Ps: I Love You escrita por Ghst


Capítulo 21
Capítulo 20 - Lost in those hazel eyes




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Quase três horas depois do incidente de Win, Jimmy chegou em casa, fechando a porta levemente para que não fosse percebido... Não que fosse tarde ou coisa assim. Apenas não se sentia apto, ou talvez confortável, em topar com Winter pela casa.
Por que, afinal de contas, sentia-se tão desconfortável na presença da menina... Tão... Intimidado.
Bom, ele não tinha tempo pra pensar naquilo naquele momento, ainda precisava pensar em uma forma de...
- JAMES – exclamou sua mãe, da porta a cozinha.
O rapaz virou-se para encara-la.
- Oi mãe, desculpa, eu perdi a hora. – a mulher sorriu, mas parecia haver uma pontada de ironia naquele sorriso. – Eu... Eu vou subir.
- Não, não vai! – ela disse, fazendo-o estancar o passo.
- Não?
- Não...
- Se você diz... – ele sorriu amarelo.
- Não é pra rir, eu quero saber porque você não me entregou seu boletim que, por acaso, foi entregue à uma semana.
Ele coçou a cabeça, nervoso.
- Bem, mãe, eu não me lembrei de te entregar, sabe, eu...
- Não me venha com conversa fiada, a diretora me disse que você disse pessoalmente à ela que eu estava ciente das suas notas. – ela suspirou, decepcionada. – Jimmy, você tirou notas abaixo da expectativa média em cinco matérias.
- Eu tenho dificuldades – ele justificou.

- Não, Jimmy, se você tivesse apenas dificuldades alguma horas de estudo resolveriam o seu problema, mas a questão é que você não anda estudando... Você só sabe andar atrás da Leana de uns tempos pra cá... Pouco conversa com seus velhos e bons amigos, como o Matt, por exemplo, ele poderia te ensinar tudo o que você precisa fazer, mas você só dá atenção para os mauricinhos daquela maldita escola. – ela desabafou em um tom cansado e triste. – Você não é mais o meu Jimmyzinho. – disse maternalmente. – E é por isso que eu odeio cada vez mais aquela sua namorada, foi ela que fez isso com você.
- A Leana não tem culpa de nada. – ele disse, sem saber se isso era realmente verdade. – Eu já disse, simplesmente não consigo entender essas matérias.
- Pois então você vai dizer aos meninos que vai sair da banda por uns tempos pra estudar.
- Mas, mãe, o concurso ta quase no fim, a gente vai ganhar...
- Se não melhorar suas notas eu serei obrigada a fazer isso!
- Só mais uma chance, por favor! – ele implorou.
A mulher massageou a testa, pensando no que dizer ao filho e, não mais que de repente, uma idéia brilhante lhe ocorreu. Juntaria o útil ao agradável.
- É a sua ultima chance. – ela disse, prosseguindo sem deixar o rapaz nem ao menos comemorar. – Mas com a condição de você estudar mais, a Winter poderá certamente te ajudar. A diretora me contou que ela tem tido um desempenho ótimo em sala de aula, logo, ela poderá te ajudar.
- Mas mãe...

- Sem “mas”, James. Se quer continuar na sua banda, terá que seguir a essa regras. – ela mudou o tom para um mais autoritário. – E quero que se sente com ela durante as aulas até ela tirar o gesso, pois enquanto não estiver completamente curada, não vai poder escrever. Se quiser, ótimo, se não, ótimo também, só que você sai da banda.
Ele suspirou. De fato era muito melhor ajudar a tal Winter, do que sair da banda e deixar os amigos na mão.
- Esta bem... Você venceu... Eu a ajudo.
- Ótimo – a mulher sorriu. – Então vá lá em cima falar com ela que a sua nova rotina começará amanha!
O rapaz suspirou cansado e subiu, atrás de Win.
Bateu na porta do quarto dela, que, com uma aparente dificuldade, abriu-a demoradamente.
- Oi, o que foi? – ela perguntou sorrindo. Seus cabelos estavam molhados indicando que ela acabara de tomar banho e, por isso talvez, não tivesse aberto a porta por inteiro, ficando com o corpo escondido por detrás dela.
- Eu... Eu queria saber se você – ele contraiu a boca, desgostoso. – Ah, bom... Se você podia me ajudar nos estudos.
Win levantou as sobrancelhas, curiosa.

- Estudar? E porque você, que me odeia do jeito que odeia, iria querer estudar justo comigo. – ela perguntou, impressionando-o.
JImmy nunca havia pensado em deixar o ódio que sentia por ela tão explicito, preferia fingir que gostava dela e não conviverem em pé de guerra, mas aparentemente ela era mais esperta (e bem mais) do que ele pensava.
- Bom... Eu estou disposto a te ajudar nas aulas, sabe, por causa do seu braço... A minha mãe que pediu... E seria boa uma ajudinha nos estudos.
Ela parou por um momento, parecendo pensar.
- Esta bem. – disse. – Amanha de manha a gente senta junto na escola e... Bom, depois a gente pode estudar a tarde, com o Matt e os outros, ai ajudamos todo mundo...
- Claro... – ele respondeu corado. – Então... Até amanha.
- Até... – ela disse, fechando a porta do quarto.

