Chapeuzinho Vermelho escrita por Nana San


Capítulo 19
Chapeuzinho Vermelho - XVIII


Notas iniciais do capítulo

Se eu dissesse que estou louca para escrever o próximo cap e contar de uma vez o segredo do menino, vocês acreditam???



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Eles pararam de contar quantos dias estavam treinando, apenas aproveitavam a luz dos dias para subir em árvores, caminhar, conversar, contar histórias um para o outro, conhecer-se melhor.

– É amanhã. - Disse Violet enrolando-se no lençol.

– Amanhã será um grande dia... - Bocejou o menino.

Apagou o abajur e desejou boa noite como de costume. O menino se revirou de um lado para o outro tentando encontrar um lado confortável para dormir, mas não era a posição que o incomodava.

– Violet. - Disse acendendo o abajur - Preciso te contar o meu segredo. Já confio em você.

Ela sentou-se rapidamente na cama e começou a coçar os braços - dava para isso quando se sentia nervosa.

– É que eu... - Ele começou.

– Eu também gostaria de te contar meu segredo! - Interrompeu-o - Mas não queria que ficasse chateado ou com medo depois. É muito pessoal, mas já que agora posso confiar em você, e você em mim. Ai! Como conto isso para uma criança?!

– Não acredito que seu segredo seja pior ou melhor que o meu. Quanto a infantilidade, fique tranquila, acho que posso aguentar o que tem para me contar.

– É que eu... Eu sou uma loba.

O menino virou o pescoço para encará-la de outro ângulo e deu de ombros.

– Não. Quer dizer, é verdade! Esse meu amigo, o Lorenzzo, foi ele quem me transformou no que sou hoje, não sei explicar bem como foi... Só sei que acordei, depois de uma situação constrangedora, assim! Com o dobro de cabelo, unhas e massa muscular. Não sabia mais andar de pé... Você viu.

Ele permaneceu olhando-a com uma expressão mais tranquila do que quando acendeu o abajur, como se ainda estivesse tentando entender o segredo de Violet, mesmo não dando sinais de pavor ou medo de ter estado dentro da mesma casa que um animal selvagem.

Soltou uma risada e abraçou o travesseiro esperando a que ela continuasse contando como normalmente acontecia quando ele contava uma de suas histórias sobre um lugar chamado Europa, guerras com espadas, canhões e arco e flechas.

– É isso. Acabou. Sinto-me mais aliviada em ter te contado. Mas... O que ia me contar?

Ele a olhou de cima a baixo. Perdera mais uma oportunidade. Ah, ótimo, mais um adiamento.

– Não é nada importante...

– É sim! Pode me contar!

– Eu tinha uma irmã mais velha. Ela... Morreu. Problemas no coração, ela era um pouco ansiosa demais. O segundo motivo por ter vindo até aqui, de tão longe, foi para visitar seu túmulo.

– Como pode? Ninguém é enterrado aqui há muitos anos, pelo que eu sei, ninguém é enterrado de fato. Não em um lugar que se possa lembrar para visitar depois. Não há cemitério por aqui...

A ideia de não haver cemitério não era o imaginado pelos habitantes - evitar o culto do sofrimento - era para não deixar as pessoas perceberem o tempo passando, porque raramente alguém morria, ou nascia. O Bosque não era um lugar... Digamos... Movimentado.

– Minha irmã morreu há muito tempo, Violet. Muito tempo. Acredito que o túmulo dela seja a primeira coisa que o Bosque tenha tido... Mas, bem, não quero mais falar nisso. Amanhã será um dia importante para você, chega de coisas tristes.

Ele apagou o abajur e se acomodou debaixo dos cobertores. Não havia mentido, mas também não tinha contado toda a verdade... Sentia-se mau. Sentia-se um menino muito mau.

– Lamento por sua irmã.- Disse Violet pigarreando, tentando manter a voz e os punhos normais.

– Não se preocupe comigo, vou ficar bem.

Violet sentiu algo se torcendo dentro da barriga. Angústia por perceber no Menino tristeza ao falar da irmã morta e receio por ele não ter demonstrado nenhum tipo de aversão a uma loba. Não adiantaria em nada se preocupar antes de dormir, porque afinal, ele lhe foi tão útil nos últimos dias, tão amigo... E talvez fosse esse fator que mais a intrigava.


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Notas finais do capítulo

AI QUE NERVOSO.
Reviews pessoal, estou ansiosa pelos comentários *----------*