Lances da Vida escrita por CaahOShea


Capítulo 10
Capítulo 8 - Caindo a Ficha


Notas iniciais do capítulo

Olá flores lindas do meu jardim, tudo bem? Que saudades de vocês!
Depois de longas quase quatro semanas longe das minhas leitoras lindas, aqui estou com mais um capítulo de Lances da Vida! * comemora* E esse até que não demorou tanto quanto os outros né? Hehehe
Bem, antes de qualquer coisa gostaria de agradecer a todas as lindas flores que comentaram e também favoritaram a fanfic no capítulo anterior. Obrigada flores, de verdade, e obrigada pelo carinho imenso que vocês têm pela fic, vocês são demais!
E um agradecimento de sempre a minha amiga Bella por me ajudar com o capítulo e betá-lo pra mim. Obrigada mais uma vez amiga. Você é show!
Ah, um aviso, o capítulo tem partes bem tensas. Para quem não sabe, dia 25 de Novembro foi o dia do Combate a Violência Contra a Mulher, então, esse capítulo é dedicado a isso, para que por meio a história, possamos nos lembrar que muitas mulheres passam por isso no mundo e que incentivem a todas elas, apesar do medo, que denunciem seus agressores!
Sem mais, espero que apreciem o capítulo, boa leitura!
Até lá em baixo!



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POV. Bella Swan:

Pela minha visão periférica vi o médico se despedir com um aceno rápido e girando os calcanhares para fora do quarto. Estranhamente me vi rodeada pelo quarto branco e abafado, onde bips irritantes martelavam em minha cabeça. E apesar de enfermaria estar vazia eu podia notar facilmente a movimentação frenética de médicos e enfermeiros para atender seus pacientes.

Você tinha um monte de sonhos que se transformaram em visões

O fato de você ter visto o mundo afetou todas as suas decisões

Mas não foi culpa sua

Não estava em suas intenções

♫How To Love - Lil' Wayne[letra / video] ♫

Wendy tinha acordado a pouco mais de meia hora e agora, e olhava fixamente com seus olhos amêndoas sem vida, para a pequena Jessy que dormia um sono agitado, de maneira improvisada ao seu lado na maca. Ela permanecia calada, como se estivesse presa a um mundo só dela.

Muitas mulheres que passavam por aquela situação ficavam além de caladas, muito envergonhadas diante de outras pessoas, e muitas ficavam sem falar por um longo período. Mas eu havia sido incumbida de tranquilizada, pois dois policias estavam esperando lá fora pelo depoimento dela. Depoimento que garantiria que aquele monstro do James fosse finalmente preso.

Me aproximei hesitante avaliando seus hematomas. Apesar de bastante fragilizada, os médicos disseram que ela teve sorte, por que pela gravidade dos hematomas e a forma como ela chegou, desacordada e muito assustada, poderia ter sido muito pior. Estremeci.

– Noite difícil, não é? – Murmurei baixinho chamando sua atenção. – Sente alguma dor? Quer que eu chame a enfermeira?

Ela desviou os olhos de Jessy por um instante e fez que não.

–Quer conversar?

O silencio mortal foi à única resposta que obtive, era como se ela criasse uma barreira, onde ela se sentisse um pouco mais segura, e o silencio era essa barreira.

– Eu sei que esse não é o momento adequado e imagino como você está sofrendo agora. Mas preciso que você entenda que, para que eu possa ajudar, vou precisar que você coopere, entende?

Ela fez que sim com olhos marejados.

– Ele não pode ficar impune. – Murmurei baixinho pegando sua mão livre do soro – Se ele escapar, ele pode machucar outra pessoa, outra pessoa inocente como você. E você tem a chance de salvar-se, de salvar Jessy de tudo isso.

– Eu tinha chegado tarde do trabalho, e estava muito cansada. O hospital estava uma loucura, e eu havia ajudado num trabalho de parto de alto risco, de trigêmeos, e a mãe corria risco de vida. Deu tudo certo no final. – Sibilou com voz rouca me deixando surpresa por vê-la falar – Eu só queria um banho quente e cama antes de ir buscar Jessy na sua casa, e acabei dormindo no sofá mesmo.

Ela parou e respirou fundo, como se fosse doloroso demais reviver as lembranças

– Então eu acordei com um barulho alto vindo da cozinha e ele estava lá, revirando os armários e panelas. Eu ainda não tinha preparado o jantar, e ele estava bêbado e furioso. Mas isso não foi o pior – Falou fechando os olhos e abrindo-os logo em seguida – Ele não estava sozinho, estava com uma ruiva. Aquilo foi demais pra mim, eu surtei de raiva e os expulsei de casa dizendo que nunca mais queria vê-lo de novo e que não chegaria jamais perto de Jessy.

