Motivação escrita por Mari May


Capítulo 1
Capítulo 1




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– Gray, você gosta da Juvia?

Erza observou enquanto o amigo engasgava com a cerveja que acabara de tomar e em seguida colocava o copo na bancada.

– Q-que papo é esse de repente, Erza? Ficou doida?

– Estou curiosa e gostaria de saber. Me conte.

– No meio da guilda?

– Não estamos no meio da guilda, esse é o barzinho da Mirajane.

– É, e tem pessoas por perto... E daqui a pouco a Mirajane volta da cozinha... Até parece que eu iria contar alguma coisa aqui. – explicou, tentando se recompor do susto pela pergunta repentina.

– Se o problema é esse, podemos conversar em outro lugar.

– Não quero conversar sobre isso!

– ...está falando alto comigo, Gray Fullbuster? – a Titânia perguntou, já mudando a armadura para The Knight.

Gray fitou, assustado, as espadas dançantes em volta da ruiva, e logo a atenção dos outros Fairies se voltou para eles.

– Pára com isso, tá chamando a atenção! – cochichou.

– Então, vamos.

– Aaaah... – ele suspirou, dando-se por vencido, e terminou de tomar sua cerveja.

– Bom garoto. – Erza disse, enquanto saía da guilda com o rapaz atrás dela.

Caminharam até uma praça e avistaram bancos vazios. Acomodaram-se num deles, e Gray indagou:

– O que deu em você? Por que esse assunto agora?

– Porque finalmente encontrei uma oportunidade de falar com você
sem levantar suspeitas.

– Hã?

– Juvia, Wendy e Charle foram numa missão nas proximidades e no fim do dia já estarão de volta. Natsu, Happy e Lucy saíram numa missão relativamente fácil e vão ficar dias fora. Eles vieram me chamar pra ir com eles e depois te chamariam, mas falei que estava pensando em pegar uma mais complicada e que iria te obrigar a vir comigo.

– ...eles "chamam" e você "obriga"?

– Sim

– E você realmente acha que o jeito que me abordou na guilda foi "sem levantar suspeitas"?

– E não foi?

– Ai, meu Deus...

– Bom, eu não menti, porque de fato estou prestes a ir numa missão complicada, e minha idéia inicial era ir com todos eles, mas já que não dá... Vai só você mesmo.

– "Só eu mesmo"? Obrigado pela consideração. – ironizou.

– De nada. – ela ironizou mais ainda.

– Que saco...

– Não reclame. Agora, pode contar tudo.

– Não há o que contar. – disse simplesmente, cruzando os braços.

– ...não me obrigue a vestir outra armadura. – ameaçou, a raiva visível em seus olhos.

– Mas é sério! Eu... Eu não sei o que sinto pela Juvia. – ele desviou o olhar, o rubor invadindo o rosto.

– Como assim?

– Tipo... Eu sei que gosto de você como uma irmã mais velha, e da Lucy como irmã mais nova, mas da Juvia... E-eu não sei... E me sinto muito idiota quando penso nessas coisas, então prefiro apenas conviver com ela sem esquentar a cabeça com isso, entende? Em vez de ficar tentando descobrir o que sinto, prefiro aproveitar os momentos juntos e, quem sabe, assim, em algum momento, "venha a luz".

– Hum... Entendo seu ponto de vista, mas talvez fosse melhor você descobrir logo o que sente. Acho que você vai se sentir melhor, e vai poder lidar melhor com essa situação, e aí... – ela sorriu, parando de falar.

– "E aí" o que?

– Você vai poder se declarar! – Erza disse na maior tranqüilidade, seu sorriso se alargando.

– O-o quê? – Gray parecia prestes a ter um colapso – Você andou bebendo logo cedo, é?

– Quem fala...

– Foi só um chopp! Mas você parece que tomou todas e...!

– Já disse pra cuidar desse tom de voz comigo, mocinho.

– Às vezes é difícil, sabia?

– Nossa, mas o que eu falei demais?

Ele se levanta, envergonhado e indignado ao mesmo tempo.

– Erza, qual é a sua? Primeiro faz eu ficar mais confuso do que já estava sobre a Juvia, e agora vem com esse papinho de declaração?

– Mas ela...! – a Scarlet se interrompeu, uma hipótese que antes não havia cogitado por achar estúpida demais vindo-lhe à mente – Não me diga que não percebeu?

– O que?

– Os sentimentos da Juvia.

Gray paralisou e ficou mais corado ainda.

– E-eu... – ele voltou a sentar – Não tenho certeza do que ela sente. Quer dizer, sei que ela gosta muito de mim, mas... E se for só admiração?

– ...não acredito no que estou ouvindo. – a ruiva levou a mão à testa, balançando a cabeça negativamente.

– Q-que é?

– Você se faz de bobo, né?

– Hunf... Só não sei como lidar com essas coisas... Sentimentos... É tudo tão complicado... Sei me virar em missões porque tenho experiência, mas em relacionamentos... – o rapaz se curva, apoiando os braços sobre as pernas – Eu ainda sou um "iniciante".

– Por isso que eu digo que o primeiro passo pra conseguir lidar é entender o que você sente. Eu tinha que reprimir o que sentia pelo Gérard porque achava que não estava certo gostar de alguém que fazia tantas maldades (mesmo manipulado). Mas você não precisa reprimir o que sente pela Juvia, caso seja o mesmo que sinto pelo Gérard.

