Ps: I Love You escrita por Ghst


Capítulo 60
Capítulo 59 - Covenant




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Winter estava concentrada na prova a sua frente. Na verdade, não estava concentrada, sequer estava se esforçando pra pensar. Estava com a testa franzida. Ainda não se acostumara com as provas extremamente fáceis de história.
A menina se lembrava do quão difícil uma prova de história seria no Brasil. Não que estivesse reclamando do ensino norte-americano, a questão era que no Brasil a matéria história abrangia a história de todo o mundo, desde a origem da civilização humana, até as atualidades mundiais.
Ali, por outro lado, a mesma matéria focava-se apenas nas condições e acontecimentos históricos para o surgimento do Canadá. Isso envolvia, alem do próprio país, apenas a Inglaterra e França, logo as provas ali pareciam fáceis demais para alguém como ela, que sempre se esforçara para tirar dez nas difíceis provas de assuntos mundiais do Brasil.
Ela já respondia a última questão com precisão e certeza, quando uma bolinha de papel bateu em sua mão e caiu no seu colo. Ela arregalou os olhos, vendo o professor se aproximar, e então abriu as pernas e depois as fechou novamente, fazendo o papel descer escondido na calça jeans dela.
Ela entregou a prova ao professor sorrindo falsamente e saiu da sala quase que mancando, tentando manter o papel entre as coxas.
- Mas que diabos? – ela disse a si mesma, quando, longe dos olhos vigilantes do professor, retirou o papel do meio das pernas e o abriu.
A expressão da menina, por um momento, foi indecifravel.
Ela levantou as sobrancelhas e prendeu a respiração. Seus olhos tinham um brilho preocupado.
- Foi bem na prova?
- Aí, que susto, Jimmy! – ela se virou para o namorado, que lhe abraçou pela cintura.
- Desculpa. Eu estava te esperando aqui... Mas então, foi bem? – ele perguntou sorrindo.
Winter passou os braços ao redor do pescoço dele e sorriu.
- Acho que fui bem sim. Estava bem fácil. – ela disse animada. – E você, Sullivan, sabe que tem que tirar notas ótimas nesse semestre para compensar o anterior.

- Nah, nem tando. – ele fez careta. – Mas sim, eu acho que fui bem sim.
- Bom mesmo. – a morena disse e depois lhe deu um selinho.
Jimmy sorriu maliciosamente, olhando o corredor vazio. Depois levantou uma de suas mãos e enlaçou-a a da menina, atrás de sua nuca. Ela a puxou para mais perto e a beijou.
Win se deixou levar, quando sentiu o quão carinhosa e apaixonadamente o rapaz lhe tocava os lábios.
Ela deixou-o intensificar o beijo. Um calor gostoso lhe crescia no peito, dando a menina uma vontade incrívelmente grande de sorrir.
A menina afastou-se de Jimmy.
- O que é esse papel na sua mão? – ele perguntou, olhando para a mão dela que segurava há segundos atrás.
- Ah, nada de importante. A Júlia que, durante a prova, me jogou na mesa. Ela quer que eu vá ajudar ela em um trabalho hoje à tarde. – a menina mentiu e abriu um sorriso tão teatral quanto pôde. – Mas esquece isso, eu quero aproveitar esse tempo que temos até o ínicio da próxima aula.
Ela afastou-se sorrindo e rodopiou. Podia ser alto bobo, mas aquele calor no peito lhe deixava feliz. Dava uma vontade gostosa de correr e gritar... E de beijar.
O menino saiu correndo atrás dela, contendo altos risos enquanto passava em frente as salas de aula.
Depois que os dois se viram no jardim da escola, Jimmy se permitiu rir alto e Win a gritar, correndo do namorado. Pareciam dois doidos, mas estavam felizes.
Jimmy alcançou a menina e a rodopiou para si, beijando-a intensamente.

#

Depois de agradecer a colaboração de Júlia na sua pequena grande mentira, Winter desligou o celular e virou a esquina em uma rua que ela ainda desconhecia.

Ela andou alguns metros, olhando ao redor. Observava as casas atentamente.
Pegou o papel no bolso e observou atentamente o que estava escrito.

...na casa branca de cerca amarela claro...

Ela olhou adiante e finalmente achou a casa que procurava. Não sorriu e nem sequer um musculo mexeu.
Winter estava apreensiva.
Quando finalmente tomou coragem, a menina atravessou a rua rapidamente, e bateu na porta da casa, esfregando as mãos nervosamente.
Ela ouviu passos altos dentro da casa, esperou algum segundo e finalmente viu uma menina pouco mais alta que ela mesma abrir a porta.
- Sabia que você viria – a outra sorriu.
Winter não compartilhou do gesto, apenas continuou a encara-la seriamente.
- Oi pra você também... Leana.