Minha boca se abriu num ‘’O’’ perfeito.

- O resultado foi que ele ficou ainda mais furioso, e puxou meu cabelo com força nos trancando no quarto e começou a me bater, com chutes e pontapés. – Miou engolindo seco. – Depois de tudo, ele saiu me deixando ali, gritando que iria até o inferno atrás de mim caso eu contasse para alguém.

–Eu sinto tanto...

– Não sinta, Bella. – Ela disse suspirando pesadamente – Agora tudo que eu mais quero é recomeçar minha vida longe daqui com a minha filha.

Eu apenas assenti.

– Você chamou a policia?

– Sim, Wendy. – Disse com um longo suspiro – E tem uma pessoa lá fora que vai nos ajudar, você vai ver, vai ficar tudo bem.

– Ajudar?

– Sim, é uma amiga do Edward. – Falei dando de ombros. – Rosalie Halle.

– Oh, aquela advogada que sai nos noticiários? – Disse surpresa. – Sério mesmo?

Fiz que sim sorrindo levemente.

– Mamãe, que bom que você acordou! – A voz de Jessy soou no ambiente, chorosa e sonolenta nos tirando da nossa conversa. A garotinha agora estava com o rosto escondido entre os cabelos da mãe, agarrada a sua cintura. – Fiquei com tanto medo, mãezinha.

– Oh meu anjo, mamãe está bem. – Falou secando as lágrimas da filha – Não chore filha.

– Promete que não vai morar lá no céu? –Indagou chorosa – Promete que não vai para o céu como o vovô?

– Eu prometo, filha. Prometo. – Falou acariciando os cabelos dela – E o que você acha de quando a mamãe ficar boa, nós irmos ficar com a vovó Luce, lá em Montana?

Eu não ouvi o que a garotinha respondeu. Com certeza aquela era uma conexão inquebrável, entre mãe e filha, que existia a milhares de anos e que de tão sublime nada poderia se comparar.

Então um pigarro alto nos chamou atenção, e eu virei a tempo de ver uma jovem senhora de cabelos loiros e desfiados, de pele branca e que aparentava estar próxima a casa dos quarenta anos, e vestia um colete preto da policia.

– Olá, eu sou Amber Willows. – Disse sorrindo simpaticamente em cumprimento. –Você é Wendy Collins, querida?

Ela assentiu fechando os olhos em fendas e apertando protetoramente a filha contra o corpo, ela estava se sentindo acuada.

– Fique tranquila, não vou machuca-la. – Disse tranquilizando-a - Eu sou médica da policia, vim fazer o exame de corpo de delito, querida.¹

– Não, não! – Falou alto se encolhendo na cama ficando mortalmente pálida - Você não vai tocar em mim, eu não quero!

–Wendy...

– Não, eu não quero!

– Eu preciso analisar seus ferimentos. Faz parte do procedimento – A médica disse calmamente, ela parecia estar muito familiarizada com aquela reação adversa. - Prometo que não vou fazer algo que você não queira.

E então ela me pegou de surpresa com a pergunta.

– Bella pode vir comigo?

– Se ela desejar. – disse a medica dando de ombros enquanto colocava as luvas brancas – Vai ser rápido, quando você se dar conta, já acabou.

E como ela disse, foi realmente rápido. Fomos até uma sala mais reservada, e eu fiquei esperando do outro lado de cortina branca que separava a maca onde Wendy estava deitada para o exame, tentando em vão distrair Jessy com os quadros de lindos cachorrinhos pendurados na parede.

– E então? – Perguntei mordiscando os lábios.

– Bem, por sorte não há nenhum sinal de violência sexual. – Disse e eu suspirei aliviada – Apenas hematomas e alguns cortes profundos que vão deixar cicatrizes e provavelmente uma costela quebrada.

Senti um bolo se formar em minha garganta.

– Você é amiga dela?

–Si-i-m.

– Ela vai ficar bem. – Disse acariciando meus ombros. – Sinto pelo bebê, ela vai precisar de muito apoio, eu recomendaria que ela fizesse tratamento com um psicólogo.

– B-e-b-ê?

– Você não sabia?! – Disse corando– Nós fizemos um ultrassom e contatamos uma gestação de três semanas aproximadamente, mas infelizmente já era tarde.

– O que?

– Ela sofreu um aborto espontâneo quando chegou ao hospital. – Disse pesarosa – Infelizmente o feto não resistiu.

POV. Edward Cullen:

- Obrigado, Rose. – Agradeci a loira ao meu lado com um sorriso sincero e ela assentiu.

