– Aqui esta!- estendi a ficha para Nathaniel.

Ele se virou nitidamente surpreso, depois de um leve susto.

– Você tem pés leves.- ele respirou fundo, tentando diminuir os batimentos cardíacos. E então viu a assinatura – O você aprontou ?

Sorri e entreguei o papel para ele.

– O feitiço caiu sob o feiticeiro.

Ele olhou novamente, mas agora com certa vagareza para a assinatura.

– E como isso foi possível? – me analisou com seus olhos cor de mel.

– Ele tinha que assinar minha ficha de participação no clube por que eu...bem... eu “ajudei” meu clube.

– Ah, sim. A mimosa.

Ruboreci.

– Sim. Quando quase te matei de alegria.

Ah, não fique vermelha deste jeito. Não foi tua culpa. – ele sorriu. – Foi uma boa desculpa e deu certo. – ele mostrou a assinatura. – Muito obrigada.

Olhei para o chão com tanta vergonha que senti meu estomago revirar.

– Tudo bem. Eu precisava de uma vingança então... você me ajudou novamente.

– Ele guardou as folhas numa pasta e olhou para mim. Quando finalmente abriu a boca para dizer algo o sinal bateu. Um som agudo e estridente.

“ Ótimo para minha dor de cabeça.”

– Preciso ir! – eu disse assim que o barulho diminuiu.

Era aula minha de Artes e faríamos uma escultura com argila.

Shiu é minha dupla, o que era ótimo já que ela é muito boa desenhista e aposto que se daria muito bem com argila.

– Preparada para fazer arte? – perguntei sorrindo para ela, que estava distraída desenhando algo.

– Ah sim. Deve ser legal esculpir em argila.

– Também esta de ressaca?

Não, wu não bebo. Mas acordei com uma dor de cabeça terrível. Deve ser pelo sim alto do Show.

Ajeitei minha cadeira.

– Sim, deve ser isto. E deve ter gritado muito, hein? – sorri pois sua voz estava tão rouca que mau podia ser ouvida a um metro de distancia.

Ela olhou para as mãos, ficando vermelha.

– É sempre assim todo show.

Um silencio surgiu entre nós. O ar tornou-se tenso como pouco depois de um relâmpago cortar o céu.

– Imagino que você goste muito dele.

Ela olhou para mim, com os olhos arregalados.

– Ele?!

– Que-quero dizer... deleSSS.

– Você já sabe, não é? – ela olhou para mim, rendendo-se e eu assenti. – É complicado.

– Se declare.

– Eu já fiz isso.

Arregalei os olhos.

– Já?! – pigarreei, tentando manter um timbre calmo. – É como ele reagiu?

– Ele era muito atencioso comigo e foi inevitável eu não gostar dele. Eu sou assim sabe? E temos tanto em comum... – uma nuvem de pesar cobriu seus olhos – mas ele já tem um amor- a musica. Ele é muito apegado a ela e isso o torna distante. Até que ele descubra a amar uma garota, não posso esperar que ele goste de mim.

– Verdade. – foi o que consegui dizer.

Mas eu TINHA que falar algo a mais, ela olhava para mim esperando minha resposta.

– Melissa? – a professora me chamou. – Venha cá. Me levantei e fiz o que ela disse. – Pegue mais uns 2 kilos de argila para mim na sala dos representantes, eu tenho certeza que os coloquei lá... – ela pensou um pouco. – é que não coube tudo na dispensa. Faça isso por mim, tá bom?

– eu estava com sede e totalmente sem palavras para ajudar Shiu então...

– Esta bem!

Andei pelos corredores tranquilamente, pensando no que a Shiu acabara de me falar. Imagino como deve ser difícil ver ele sempre e ter que lidar com estes sentimentos. Mas a vida é uma Montanha Russa e o que for para ser, será.

Weronnikah passou por mim e me lembrei do Castiel. Olhei para ela e havia um sorriso sinistro em sua boca marcada com batom vermelho. Uma ameaça ou algo que fez. O jeito como ela sorriu...

Virei o corredor sentindo calafrios.

– Assuma suas responsabilidades, seu... – era a voz do Nathaniel.

– Responsabilidade?! Interessante você falar disso já que sua RESPONSABILIDADE era VIR falar comigo e PEDIR para que eu assinasse aquela droga de ficha!!!...

– Você nunca assina...!- Nathaniel interrompeu Castiel.

Eles estavam no final do corredor, longe das salas de aula. Mesmo estando aos gritos, o corredorzinho abafava o som.

– ...E não ter mandado uma garotinha no seu lugar!!! – Castiel continuou.

– Sim, e foi esta mesma GAROTINHA que te enganou facilmente!

– Eu vou te mostrar o que acontece com quem me provoca...- Castiel fechou o punho e se inclinou em direção ao Nathaniel e o empurrou contra o armário.

Nathaniel segurou a gola da jaqueta do Castiel e ambos bateram com força no armário.

O murro que Castiel pretendia acertar na cara do Nathaniel acertou o armário enquanto Nathaniel escapava do alcance dele.

No mesmo giro acertou as costelas do Castiel, que gritou de dor.

– Seu filho da mãe. – Castiel falou ente uma espécie de grunhido animalesco. Arrumou a postura e avanço contra Nathaniel, agora se certificou em segurar a camisa dele e acertou o soco no nariz.

As gotas de sangue chegaram rápido até o chão.

Socos, murros, chutes e gritos tornaram-se materiais.

“ Preciso fazer algo antes que ele se matem...”

Mas como eu separaria os dois?!

Olhei para os lados...o som da luta ainda era audível.

Uma idéia...

Rápido!

Corri pelo corredor o mais rápido que pude.