My Beautiful Venice escrita por Lirium-chan


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Segunda fanfic de APH, primeiro Spamano. Espero que gostem, me esforcei muito mesmo! Ainda que tenha sido nas pressas. Eu gostei muito de escrever, foi feita para alguém que eu admiro muito~~
Glossário no fim do capítulo.
Revisado por mim (não muito meticulosamente, devo avisar-q) qualquer erro, é só apontar.
Boa leitura~~



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O barco flutuava pelas águas de Veneza, enchendo os olhos dos passageiros com a visão da romântica cidade misteriosa. Lovino Vargas, no entanto, não estava a apreciar a beleza da Cidade dos Pombos. E poderia responder a isso com dois motivos distintos. Primeiramente, estava mais que acostumado com a paisagem local, já que a visitou e residiu tantas vezes que sequer poderia contar. Também achava que, apesar de indiscutivelmente bela, trazia aquele ar melancólico, que o fazia pensar na cidade veneziana como um túmulo. Mesmo que o governo se recuse a deixar que aconteça e busque encontrar soluções para tal problema... Veneza não acabaria por ser, mesmo que estejamos falando de um futuro muito distante, inevitavelmente tomada pela água? A verdade era que simplesmente não conseguia mais sentir que pertencia aquele lugar.

Lembrava de que a noite na qual fugiu de casa tinha, sem dúvida, um céu noturno e escurecido tal qual o que se mostrava a ele agora. Recordava-se de ver seu avô e seu irmão juntos, todas as bênçãos do avô eram derramadas em cima de Feliciano, e ele era apenas a sombra do irmão mais novo, que nunca conseguiria alcança-lo em nenhum aspecto. Quando chegou a Roma (aonde vive atualmente) ele não teve escolha a não ser envolver-se com a máfia, como um meio de sustento. Não que isso seja importante agora. Mas ter se afastado assim da família, ainda tão jovem, gerou uma notável falta de intimidade perto do irmão, não conseguia dar-se muito bem com Feliciano, mesmo que há poucos anos (depois do desaparecimento do avô) trocassem e-mails e telefonemas constantemente.

Acabou, sem querer, por se recordar do motivo pelo qual retornava a Veneza dessa vez. Lovino realmente fora convidado por Feliciano inúmeras vezes a retornar para a cidade, e ele tentava ir sempre que podia – quando o seu trabalho não entrava em detrito com essa perspectiva. Talvez se sentisse culpado por não ter sido presente na vida do outro, talvez não estivesse fazendo nada melhor, talvez tentasse em vão amar a cidade novamente.

O irmão lhe telefonara, pedindo-lhe incessantemente para ir visita-lo e conhecer seu novo grande amigo, Ludwig. “O Lud é tão incrível!” exclamava ele, “Eu tenho certeza de que você irá adorar o Lud, fratello!” Sinceramente, estava morrendo de vontade de esmurrar o tal do Lud. Será que estava com raiva porque essa outra pessoa conseguiu se tornar amigo de Feliciano tão rápido? Talvez sentisse ciúmes porque alguém parecia ter se tornado mais próximo de seu irmão, que não ele? E a culpa só podia ser sua. Estava sempre com o temperamento explodindo, insultando Deus e mundo, mentindo para se sentir melhor, além de ser covarde e desastrado. Droga.

Balançou a cabeça com irritação, talvez estivesse pensando demais. Levantou os olhos, percebendo que uma moça sentada ao outro lado o fitava descaradamente, a mesma corando ao ser descoberta. Era uma estrangeira. O italiano sorriu galante, começando a cortejá-la quase automaticamente com seu inglês primitivo. Seus lábios roboticamente citavam poesias decoradas, a comparava a flores, jurava-lhe parecer um anjo e gesticulava exageradamente com as mãos, sem jamais deixar de manter contato visual. E ela acreditava. A garota, da qual não se sabia nem mesmo o nome, acreditava ingenuamente em cada palavra do rapaz, e por que não haveria de fazê-lo? Alguém com um rosto como aquele não tinha como pensar diferente do que falava, tinha? O que poderia dizer? Dar em cima de belas damas era praticamente coisa da família. E as garotas tinham essa coisa que fazia com que ele se tornasse, assim subitamente, extremamente amigável e gentil perto delas. Principalmente se fossem bonitas. E aquela ali era.