Rosalie Halle era uma antiga conhecida da família. Ela era irmã mais nova de Liam Halle, o advogado mais famoso de Nova Iorque, conhecido por não perder uma causa sequer, que por sinal, era o prestigiado advogado da Cullen’s Eletronic & Cia, a empresa do meu pai. Desde que éramos crianças, Rose costumava visitar nossa casa com o pai, e às vezes com Liam. Ela e Alice passavam a tarde brincando de bonecas e claro, não poderia deixar se citar que ela e Emmett viviam sempre se estranhando ou se provocando.

Mas agora a garotinha prodígio dos Halle era uma mulher decidida, havia seguido os passos do irmão se formando em Advocacia em Harvard e com seu talento começava a ganhar seu espaço nos tribunais de Nova Iorque, Manhattan e Chicago. Apesar de ser conhecida pelo seu forte temperamento explosivo, firme e decidido, eu sabia que Rose era uma boa mulher e eu não poderia estar mais grato por ela ter aceitado ajudar.

– Aquele crápula vai ser mesmo preso, não é? – Perguntei com um longo suspiro. Eu já tinha uma enorme lista de anteriores de injustiças que tive que presenciar em toda minha vida graças a Carlisle, e esperava que James não saísse impune dessa vez.

– Sim, de acordo com a lei, ele está realmente encrencado. Será acusado por lesão corporal a mulher, maus tratos infantis e teremos de averiguar se ele está mesmo envolvido em outros tipos de crime. – Disse séria, assumindo uma postura profissional – O caso é realmente delicado, será difícil que ele escapar dessa vez, farei tudo que estiver ao meu alcance.

‘’ Será difícil que ele escape dessa vez ’’. Senti um imenso alivio ao ouvir aquelas palavras, afinal, agora tudo ficaria bem.

– Obrigado, de verdade Rose. Se não você ajudando aquela pobre moça, eu acho que ela realmente não teria coragem para denunciá-lo.

– Não foi nada, Edward. – Disse tranquila – Eu vejo casos como esses todos os dias, e na maioria deles as mulheres tem medo de denunciar os maus tratos, e me deixa feliz saber que ela teve essa coragem. Se todas tomassem essa atitude, as coisas começariam a mudar.

Aquela era realmente um situação fora de compreensão, afinal, era difícil assimilar que em todo mundo muitas mulheres passavam por situação similar e não tinham coragem de denunciar, talvez por vergonha ou medo de represaria e até mesmo ameaças de morte.

– Fiquei sabendo que Al estava aqui também. - Disse pesarosa – Desculpa por não ter vindo, eu tinha um julgamento importantíssimo ontem, sinto muito. Como ela está?

– Ela está bem. Está se recuperando, nos deu um grande susto. – Falei me lembrando – Acho que ela deve ter alta em breve.

– Eu gostaria de visitar Alice antes de irmos pra delegacia. – Disse pensativa – Tem tantas coisas que precisamos conversar.

Eu assenti.

– Ela vai ficar feliz em te ver. Al gosta de você. – Falei sincero.


Bufei irritado para a lerdeza colossal da recepcionista que digitava algo no seu computador atrás de um balcão de marfim quadriculado. Só queríamos informações sobre Alice, mas a garota de cabelos curtos e piercing no nariz parecia insatisfeita com a função.

– Será que dá pra ir mais rápido? – Perguntei limpando a garganta.

– Estou procurando, senhor. – Respondeu levemente irritada.

Certo, eu não iria perder a calma, não iria perder a paciência.

– A senhorita Alice Cullen acabou de receber alta. – Informou com descaso.

– Obrigado. – Respondi sarcasticamente.

– Ah não, eu não acredito! – Rosalie miou ao meu lado, escondendo o rosto sobre as mãos. Virei-me curioso e então entendi o porquê de sua reação. Emmett vinha caminhando em nossa direção, e uma Alice caminhava ao seu lado com um sorriso de orelha a orelha pela nova liberdade.

– Ei menina dos coelhos, que surpresa! – Emmett brincou e Rose fechou a cara. Quando eram crianças, Emm a chama assim, por causa de um gibi brasileiro, A Turma de Monica, por que Rose vivia desfilando com seu coelhinho de pelúcia a tira colo, como a personagem do Gibi.

– Emmett, vai para o inferno!

O grandão soltou uma estrondosa gargalhada puxando para mais perto dele sobre muitos protestos e xingamentos.

– Bem, parece que certas coisas não mudam. – Alice disse zombeteira. Eu sorri assentindo puxando-a para mais perto de mim.

– O que você faz aqui, Ed?

– Longa história. – Falei suspirando. – E você, como está?

– Estou bem, muito feliz por me livrar desse lugar. Estou indo para casa do Jasper. Aqui está... - Disse me entregando um cartão quadriculado onde estava escrito – ‘’Doutor Jasper Whitlock, Neurocirurgião ‘’ onde tinha o endereço e todos os telefones.

