- Acho que a Lorena achou – Siva disse apontando para o celular em minha mão dando risada. Quando Nathan viu o tal celular em minha mão ficou pálido que nem papel. E eu não devo ter ficado diferente. Era Nathan esse tempo todo? Todas as mensagens, cartas, eram todas de Nathan? Mas como isso era possível? Ele era a ULTIMA pessoa que eu imaginaria, as mensagens são tão fofas e românticas e ele é... O Nathan. Mas também ele era o Nathan, aquele que já tinha depositado seus lábios sobre os meus, era aquele que de uns tempos para ca, meus olhos procuravam ele por todo lugar, mesmo inconscientemente. O meu estomago começou a embrulhar e as minhas pernas amoleceram, mas tentei ficar o mais firme possível

- O que estava fazendo com o meu celular? – Nathan depois de um incomodo silencio disse.

- Eu pensei que era de Siva – Fiquei brava comigo  mesma por ter gaguejado. Então ele apenas se aproximou de mim e pegou o celular de minhas mãos, sem falar um ‘’a’’. Foi quando falei baixinho para ele

- Precisamos conversar, agora. – Ele permaneceu quieto e se virou. Apenas o acompanhei para fora da cozinha. – Vamos la fora – Eu disse apontando para a porta da sacada da sala. Nathan continuou quieto, mas fez o que mandei, cuidadosamente cruzamos a sala para não acordar Max, Tom e Jay que ainda dormiam nos sofás. Silenciosamente abri a porta de vidro e senti a brisa fresca, fiz sinal para que Nathan passasse, e depois fechei a porta. Então suspire e tentei juntar as palavras mais adequadas para o momento.

-  Nunca eu iria imaginar que era você – então ele permaneceu quieto, olhando para as plantas do jardim que pareciam mais interessantes que eu – Mas eu posso dizer que fico aliviada – dei uma risada para quebrar o clima e ele me olhou com uma cara de duvida – Pensei que era Siva. – Ele também não resistiu de soltar uma risada. Mas de novo as plantas continuaram mais interessantes que eu. Na verdade eu não tinha a mínima ideia sobre o que falar para ele, aquela situação era constrangedora para ambos. – Nathan, por favor, fala alguma coisa... – eu disse me aproximando dele e virando o seu rosto para mim, então ele finalmente fixou seus olhos sobre mim e ali eles se repousaram. Podíamos não estar falando nada, mas podia ver e até ‘’ouvir’’ o que seus olhos diziam. – Quando voce pretendia me dizer que era você?

- Provavelmente nunca

- Por quê? – Perguntei surpresa.

- Não é fácil Lorena – O garoto desabafou.

- O que não é fácil?

- Você não entenderia – Nathan fez o esboço de tentar sair mas coloquei meu corpo na frente do seu

- Tente me faz entender – Então o garoto se afastou um pouco e colocou as mãos nos cabelos e hesitou um pouco.

- Ah Lorena, não sei... Não saberia a sua reação, é... – ele suspirou – Complicado

- Eu ainda estou tentando me acostumar com a ideia... Foi uma surpresa – assumi – O se foi – Então olhei um pouco para o chão e percebi o quão aquela situação era estranha – Nathan... Me diga uma coisa – Ele assentiu com a cabeça – É verdade aquilo que você me mandava? Quero dizer, você sente tudo aquilo mesmo? – A pergunta saiu sem dar tempo para pensar e admito que fiquei com um pouco de medo de sua resposta. Ele apenas virou seus olhos para mim e se aproximou.

- Se eu disse que sim, faria diferença? – Então inconscientemente mordi a lateral do meu lábio. Então aquilo era um sim? Provavelmente era um sim. Agora restava a mim dizer a ele que sim, que faria a maior diferença do mundo e falar que eu sentia o mesmo ou dizer a ele que não, e que devíamos ser amigos. No entanto se eu dissesse a segunda opção eu estaria mentindo descaradamente. 

- Sim faria – Disse calmamente me aproximando dele – Faria a maior diferença. – Então parei na sua frente e me fixei em seus olhos.

- E se eu te beijasse agora, faria diferença? – Ele me desafiou.

