Anti-social escrita por UnknownName


Capítulo 9
Maldita chuva


Notas iniciais do capítulo

Bom dia ^^ Ah, depois de ler o capítulo, deem uma olhadinha nas notas finais, sim?



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Se eu dissesse que Sarah era estranha, não seria uma novidade, certo? Afinal, eu sempre digo isso. Mas ultimamente eu andava estranho também. Seria culpa dela? Afinal, pegamos os hábitos com os quais convivemos...

─ Mas, espera! ─ Falei, batendo na mesa ─ Eu não convivo com ela! Ela que vive correndo atrás de mim!

Olhei em volta, um pouco envergonhado. Não era legal gritar e fazer barulho em uma biblioteca. Imediatamente vários "Shhhh" soaram de todos os lados.

Por quê eu estava em uma biblioteca? O Joe praticamente me obrigou a ler alguns livros que me ensinassem a ser mais entrosado. Que tipo de livros seriam esses? Uff... Tediosos e sem graça romances(na maioria). Ele me uma pequena lista, com alguns que ele recomendava. Eram na maioria aqueles livros de histórias que todo mundo conhecia. "Um Amor pra Recordar"; "Querido John"; "Diário de Uma Paixão"[...]

─ Joe, você é um fã e tanto de Nicholas Sparks, uh? ─ Comentei comigo mesmo. Tinham também outros livros diferentes, como "Sempre ao Seu lado", "Marley & Eu"...

─ Você quer me transformar num gay romântico?! ─ Falei, inconformado com aquela lista. Obviamente eu não teria que ler todos, apenas os que eu mais me interessavam. Mas como ele sabia que eu ia dizer "Então eu não vou ler nenhum!",se apressou em dizer que eu tinha que escolher, no mínimo, 3. E tinha 2 semanas para ler.

Fiquei algo em torno de meia hora encarando as obras dispostas à mesa. "Acho que vou pegar um de drama, e um de comédia.". Marley e Hachiko já estavam escolhidos. Mas faltava mais um...

─ Sem chance de eu escolher um romance meloso desses! ─ Murmurei, com a sombrancelha direita inquieta.

Suspirei pesado e apoiei as costas na cadeira, com a cabeça pra cima.

─ Ooooi! ─ Sarah me saudou de repente, e eu caí no chão com o susto. ─ O que você faz na biblioteca? Pensei que não gostasse de livros... E ainda mais romance! ─ Ela olhava para os ditos cujos na mesa.

─ Arg... ─ Me sentei novamente, com a mão na cabeça, que doía com a batida ─ Eu tenho que escolher 3 desses livros ─ Estendi a lista para ela.

─ Uau! ─ Ela se impressionara.

─ Que foi? ─ Perguntei.

─ "Outro mundo"! Esse livro é fantástico! ─ Seus olhos se arregalavam.

─ Esse eu não tinha visto... Eu nunca ouvi falar dessa história. ─ Peguei o papel para ver melhor ─ O que é?

─ É um romance. ─ Imediatamente fiz uma expressão de "Blargh" ─ Misturado com ficção científica, quer dizer, mais ou menos. Eu altamente recomento. Conta a história de duas pessoas sonhadoras, que passavam a maior parte de sua vida pensando, sonhando. Em seus sonhos, imaginavam a pessoa perfeita, sem fazer ideia de que essa pessoa era o próprio outro sonhador. Eles se viam todos os dias, mas só bem mais tarde foram conversar pela primeira vez por acaso. É uma história linda, e acho que você vai gostar. Não é nenhum daqueles romances melosos.

Pensei por alguns segundos. Eu gostara da sinopse.

─ Tanto faz. Será uma leitura em vão mesmo... Não vai me mudar, como ele espera. ─ Falei, e ponderei por alguns instantes. Será que é assim tão impossível me aceitar daquela maneira? Por quê as pessoas procuravam tão desesperadamente mudar quem eu era? "Devemos aceitar as pessoas como elas são", não é isso o que dizem? Exigir um pouco de respeito e consideração, será que isso é pedir demais?

Sarah se sentou ao meu lado ─ Nós podemos ler juntos, se você quiser.

─ Sem chance. ─ Respondi.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

─ Sabe, David, eu meio que te entendo. Você quer apenas ser respeitado, e que todos te aceitassem como é. ─ Ela estava adivinhando meus pensamentos de novo. Cada vez que ela o fazia, eu ficava mais surpreso ─ Não é que nós não te aceitemos, é que queremos seu bem. Eu, em particular, realmente gostaria de ter sua amizade. Você nunca se mete no assunto de ninguém, é inteligente... É uma pessoa maravilhosa. Se você se entrosasse mais, ia deixar as pessoas mais felizes.

─ Enquanto à mim? ─ Perguntei, em um tom natural, mas quase irritado.

─ Hãn? ─ Ela não tinha entendido.