Assenti dando-lhe um beijo casto na bochecha.

– Não entendo por que temos que ficar nesse hospital cheio de doenças e sujeitos a alguma infecção séria, fora os funcionários mal educados. – Tânya resmungou se sentando ao meu lado com seu copo de café fumegante. Ah sim, esqueci de comentar que ela também estava aqui, ela e Rose estavam fazendo compras e ela resolveu vir quando soube que eu estava aqui.

Na verdade eu tinha até me esquecido da presença dela depois que ela saiu para ir até a lanchonete comprar um café.

– Talvez fosse melhor que você não tivesse vindo, Tânya. – Repreendi e ela rolou os olhos se aproximando de mim como uma leoa prestar a dar o bote.

– Não, Ed. Eu estava preocupada com você, meu docinho. Você saiu de casa, estava preocupada com você – Disse melosa. – Então vim te ver pelos velhos tempos. Não seja ingrato.

Pela visão periférica vi Rosalie revirar os olhos e me olhar sibilando um ‘’ Não tenho culpa, ela insistiu em vir. ’’

– E então, quando conhecerei a sortuda que está te hospedando? Tânya perguntou com um sorriso amarelo tocando meu braço.

– Tânya, eu quero deixar claro que... – Comecei a frase, mas interrompi na metade quando a porta da enfermaria se abriu. Bella saiu de lá com os olhos inchados e vermelhos, provavelmente pelo choro e segurando alguns papeis nas mãos, eram receitas.

Ela soltou um longo suspiro e assim que me viu sua testa franziu e seus olhos se cerraram automaticamente, não entendi por que.

– Oi. – Ela disse corando e eu acenei para que ela se aproximasse. Ela parecia desconcertada com a presença de Rose e Tânya que estavam extremamente bem vestidas.

– Que bom que você está aqui, amiga! – Alice cumprimentou sorridente envolvendo-a num forte abraço e ela retribuiu desconcertada.

– Bella, essa é a Rosalie, advogada e velha amiga da família – Apresentei apontando para a loira que parecia curiosa ao meu lado.– Rose,essa é Isabella.

– Pode me chamar de Rose. – Rosalie disse estendendo a mão simpaticamente – Estou feliz em conhecê-la, espero que sejamos boas amigas.

– Prazer, bem, pode me chamar de Bella. -Disse cumprimentando-a com um sorriso sereno.

– Isso só pode ser brincadeira, você é aquela garçonete de festa, não é? – Tânya disse com uma risada forçada fazendo Bella dar um passo para trás, assustada - Mike me falou de você. Você é a garota do leite, a bolsista do Golden Eage.

Bella empalideceu imediatamente apertando com força os papeis em suas mãos e vi Alice e Rose lançarem um olhar mortal a Tânya.

– Não fale assim com ela, Tânya! – Alice disse entre dentes.

– Oh querida, desculpe, não queria ofender você. – Disse sorrindo – Você está morando mesmo com ela, Edzinho?

– E-u... E-u... Com licença. – Bella disse gaguejando e saiu a passos duros em direção ao corredor oposto, e sai em disparada tentando alcançá-la segurando suavemente seu braço.

– Me solta, Edward! – Chiou irritada puxando braço com força. – Me deixa!

Franzi a testa.

– Por que está fugindo de mim? - Perguntei estranhando sua atitude hostil. - Eu fiz alguma coisa errada?

– Não Edward, você não fez nada, esse é o problema! – Ela me olhou com os olhos faiscando. – E não estou fugindo de você, ok?

– Ei, o que aconteceu?

– Sua amiga me humilhou, me tratou como lixo, como uma vadia qualquer! Como é que você quer que eu me sinta, ein?– Disse empinando o nariz.

– Ela não é minha amiga, Bella! – Disse exaltado – E eu não concordo com o que ela fez, tá legal?!

– Não são amigos, tem certeza? – Disse irônica – Para mim vocês pareciam muito íntimos, ‘’ Edzinho’’. Ela estava praticamente sentada no seu colo!

Prendi o riso.

– Qual a graça, Cullen?

– Você está com ciúmes. – Falei convicto – Está com ciúmes de mim e Tânya.

– O que?! – Disse arregalando os olhos. – Não, é claro que não!

– Está sim!

– Não estou!

– Está!

– Não estou!

– Então por que está me olhando assim? – Retruquei – Como se quisesse me matar?

– Sabe, talvez eu devesse mesmo fazer isso! – Falou com raiva e eu arregalei os olhos. Aonde estava a doce e bondosa Bella?

Aquela era uma Bella mais intensa, diferente. Ela estava com o rosto num tom vermelho vivo, olhos cerrados e lábios numa linha fina e entre aberta. Mesmo prestes a arrancar minha cabeça, ela é linda, como um anjo reluzente.

