Quinta feira o trio foi animado pra aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Chegaram lá bem cedo, e puderam escolher as melhores carteiras, no meio da sala.

—-Bom dia, anjinhos. –Laura saudou como sempre, depois que todos se acomodaram. –Hoje teremos uma aula prática, então guardem os livros e peguem as varinhas. Ah! E formem duplas. Duplas de dois, Sr Potter! –ela acrescentou quando viu que Harry iria perguntar se poderia fazer com os dois amigos.

—-Harry, vai fazer dupla com quem? –Neville perguntou se aproximando dos três. 

—-Estou sozinho. –Hermione ia protestar, mas ele foi mais rápido. –Eu pratico com você, Neville, vamos.

Os dois rumaram para o fim da sala, antes que Hermione atirasse alguma coisa nele. Ela, que estava evitando tanto a presença do rivo, teve que ser ‘forte’ para praticar com ele.

—-Queridos, vamos praticar todos os feitiços que conhecemos de combate. –Laura anunciou depois da sala se aquietar. –Vamos fazer três duelos simples, evitando repetir as azarações, tudo bem? Depois vamos treinar alguns feitiços individualmente. Podem começar.

Hermione e Rony se cumprimentaram, depois ficaram se encarando, sem coragem de se atacar. A professora percebeu que os dois tinham travado e se aproximou deles, dizendo:

—-Vamos! Podem começar!

Isso pareceu acordá-los. A garota lançou um ‘estupefaça’, mas Rony bloqueou com um feitiço não verbal.

Os duelos, em geral, foram sem acidentes, pois a maioria participava da AD, então treinavam constantemente. Depois disso, eles foram praticar feitiços do Patrono, onde o que mais se destacou foi o De Harrry: um grande Veado. 

—-Estão de parabéns! Já tomei as notas, e para terminar vamos fazer uma pequena experiência com um Bicho-papão que eu encontrei na minha escrivaninha ontem. Formem uma fila aqui na minha frente e vamos lá!

Com muito empurra-empurra promovido pelos alunos da Sonserina, a fila foi se formando. Todos queriam terminar aquela ultima prova para serem liberados mais cedo. Harry, Hermione e Rony ficaram por ultimo na fila, sem se importarem muito, pois esta estava andando bem depressa. 

Muitos ‘medos’ tinham mudado, pois a ultima vez que eles haviam enfrentado um bicho-papão, ainda eram conseiderados crianças. Mesmo assim, muitas cobras, espíritos agourentos e bichos asquerosos apareceram na sala, sendo transformados, posteriormente, em criaturas engraçadas, provocando a gargalhada geral da turma.

A vez de Harry não tardou a chegar. Uma bola de ping-pong, que antes era um olho ensangüentado, se transformou num enorme dementador. Harry, confiante, gritou “Ridikullus”, e o dementador perdeu sua capa, ficando apenas com uma tanguinha florida. Os que ainda estavam na sala choraram de tanto dar risada

—-Vai lá, Mione! –Harry saiu da frente, dando espaço para amiga.

Ela não estava muito certa do que veria, afinal ela havia amadurecido, assim como seus medos. Hermione se adiantou e alguns instantes depois, o Bicho-papão se transformou.

No lugar do dementador de tanguinha florida, apareceu uma pessoa caída no chão, visivelmente morta. Era quase impossível saber quem se tratava pelo rosto desfigurado; o que o tornava reconhecível eram seus cabelos ruivos flamejantes.

Hermione engoliu em seco, e Rony ficou olhando tudo com as sombrancelhas franzidas. Já Harry observava com entendimento, e esperava a ação da amiga. 

A morena fechou os olhos e murmurou ‘Ridikullus’, mas virou as costas para o Bicho-papão sem ver que ele se transformara em uma rolha de garrafão, que saiu rolando solitária. Ela ficou parada olhando pra Rony, que estava atrás dela.

—-Sabe, Hermione, eu não pretendo morrer tão cedo... 

O ruivo tentou fazer uma piada para desanuviar o clima, mas foi sem sucesso.

—-Seu idiota! Legume insensível! –Ela seu um soco no ombro dele. –Você é o ruivo mais... mais...

O que mais ele era, ninguém soube dizer. Nesse momento, Hermione pulou no seu pescoço mas não chorou, ficou daquele jeito, pendurada nele. A professora riu baixinho da cena e deu um fim no bicho-papão. A morena abraçou o garoto mais fortemente por um momento e depois largou-o, pegou sua mochila e saiu correndo dali, com o olhar vidrado.

—-Hum... alguém entendeu alguma coisa? –Rony perguntou meio tímido, acariciando seu ombro dolorido.

—-Digamos que a Srta Granger não lida muito bem com os próprios medos, Ronald. Soube que no terceiro ano ela não passou nesse teste.

—-Acha que é bom ir atrás dela? –Harry perguntou para a Professora.

—-Acho que é melhor deixá-la sozinha, Harry. Às vezes as mulheres precisam de um tempo só. Mas me responda uma pergunta:  –Ela começou com a voz risonha.  –De onde ela tirou ‘legume insensível’?

—-Ela me chama assim desde o quinto ano. –O ruivo mexeu com a cabeça indiferente, já estava acostumado.

—-E diz que você tem o emocional de uma colher de chá. –Harry completou.

A professora só faltava chorar de tanto que ria. Ela era bem animada, e adorava conversar com aquele Trio problemático.

