A luz machucava meus olhos, por isto tive que piscar muitas vezes até conseguir ver contornos.
Demorei algum tempo para me lembrar que estava no hospital, não porque a dor me fizesse esquecer.
Um brilho dourado chamou minha atenção. Minha visão estava nublada. Eu não consegui distinguir...

– Senhorita Melissa?

Era uma voz conhecida gentil e atenciosa.

– Nathaniel?

Pisquei os olhos mais algumas vezes e finalmente seu rosto foi tornando-se nítido.

– Sim, sou eu. – seu rosto estava tenso e nitidamente cansado, mas seus olhos eram calmos apesar dele estar visivelmente inquieto. – Esta melhor?

“ Boa pergunta” – pensei. Meu corpo ainda dói em certos pontos, mas nada como antes.

– Sim.

Ele respirou aliviado.

– Que bom, foi um grande...- seu celular tocou e após ver quem era ele atendeu rapidamente. – Olá Sr. Austin.

– Sr. Austin? – repeti sem perceber. – É meu pai?

Ele apenas olhou para mim e assenti. Se distanciou o suficiente para eu não ouvi-lo. Algum tempo depois um garoto num jaleco branco entrou.
Se não fosse pelo jaleco eu jamais imaginaria que ele é enfermeiro. Quando seus olhos encontraram os meus ele sorriu, um sorriso maroto e sedutor. Sua pele era dourada, o que não é comum nesta parte do pais. Ele não deve ser daqui pois ate seu rosto tinha traços incomuns para a localidade.
Seus cabelos eram loiros, num corte médio. Sua franja era dividida no meio e chegavam até seu queixo, sem cair em seus olhos. Ele o prendia de forma desajeitado o resto do cabelo em uma espécie de rabo de cavalo mas seu cabelo era curto e liso e ficava caindo laço. Eu podia jurar que era surfista.
Seus olhos eram verdes cor do mar, aquele mar calmo de uma manhã de Domingo. Quando acordamos mais cedo que todo mundo para pegar a praia vazia e com um sol suave. Seus olhos me lembrava de férias na praia, de brincadeiras, risos, felicidade.
Se eu fosse denominar cada garoto que eu conheci por aqui por Estação colocaria Castiel: Verão, Nathaniel: Inverno, Lysandre: Outono e este garoto, que nem sei o nome: de Primavera.

– Olá moça bonita! P ele sorriu enquanto vinha até meu lado.

“Bonita?!” – pensei.- “ Devo estar horrível!”

Mas apenas sorri com certe a timidez.
Uma vez ao meu lado, ele olhou alguns papeis e voltou a olhar para mim.

– Estágio 2 de Hipotermia. Você poderia ter morrido, mocinha. – ele chegou o rosto dele bem perto e tirou um fio de cabelo do meu rosto. – Mas não se preocupe, eu estou cuidando de você.

Seu dedo morno tocou minha pele fria. Era como o vento primaveril.
Seus olhos brilhavam intensamente.
Senti minhas bochechas queimarem.

– O-Obrigada. – minha voz saiu estranha justamente por ficar tanto tempo sem falar.

– O prazer é todo meu querida.

Um Bip vindo das caixinhas de som espalhadas pelo hospital chamou nossa atenção;

– Dake, por favor comparecer ao quarto 425 – a voz da recepcionista do hospital.

O loiro fez uma careta e voltou a olhar para mim. Seu rosto estava tão próximo que sua respiração quente tocava em minha bochecha.

– Preciso ir. – Seus olhos percorreram todo meu rosto com muita atenção. – Você ainda não esta nada bem. Volto assim que puder , ta bom? – Seus dedos percorreram a franja do meu cabelo, ele ainda me olhava e com o tempo vi que estava preocupado. “O que eu estou fazendo de errado? – pensei. – Tudo bem?


Me lembrei de respirar.

– Ah! Sim Dr. – disse desesperadamente.

Ele sorriu, uma gargalhada alta que iluminou o quarto.

– Não sou Dr. Me chame de Dake, ou... Amor, se preferir.

Ele piscou com o olho direito e saiu.





Ao abrir a porta uma outra enfermeira estava o esperando.
Ele olhou para ela e disse enquanto pegava os papéis da mão dela.


– Vamos lá Jack, é o quarto do ruivinho estressado.


A enfermeira deu um leve sorriso.



– Não me diga que você também é afim dele?! – Dake fuzilou a moça.




– Não! Mas é engraçado ver vocês discutindo, “Barbie”. – ela imitou a voz do Castiel ao dizer “Barbie”.



Ele olhou para mim e sorriu, fechando então a porta.



– Se sou a boneca Barbie ele é o boneco Chuck.



Suas vozes ficaram um pouco distantes mas ainda pude ouvir.




– Mas ele é mesmo um gatinho. – era a voz da Jack. Um breve silencio surgiu. – Ai Dake! Não precisa beliscar!



A risada dele invadiu meu quarto.


– Isto é por falar besteiras. E digo mais, seu “gatinho” esta mais é pra cachorro.


Com o som de outra porta se fechando perdi as suas vozes.


Fiquei sorrindo por um bom tempo sozinha no quarto.