Wind escrita por Lirium-chan


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Não tenho muito a comentar, excerto que apesar de ter sido bem corrido, acho que o resultado foi bom. Eu gostaria de ter desenvolvido melhor os personagens, no entanto.
Outra coisa... Eu mesma revisei a fic, então pode realmente ser que eu tenha deixado passar alguns erros. Não hesitem em me avisar, por favor.
Boa leitura~~



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O sol começava a recolher-se na escuridão, fazendo com que tons de roxo e laranja despontassem no horizonte. O rapaz olhou novamente para o belo jardim que cultivava, as mais variadas flores enfeitavam a entrada da mansão. Recolheu as ferramentas, encaminhando-se para os fundos e guardando as ferramentas no armário escuro. Olhou de soslaio para um pequeno canteiro de cravos vermelhos que mantinha no jardim dos fundos, se dedicando por um demorado tempo a cuidar exclusivamente daquelas flores delicadas. Quando terminou, já tardiamente, recolheu-se para o interior da luxuosa mansão.

“Boa noite, Diego.” Cumprimentou a jovem cozinheira, enquanto guardava os talheres no armário da cozinha. O jovem apenas acenou com a cabeça. “Você ficou muito tempo no jardim hoje, como sempre. Está começando a me preocupar.” Ela sorriu honesta, colocando um prato de sobras na mesa simples de madeira. “ Obrigado. Desculpe se te deixei preocupada, Chiara” Respondeu ele, sentando-se em frente ao prato e iniciando o seu jantar, enquanto a garota o olhava. “Você não precisa me esperar. Se está cansada, apenas vá dormir.” Chiara sorriu mais uma vez e sentou-se na outra ponta da mesa, brincando com a sua trança “Está bom?” Indagou, apontando para o prato. “Sim.” Ele comia avidamente, talvez mais por fome do que por qualquer coisa. “Fico feliz, mesmo que sejam apenas sobras.” Conversaram trivialidades, como costumavam fazer sempre que podiam. Apenas aproveitavam a felicidade quebradiça da companhia um do outro.

No dia seguinte, Diego estava cuidando de suas amadas flores novamente. O rapaz tinha cabelos negros e lisos, levemente ondulados nas pontas. Era dono de um par de olhos escuros e uma pele beijada pelo sol. Ele sorria discretamente enquanto acariciava cuidadosamente as pétalas de uma das rosas de um canteiro. Ele não percebia que, oculta pela pilastra, olhos com um brilho luxurioso o fitavam. Era realmente um belo garoto. Ela se aproximou por trás, aproveitando-se da profunda hipnose que a flor exercia em Diego. Colocou as mãos nos ombros dele, fazendo-o virar para encará-la, assustado.

Era a filha mais velha da casa. Odete tinha longos cabelos loiros e cacheados, olhos azuis de um tom escuro e uma pele extremamente esbranquiçada. Sorriu angelicalmente, mostrando uma fileira de seus dentes brancos. Abaixou-se até a altura do empregado, que estava agachado, tomando o cuidado de não estragar seu vestido ricamente bordado. “É um belo jardim. Será que você poderia me presentear com uma dessas rosas?” Ela pediu, apontando para a flor que ele segurava. Diego cortou o caule da rosa vermelha e a colocou nas mãos de Odete. “O jardim é seu.” Afirmou simplesmente, fazendo o sorriso desaparecer. “Mas sinto-me agradecido pelo elogio da senhorita. Agora se me dá licença... Preciso cuidar de meus afazeres.” E se afastou com uma reverência.

Odete permaneceu onde foi deixada, tentando manter seu temperamento em controle. “Se eu não estivesse apaixonada...Ele já teria sido demitido.” Falou para si mesma, entrando na mansão. Se fechou no quarto apressadamente, atirando-se na enorme cama de qualquer forma e bufando entre os lençóis, claramente irritada. Já não sabia o que fazer. Todas as vezes que tentava se aproximar do rapaz era cortada, desconversada e praticamente ignorada, como se qualquer coisa fosse mais importante que ela. Não que ele a destratasse, mas, também, não a tratava com mais afinco do que deveria. E o seu ódio era direcionado aquelas flores, aquelas flores que ele estava sempre cuidando, amando, protegendo e idolatrando. Todos a diziam que ela era bela como uma rosa... Porque ele não poderia amá-la como uma rosa também? Perguntou-se, encarando a própria flor deitada ao seu lado na cama.