– Bella me escute. Não ligue para o que Tânya disse, você é maravilhosa, é a pessoa mais linda e batalhadora que eu conheci. – Disse tocando seu rosto – Você mereceu entrar naquele colégio, lutou por isso, é mais digna do que qualquer um daqueles mauricinhos que tem tudo na mão.

Ela sorriu emocionada.

– Me perdoe, eu não deveria ter gritado com você. – Disse me encarando, seus olhos chocolates me fitavam firmes, com honestidade. – Obrigado por tudo.

Ficamos em um silencio constrangedor por alguns segundos, ela parecia querer falar alguma coisa importante e sua boca se abriu varias vezes até levantar os olhos chocolate para mim.

– Ela sofreu um aborto. – Fungou – Wendy estava gravida, de três semanas. Aquele desgraçado matou o próprio filho, eu... eu... – Falou se perdendo nas palavras.

– Vai ficar tudo bem, Bella.

E naquele momento, tudo que eu queria era que essas palavras fossem verdade.

– Me desculpa interromper, mas precisamos ir à delegacia. – A voz de Rose soou urgente – Parece que a policia pegou o tal James.

POV. Bella Swan:

Respirei fundo analisando o enorme vidro em tom esverdeado a minha frente.

– É bem simples senhorita Swan. Você deve olhar o suspeito e identificar, ok? – Explicou o policial ao meu lado apontando para o homem atrás de vidro.

Aspirei o ar nervosamente sentindo uma estranha sensação tomar conta de mim, me fazendo vacilar momentaneamente. Afinal, estar da sala de reconhecimento da policia prestes a reconhecer alguém por suas atrocidades não era uma situação em que estivesse acostumada, ou mesmo confortável.

Apesar da calmaria naquele instante, eu sentia o clima tenso que ecoava por todo aquele lugar e a sensação terrível de exposição, como se a qualquer momento tudo pudesse mudar.

James estava ali. Eu podia vê-lo atrás do vidro, com grossas algemas prateadas em torno dos pulsos, encostado a parede branca com um sorriso esnobe brincando em seu rosto. Ele não parecia nem um pouco intimidado por ter sido pego e muito menos arrependido, mas isso não me surpreendeu.

Senti um aperto protetor em torno de minha mão, e me virei a tempo de ver a mão de Edward pousando sobre minha, me passando segurança.

– Está pronta, senhorita? – Indagou o policial ajeitando a farda um pouco amassada. Seus olhos estavam com imensas olheiras. Provavelmente estava de plantão a longas horas.

Fiz que sim.

– Fique tranquila, ele não pode nos ver. – Esclareceu. Então uma forte luz fluorescente se acendeu de repente iluminando James do outro lado do vidro, deixando seu rosto pálido e numa mascara indecifrável. Mirei seu rosto mais uma vez e tomei folego sentindo uma coragem que eu jamais pensei ter emanar nos meus poros.

– É ele. – Falei convicta apertando a mão de Ed com mais força – Com certeza absoluta.

O policial fez que sim anotando algo em uma prancheta que estava em suas mãos e acenou para que os outros policiais do lado de fora adentrassem o local.

Os dois homenzarrões obedeceram prontamente e eu não quis saber o que viria a seguir. O meu dever estava cumprido, agora James ficaria bem longe de Wendy e Jessy e a Lei tomaria o seu papel. Isso bastava para mim.

– Você foi muito corajosa, Bella. – Ed disse após sairmos da sala claustrofóbica. E então ele pôs os braços em volta de mim e meu corpo se amoldou tão perfeitamente ao dele e a sensação disso foi tão boa, que eu apenas me permiti apreciar aquele momento. Uma calmaria após a tempestade.

– Eu não podia deixá-lo sair impune, não dessa vez. – Murmurei tentando contar um bocejo cansado. Ele sorriu complacente.

– Você está cansada, Bella. Agora, acabou. – Anuiu tocando meu rosto – Só precisamos esperar Rose terminar e podemos ir para casa, você precisa descansar.

Casa. Ouvir essa palavra sair tão tranquilamente de seus lábios me fez vacilar, no fundo, ainda era difícil lidar com ideia de que eu já não morava mais sozinha, agora eu tinha um novo hospede. Um novo hospede que era nem mais nem menos o filho de um senador influente e em menos de um mês virou minha vida ao avesso. É eu estava ferrada quando tudo fosse descoberto, mas agora eu não me importava nem um pouco, nada me importava enquanto eu sentia os braços quentes dele em torno de mim.

– E Tânya?

– Foi embora... De taxi. – Disse em tom de alivio – Ela não parou de reclamar um segundo desde que chegou aqui na delegacia, alias, nem sei por que ela insistiu em nos acompanhar.