#

Júlia estava em frente a TV ao lado de Kenna. Ela roia as unhas, carregada de nervosismo.
Olhou de rabo de olho para a amiga e pôde perceber que esta apoiava as mãos nas coxas, apertando-as com força.
Ela voltou o olhar para o filme e a cena seguinte a fez gritar.
- Idiota! – Kenna berrou, jogando a cabeça para trás.
Júlia sorriu, sem deixar de lado o nervosismo, e olhou para Kenna novamente.
- Você fala com a televisão? – ela perguntou.
Kenna balançou a cabeça.
- Bom... Eu falo, principalmente em filmes de terror, mas agora mesmo eu não estava. – a morena devolveu um olhar preocupado. – Eu me sinto uma idiota.
Júlia rolou os olhos.
- Você não é a única! Eu, inclusive, estou meio... – ela parou quando o som da campainha se fez mais alto que sua voz. – Um minuto.
Kenna assentiu e Júlia se levantou, indo até a porta.
- Hey, Win!
- AH? Quer dizer... Oi, Jimmy. – ela sorriu amarelo, saindo da casa e fechando a porta atrás de si com rapidez. – Tudo bem com você?
- Tudo. – ele sorriu. – Er... A Win está aí? Digo, não você, minha namorada.
Ela riu. – É claro que não sou eu.

Ele continuou olhando para ela e ela para ele.
Um longo e cansativo minuto se passou em meio a silêncio.
- Er... Então... A Win está?
- AH! – a outra sorriu novamente. – A Win... Claro, a Winter, você quer dizer...
- É. – o rapaz franziu o cenho.
- É... Quer dizer, não é... Digo, não, ela não está aqui.
O menino lançou um olhar levemente desconfiado a Júlia, e ao mesmo tempo confuso.
- Não? Mas ela disse que estaria aqui e...
- É! Ela estava. – a amiga lhe interrompeu. – Ela estava até... – Júlia puxou a manga da blusa tentando consultar o relógio, mas concluio que não estava usando um. – Até, sabe, uns cinco minutos atrás... Mas eu, a Kenna e ela tiramos no palitinho quem ia comprar um pouco de sorvete pra gente, e ela perdeu. – a menina mentiu.
- Ah, droga.
- Mas a sorveteria não é longe daqui, se você quiser esperar...
- Não, não... Obrigado. – ele sorriu. – Depois a vejo em casa. Tchau, Ju.
- Tchau Jimmy. – ela riu e deu um beijo na bochecha do rapaz.
Ela fechou a porta assim que perdeu o amigo de vista na esquina e encostou na porta respirando profundamente.
- Winter, cadê você?

#

- Então, o que você quer comigo? – Winter pergou a Leana, não se importando em ser educada.
- Sente-se primeiro, querida. – disse a ruiva, contornando o maior dos luxuosos sofás da sua sala de estar.
Winter, ainda que meio relutante, aceitou o convite e se sentou no menor, enquanto Leana gritava pela empregada, comunicando-se pela mesma em francês, para depois se sentar.
- Ela vai nos trazer um chá bem quente, para podermos conversar mais relaxadas. – Leana disse calmamente.
Win apertou as mãos que repousavam em seu colo.
- Leana, será que você não pode ir direto assunto? – ela perguntou, deixando por um momento o nervosismo transparecer sua voz.
Leana cruzou as pernas elegantemente, e esperou em silêncio até que a empregada voltasse e servisse as duas.
Winter levou o chá a boca e o provou, ficando maravilhada com o sabor.
- Delicioso, não? – Leana sorriu.