A embarcação parou, alguns passageiros desceram e a tal da garota bonita foi levada entre eles, arrastada forçadamente por outra garota, provavelmente amiga dela, que estava sentada na outra ponta do vaporetto. Lovino bufou com a irritação transpirando de seus poros. Droga! Na torrente de elogios que a lançou, não havia conseguido seu número, aonde iria se hospedar e nem ao menos sabia o nome dela. Chegava a se sentir burro agora. Pendeu a cabeça para o lado, notando que o homem ao seu lado dormia profundamente – ele estava praticamente babando.

Era jovem, bonito, tinha a pele morena e cabelos escuros levemente cacheados. Sem perceber, Lovino se pegou fitando o homem em um misto de encantamento e curiosidade. O outro abriu os olhos, revelando a tonalidade verde que eles tinham. Esfregou os olhos preguiçosamente, percebendo que certo italiano o encarava quase como se houvesse sido pego num feitiço. Corou ao ser pego no ato, nem sabia o porquê de estar olhando tanto para uma pessoa assim, do nada. O homem, por sua vez, avaliou Lovino dos pés a cabeça cuidadosamente.

Hermoso.– Ele pontificou para si mesmo, com um sorriso feliz em lábios.

Tinha cara de quem era espanhol mesmo.

Gracias, imbécil.

– Você fala castelhano?! – O espanhol piscou, abobado. Sua expressão demonstrava um misto de vergonha e surpresa pelo outro ter entendido suas palavras.

– Eu vivo em Roma. É muito comum um romano saber falar espanhol, cazzo.

O espanhol soltou um “ah” de quem entendeu e sorriu encabulado, logo depois estendendo a mão para o italiano.

– Me chamo Antônio Fernández Carriedo, como você se chama?

Antônio era lindo. O nome! Não o espanhol! O outro fitou a mão que lhe foi estendida longamente, como quem trava uma batalha interna, se decidindo por apertá-la firmemente.

– Lovino Vargas.

O espanhol insistia em tentar manter uma conversa com o italiano, mesmo que o rapaz apenas lhe devolvesse respostas evasivas e mal-educadas. Por acaso ele não sabia acessar a situação? Aparentemente não havia se enganado em julgá-lo idiota.

– Quantos anos você tem, Lovi? Eu tenho vinte e cinco!

E ainda tinha esse apelido cretino. E não é que ele não tenha tentado ignorar o outro no começo, mas ele simplesmente implorou tanto e tão escandalosamente que as pessoas começaram a olhá-los, então não podia simplesmente evitar.

– Vinte e três. E dá pra parar de me chamar pela porra desse apelido?! – Respondeu secamente, sem olhá-lo.

– Ah! E no que você trabalha, Lovi? - Ele sorriu aquele sorriso de pura satisfação.

Vaffanculo!

O espanhol começou a rir audivelmente. Mas acabou se controlando, não que ele tivesse notado o olhar mortalmente perigoso que o outro lhe lançara, mas ele ainda queria uma resposta.

Cierto! Disculpa. No que você trabalha?

“... Para a máfia!” Lovino simplesmente não podia sair por aí dizendo isso livremente. Principalmente para alguém que não conhecia, mesmo que o espanhol lhe parecesse alguém confiável.

–... Sou contador. – Respondeu num tom mais baixo, no fim só estava mentindo de novo. Por que mentir para o espanhol o fazia se sentir duplamente culpado?

Antônio fez uma expressão sinceramente surpresa, arregalando os olhos e dizendo quase que imediatamente.

– Sério?! Contador?! Na Itália?! Eu não sabia que você era tão esperto, Lovi! – Seus olhos esmeralda começaram a brilhar, numa espécie de admiração sobrenatural.

– O que está insinuando, stupido?! Por acaso está dizendo que eu não posso fazer isso, cazzo?! E para de me chamar assim, ripugnante! Figlio di una puttana! Ma va cagare!

Lovino irritou-se e levantou do assento, recomeçando a gritar impropérios para o espanhol, que apenas conseguia olhá-lo e pensar que não sabia uma palavra em italiano e também que o rapaz lhe lembrava muito um tomate, vermelho daquele jeito. O clima pesado se instalou no ambiente e, por alguns segundos, todas as pessoas do barco permaneceram em um silêncio fúnebre. Até que um homem baixinho e rechonchudo, com um enorme bigode no rosto, anunciou muito tremulamente que o barco havia parado, e que os passageiros daquela parada podiam descer. Lovino apanhou sua mochila e colocou nas costas, deixando o vaporetto em silêncio, sem nem ao menos olhar para trás e saiu andando para a casa do seu irmão o mais depressa que podia.

