The Reason Of My Breath escrita por Bru20014


Capítulo 28
Viva!




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Pelo o resto do dia permaneci trancada no meu apartamento. Recebia milhões de telefonemas procupados, mas não ligava. Eu queria ficar quieta com a minha dor, na verdade se pudesse morria agora com ela. Aquela dor terrível era o que me alimentava naquele momento. Éramos apenas eu, ela e a ausência do meu amor.

Resolvo finalmente fechar os olhos deitada no meu travisseiro enxarcado. E quando dou por mim, já tava tão louca que ouvia alguém me chamando. Mas não era qualquer alguém...

Abro os meus olhos e ali estava Eduardo do meu lado chamando por mim: "Vamos, Beatriz. Acorda."

Não posso evitar uma enorme alegria. Parecia o paraíso. Tudo foi um sonho e ele está mesmo ali comigo!!

"Eduardo!!" Disse abraçando-o bem forte para confirir se era real. Era ele, mas estava diferente. Parecia mais calmo. Parecia em paz...

"Beatriz." Ele disse "Não faz assim. Assim você só torna as coisas mais difíceis para mim."

"Como assim?" Pergunto-o.

"Eu tenho que ir embora." Ele disse.

"Não." Disse "Miguel vai entender se não voltar pra casa hoje!"

"Não é o Miguel." Ele disse com um olhar sereno.

"Então quem é?" Perguntei.

"Sou eu." Ele disse "Tenho que descançar."

"Não." Disse "Pode descançar aqui."

Já estava entrando em pânico.

"Beatriz, eu me fui." Ele disse "Só estou aqui pra te dá um recado porque não vou mais poder está com você assim de novo."

"Não." Disse começando a chorar.

"Beatriz..." Ele dizia, mas não queria escutar.

"Não quero ouvir!!" Disse fechando os olhos e colocando as duas mãos em ambos meus ouvidos enquanto balançava a cabeça.

As mãos geladas de Eduardo tiraram as minhas de meus ouvidos e depois ele pegou no meu queixo forçando-me às encará-lo.

"Você tem que seguir, Beatriz." Ele disse "Tem que viver tudo o que não pude viver e mais! Viva, Beatriz!"

"Não quero viver sem você." Disse fechando os olhos e me deitando novamente "Não quero."

E Eduardo continuava a dizer perto de meu ouvido "Viva, viva, viva...", até que resolvi abrir os olhos percebendo que ele tinha sumido.

"Eduardo?" Disse me levantando.

Ele foi embora, Deus! Ele se foi!

Quando olho pela janela e vejo os raios de sol invadindo meu apartamento, chego a uma conclusão. Era noite há cinco segundos. Falei com Eduardo há cinco segundos há trás... a não ser que...

Foi um sonho. Mas pareceu tão real. Era como se estivesse estado ali.

Eu podia jurar que tinha estado com ele.

Olhei o relógio e vi que a hora já estava avançada. Precisava correr para o... para o enterro de Eduardo. Me senti enojada em pensar isso.

Vesti um vestido preto que batia pouco acima do joelho, botas de salto alto e bico fino pretas e claro os tradicionais óculos escuros.

Estava pronta.

Fui para o enterro com o carro de Eduardo. Quando cheguei lá, todos lá já estavam exceto por Patty e Fernando. Até meu irmão estava lá, pra minha surpresa, mas graças a Deus minha mãe não estava lá. Tudo que eu não precisava agora era ter que aturar ela no meu ouvido.

"Beatriz?" Thiago disse realmente preocupado "Você ta legal?"

"Não." Disse.

"Eu sinto muito mesmo." Ele disse "Você sabe, não é?"

"Sei." Disse "Sei que você não é a dona Valéria."

Tentei brincar um pouco, mas nem eu mesma achei graça da minha própria piada.

"Nem nossa mãe desejava essa tragédia." Thiago disse.

"Sei." Disse.

"Beatriz!" Disse Lisa vindo até mim e me abraçando "Como você está?"

"Nada bem." Pude sentir que ia voltar a chorar.

"Miguel também não." Lisa disse.

"Era de se esperar." Disse e de repente podíamos ouvir barulho de motores e buzinas ecoando por todo o cemitério. Quando olho era uma frota de carros tunados sendo guiada por um, que era o carro de Fernando.

Eu ia chorar de novo. Aquela era a prova de amizade mais linda que eu jamais vira.

