“Eu não te amo” foi o que ele disse, e nem chegou a notar às lágrimas que rolavam no rosto da menina. O silêncio se fez entre os dois, nenhuma palavra dita, segundos depois eles estavam se beijando. Inexplicável...

Poderia alguém ser capaz de continuar uma relação mesmo sabendo que só havia amor da parte dela? Para a nossa garota era possível sim. Aquele amor que ela sentia era suficiente para faze-la lutar... E assim a história continuou como se nada tivesse acontecido, exceto no coração da menina.

Passam-se os dias e nossa garota não suportava mais fingir que estava tudo bem. Numa noite de inverno em que a lua se fazia presente no céu e que não caia uma gota de chuva, sentados na cama ela respirou e perguntou:

— Como você consegue fazer planos e continuar comigo se você não me ama? — Enquanto aguardava a resposta ela olhava intrigada para o garoto.

— Eu não sei o que é amar, por esse motivo não digo que te amo — ele falou pausadamente olhando a garota a sua frente. Ela continuava calada e parecia perplexa com o que tinha escutado. Ele continuou — Mas eu gosto de estar com você, me preocupo, sinto sua falta.

A garota continuava calada, ele a abraçou. Ficaram assim por muito tempo.

— Eu não entendo como você não sabe o que é amar — ela cortou o silêncio. No escuro não dava pra enxergar as lágrimas nos olhos da menina.

— Eu gosto muito de você — ele falou enquanto emoldurava o rosto da garota com suas mãos — Depois de tudo que passamos as brigas, ressentimentos, desconfianças, ciúmes e tantas outras coisas, nós continuamos juntos e eu sinto aquele mesmo sentimento, ainda mais forte que antes minha pequena.

— E você ainda assim diz que não sabe o que é amar? — ela o fitava tristemente.

Uma música começou a tocar, ele sorriu e a beijou.

— Essa música me faz lembrar o nosso começo. — ele continuava sorrindo e ela já não entendia mais nada — Sabe você sempre vai ser a minha pequena, minha princesinha, minha bonequinha, a garota que eu quero pra toda a minha vida. Mesmo que eu não saiba o que é amar, você é a única candidata, a melhor e a preferida ao cargo de me fazer conhecer esse sentimento. Você sempre será a única pra mim.

— Então você acha que pode aprender? — A garota agora chorava baixinho, talvez fossem essas lágrimas de um coração que ainda alimentava esperança.

— Sim, e só você pode me ensinar. — ele abaixou a cabeça e a beijou, um beijo apaixonado. A garota tinha a sensação de que estava em outro momento, que tinha voltado no tempo. Aquele beijo tinha o gosto do começo, a mesma intensidade.

Ficaram abraçados durante longas e infinitas horas, fazendo planos e lembrando momentos. Por dentro a menina se sentia feliz, afinal, se aquilo que ele sentia não era amor, então o que seria?

Ela sabia que sempre sentiria a falta de ouvir um “Eu te amo”, mas algumas vezes um gesto é a forma mais simples de demonstrar esse sentimento, e todas aquelas palavras que ela havia escutado naquela noite soaram como uma declaração de amor. E isso era o bastante naquele momento.