Anti-social escrita por UnknownName


Capítulo 47
Um ato de coragem


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, como vão?



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─ Ooooi! ─ A moça era energética, me lembrava de um certo "alguém"... ─ Que rapaz bonitinho! Você é aquele que ofereceu um lugar temporário à minha sobrinha? Muito obrigada!

─ Temporário... ─ Sussurrei pro vento, apoiado na porta.

─ Onde está a Sarah? Pode chamá-la aqui? É que nós estamos com um pouco de pressa... O caminhão da mudança já está a caminho da casa. ─ Elas pediu, simpática.

─ Ela deve estar cochilando no quarto dela... Mas antes de vocês fazerem qualquer coisa, eu gostaria de conversar. Só estou esperando uma pessoa chegar... ─ Olhei para o fim da rua e avistei um carro preto ao longe. ─ Ah, aí está ele.

─ Tudo bem garoto, mas não demore demais, ok? ─ Dessa vez foi o homem que acompanhava a moça que falou. Provavelmente era o tio.

─ Como desejar. ─ Me desencostei da porta, e caminhei em direção do carro que acabara de estacionar. De dentro dele saiu o homem que eu provavelmente mais odiava no mundo: O pai da Sarah.

Ele me encarou com desgosto, e cruzou os braços. Tentei manter a calma, e manter uma expressão séria e normal.

─ Pronto, aqui estou. Fale logo. ─ Ele estava com pressa, queria sair dali o mais rápido possível. Bom, pelo menos compartilhávamos o mesmo sentimento.

─ Obrigado por ter vindo. ─ Eu não queria agir educadamente com ele, mas era preciso. ─ Já que é o que quer, vou ser direto e rápido. Só quero que saiba que fazer isso vai ser humilhante e eu só vou fazê-lo pela sua filha.

Ele me encarou com dúvida, e, depois de um tempo tomando coragem, dei dois passos para trás, ajoelhei-me na grama, e o encarei no olhos.

─ Por favor, deixe a Sarah ficar conosco. ─ Falei, sério e em voz alta. Os tios observavam a cena calados.

─ Você já me pediu uma vez. Eu disse que deixaria ela ficar até eu conseguir outro lugar, e agora ela vai para a casa dos tios. 

─ Eu sei disso! ─ Fitei o chão. ─ Eu quero que você deixe ela ficar permanentemente! Se você transferisse a guarda dela pro meu pai, eu seria muito grato. 

─ V-Você... Sem chance! Ela não precisa ficar aqui! ─ Ele estava perdendo a paciência.

─ Tanto quanto não precisa ir! Ou melhor, é muito melhor ela ficar do que ir. Você acha que já não basta? Essas mudanças... Ficar trocando de casa, amigos, escola, já chega! Você não sabe o quão mal isso faz à ela! E... A mim também. ─ Olhei em seus olhos mais uma vez.

─ É muito melhor para ela ficar com a família do que com outras pessoas. ─ "Estou vendo que vai ser difícil..."

─ Perdoe-me dizer isso, mas... Da última vez que ela ficou na casa de alguém da família dela a pessoa responsável a causou um trauma, cometendo um crime de abuso grave. Tem certeza que a família é melhor? ─ Dessa vez eu falei mais baixo, para que só ele ouvisse. Ficamos nos encarando por um tempo.

O que eu dissera parecia tê-lo acertado em cheio, pois o mesmo ficou sem resposta. 

Ouvi barulhos vindos de dentro de casa, e Sarah apareceu na porta(vi pelo canto do olho).

─ David? O que está acontecendo? Tia Anne? ─ A garota perguntou, confusa, mas tive que ignorar. 

─ Por quê quer tanto que minha filha não vá? ─ O pai dela perguntou, mais calmo.

─ Isso é fácil. ─ Sorri. ─ Porque eu a amo.

Foi um choque. Não parecia, mas meu coração estava tão acelerado que eu mesmo podia ouvi-lo. Todos levaram um susto, inclusive o homem à minha frente. 

─ Levante-se. ─ Pude perceber que a aura á nossa volta havia mudado. Não pude deixar de abrir um grande sorriso, enquanto retomava minha pose. ─ Escute, eu não gosto de você. Também não acho que chegarei a gostar um dia. Porém, eu lhe respeito. Minha filha provavelmente estaria em boas mãos com você. Parece que sua insistência valeu a pena.

Pela primeira vez, aquele homem sorriu. Sarah estava exaltada, e eu também.

─ Parece que ela não vem, então, né? ─ O tio, que até agora mal havia se pronunciado, falou. ─ Vamos embora, Anne. 

─ Mas... ─ A mulher hesitou um pouco, mas finalmente cedeu. ─ Bom, não tem jeito. Até mais querida, e vê se se cuida. ─ As duas partilharam um abraço, e ela foi até o carro, acenou mais uma vez e foi embora.

Respirei aliviado. Minhas pernas tremiam, por algum motivo.

─ Sabe, David, somos parecidos em muitas coisas. Mas, diferente de mim, você é um bom homem, eu admito. Vou acertar tudo com o seu pai depois, pode ser? Preciso resolver uns assuntos. ─ Ele caminhou até Sarah e deu-lhe um abraço de despedida. Sussurrou também coisas que não entendi.

Nos despedimos com um aperto de mão, e ele foi embora. Quando tivemos certeza de que já tinha ido, eu e Sarah comemoramos com um abraço.

─ Eu não posso te agradecer o suficiente! ─ Lágrimas pingavam em meus ombros. ─ Mal posso acreditar que você conseguiu!

─ Acho que eu não ia aguentar se você fosse embora, depois de tanto tempo. ─ Eu estava a ponto de chorar também, mas não o fiz, para manter minha  masculinidade, pelo menos um pouco.

─ A propósito, eu também te amo. ─ Ela me disse, com um sorriso, e antes mesmo que eu pudesse sentir vergonha a garota me deu um beijo. A segurei na cintura, aprofundando-o mais. "Acho que por hoje não preciso agir com anti-socialismo..."

Depois de um tempo, ouvi um barulho de carro logo atrás de mim, e parei o beijo imediatamente. Era o meu pai.

─ Epa epa epa, o que é isso? David, você não me contou nada! ─ O homem me observava com um olhar malicioso.

─ B-B-B-Bem... É que... ─ Eu ia falar, mas fui interrompido (ainda bem, eu não iria saber o que falar mesmo).

─ CHRIIIIIIIIIIIIISSSSSSSSS ─ Sarah correu em sua direção e o sufocou com um abraço. ─ Posso te chamar assim né?

─ O que aconteceu?! ─ A cara de confusão dele era muito engraçada, e eu não segurei minha risada.

─ Vish, muita coisa. Vamos conversar lá dentro. ─ Sorri, e todos entramos. Fênix abanava o rabo e lambia meu pé, o que fazia cócegas. Parece que ele também sabia o que ocorria.

Foi difícil explicar o ocorrido para o meu pai, já que o mesmo se exaltava com qualquer coisa, mas consegui falar resumidamente.

Mais tarde comemoramos com um churrasco. Como meu pai não ia me deixar beber, eu me entupi de Coca-Cola. A dor de barriga mais tarde foi a consequência de todo o gás ingerido... Mas foi uma noite legal.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam dos reviews!
~Aya