- Como se não tivesse feito diferença as outras duas vezes – Então ele mal deu tempo para terminar minha frase e ele avançou em meus lábios, me agarrou pela cintura e colou ainda mais meu corpo no seu, coloquei minhas mãos ­em suas bochechas e dei a permissão. Era melhor, muito melhor do que da ultima vez, agora sabíamos o motivo por estarmos fazendo aquilo, sabíamos o que cada um sentia um pelo outro... Bom, pelo menos eu sabia o que ele sentia e isso me deixava muito feliz. Nos separamos ele apenas me puxou para trás do jardim, no começo não entendi muito bem, mas depois entendi seu objetivo. A porta que dava para a sala, era de vidro, então quem passasse por ali iria ver nós dois aos beijos e seria bem complicado para mim e Nathan explicar tudo que estivera acontecendo. Quando não tínhamos mais a visão da porta de vidro e da sala, selamos nossos lábios mais uma vez, e dessa vez o beijo foi mais intenso. Nathan me pegou no colo e me colou sobre algo que quando abri os olhos, percebi ser uma maquina de lavar roupa, então foi ai que percebi estar em uma lavanderia, ela era junto com o quintal, apenas tinha um pequeno teto sobre ela e uma porta em uma das paredes, que devia dar de volta para a casa. Parei de estudar o pequeno local e me encontrei com os lábios de Nathan novamente, parecíamos estar com sede um do outro, não parávamos para respirar um só momento.

- Nathan?! – Quase caio da maquina quando ouço o nome sendo chamado. Pois não tinha saido de minha boca e muito menos na de Nathan. Havia uma terceira pessoa ali. Então Nathan se virou para trás e eu olhei para frente.

- Max?! – Eu e Nathan falamos juntos. Totalmente sem jeito e totalmente sem graça, desci da maquina e parei ao lado de Nathan. Max soltou uma risada.

- Desculpa cara, sério – ele disse no meio de umas risadas – Eu só vim procurar a minha camisa... Mas mais tarde eu volto

- N-Não precisa, já estávamos de saída

- Não é o que parecia – E mais uma vez ele deu risada – Não tem problema, eu volto outra hora. – Então Max desaparece de nossas vistas.

- Nathan acho melhor a gente voltar – Então dos uns passos, mas Nathan me puxa de volta pra ele, e me abraça

- E eu acho que a gente devia ficar aqui mais um pouco

- É sério – Tentei me afastar de seu abraço, mas por minha culpa mesmo não consegui. – Nathan – fingi ficar brava .

- Ok – Ele revirou os olhos e me largou.  Quando entramos na sala, esperava que todos os olhares se direcionassem a mim e Nathan, mas não foi o que aconteceu, pra falar a verdade apenas Tom estava na sala e estava meio sonolento ainda no sofá.

- Bom dia Tom – Forcei um sorriso. Será que Max tinha contado o que tinha visto?

 - Bom dia Lo –  ele deu um sorriso. Bom, pela sua resposta e expressão pelo jeito Max não tinha contado nada para Tom. Eu e Nathan nos direcionamos para a cozinha, Jay já estava sentado tomando seu café.

- Esta tudo bem? – Siva perguntou.

- Sim – Fiz uma cara de duvida – Por que não estaria?

- Vocês sairiam daqui brancos que nem papel, e ainda se dizer nada

- Ah claro! N-não, não aconteceu nada – gaguejei. – Bom dia Jay – Desviei do assunto.

- Bom dia Lo – ele deu um sorrisinho sem mostrar os dentes – Dormiu bem?

- Sim – Menti. Na verdade eu sabia que ele estava me questionando sobre a companhia mas não ia tocar no assunto justamente quando eu e Nathan finalmente nos entendemos – O sofá é bem confortável.

- Eu acho que ele não estava falando do sofá Lo – Melani soltou amaravilhosa frase. Senti meu rosto corar e senti uma raiva dela por ter falado isso. Jay apenas deu uma risadinha e colocou a caneca em sua boca. Siva deu uma risada pelo nariz e Nathan não esboçou reação alguma

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Já era a noite quando Siva nos deu carona para o colégio. Felizmente Max não falara no que vira, enquanto estávamos na republica. Quando chegamos no colégio, Nathan foi para um lado e eu e Melani fomos para o outro.

- O que foi aquilo hein amiga? Você de conchinha com o Jay? – Melani disse enquanto entravamos no quarto.

- Ele apenas ficou com sono – Justifiquei

- Sei bem o sono dele – Melani deu uma risada.