Escutou uma leve batida na porta, seguida de uma voz “Senhorita, eu trouxe as suas roupas lavadas...Mas, se for incomodar, pode deixar que eu volto mais tarde.” Ela apressou-se para ajeitar-se e sentou na beira da cama. “Não há problema, Margareth. Pode entrar.” A servente ruiva entrou no quarto, carregando uma pilha de roupas em mãos e as depositando na cama também, começando a guarda-las no armário. “Margareth, eu estava pensando sobre aquele jovem jardineiro...” Começou Odete, mas foi interrompida. “A senhorita se refere ao Diego? Algo de errado com ele? O seus serviços não são de seu agrado?” A empregada disparou, fitando a loira com seus grandes e curiosos olhos verdes. “Ora, não é nada disso. É que ele me parece... Muito recluso, entende?” A empregada exclamou um “Ah” compreensivo e comentou, como quem não quer nada “Ele é assim mesmo. Uma pena, um rapaz tão bonito, não é? Tão fechado. Só consegue se abrir perto dela. Ai, ai... O amor.” Odete reprimiu uma careta, fingindo falsa simpatia “Não me diga! Pois ele está enamorado?” Margareth balançou a cabeça, como quem lamenta a perda de um bom partido “Aqui entre nós duas, eu acho que ele apaixonou-se pela Chiara. Você sabe como é... Ah, a juventude!” Suspirou, como se ela própria ainda não fosse uma jovem e rindo divertida;

Oh, então havia realmente alguém que ele amava além das malditas flores.

Chiara. Essa não era aquela cozinheira? Então era por culpa dela, afinal, que ele a não a olhava. Dela e de mais ninguém, não mais das flores, mas de Chiara. O interior de Odete queimou em um ciúme explosivo, fazendo a garota travar a mandíbula, de súbito esquecendo-se da presença de Margareth, que a olhava confusa pela repentina mudança de humor. Precisaria livrar-se de Chiara, de uma forma ou de outra. Sorriu, dessa vez um sorriso diabólico, tinha uma ideia perfeita.

“Boa noite, Diego.” Chiara o cumprimentou naquele dia. Diego a encarou por alguns segundos, sem tomar a discrição de desviar o olhar. As madeixas castanhas da jovem, que comumente as prendia numa trança, estavam soltas e lembravam uma cascata cor de chocolate. Ela sorria docemente, seus grandes olhos mel estavam mais brilhantes que o normal e tinha as faces levemente coradas. Estava linda, ao menos em seus olhos. Colocou o prato na mesa e sentou-se na ponta da mesma, encarando o nada com uma expressão sonhadora. Parecia estar vivendo um sonho bom demais pra ser verdade, algum tipo de felicidade que pudesse ser roubada a qualquer instante.

Ele se sentou na frente do prato, e sentiu que deveria falar alguma coisa. “Você soltou o cabelo?” Ela o olhou, finalmente desperta do transe em que parecia estar com o seu interior. “Sim.” Passou a mão pelos cabelos com insegurança, como se finalmente percebe-se que ainda os havia deixado daquele jeito. “Ficou bonito.” Comentou, desviando o olhar para a mesa. “Ele disse o mesmo, também.” Sorriu, retomando a expressão sonhadora. “Ele?” murmurou, talvez mais para si do que para ela “Senhor Henrique... Quero dizer... Henrique.” Respondeu Chiara. “Ah” Diego soltou um muxoxo, encarando o prato de comida intocada e sentindo seu interior queimar de ciúmes, e de tristeza. “Não estou com tanta fome. Com licença.” E irrompeu porta afora, sem conseguir esconder o humor ácido em seu tom de voz.

Henrique sorria brilhantemente, admirando as flores vermelhas – elas pareciam ainda mais belas que as do jardim da frente. Tinha curtos cabelos loiros cacheados e olhos azuis escuros, lembrando a imagem comum que se tem de um anjo, tal qual a sua irmã gêmea; Odete. Aquelas flores eram definitivamente perfeitas. O significado de entregar cravos vermelhos para uma dama é o mesmo de dizer “Meu coração clama você.” Não havia nada mais adequado. Era curioso como haviam sido cultivados nos fundos. Ora, se estavam nos fundos, como alguém poderia admirar a beleza sublime daquelas flores? Não estava certo. Avistou um moreno em seu campo de visão e não demorou em chamar a atenção do mesmo para si. “Ah! Jardineiro, com licença, será que você poderia colher esses cravos para mim?” Ele pediu, apontando para as flores aos seus pés.

Ele não queria. Porque ele sempre trabalhou no jardim do mestre, cultivando flores para o mesmo. Mas aquelas flores não foram cultivadas para o deleite do mestre e de sua família. Aquelas flores eram para ela, uma prova muda de sua paixão por Chiara. Paixão essa que queimava em seu peito a cada instante, a cada pensamento. Jamais confessaria o seu amor para a garota, mesmo que seus olhos fossem tão sinceros e honestos que qualquer um poderia ter notado, excerto por ela. Sabia que a rejeição era certa, por ser considerado como um irmão para a mesma, então mantinha o sentimento para si próprio. Um segredo do qual ela não sabia.

Olhando a situação por outro lado, ao menos os cravos seriam entregues a pessoa para quem foram cultivados. Também não desobedeceria a um pedido direto do filho do patrão, mesmo que Henrique não fosse exatamente o tipo de pessoa a impor as suas ordens nos outros. Seria, na verdade, ridiculamente infantil de sua parte resistir. Sabia que ela gostava do loiro e precisava pensar no futuro dela. Com ele, Chiara jamais passaria de uma cozinheira pobre e humilde. Com Henrique, ao menos, ela teria uma vida de luxos e prazeres, poderia ver o mundo e ingressar na alta sociedade. Seria feliz e deixaria o seu passado para trás, até que o sussurrar do seu nome já nem significasse mais nada aos ouvidos da morena.