Lisa pergunta à Miguel, que parecia tão emocionado quanto eu ao vê aquele espetáculo da galera do ferro velho, a minha galera: "Quer que eu chame a polícia, meu amor?"

"Não." Disse Miguel com um leve sorriso sobre o rosto: "Deixa eles. Essa é a maneira deles homenagearem o amigo."

Verdade. De repente o carro de Fernando, junto com os outros, chega e ele e Patty saem.

"Essa é pra você irmãozinho." Fernando disse com os olhos cheios.

"Como é que é galera?!" Patty gritou e um show de buzinas começou junto de vários gritos: "Viva ao moleque solto!!!"

Eu comecei a chorar junto de Miguel, Fernando e Patty. Onde quer que Eduardo esteja, tenho certeza que esta tão emocionado quanto nós.

Depois que o padre disse umas palavrinhas de 'que essa alma vá em paz', começaram a colocar bem devagar o caixão de Edu na cova. Uma parte de mim queria impedir isso, uma parte de mim queria fazer um escândalo e impedir que colocassem Edu naquele buraco, mas me veio o sonho na cabeça dizendo para que eu vivesse. Tive uma idéia do que ia fazer depois daquele enterro.

Peguei no meu bolso o anel que Eduardo tinha me dado, olhei-o com a intenção de jogá-lo no buraco, mas não tive coragem. Ao invés disso coloquei-o no meu dedo e não tiraria mais. Então peguei uma rosa, o que me lembrava muito de nós dois e disse: "Em prova do meu amor usarei essa aliança para sempre até que a morte nos separe e eu finalmente vá encontrá-lo, onde quer que esteja."

De repente vejo Miguel do meu lado dizendo: "Sei o quanto está sendo difícil pra você."

"Pra você também não está sendo nada fácil." Disse.

"O que eu não daria pra reclamar e dá lição de moral por causa daquelas besteiras que vocês aprontavam junto da Patricia e do Fernando?" Miguel disse.

"Ele ainda está conosco, Miguel." Disse "Só não pode nos dizer exatamente ontem, mas ainda assim posso senti-lo."

"Eu também, Bia." Miguel disse.

"Escuta, Miguel." Disse "Será que eu poderia ficar com o tunado dele?"

"Claro." Miguel disse "Tenho certeza que era isso o que ele iria querer."

"Obrigada." Disse.

"De nada." Ele disse.

"Agora eu vou embora." Disse "Vou ficar um tempo fora... Pensar um pouco na vida, sei lá."

"Espero que você encontre o caminho que gostaria de seguir." Miguel disse.

"Eu vou." Disse sorrindo pra ele "A gente se vê."

"Boa sorte." Miguel disse.

Eu fui para o carro, mas antes de entrar ouço uma voz atrás de mim me dizendo: "Fugindo?"

Olho e era Patty com um sorriso amigável.

"Patty." Disse sorrindo de volta.

"Eu tenho uma proposta pra você." Patty disse.

"Mesmo?" Perguntei interessada "E o que é?"

"Eu sei que nós temos as nossas diferenças, mas também concordamos em alguns aspectos. Não posso negar isso. Nos apaixonamos até pela mesma pessoa. Não me entenda mal. Amo muito o Fernando, mas Edu... não posso negar que ele não foi o homem da minha vida." Patty disse "Tínhamos uma relação bastante peculiar, era amor, ódio, paixão... Tudo misturado. Por isso, por saber o quanto você foi importante pra Eduardo e vice-versa. Sério te invejei por isso, por você ter sido a pessoa pra ele e eu não, mas é por isso que quero te convidar para ser nossa sócia no bar, o que é o último desejo dele, não é?"

"Fico muito feliz, de verdade, pelo convite." Disse "Dou toda a força do mundo ora vocês consiguirem fazer esse bar..."

"Mas?" Patty perguntou.

"Mas eu to indo embora hoje." Disse.

"Vai sair mesmo da cidade?" Perguntou ela.

"Preciso encontrar algo que me inspire, algo que me faça estremesser e ao mesmo tempo algo que me faça me lembrar de Eduardo." Disse "E vou encontrar isso, tenho certeza. Mas não aqui."

"Posso te mandar pelo menos o convite da inauguração do bar?" Patty perguntou.

"Meu telefone é o mesmo." Disse "E pode apostar que eu venho."

"Vou te ligar." Disse ela.

Entrei no carro, liguei os motores e antes de ir disse: "Posso sugerir um nome para o bar?"

