanta gente por perto – disse sinceramente.

-Já que insiste.. – ela disse dando um longo suspiro frustrado. Ela estava realmente preocupada.

-Fique tranquila, não vou fazer nada que seja perigoso. Se quiser você pode ir... O convite tem direito a acompanhante. Convidei Meredith também. -  disse dando de ombros.

-Ah, obrigada pelo convite, mas sábado eu tenho que ir até a casa de minha... mãe – ela disse, ainda parecendo desconfortável em falar a palavra “mãe” após tantos anos sem dizê-la.

De repente flashes do sonho que eu tivera mais cedo vieram em minha mente e eu me lembrei do por que havia vindo aqui.

-Bonnie, o que você sabe sobre sonhos? – perguntei de repente, após mais uma colherada de sorvete.

-Hm, como assim? – ela perguntou me lançando um olhar curioso.

-É que ultimamente eu tenho sonhado sempre a mesma coisa... É tão estranho. – respondi e um calafrio percorreu minha espinha ao me lembrar melhor dos sonhos.

-Às vezes não é nada, mas também pode ser alguém... bruxas, querendo te mostrar algo. Foi assim que consegui abrir o caixão onde Esther estava. – ela disse pensativa, dando mais uma colherada no pote de sorvete de chocolate.

Expliquei o sonho para Bonnie, tentando obter respostas.

-Eu não sei o que pode querer dizer, você mesma disse que o sonho aos poucos está durando mais, então acho que é só esperar para ver. – ela disse logo após a pequena conversa que tivemos sobre o sonho. Há essa hora o sorvete já tinha se esgotado.

-Hm, de qualquer jeito obrigada – agradeci Bonnie. Agora só me restava esperar pra ver o que o sonho queria me dizer.