Diego abaixou-se até o canteiro, relutantemente, e começou a selecionar as mais belas, de um tom mais profundo de vermelho. Cuidadosamente puxou uma fita rubra do bolso, amarrando um laço ao redor das flores e por fim terminando o ramalhete. Paralelamente em que fazia isso, Henrique mantinha um monólogo o qual o jardineiro nem fez questão de tentar ouvir, já que estava sofrendo um debate interno consigo mesmo.

“Eu nunca tinha realmente visto ela antes, sabe?” explicava, completamente alheio ao estado extremamente concentrado do outro “Mas então Odete sugeriu que ela possuía sentimentos por mim. Então fui a procura da bela dama, claro, porque sou curioso. Ela é tão engraçada, inteligente, linda e amorosa! Eu sei que apenas conversamos por um par de horas, mas eu sinto como se ela já me pertencesse para a eternidade! E eu sou um homem do momento. Se decidi que é pra sempre, é pra sempre! Não me importa que papai não aprove, vou me casar com ela! Está decidido e ponto final... Claro, se ela aceitar-me, lógico! ” Tagarelava, elevando o timbre de voz de tempos em tempos.

Diego entregou o ramalhete nas mãos de Henrique, e recebeu instruções logo em seguida para avisar a Chiara que o mesmo a estaria esperando no jardim, com um assunto sério a tratar. Resignou-se a tarefa que lhe foi passada, adentrando a mansão procurando a garota. Quando finalmente a achou, passou o recado e a observou. Observou-a com um olhar perdido, observou-a nervosa, observou-a soltando os cabelos e tentando ajeitar o vestidinho simples que usava, observou-a corada e nervosa com o que tanto Henrique queria tratar com ela. Sua garganta queimava, mas ele não fez nada, não disse nada e por isso se arrependeu para sempre. Chiara finalmente correu para o jardim a procura do loiro, e ele perdeu a sua última chance naquele instante.

Ele se escondeu atrás de uma pilastra, observando a cena de longe. Havia o lindo jardim, havia o sol poente, havia o casal tímido no meio do cenário. Eles pareciam levar uma eternidade para conduzir os atos, se perdiam no olhar um do outro, tocavam as mãos um do outro. E Diego só esperava por algo que ele sabia que aconteceria um dia, mas que ele não queria aceitar tão facilmente. Chiara já tinha o buquê de flores em mãos, ela o apertava contra o peito ternamente. Aquelas flores estavam cheias com os seus sentimentos, mas não importava, porque ela só conseguia ver os sentimentos do rapaz em sua frente. Henrique pegou na mão dela delicadamente, ajoelhando-se aos pés da jovem. Seus lábios sussurraram algo doce, uma proposta praticamente irrecusável e a mostrou um belíssimo anel. O tempo pareceu parar, mas ele continuou rapidamente, como quem não para de fluir por atos humanos banais.

Ela riu meio incerta, meio receosa, meio hesitante. Isso fez que o coração de Diego se enchesse de novas esperanças, apenas para voltar a queimar dolorosamente novamente. Chiara rapidamente pulou aos braços do loiro, sussurrando um “sim” alegre em seu ouvido e beijando-o com paixão. Diego logo deixou de presenciar a cena, pois se sentiu sujo e imundo, como alguém que não deveria estar ali, que não deveria presenciar aquela felicidade – pois já estava começando a desejar que eles fossem infelizes, e não gostava disso. Trancou-se no próprio quarto, ainda se sentindo uma peça fora do lugar. Como se ele agora fosse um personagem descartado de uma peça. Encarou a parede, estaticamente, haviam levado de si a pessoa que amava, ela foi tirada de seus braços sem nunca nem ter estado neles. Observou o mundo se tornar gradativamente descolorido, como se não fizesse mais sentido respirar, como se fosse melhor não abrir os olhos novamente, como se nunca mais fosse conseguir sorrir;

E ele esperou a dor diminuir. Ele apenas esperou.


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Notas finais do capítulo

Rin-chan, eis aí uma fic completamente hétero. Eu mereço estrelinhas por essa~~ *apanha* Ok, não. O Yaoi me arruinou para os casais heterosexuais ;A;
Ahem, te desejo um feliz aniversário! Com muita paz, felicidade, notas boas, bolo, mangás e que você continue sendo essa pessoa maravilhosa, supercriativa e engraçada X3~~
Espero que você tenha gostado dessa one, que eu não sei mesmo se vai te agradar... Mas eu tentei dar o meu melhor ;A; (desconte que eu tive que gastar um tempão estudando química)
Saa... Quem não for a Rin-chan, espero que tenham gostado também.
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