Mas que droga! Porque ele sempre acabava se irritando com coisas tão simples?! Não precisava ter sido tão rude com Antônio. Será que a surpresa do espanhol o irritou tanto assim? Ou será que ainda estava bravo com o tal do Ludwig? Do seu avô? Será que no fundo guardava ressentimento de Feliciano? Ou será que estava com raiva de si mesmo? Das pessoas? Ou até mesmo raiva por estar ali, por estar em Veneza? Às vezes tantas coisas passavam pela sua cabeça. Quando ele mentia, quando ele omitia, quando ele trapaceava, quando ele roubava... Não sabia dizer qual delas era a sua verdadeira face. E também não queria acreditar que aquelas eram todas as suas faces, não conseguia pensar em nenhuma que fosse boa no momento. Será que estava se tornando difícil até entender a si mesmo?

Ele encostou a cabeça na porta da casa de Feliciano (como havia chegado ali, em primeiro lugar?). Bufou com irritação, parece que não conseguia ser sincero de forma nenhuma. Começaria a chorar, mas se impediu ao sentir uma presença atrás de si. Virou-se em um ato-reflexo, apenas para dar de cara com Antônio, que respirava pesadamente. Notou que a própria respiração estava pesada. Eles havia chegado ali correndo? E Antônio viera atrás dele? Antes que pensasse em dizer algo, o outro agiu primeiro. O espanhol invadiu a boca do outro com urgência, o prendendo contra a parede e se comprimindo contra o corpo dele. O italiano arregalou os olhos, corando imediatamente e tentando afastá-lo com as mãos, mas o beijo se intensificou e a resistência de Lovino veio em seguida, ele fechou os olhos e pousou as mãos no peito de Antônio. Não queria pensar, ao menos uma vez, não pensaria em nada que não o gosto daquela boca que explorava todos os cantos da sua própria. Afastaram-se com a (maldita!) necessidade de ar, Antônio colou a testa na sua, mesclando as respirações quentes um do outro.

O rosto do mais novo ainda estava em chamas quando o outro pegou na palma de sua mão, fechando algo entre os dedos dentro dela. Selou um último e rápido beijo em seus lábios e correu apressadamente – havia deixado o barco esperando. Lovino olhou a figura do espanhol sumir de sua vista sentindo seu coração palpitar, desdobrou o papel em sua mão a fim de desvendar o conteúdo. Era o número do celular de Antônio. Olhou para Veneza e suas luzes mais uma vez, sorrindo levemente;

A cidade nunca esteve mais romântica do que naquela noite. A linda Veneza. La sua bella venezia.


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Notas finais do capítulo

Glossário:
"fratello"=irmão
"vaporetto"=é um barco que os venezianos usam para se locomover pela cidade, os vaporettos geralmente vão pelos principais canais de venezas. As famosas gôndolas são geralmente usadas apenas por turistas.
"Hermoso"=lindo, bonito
"Gracias, imbécil."= Obrigado, Idiota.
"Cazzo"= Expressão equivalente a "porra".
"Vaffanculo"= Foda-se.
"Cierto, disculpa."= Certo, desculpe.
"stupido"=estúpido.
"ripugnante! Figlio di una puttana! Ma va cagare!"=repugnante! Filho de uma puta! Vá se cagar!
"La sua bella venezia."=A sua bela Veneza.
Notas importantes:
*Na Itália, é extremamente difícil ser contador. Porque há inúmeras leis que se contradizem, fazendo o ato de declarar o imposto de renda algo realmente muito ninja!
*Na Espanha há mais de uma língua a ser falada, castelhano é a mais difundida no mundo e é tida como a língua oficial, e por isso conhecemos castelhano simplesmente por "espanhol"
...x...
Desculpem qualquer coisa que tenha sido traduzida errada. Boa parte disso foi no google tradutor, então botem a culpa nele-q
Nee-chan! Escrevi um Spamano como você pediu... Você gosta de Shounen-ai, certo? Acho que você ia preferir um Lemon, mas eu ainda não consigo escrever, e nem tenho força mental para tal. Espero que tenha gostado, nee-chan. Eu te desejo tudo de bom, tudo de feliz e muitos mangás, animês e Yaoi pela frente! Continue sendo essa pessoa super-carismática, divertida e amigável que você sempre foi. Espero que os seus quinze anos sejam maravilhosos, sim? X3
Quem não for a nee-chan, espero que tenham gostado tambem e me digam o que acharam... Avisem-me se alguém ficou OOC (ainda tenho problemas com personalidades canon)
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