- Muito. – a morena assentiu. – Não é como se você fosse me envenenar.
- Sabe, Winter, é por isso que eu gosto de você. Você é um desafio a minha altura, você é desafiadora.
A menina teve vontade de sorrir, lembrando-se imediatamente de Bri, mas se reservou a levantar os olhos para a ruiva a sua frente.
- Espero que não esteja perdendo meu tempo aqui, Leana, tenho muito que fazer.
- Eu sei que tem, querida, mas não fique tão afobada. Hoje eu vejo que realmente perdi para você... Você foi a primeira a me derrotar.
- Nós por acaso, estávamos jogando alguma coisa? – Winter perguntou impaciente.
Leana levantou-se do sofá em um movimento leve e gracioso. Por mais que Win odiasse admitir, ela tinha a classe que poucas garotas tinham.
- Sempre estamos jogando... A vida é um jogo, de não só dois lados, mas vários. – a outra respondeu bradamente. – Temos o lado da malícia, do mal, do bem, da ingenuidade... Vários e vários lados que insistem em disputarem um com os outros... Mas enfim, qual seria a graça se eles não brigassem, não é mesmo?
- É lamentável que você pense assim, Leana...
Leana olhou para Winter e sorriu. A morena estava encolhida em um dos lados do sofá. Ela procurava desviar o olhar e suas mãos trêmulas e impacientes teimavam em transparecer completamente seu nervosismo.
- Você ainda vai descobrir que é verdade... E vai entender que pensar dessa maneira não é frieza ou sequer maldade.
Win levantou os olhos para Leana.
- Por que você não me diz de uma vez por todas o que quer de mim, Leana? – ela perguntou irritada.
Sua cabeça borbulhava, seus pensamentos ferviam dolorosamente dentro dela. Ela sabia que não era corajosa como Bri, por exemplo. Sempre fora uma pessoa tranquila, e estava acostumada a sofrer aqueles mesmos sintomas quando sob pressão.
Tinha medo de cometer algum erro. Não podia mais cometer erros ali.

- Você quer mesmo que eu diga? – a ruiva perguntou, ainda com a voz calma. – Quer mesmo saber o que eu quero com você? Está bem, querida, afinal não quero te deixar ansiosa. O que eu quero é fazer um acordo.
Os olhos de Winter se puseram a encarar Leana mais do que imediatamente. Sua expressão estava completamente diferente, tanto que não parecia a mesma pessoa de um minuto atrás.
Ela agora tinha os ombros relaxados e uma expressão calma. Seus olhos tinham um brilho simplesmente indescifrável.

- Que tipo de acordo? – ela perguntou calma.
Leana abriu um sorriso malicioso.
- Do tipo simples: desiste do Jimmy e devolve ele para mim, que você passar a ser minha melhor amiga, com todas as vantagens que uma melhor amiga minha pode ter.
Win soltou uma gargalhada alta, levantando-se também.
- Leana, olha bem pra minha cara. Você acha que eu sou o que, idiota? – ela disse. Agora seu tom de voz era firme e autoritário. – “Querida”, eu lutei demais pelo Jimmy pra dar ele a você só pela sua amizade.
Leana levantou a sobrancelha.

- Eu sabia que não ia ser fácil te convencer... Mas, bem... Te dou meu cartão de crédito alem da minha amizade.
Winter hesitou por um rápido segundo. Sua expressão tornou-se confusa... Culpada.
- Eu... Não, claro que não. – ela disse e se levantou, pronta para deixar a casa.
Leana segurou no braço da morena antes que essa pudesse chegar no hall de entrada.
- Olha, eu sei que você quer... Está estampado na sua cara... – ela vociferou. – Mas já que isso é pouco pra você, que tal a minha amizade, o que inclui toda e qualquer popularidade que você possa querer, o meu cartão de crédito ilimitado e, alem disso, o meu apoio em uma eleição para presidente do Grupo de Direção Estudantil?
- Eu...
- Não é isso que você quer? – a ruiva tornou a dizer e finalmente largou Win. – Ein? Não quer fazer justiça? Pois faça!
Winter abaixou a cabeça. Seus olhos demonstravam confusão.

- Vamos... – Leana insistiu. – O Jimmy, você vai perder quando for embora, mas nunca perderá o prestígio de colocar o Colégio Huntinghton Beach em ordem novamente.
Winter levantou os olhos, hesitante.
- Eu não posso confiar em você.
Leana tornou a sorrir.

- É por isso que eu até que gosto de você como uma adversária, você sempre sabe com quem está lidando. – a outra disse. – Mas já que sabe que não pode confiar em mim, o que acha que fazermos um acordo por escrito, que nós dois vamos ter uma cópia cada? O acordo determinará que, se você terminar com o Jimmy no período de um mês, contando da criação do contrato, você automaticamente se torna a presidenta do GDE.
- Você não pode fazer isso.
Leana riu alto.

- Você que pensa, querida. Basta a minha assinatura e meu carimbo de presidenta, e não há nada que eu não possa. Mas e então? Interessada?
A ruiva sorriu e estendeu a mão levemente para Win.
A morena olhou para os próprios pés. Ela não deveria estar hesitando. O que estava acontecendo?
- Eu... – a menina parou de falar, levantou os olhos e em seguida o braço. – Aceito.
Sua voz soou tão firme quanto sua mão apertara a de Leana.


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