Acordou sentindo o seu olho arder, mas daquela vez a sensação era um pouco diferente.

Alguém estava passando pomada nele, e ele não mais ardia.

Abriu os olhos surpreso, vendo quem era.

A albina apenas sorriu calma e continuou seu trabalho limpando o corte.

 - Você está bem?

Ele assentiu com a cabeça.

Outro sorriso meigo se formou em seu rosto.

 - AINDA BEM NÉ CARALHO! - ela berrou em seu ouvido, dando-lhe um susto indescritível - VOCÊ É IDIOTA? PRIMEIRO DECIDE SAIR SOZINHO, DEPOIS AINDA POR CIMA QUER LUTAR LOGO APÓS TER SIDO TORTURADO? TÁ LOUCO LAXUS? E SE VOCÊ MORRESSE, DEPOIS A RESPONSABILIDADE FICARIA EM CIMA DE NÓS, NÃO É? PORRA, TENHA NOÇÃO! PARE DE QUERER PROVAR O QUÃO FORTE VOCÊ É, NÓS SABEMOS DISSO, NÃO PRECISA PROVAR NADA A NINGUÉM!

Ele percebeu que toda a Fairy Tail (pois era onde ele se encontrava) tinha congelado com o grito de Mira, que ainda ecoava mesmo quando seu sermão já tinha acabado. Todos estavam assustados; em tantos anos, já a haviam visto de várias formas, mas nunca tão furiosa.

Ele olhou pra baixo.

 - Desculpe, eu... Me sentia...

Ela o interrompeu, completando ao mesmo tempo em que negava-o.

 - Você não é inútil, Laxus - disse olhando bem em seus olhos, colocando uma mecha de seus cabelos brancos atrás da orelha e tirando o algodão que passava com álcool em seu olho de onde estava, colocando-o sobre a mesa.

Por um instante, ele encarou seus olhos, extremamente surpreso. Como ela sabia o que ele tinha sentido? De novo? Como? Ela encarou seus olhos arregalados com um sorriso no rosto, ele estava estático.

Ela repetiu, colocando a mão em seu queixo de forma que o forçasse a encará-la, como naquela vez em que lhe pedira desculpas.

 - Você não é inútil, Laxus. – repetiu.

E de repente ele se perdeu em seu toque, em seus olhos que pareciam de repente tão ternos e naquele simples pedaço de pele que lhe tocava de forma tão carinhosa. Não resistiu e agarrou sua nuca, puxando-a para perto com força, roubando da garota um beijo, que ela inesperadamente correspondeu.

Suas línguas começaram a lutar dentro de suas bocas, seus lábios fazendo grande pressão um sobre o outro como se tentassem se empurrar até o limite, até praticamente se fundirem. Foi um beijo rápido, feroz, e mesmo assim, nada violento. Era, de certa forma... Uma boa descrição daqueles dois teimosos sarcásticos que não sabiam a maneira certa de se relacionar.

Ele a soltou, surpreso com o que tinha feito, passando a mão pelos lábios.

Ela também estava surpresa, mas sorria.

Mystogan e Erza também sorriam, olhando um para o outro. Então o primeiro fez uma manifestação completamente inesperada, para dizer uma frase que Mirajane reconheceu e que a fez corar completamente:

 - Sinceramente, achei que fosse demorar mais.

E de repente, a guilda toda, incluindo o mais novo casal, explodiu em risadas.

Laxus sorriu para si mesmo, encarando-se no espelho. Deslizou com a mão sobre a marca em seu olho, observando-a no espelho. Em seus lábios, um pequeno sorriso surgia. Ele não havia percebido, mas aquela cicatriz incômoda havia se tornado importante em seu conceito, e ele havia desenvolvido certo carinho por ela, a ponto de deixar seu cabelo pra trás, mantendo-a sempre à vista.

E infelizmente, ele sabia por quê.

Viu, atrás de si, uma garota de cabelos brancos surgir, nua, e sentiu-a abraçá-lo por trás. Sentiu seus seios fartos fazendo pressão contra seu corpo, a pele dela alva, macia e quente. Era quase tão confortável quanto a cama.

 - Não sabia que tinha virado narcisista, Laxus - ela disse rindo, brincando com uma mecha de cabelo dele. Havia muito que ela havia mudado, se transformado em uma garota bem mais doce e gentil. No começo, ele a estranhara, e tiveram problemas, mas nunca deixara de amar o seu jeito de ser - há quanto tempo está se olhando?

Ele largou a cicatriz, deixando a mão pender e olhando pra ela, sorrindo.

 - Não estava me olhando. Só olhando para o passado.

Ela sorriu e, exatamente como em sua memória, o beijou.