- Vamos logo James Sullivan eu não quero me atrasar. – Ju gritou de dentro do carro, esperando o rapaz arrumar seu material dentro da mochila. Era tão bom sentir-se no controle da situação.
- Eu já estou indo! – ele disse irritado, entrando finalmente dentro do carro e dando a partida. – Cara, você consegue ser chata, ein?
- Já vai começar, geniozinho xenofóbico? – ela retrucou irônica.
- Isso foi uma indireta? – o rapaz perguntou, começando, finalmente, a trilhar o caminho até a escola.
- Não, foi uma super e básica direta. Exceto para os mais lerdos!
Ele abriu a boca para dizer algo que morreu ali mesmo. Não ousaria brigar com ela para não correr o risco de sair da banda.
- Porque você me odeia tanto?
- O que? Eu que te odeio? Garoto, você só olha na minha cara quando é pra rir dela e EU que te odeio? – ela perguntou incrédula. – Eu somente não sou tonta de deixar você se divertir as minhas custas...
O orgulho do rapaz murchou instantaneamente. Ele maneou a cabeça e deu os ombros.
- Eu só achei que...
- Que uma brasileira se deixaria humilhar? – ela perguntou e viu o silêncio dele consentir. – Eu só queria saber por que você tem tanta raiva do meu país.
O rapaz não responder. Viu por um momento, diante dos seus olhos, uma garotinha sorrir alegremente. Ele sabia o porquê de ter tanta raiva do Brasil.

- Sabe, eu tenho lembranças tão boas de um estrangeiro, que não consigo sentir raiva de você mesmo sabendo o desprezo que tem pelo meu país.
- Namorou algum Californiano?
Ela riu gostosamente. Um sorriso lindo, teve que admitir.
- Não namorei não. – ela disse. O carro estacionou em frente à escola. – Eu te contaria essa história, mas só se você realmente quisesse ouvir.
A boca do moreno de preparou a retrucar com “então nunca vou saber”, mas uma estranha sensação na barriga o fez desistir.
Ele olhou para ela, travando o carro, e a viu se distanciar.
- Ei, espera. – gritou para Win, correndo até ela e a pegando pelo braço. Assim, ela foi forçada a virar-se para ele.
Mas para que isso acontecesse, seus pés teriam que acompanhar o movimento do corpo e como estes não o fizeram, ela tropeçou nos próprios, caindo para cima de Jimmy.
Os dois corpos caíram no chão, praticamente colados.
Win olhava para o rapaz, que o peso de seu corpo prendia no chão. Podia jurar que não estava a mais do que três centímetros do rosto dele.
A respiração dela ficou falha de imediato, enquanto ele, ao contrario, ofegava nervoso.
Porque essa reação? Não fazia sentido... Ela não tinha medo dele, nem sequer gostava dele, porque afinal estava tão nervosa? Porque sentir as mãos dele deslizarem por instinto até sua cintura a deixara tão... Ansiosa? Mas que diabos... Ansiosa pra que?
Os olhos castanhos de Win encararam a boca de Jimmy. Ela parecia ser tão macia. Tão... Desejável. Mas como Winter poderia estar com vontade de beijar James Sullivan? Era surreal, simplesmente impossível.
Ela, pela primeira vez não conseguiu discutir contra os pensamentos involuntários. Seus neurônios pareciam completamente travados, pela sua mente não se passava nada. Estava tudo parado, tudo vazio...
Por outro lado, na cabeça de Jimmy, a situação era completamente diferente.

Suas mãos suavam na cintura de Win e seu rosto estava não só vermelho, mas também quente.
Os lábios dela eram tão rosados, tão atraentes... Ele sentiu-se tentado a tocá-los e, embora sentisse que tinha que se odiar por isso, não teve tempo de lutar contra o próprio instinto. Antes que o fizesse, Win mordeu os lábios de maneira lenta e provocante. Oh Gosh, aquilo o deixava tão perturbado e, talvez pudesse até dizer... Excitado!
Usou os últimos vestígios de razão que ainda lhe sobrava, para chegar a conclusão que aquilo não acabaria bem e, assim, subiu os olhos lenta e preguiçosamente até os olhos da garota.
Ao encarar o brilho daquele lindo par de olhos a sensação foi outra. Eles lhe traziam paz.
A cabeça de Jimmy pareceu acalmar-se e seu rosto voltou ao tom de cor normal. Era como se os olhos dela o acalmassem.
Foi aí que ele se sentiu mais ou menos como ela, sem nenhum pensamento na cabeça. Nada lhe passava pela mente, absolutamente nada. Era até mesmo uma sensação de estar perdido.
Ele não soube mais dizer como era olhar para aquela imensidão castanha a sua frente. Talvez a palavra que procurasse fosse: maravilhoso.
Tanto que ele continuou no chão quando ela saiu, desculpando-se e o ajudando a se levantar.
Win, sem saber o que dizer e completamente envergonhada saiu apressada em direção a sala, deixando Jimmy ali, parado, sem reação.
Não que ele não tivesse o que fazer... Muito pelo contrário... A questão era que...
Bem, ele ainda estava perdido demais para qualquer ação...

Ele ainda se sentia profundamente perdido naqueles lindos olhos amendoados...


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