"Pode." Patty disse.

"Moleque solto." Disse.

"Não podia ter um nome melhor."

"Vejo você." Disse arrancando dali.



Quando cheguei ao meu apartamento, lá estava Valéria, no meu sofá me esperando.

"O que você está fazendo aqui?" Perguntei.

"Volta para casa, Beatriz." Disse minha mãe.

"Não." Respondi.

"Beatriz, se é por causa da herança, eu não te deserdei." Ela disse.

"Será que você é incapaz de respeitar alguém?" Perguntei "Eduardo acabou de morrer!"

"Beatriz, ele nunca te mereceu." Minha mãe disse "Vai vê a morte dele não foi vão."

"Ah, vai se ferrar!" Me exaltei "Como você pode me pedir pra voltar pra sua casa, voltar a ser a filhinha perfeita se você não consegue me respeitar?"

"Quer saber, Beatriz?" Valéria disse "Cansei de gastar o meu latim com você."

"A porta fica logo ali." Disse sem realmente me importar.

"Não venha me implorar por ajuda se precisar." Valéria disse.

"Eu? Implorando ajuda para uma cretina que me colocou em uma clínica pra drogados sabendo que eu não era uma viciada? Você não me conhece, Valéria." Disse.

Ela saiu fula pela porta e na mesma hora Léo entra comentando que minha mãe parecia que cuspir maribondos em cima dele.

"Afinal como você está?" Ele me perguntou.

"Sabe, que até que estou bem." Disse "Doeu, ainda dói, mas parece que agora que tomei uma decisão melhorou um pouco."

"E que decisão você tomou?" Ele me perguntou e eu imediatamente peguei a mala e comecei a enfiar minhas roupas lá "Vai viajar?"

"De certa forma." Disse.

"Não vai mais voltar, não é?" Ele me perguntou já sabendo a resposta.

"Pra ficar não." Disse.

"Mas e eu e você?" Léo ainda tinha esperança.

"Com certeza melhores amigos para sempre."

Fechei a mala que já estava pronta.

"Você mudou mesmo por causa dele ou..." Léo disse.

"Eu não mudei." Disse segurando a mala "Só acordaram esse meu lado. E não posso negar que Edu não tem nenhuma participação nisso."

"Boa viagem." Léo disse me dando um beijo na cabeça "Vou sentir sua falta."

"Eu também." Disse dando-lhe um abraço.

Depois saí deixando-o lá.

Quando desci enfiei tudo no carro de Edu e quando entrei no carro Lucio apareceu.

"Beatriz?" Ele me perguntou.

"Não dá pra falar agora, Lucio."

"Pra onde você ta indo?" Ele me perguntou "E com esse carro estranho?"

"To deixando a cidade." Disse.

"Mas e nós?" Ele perguntou.

"'Nós'?" Perguntei "Nunca houve 'nós'."

Arranquei com o carro deixando-o lá rumo ao desconhecido.

FIM!!!


Mas o que aconteceu depois?

Beatriz virou uma expert em rachas e ganhou muito dinheiro com a nova "profissão". Ela só corria com o carro de Edu, que recebeu o nome de "Eduardo" de tão famoso que ficou. Ela também vendeu sua parte na produtora para Lisa que a enviou o dinheiro.

Beatriz só voltou ao Rio, como prometido, para a inauguração do bar "Moleque Solto", que foi um sucesso. Ela voltou já chamando atenção. Cortou as madeixas longas e deixou-as bem curtinhas.

Beatriz nunca teve um outro homem sério, ela nunca se casou com ninguém.

Aos 36 anos Bia sofreu um acidente em sua primeira disputa internacional, a pista já era famosa por matar vários pilotos e Bia também foi vítima dela, mas duvido que tenha se arrependido se pudesse. Como havia jurado, Beatriz morreu com o anel de Edu, o qual realmente nunca tinha tirado. Ela foi enterrada ao lado de Edu junto do anel, que Lisa não deixou que tirassem dela.

Valéria não compareceu ao enterro da filha, mas escondida em seu quarto chorou pela morte dessa.

Mesmo tendo morrido muito jovem, ninguém pode dizer que Beatriz não viveu.

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Notas finais do capítulo

Obrigado a todos que me acompanharam nessa fic!! Espero não ter decepcionado à ninguém e fiquem a vontade para as críticas... E claro os elogios! ;)

Amo vocês! Obrigado e bjss!!