Percy

A brisa da noite bate de leve nas cortinas da janela de meu quarto. Eu estou sentado na escrivaninha mexendo no facebook. Annabeth acaba de postar as fotos de hoje de manhã.

Hoje foi seu último dia na Good Hight School. Pois é, último dia. sua mãe e seu pai se separaram e ela vai precisar morar com o pai e com a madrasta em São Francisco.

Várias fotos dela com as amigas, especial com Thalia. Silena fazendo biquinhos tristonhos, Júniper sorrindo timidamente, Rachel fazendo caretas engraçadas e tentando deixar o clima animado, mesmo sendo a despedida da amiga.

Os meninos e eu estamos em várias das fotos. Fazendo bicos zuados, imitando as poses da garotas, bagunçando seus cabelos na hora das fotos, e às vezes colaborando para que as fotos saíssem decentes.

Um pequeno sorriso se abre nos meus lábios. Vou sentir falta dela.

-NÃO PAUL!!! - ouvi a voz de minha mãe, Sally, vindo da sala.

-Droga, brigando outra vez. - resmungo.

Ouço os gritos dos dois por alguns minutos até que decido ir até a sala e parar com aquela palhaçada. Faz mais ou menos uns dois meses que eles brigam sem parar! 

Quando saio do meu quarto e me dirijo a sala não encontro ninguém ali. 

-Mas... Onde eles...? - franzo as sobrancelhas olhando a minha volta.

A porta do apartamento está aberta. Saio na direção do corredor. Posso ouvir a voz de Paul dizendo algumas coisas. Viro a "esquina" do corredor e avisto os dois a uns dez metros de mim.

Dou dois passos a frente. As portas do elevador se abrem e ouço um estalo alto. Paul cai desacordado no chão. Meus olhos se estreitam tentando entender a razão. Mas meu cérebro só acaba de registrar a informação quando minha mãe cai sobre ele.

Ambos estão ensanguentados. Meu primeiro reflexo e correr até eles. Cai de joelhos sobre os dois. Chequei o pulso da Sally... Nada. Paul... Nada.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto. Até que ouço um passo a minha direita. Um homem de cabelos castanhos claros e olhos de mesma cor está parado me encarando. Ele me encarava com uma indecisão. Tinha e medo e tentava me fazer sentir medo ao mesmo tempo. 

Minhas órbitas verdes o fuzilaram e em pura adrenalina eu chuto sua mão e arma voa para o outro lado do corredor. Quando levanto e o encaro e o homem sai correndo pelo corredor e desce as escadas saltando os degraus. 

-Covarde! - rosno do topo da escada. Soco uma das portas com força e a tinta descasca. 

Vejo um pequeno objeto caído perto do elevador, me agacho e o observo. 

-O quê? Que tipo de assassino carrega carteira de identidade? - faço uma careta. - Falsa, óbvio. - reviro os olhos, mas mesmo assim a coloco no bolso da calça jeans.

Viro meu pescoço olhando para os dois estirados no chão. Meus olhos queimam e uma única gota salgada atravessa minha bochecha. 

Fazia apenas um ano que eles estavam casados. As contas estavam apertadas, eles estavam sempre brigando por causa delas e principalmente porque estavam estressados.

Paul. Ele não era meu pai, mas, eu aprendi a respeitá-lo e a gostar dele. É triste, mas, eu posso superar. Mas... Ela não. 

Minha mãe. É como se cortassem cabos de aço que me prendem ao mundo. Como se tirassem as grades do berço de um recém-nascido. Como se te jogassem de um avisão sem paraquedas. Eu me sinto sozinho. Ela não está mais aqui, seus olhos estão fechados como se ela dormisse, mas eu sei que ela nunca mais vai acordar sei que nunca mais vai me receber com panquecas azuis no café da manha de sábado.

De agora em diante sou e... Eu.