– O que você acha, Erza?

– Hã?

– Você... – ele mexe no cabelo, nervoso – Você acha que eu... S-sinto a mesma coisa?

– Isso apenas você poderá dizer.

– E-ei!

– Não quero que seja influenciado pela minha opinião.

– Aaaaaaaahhh... – ele bufou, impaciente.

– Hehe.

– Vamos logo pra missão, vamos. Chega disso.

– Você que sabe. – ela riu para si mesma, satisfeita.

Era óbvio que ele gostava da Juvia. Só queria que ele entendesse logo. E entender que ela gostava dele também.

Depois disso ocorreu o Exame Rank S. E foi ali que Gray teve uma noção maior do que poderia estar sentindo por Juvia, principalmente quando a protegeu de Ultear. A sensação de horror só de pensar que poderia ter perdido a maga da água para sempre era angustiante.

Antes disso, havia sido atingido por uma magia misteriosa e passara a sentir, literalmente, os sentimentos de outra pessoa. Mas por que ELE tinha que sentir aquilo? Ao mesmo tempo, parecia que sentimentos latentes dentro dele estavam aflorando. Aquelas sensações eram e não eram dele ao mesmo tempo.

Quando a magia se desfez, enganou Ultear para ver o que ela faria, e ouviu quando Meredy disse que ele e Juvia eram próximos. "Como ela poderia saber que nos conhecemos?", pensou, mantendo-se atento a cada movimento de Ultear. Por fim, suas suspeitas sobre as más intenções da moça foram confirmadas ao vê-la falando de seus planos para Meredy e prestes a matar Juvia. Ainda bem que estava lá para salvá-la.

Após o embate com a filha de Ur, esta encontrava-se bastante abalada e arrependida. Gray sabia que algo havia mudado dentro de Ultear. Talvez finalmente tivesse voltado a acreditar no amor da mãe por ela.

Ele já caminhava para encontrar seus amigos, apesar dos ferimentos dificultarem sua locomoção, quando resolveu olhar para trás e dizer:

– Ultear, posso te perguntar uma coisa?

– Sim...

– Antes de lutarmos, fui atingido por uma magia... Uma magia que me fazia sentir o que outra pessoa sentia. Foi sua amiga que usou?

– Foi a Meredy sim. Ela usa a magia perdida "Maguilty Sense", que faz exatamente isso que você falou. Mas essa conexão só ocorre se os envolvidos tiverem sentimentos fortes um pelo outro.

"Sentimentos... Fortes?", o rapaz pensou. "Então foi algum amigo meu muito próximo... Mas... Quem?"

– Entendo... Achava que tinha sido impressão minha a Juvia estar ferida justo em lugares onde antes eu tinha sentido dores inexplicáveis... Quer dizer que eu e ela estávamos conectados?

– Pelo visto, sim. Mas Meredy também estava ferida, então acho que depois ela se ligou a vocês dois através da sua amiga... Já que ela te odiava, e aquela mulher estava em seu caminho lutando por você...

Gray engoliu em seco. Juvia foi tão longe assim por ele?

E... Para se conectarem... Já estavam tão próximos assim?

Tal aproximação ocorreu tão naturalmente que ele sequer reparou. Quando viu, já estava comendo sozinho com ela na guilda várias vezes. E, quando ela não estava por perto, perguntava onde estaria. Preocupava-se por ela ser tão distraída e ingênua, apesar de confiar em sua força, e desejava que estivesse bem. Gostava do seu jeito de vestir, uma mistura de recatado e sensual, e sempre com um penteado e chapéu diferente. Mas o que mais o encantava era o jeito como ela o afetava tal como a água contra o gelo, derretendo-o pouco a pouco, misturando-se até se fundirem: quanto mais se conheciam, mas um "absorvia" o outro, tornando-se praticamente um só.

E então Gray percebeu que Juvia havia se tornado a pessoa mais próxima dele atualmente. Na verdade, ele não lembrava de um dia ter sido tão próximo assim de alguém. Tinha seus laços fortes com Ur e Lyon, formou laços fortes na Fairy Tail, mas nada comparado à cumplicidade que tinha com Juvia. E ela era praticamente uma novata na guilda se comparada a outros membros, ou seja, em tão pouco tempo invadiu seu coração assim.

No final da luta contra Hades, onde os Fairies se deram as mãos, Gray estava disposto a morrer junto de seus companheiros. E, por mais que soasse egoísta, sentia-se aliviado por Juvia estar ali, pois não teria que se preocupar em morrer e nunca mais vê-la, deixando-a viva e desprotegida em sua eterna ausência.

Mas Gray lamentava não ter tido a chance de confessar seus sentimentos a Juvia. Não queria fazê-lo quando a morte deles e de seus companheiros era iminente. Não queria que Juvia sofresse como ele, pensando em como seria se eles voltassem vivos e pudessem ser um casal oficial. Não: preferia que ela ainda tivesse dúvidas se era correspondida e sonhasse acordada com as confissões que poderia receber. Não queria estragar seus sonhos fazendo uma declaração pouco antes de se despedirem.

Felizmente, graças à magia milagrosa de Mavis, aquele grupo da Fairy Tail pôde ser salvo. Mas sete anos se passaram até que fossem encontrados.

E foi quando Lyon conheceu Juvia, para o desgosto de Gray.


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