P.o.v Nicolly:

Estávamos na padaria da esquina sentados em uma mesa mais afastada da entrada, caso alguma fã ou fotógrafo aparecesse. Ele parecia nervoso e inquieto, me olhava a cada 5 segundos.

- Já pode me contar? – ele me encara com seus grandes olhos verdes me pedindo uma explicação sobre isso. Apoio as mãos na mesa e olho as cicatrizes, não eram recentes, e não irão ficar pra sempre, com o tempo vai sumir, mas ainda são presentes, as da perna são mais recentes.

- Eu não sei como começar, Haz. – abaixei a cabeça e ele a levantou me encarando.

- Hey, tá tudo bem Nic, só quero saber o porque disso...não consigo imaginar você sofrendo Nic. – ele já estava com a voz chorosa e eu conseguia ver o desespero e a dor em seus olhos, não sabia que tinha todo esse efeito nele, agora só me resta descobrir se é uma coisa boa.

- Haz, eu vou contar tudo – suspirei e o encarei da mesma forma que era encarada, como se conseguisse ver tudo através de um olhar. – Só, entende, ok?

P.o.v Harry:

Não  consigo acreditar que a minha garota faz isso, ou fazia, como ela mesma disse, mas porque se maltratar dessa forma? Porque se machucar?

- Como você sabe, eu vim do Brasil – ela me olhava e dava pra ver em seus olhos um incomodo por falar nisso, peguei em sua mão entrelaçando nossos dedos, e com a mão solta passei os dedos lentamente por cima das marcas em seus pulsos. Senti que ela havia relaxado mais. – Morava com meu – nessa hora ela travou, olhou pra baixo e uma lagrima sua caiu em cima da mesa, imediatamente me desesperei – meu pai, e minha irmã.

Ela suspirou e continuou ainda chorando, limpei sua lágrimas enquanto ela dava continuação a história.

- Minha mãe morreu quando nasci. – me assustei com isso, eu nunca imaginava algo como morte na família – e meu pai me culpa por isso desde então, diz que sou uma – ela soluçou baixinho e imediatamente a abracei. – ele diz que sou uma inútil, assassina e – não aguentei vê-la chorar daquela forma desesperada, ela tentava inutilmente esconder o rosto, provavelmente com vergonha por eu estar vendo-a chorar. A abracei beijando seu rosto. – ele me batia com frequência...e na ultima discussão ele me mandou pra cá. Se bem que não foi castigo, não é? – ela me olha  e sorri melancolicamente. A minha garota, a minha princesa sofreu tanto, onde eu estava que não podia ajudá-la? – e, ontem quando você chegou lá em casa, lembra que eu tava chorando? – eu assenti e ela continua – ele me ligou, disse que vai mandar um amigo aqui pra me vigiar, o problema, é que esse amigo dele é digamos...um bandido, não sei explicar, e se eu fizer qualquer coisa fora dos padrões da família do meu pai, ele irá me – a calei com um beijo, eu sei “a mídia Harry” mas eu simplesmente não podia ouvir ela dizer aquilo, não podia mais ouvir o que a minha menina passou por todo esse tempo. – eu não posso nem ser vista com você, acredita? – por um momento esqueci como respira, ela vai se afastar de mim?

- Nic, eu to aqui agora, eu não vou deixar ninguém te fazer mal algum, tem noção do quanto você é importante pra mim? Do quanto eu desejo voltar no tempo e te ajudar? – a essa altura eu já chorava, sim, eu estava chorando publicamente.

- Obrigada Haz! – ela sorriu com o rosto molhado e eu percebi que não existe outra função da minha vida sem ser cuidar e proteger a Nic, a minha Nic. 

- você é a minha vida agora Nic!