Ah eu faço ideia. Pensei ironicamente, estava mais claro que agua cristalina que ela nutria algo por ele, algo muito platônico e que não parecia ser correspondido, o que me fazia sentia aliviada.

Aliviada. Eu não entendia do por que me sentia assim. Será que ele estava certo, será que eu estava mesmo com ciúmes, de Edward?

Ciúmes.

FOI VOCÊ, NÃO É? – Gritou uma voz conhecida tirando-me dos meus devaneios. – VOCÊ ME DENUNCIOU SUA SALOPE*! * tradução: cadela em francês.*

Levantei o rosto para descobrir de onde vinha à voz, e me deparei com James praticamente cara a cara comigo, sendo segurado pelos policiais grandalhões. Ele estava furioso, seu rosto numa expressão contorcida.

– Sim, fui eu. – Disse tentando ser o mais sombria possível. Ele deu um passo para trás, duvida contorcendo sua expressão. Ele pareceu estranhamente vulnerável por um segundo, como se minhas palavras tivessem partido o escudo atrás do qual se escondia.

Agora eu podia ver medo de verdade em seus olhos pela primeira vez. O terrível – para ele – conhecimento de que eu ele não escaparia de seu merecido castigo. E eu me sentia extremamente melhor por ter feito a coisa certa.

– Você se acha esperta não é? – Falou um oitavo mais baixo – Pois você não é, e eu juro, quando eu sair, eu vou atrás de você Isabella, nem que seja no inferno!

Dei um passo à frente ficando cara a cara com o perigo.

– O que vai fazer Bella? – Ed perguntou quando caminhei em direção a James tentando em vão segurar meu braço. – Bella? Bella!

Encarei seu rosto cheio de raiva e medo, e eu soube o quão profundamente ele me odiava. E então flashes do rosto assustado de Jessy, dos ferimentos de Wendy e da perda do bebê, da pequena vida inocente que ele havia tirado.

E então eu cuspi no rosto dele com toda veemência que consegui no momento, e todos me olharam com olhos extremamente arregalados, como se eu fosse uma louca que escapara do manicômio.

O rosnado alto e gutural de James soou como um alarme, enquanto ele era afastado aos puxões pelos policiais, sobre xingamentos e ameaças, e eu agradeci mentalmente por ele estar com aquelas algemas, ou ele já teria voado em cima de mim. Tão rápido quanto ele surgiu, ele desapareceu pelo corredor, como cinza.

E naquele momento, eu me permiti tremer e pela minha visão periférica vi Rosalie aparecer na outra ponta do corredor, correndo esbaforida nos olhando com cenho franzido.

‘’Eu vou te encontrar, Isabella’’. Aquela frase parecia cravada em meu peito como um punhal, durante todos esses anos. De repente eu me vi de volta aquela cena - uma garota de apenas quinze anos, sozinha, vulnerável, gritando por ajuda até o ar acabar. O rosto era conhecido, o rosto era o meu.

Meu rosto.

– O que foi que aconteceu aqui? – Rose perguntou preocupada, ela parecia temer que eu entrasse em choque. – Você está pálida.

Eu me sentia meio bipolar naquele instante.

Edward deu uma olhada em minha expressão, as lágrimas escorrendo pelas maçãs do meu rosto, minhas mãos tremendo, então ele se lançou para frente e me abraçou. Ele me puxou para seu peito. Eu não sei por que isso me fez chorar ainda mais. Eu me agarrei nele, as lágrimas molhavam sua camiseta.

Ele e Rose trocaram olhares silenciosos quando eu não respondi.

– Bem, acho que terminamos por aqui. – Rose disse mudando de assunto sutilmente – Agora é esperar que o julgamento seja marcado.

Fiz que sim.

– Vem, vamos pra casa Bella. – Ed disse apertando os braços em torno de mim, e por um momento, eu me permiti não pensar em nada daquilo.

Na semana seguinte, Jessy e sua mãe partiram. Wendy decidira passar uns tempos na casa de sua mãe, em Montana. Em parte eu me sentia triste, pois sentiria muita saudade da minha pequena pimentinha e também da minha amiga, que ficara extremamente deprimida quando soube pelos médicos da perda de seu bebê. Mas por outro lado, me sentia feliz e esperançosa, pois sabia que elas iriam recomeça a vida num lugar onde realmente poderiam ser feliz. Recomeçar bem longe daqui.

E assim os dias foram passando rapidamente, e com ele o mês de Setembro, dando lugar a nova estação – O outono.

Dias Depois...

POV. Edward Cullen:

Livros, livros, livros e mais livros arrumados com perfeição nas enormes prateleiras de madeira maciça que ocupavam o local. Essa era a visão que eu tinha todos os dias quando estrava na pequena na pequena e abarrotada livraria, nomeada de World Of Words.