─ Enquanto à minha felicidade? ─ A olhei nos olhos, acho que pela primeira vez. Mas minha expressão não era feliz. Meu olhar era de raiva.

─ Você gosta de ser assim? Só você no mundo e mais ninguém? ─ "Francamente, de todas as vezes que leu minha mente, jamais conseguiu imaginar isso?", pensei.

─ Eu aprecio muito ser só. Foi uma escolha que eu fiz. ─ Bufei e olhei para frente. ─ Mas você não vai desistir de ficar correndo atrás de mim, eu suponho.

─ Nunca! Quero dizer... Foi um desafio que lancei para mim mesma.

O silêncio reinava outra vez.

─ Eu vou embora, preciso ler estes. ─ Me levantei, peguei os livros que precisava e fui embora.

Cheguei em casa e me deitei no sofá. Só de pensar em ler eu já estava cansado. Sem que percebesse, acabei dormindo, e só fui acordar 4 horas depois, às 6 da noite.

Estava realmente quente dentro de casa, então decidi sair um pouco para me refrescar. A temperatura de fora estava agradavelmente amena.

─ Acho que uma caminhada não faz mal à ninguém, não é? ─ Falei para mim mesmo, andando sem rumo.

Andei olhando para o chão, e sem querer esbarrei em alguém.

─ Hey, olha por onde anda! ─ Reclamei, mas ao ver quem era... ─ Uh, é você.

─ Oi! ─ Ela me olhava com um sorriso ─ Está dando uma caminhada?

─ O que parece? ─ Continuei a andar.

─ É verdade que está bem quente. Mas e então, já começou a ler algum dos livros? ─ Ela perguntou e eu fiz que não com a cabeça.

Já faziam uns minutos que eu estava dando uma volta, e ela estava atrás de mim. Ambos nós dois sem pronunciar uma palavra.

─ O tempo passa rápido, né? Já fazer quase 3 meses desde que eu vim para cá. ─ Ela tentava puxar assunto.

─ Hm. ─ Respondi, sem dar muito interesse.

De repente senti um pingo cair no meu nariz.

─ MURPHY, POR QUÊ VOCÊ ME ODEIA TANTO?! ─ Falei com as mãos para cima, ao uma chuva forte começar.

Caminhei lentamente até a minha casa. Eu não tinha pressa, mas o ser ao meu lado era bem escandaloso.

─ Ah! E agora?! ─ Ela repetia incessantemente.

Eu vou para a minha casa. Você eu já não sei. ─ Respondi como se fosse óbvio.

Ela continuou me seguindo todo o caminho, e, quando cheguei, simplesmente entrei e fechei a porta.

─ Quem está lá fora? ─ Meu pai perguntou.

─ Ninguém. ─ Respondi, pegando uma toalha.

─ Ora essa! ─ Ele abriu a porta, e Sarah estava lá. ─ Quem é você?

─ M-Me desculpe. Meu nome é Sarah. Eu já vou embora... ─ Ela tremia, e quando deu o primeiro passo rumo a outro lugar, meu pai a parou e a convidou para entrar.

─ Muito obrigada. Eu não queria mesmo ser um incômodo. ─ Ela se desculpava incessantemente ─ Eu prometo que vou embora assim que a chuva passar.

Ela se secava com uma toalha, enquanto sentada no sofá(meu pai colocara outra toalha sobre o mesmo, para que não molhasse)

─ Troque de roupa. Não quero levar a culpa por uma pneumonia sua. ─ Falei, jogando uma roupa em sua direção.

─ Acho que é do meu tamanho... De quem é? ─ Ela perguntou.

─ Era da minha mãe ─ Falei, secando o cabelo com uma toalha.

─ É verdade, eu não vi sua mãe. Onde ela está? ─ Ela perguntou outra vez.

─ Minha mãe morreu faz 8 anos. ─ Respondi normalmente, pendurando a toalha no banheiro.

Ela ficara paralisada por alguns segundos.

─ M-Me desculpe... E-Eu não... ─ Ela gaguejava.

─ Tanto faz. ─ Respondi, começando a subir as escadas ─ Vou me trocar no banheiro de cima, e você pode usar o daqui de baixo. Ela assentiu e o fez.

Depois de meia hora a tempestade parara, e Sarah foi embora.

"Que merda! Ela está entrando demais na minha vida! Eu não quero ninguém por perto!" Pensei, gritando internamente, enquanto subia para o meu quarto.



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Notas finais do capítulo

Eu esqueci de lhes avisar que essa obra faz parte de uma série que pretendo fazer. "Problemas" seria seu provável nome. O próximo volume será chamado "Bipolar", e na verdade já estou trabalhando nele. Depois, eu estava pensando em fazer uma chamada "Diferente" e assim vai. Uma série sobre as histórias de pessoas com problemas singulares, entendem? O que acham?