—-Meu ombro está doendo. Será que ela não tem consciência da própria força? –Rony perguntou com a mão no ombro.

—-Pelo menos ela não te atacou com passarinhos de novo. –Harry fez chacota.

—-Passarinhos? –Laura perguntou.

Rony fechou a cara e respondeu com azedume:

—-Um bando de passarinhos assassinos, tenho as cicatrizes até hoje.

Ele mostrou sua mão, onde uma cicatriz curiosa em forma de coração se destacava. 

—-E o que você fez pra ela te atacar com passarinhos? –Perguntou interessada.

Rony corou, mas Harry respondeu:

—-Foi quando ele começou a sair com a Lilá.

—-Está explicado. –Laura comentou mais séria.

—-A Hermione sabia que a Lilá não prestava e estava tentando me avisar, suponho. –Rony murmurou.

—-Acorda, cabeção! Isso é ciúme! –Harry deu um tapa na cabeça dele.

—-Quem vê vocês assim –A professora disse sorrindo. –Nem acha que vocês são ‘O Trio’. Muitos imaginam vocês como esquisitos intelectuais, não como adolescentes normais em conflito amoroso.

—-Sempre fomos assim, professora. Mas as pessoas têm a mania de acreditar no que outras pessoas, como Rita Skeeter, dizem. 

—-É, Harry. Imagino o quanto vocês já sofreram com isso.

Harry fez um gesto indiferente, imitado por Rony. 

—-Hum... professora? –Rony chamou de repente. –Mudando um pouco de assunto. A senhora sabe traduzir inglês para Runas antigas?

—-Não sei Runas, Ronald. Sempre fugi delas. Por quê?

—-Eu queria traduzir uma coisinha, mas também não sei nada sobre runas.

—-Por que não fala com a professora Vector? Ou com a Hermione! Soube que ela é ótima em Runas.

—-Não posso com nenhuma das duas, pelo mesmo motivo. A senhora sabe de mais alguém...?

—-Por que não tenta a professora MacGonagall? Tenho certeza que ela sabe... –Laura sugeriu.

—-Vou falar com ela, obrigado. –ele sorriu fraco. 

A sineta tocou.

—-Vamos, Harry?

O moreno pegou sua mochila e eles se despediram de Laura Mendes, indo para o grande Salão comer alguma coisa. Nenhuma das meninas estava à vista, então eles procuraram um espaço e se acomodaram. Foi lá pelo meio do almoço que Gina apareceu, aparentando estar muito aborrecida com alguma coisa.

—-O que aconteceu, Gina? –Harry perguntou preocupado, assim que ela se aproximou.

—-Você! –ela apontou para o irmão. –Como você vai fazer alguma coisa se vocês não param de brigar?! O que você fez agora?

—-Quê? –Rony perguntou confuso.

—-A Hermione! Encontrei a coitada aos prantos num corredor deserto! Ela não parava de falar seu nome.

Rony pareceu compreender.

—-Eu não briguei com ela. Juro. –Acrescentou ao olhar descrente da irmã. –Mas aconteceu uma coisa na aula de DCAT.

—-O que?

—-Estávamos treinando feitiços com o Bicho-paão, só para revisão. Chegou na vez dela, ele se transformou em ‘mim’, mas eu estava... morto. –Gina pareceu entender, e fez sinal para que ele continuasse. –Depois ela me xingou, me deu um soco no ombro, me abraçou e saiu correndo logo em seguida!

—-Ela nunca se deu bem com bicho-papão.

—-Onde ela está?

—-No quarto, Rony. Mas acho que ela chega daqui a pouco. –A ruiva se sentou. –Vou comer um pouquinho...

Hermione apareceu na aula seguinte, um pouco abatida, mas os amigos não tocaram no assunto para evitar constrangimentos. 

**

Rony faria a ronda da monitoria a noite e sozinho, entõ aproveitou para passar na sala da MacGnagall.

—-Professora...? Com licença. –Ele entrou na sala. 

—-Pois não, Sr Weasley?

—-Professora, eu trouxe a lista das dúvidas dos meus colegas, e são poucas. 

A professora pegou a lista e deu uma olhada. 

—-Mais alguma coisa, Sr Weasley? –perguntou ao ver a expressão ansiosa do garoto.

—-Na verdade sim, professora. Será que a senhora poderia fazer um favorzinho pra mim?

Ele tentou fazer o seu sorriso mais lindo e sedutor, o que fez a professora esconder um sorriso e dizer, com sua habitual voz severa:

—-Faço se o Senhor retirar esse seu sorrisinho imediatamente.

Ele ficou sério e retirou um pedaço de papel pequeno do bolso.

—-A senhora poderia traduzir essa frase para mim, professora?

Ela pegou o papel e leu.

—-Imagino o por quê do senhor não ter mostrado para a Srta Granger. Mas e a professora Vector?

—-As duas são muito ‘amigas’. –ele justificou.

MacGonagall assentiu e pegou uma pena. Ela escreveu alguma coisa no verso do papel e entregou-o à Rony.

—-Fico feliz com isso, Ronald. –ele registrou o uso de seu primeiro nome. –Espero que dê tudo certo.

—-Muito obrigado, Professora. –ele agradeceu sincero.

Ronald sorriu radiante e saiu da sala eufórico. MacGonagaal também sorriu e voltou aos seus afazeres.