Sim, com uma porção de sorte eu consegui um emprego digno, apesar de simples, bem ali naquela livraria dentro do Central Park, onde a minha função consistia em atender os clientes e manter tudo organizado. Era tranquilo e agradável, exceto pelos dias de maior movimento que eu quase enlouquecia com tantas pessoas entrando e saindo da loja.

Mas eu não podia reclamar, aquele era o meu novo emprego e eu gostava dele. Ao menos agora eu não preciso mais usar as roupas do pai de Bella, e meu salário ajudava nas despesas do mês e isso deixava as coisas mais confortáveis.

As coisas finalmente pareciam entrar nos eixos, mas apesar da calmaria, eu estranhava o fato de nessas semanas ninguém ter me reconhecido, e de nenhum fotografo ou paparazzi a minha procura desde que saíra de casa. E estranha ainda mais o fato de meu pai estar tão quieto em relação a isso.

– Aqui – Murmurei para mim mesmo quando encontrei o livro. Bella havia me pedido que eu pegasse aquele exemplar, para que pudesse estudar para o exame final, que seria na próxima semana. Ela estava ansiosa com aquela prova, pois se tirasse uma boa nota, sua bolsa de estudos em Cornell estava praticamente garantida.

Então uma folha solta voou de dentro do grosso livro e por sorte consegui pegá-la um décimo de segundo antes que ela voasse solta com o vento. Franzi a testa ao ver que ela não fazia parte do livro, alguém provavelmente havia esquecido ali e me surpreendi ao notar que era a página de outro livro.

‘’ O que significa amar verdadeiramente outra pessoa?

Havia um tempo na minha vida em que eu pensava que realmente sabia a resposta: significava que eu me importava com Savannah mais profundamente do que eu me importava comigo mesmo e que nós iríamos passar o resto das nossas vidas juntos. Não teria sido preciso muito. Uma vez ela me contou que a chave para a felicidade era sonhos alcançáveis, e que os dela não eram nada fora do comum. Casamento, família... O básico. Significava que eu teria um emprego fixo, a casa com a cerca branca, e uma minivan ou um SUV grande o bastante para levar nossas crianças à escola, ou ao dentista, ou ao treino de futebol ou aos recitais de piano. Duas ou três crianças, ela nunca foi clara quanto a isso, mas o meu palpite é que quando o tempo viesse, ela teria sugerido que nós deixássemos a natureza seguir seu curso e deixar que Deus tomasse a decisão. Ela era assim religiosa, eu quero dizer- e eu acho que isso foi parte da razão que eu me apaixonei por ela. Mas não importa o que estivesse acontecendo nas nossas vidas, eu podia me imaginar deitado ao lado dela na cama no fim do dia, abraçando-a enquanto nós conversávamos e ríamos, perdidos nos braços um do outro.

Não soa tão irreal, certo? Quando duas pessoas se amam... ’’

– Querido John, página 3.

Parei de ler imediatamente.

‘’ Quando duas pessoas se amam’’. Aquela frase pareceu ficar presa em minha garganta. Partes daquele livro estranhamente conseguiam descrever o que eu sentia por Bella. E então uma verdade arrebatadora me pegou.

Eu estava apaixonado por Bella.

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# Uma Semana Depois#

– Oh querido, estou com tantas saudades de vocês! – A voz de Esme soou chorosa do outro lado de linha, me fazendo sorrir, mesmo que ela não pudesse me ver. – Como você está?

– Bem. Muito bem na verdade. – Falei sorrindo, rolando os olhos ao ver Alice se aproximar com os olhos vermelhos de choro. Rolei os olhos. – Estamos na casa da Alice agora.

Sim, era verdade. Estávamos todos nós – Eu, Bella, Emmett e até Rosalie – na casa de Alice e Jasper para comemorar o sucesso do julgamento ocorrido hoje de manhã. A justiça tinha tardado, mas finalmente James fora sentenciado a seis anos de prisão.

– Fico feliz de saber que estão todos bem, querido. – Esme disse com uma voz aliviada – Eu... Bem... Eu também estou muito melhor aqui, esses dias aqui estão me fazendo bem. Mas acho que agora estou preparada pra voltar e enfrentar.

Engoli seco.

– Você... Teve alguma noticia... Do... Seu pai? – Perguntou hesitante. - Ele... Não... Apareceu?

– Não, mãe. – Falei sincero. – Eu sinto muito, sei que deve ser difícil pra você.

– Ele está muito quieto, isso é estranho. – Murmurou contida e eu não poderia negar que ela tinha razão. Suspirei me aproximando da janela e franzi a testa ao ver um carro parado do outro lado da rua.