- Melani, não pense besteira, somos apenas amigos.

- Lorena, ele não parou de te secar ontem e hoje. – Tinha percebido uns certos olhares de Jay em mim, mas não do jeito que Melani falara. Para mim era papo de melhor amiga.

- Cala a boca – eu disse brincando e empurrando ela levemente para o lado. 

- Ei! – Melani reclamou. Apenas dei risada e ela no fim também riu da sitação – Ei Lo, voce me espera para jantar? Só preciso tomar um banho e tirar essa roupa que eu to desde ontem.

- Ok, sem problemas, eu tomo quando chegarmos. – Então Melani se direcionou para o banheiro e eu para o meu armário. Escolhi algo confortável (http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=55013234) ,logo em seguida sentei na minha cama para esperar Melani. Rapidamente Melani saiu do banho, se trocou e fomos para o refeitório. Por má sorte minha, quando eu estava entrando no refeitório, algum estúpido filha da puta tinha derrubado algum liquido na porta de entrada, o que me fez escorregar e me apoiar em Melani para não cair, e infelizmente quem eu menos queria ver naquele momento estava a poucos metros de mim debochando da minha ‘’quase’’ queda. Fernando e sua ‘’creche’’ como costumo chamá-la.

- O que é tão engraçado querido? – me direcionei ironicamente a ele após ficar estável no chão.

- Nada, nada – disse falando no meio de risadas.

- Não me parece nada, vocês estão rindo como se fosse algo muito engraçado, então me diga o que é, quero rir também – dei o sorriso mais sínico possível.

- Se você quer rir olhe para a sua amiga, ou para você no espelho – Nesse momento o refeitório inteiro se calou. Imediatamente olhei para Melani que estava olhando para o chão envergonhada e tristonha com o que tinha acabado de ouvir. Pelo menos nao tinha saido correndo. Pode me xingar do que você quiser, mas não fala mal da minha amiga na minha frente, quando posso defender. Já estava mais que provado para ele que eu, ao contrario das pessoas daquela escola, não tinha medo dele e não me importava quantas detenções pegar.

- Eu te disse para deixar Melani dessas brincadeirinhas suas – eu disse me aproximando dele, enquanto a minha voz ecoava no refeitório e todas as pessoas presentes ouviam nossa discussão

- E eu já te disse que eu não tenho medo de você – Ele me disse me desafiando. Então ele veio baixinho no meu ouvido e cochichou – Esta na hora de voce aprender certas regras do Queen querida. Eu mando nessa escola, se eu quiser que você e essa sua amiguinha sejam expulsas, vocês são. E você não via querer isso pra sua queridinha Melani não é? Ela que lutou tanto para conseguir uma bolsa aqui... – Deu um tom de deboche na sua ultima frase. Então quando ele parou de falar me deu vontade de socar aquela cara que explodia sarcasmo e autoria. Mas só de imaginar Melani sendo expulsa por minha culpa já me dava uma angustia enorme, eu poderia arranjar uma outra escola, estava acostumada, mas ela não, ela lutou para estar aqui. – Entendido? – Ele disse olhando no meu olhar com um sorriso que eu teria prazer de arrancar todos os dentes. Apenas afirmei com a cabeça e ele reuniu o bando dele e sairiam da nossa frente. Melani e eu não trocamos uma palavra durante o jantar, e a comida parecia menos apetitosa, mal encostei no meu prato. A comida parecia indesejável para Melani também. Apenas deixamos o refeitório e seguimos para o nosso quarto. Me enfiei no banho e deixei algumas lagrimas de raiva caírem de meu rosto. Lagrimas de humilhação também. Eu não podia ser manipulada tão fácil assim! Apenas sai do banheiro com os olhos provavelmente vermelhos, Melani já dormia. Quando me direcionei ao meu armário vejo o meu pequeno aparelho em cima da cama brilhando.  A mensagem tinha como dono ‘’anonimo’’ mas agora eu já sabia que era Nathan:

‘’ Venha aqui fora’’- Não estava com cabeça para fazer nada no momento, nem para Nathan, apenas queria afundar a cabeça no meio travesseiro e desejar mentalmente a morte de Fernando.

‘’ Hoje não nathan’’

‘’ Por favor’’- Apenas duas palavras e eu já estava colocando a roupa que eu tinha acabado de tirar e estava saindo do meu quarto silenciosamente.