Era uma belíssima Mercedes S55 preta de placa S60R, de Nova Iorque. Afastei ainda mais com a mão livre a cortina de renda colando meu rosto no vidro. Apesar de não conhecer aquele carro eu senti uma estranha sensação de dejá vu me tomar. Estranhamente, como se o motorista daquele carro soubesse que eu o vigiava, os motores do carro roncaram e saiu tão silenciosamente como chegou.

Franzi a testa.

– Querido, você está ai? – A voz da minha mãe me tirou dos meus devaneios. – Está tudo bem?

– Está sim, mãe... – Falei hesitante – Eu preciso desligar agora, podemos nos falar depois?

– Claro querido. – Disse doce – Se cuide está, bem? E mande muitos beijos aos seus irmãos, mamãe liga depois.

- Certo. Beijos mãe. – Falei desligando o celular sem esperar maiores despedidas.

– Ed, está tudo bem? – Alice perguntou entrando no meu campo de visão. Ela parecia tão confusa quando eu, enquanto segurava um prato cheio de aperitivos.

– Claro, estou bem. – Disse deixando pra lá, eu poderia estar apenas paranoico demais. – E então, com está indo o jogo?

– Picante. – Al disse aos risinhos, mordendo uma batata frita. Segundo ela, nossa comemoração estava muito entediante, então tratou de convencer todos nós da sua belíssima ideia de jogar verdade ou desafio. – Muitas revelações bombásticas.

– Revelações?

– Sim, Rose escolheu verdade, então, Jasper lhe perguntou quem foi o primeiro garoto que ela beijou – Disse dando de ombros. – E ela confessou que foi o nosso irmão, Emmett.

– O QUE?!

– Isso mesmo meu irmãozinho. – Disse sorrindo – Talvez os dois não se odeiem tanto assim.

– Eu sempre desconfiei de atrás de tanto ódio que os dois diziam sentir existia um imenso amor. – Brinquei descontraído.

- A proposito, você é o próximo. – Alice disse com um sorriso malicioso. Nós voltamos para a sala onde todos estavam reunidos. Todos estavam sentados de qualquer jeito no tapete felpudo e prendi o riso ao ver Rose prestes a estrangular Emmett.

– Até que fim, maninho! – Emmett resmungou e eu rolei os olhos me sentando ao lado de Bella. – Sua vez.

Então eu girei a caneta que estávamos usando para jogar.

E ela caiu entre eu e Rose.

– Verdade ou desafio? – Ela perguntou sorrindo com segundas intenções.

– Desafio. – Falei tentando animar o jogo e vi Bella retesar ao meu lado.

– Você é corajoso. – Brincou Rose arqueando as sobrancelhas. – Bem, seu desafio será leve. Você terá de dizer a Bella algo que ela nunca sonharia ouvir.

Bem mais que o tempo

Que nós perdemos

Ficou pra trás

Também o que nos juntou...

Ainda lembro

Que eu estava lendo

Só pra saber

O que você achou

Dos versos que eu fiz

Ainda espero

Resposta...

♫ Resposta – Skank [letra /vídeo] ♫

Eu respirei fundo olhando para o rosto de Bella, que me encarava com uma fofa expressão de curiosidade, mordendo os lábios de ansiedade.

Tinha que ser agora.

– Eu estou apaixonado por você, Bella.Confessei.

E naquele momento não houve som de respiração em toda sala.


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Notas finais do capítulo

Informação adicional: Nos EUA, 17,6% das mulheres sofreram algum tipo de violação. 21,6% eram menores de 12 anos de idade quando foram estupradas, e 32,4% estavam entre as idades de 12 e 17 . Muitas destas ações foram executadas por alguém conhecido da vítima. Nos EUA, metade dos incidentes de violência doméstica são relatados às autoridades e apenas 37% dos estupros, enquanto alguém é violentada no país a cada dois minutos.''
***
E ai flores, o que acharam, gostaram do capítulo? Espero que sim!
Aposto que todas vibraram quando a Bells cuspiu no crápula do James, e podem apostar, eu amei escrever essa parte. Hehe. E não podemos deixar que notar que James só foi condenado graças a coragem da Wendy e ajuda da Bells, Ed e da Rose.
Falando na Rose, gostaram dela? Deu pra ver que ela e o Emmett vão se provocar muito ainda hihi. E quem ficou com raiva da Tanya levanta a mão * euuu*
Bem flores, o capítulo foi cheio de emoções né, espero que as dez páginas de word tenha compensado a demora ^^
Agora é com vocês flores, espero ansiosamente os lindos comentários de vocês! E que tal deixar uma linda e primeiríssima recomendação? Será que eu mereço? Kk Pensem com carinho tá?
Sem mais, até o próximo capítulo, que faria o máximo para postar o mais breve possível, tá?
Beijos da Caah!