Era quinta feira. O Trio estava no final da ultima aula do dia: Transfiguração. Assim que a sineta tocou, a professora Laura Mendes anunciou:

—-Os Grifinórios esperem um instante, por favor.

Os corvinais presentes se retiraram, e o restante dos alunos se aproximaram da mesa da professora.

—-Anjinhos  –ela arrancou risos da turma– a professora MacGonagall mandou um recado: ela disse que segunda feira estará na sala comunal da Grifinória, durante o primeiro horário de vocês, que é livre, para conversar em grupo sobre as carreiras que vocês querem seguir. Então, durante o fim de semana, vocês tem que decidir isso, tudo bem? 

Um burburinho de concordância percorreu os alunos.

—-Ótimo, então. Vamos?

Eles foram se retirando devagar, e o Trio ficou para traz.

—-Sr Potter? –A professora, que estava ao lado deles chamou. –Como estão indo as aulas da AD?

Eles pararam para conversar com a mais velha.

—-Muito boas, professora. –Harry respondeu orgulhoso.

—-Sim. Soube que a Srta Weasley reduziu a pó o ‘boneco’ que vocês usam para praticar. Sem contar a rapidez que ela utilizou o feitiço estuporante num duelo aqui na sala. Está de parabéns Sr Potter, é um ótimo professor.

Ele corou com o comentário, e respondeu:

—-A Gina é muito forte, professora. Tem uma agilidade fantástica, e feitiços muito poderosos...

Rony revirou os olhos ao ver a cara de bobo que Harry fazia. Ele olhou pro lado e viu a irmã passando no corredor, fez um sinal para que ela entrasse em silêncio.

—-...é realmente forte, inteligente, astuta e...

—-Tá falando de quem, Harry Potter? –Gina perguntou.

Harry virou-se para traz e viu a namorada parada ali, com os braços cruzados e uma expressão indecifrável. Ficou muito corado e respondeu em voz baixa, arrancando risos até da professora:

—-Benzinho, eu estava te elogiando...

—-Você é um fofo, Harry. –Ela deu um beijinho na bochecha dele. –Mas não me chama de benzinho...

Ele corou mais ainda.

—-Queridos, eu tenho que ir. Boa AD pra vocês, e boa noite. –Ela desejou saindo da sala.

—-Ah, Harry. Não precisa ficar com vergonha. Vem, vamos jantar. –Gina saiu puxando o moreno pela mão.

Rony e Hermione se entreolharam e foram atrás.

Assim que terminaram de jantar, eles foram para a reunião da AD. O treino foi exaustivo, eles estavam entrando numa área de azarações mais complexas. Depois da aula alguns colegas ficaram, como combinado, para jogar uma partida de Verdade ou Desafio. 

Enquanto as meninas organizavam a roda e Hermione enfeitiçava uma garrafa, Rony e Harry foram na cozinha pegar algumas garrafas de cerveja amanteigada.

—-Podemos começar? –Gina perguntou.

—-Mas o Rony e o Harry ainda não chegaram...

—-Daqui a pouco eles voltam. –Simas falou. –Vamos começar, galera?

A turma concordou. Era o pessoal de sempre: Neville, Luna, Simas, Dino, Lilá, as Patil, Anna Aboot, Susana Bones, Teo Boot, Miguel Córner e mais alguns outros. Eles estavam sentados formando uma roda. Hermione colocou a garrafa no centro e fez um feitiço, que faria a garrafa emitir faíscas vermelhas se a pessoa mentisse.

—-Vale tudo? –Dino perguntou.

—-Sim. –Hermione respondeu formalmente.

Umas garotas abafaram risadinhas.

—-Podemos seguir? –A morena perguntou olhando para as colegas risonhas, que pararam.

Gina rodou a garrafa. Dino pergunta pra Simas.

—-Verdade ou desafio?

—-Verdade. –Simas respondeu decidido.

—-É verdade que você pegou a Hanna Miley da Corvinal no ano passado?

—-Não. –o garoto respondeu com pesar.

A garrafa produziu faíscas verdes: verdade.

Simas rodou a garrafa, parando entre Parvati e Padma. A primeira fez uma pergunta que a outra respondeu com risadinhas nervosas. Hermione nem prestou atenção. Estava com os pensamentos voando quando a voz de Gina chamou:

—-Mione, presta atenção no jogo...

A morena se aprumou no lugar. A garrafa estava apontada de Lilá para Teo Boot.

—-Verdade ou desafio, Teo? –a loira perguntou manhosa.

—-Desafio...

—-Ok. –ela concordou. –Mas pra isso você precisa escolher três garotas da roda.

Téo concordou e escolheu Gina, Susana Bones e Hermione, e elas se levantaram. Lilá passou o olhar malicioso pelas três, e se fixou em Hermione. Ainda sem tirar os olhos dela, propôs:

—-Beije a Granger. Deixa eu ver... –ela fez cara de pensativa. –vinte segundos.

Hermione nem estava prestando atenção, ela olhava para a porta, esperando que um certo ruivo entrasse, mas foi despertada dos seus devaneios quando uma boca grudou na sua. Mas eram lábios diferentes do que ela estava acostumada. Não eram macios e nem tinham aquele sabor de menta, sem contar que o beijo era horrível. A morena tentou se esquivar do estranho, que logo ela reconheceu como sendo Téo, mas antes que conseguisse, ela ouviu um estrondo.

Hermione levou um susto quando ouviu o barulho de vidro quebrando. Empurrou Teo com toda força que tinha e olhou para a origem do barulho.

Rony estava parado perto da porta, vermelho de raiva. As garrafas que antes ele segurava, agora estavam quebradas no chão. Harry estava o lado dele, olhando a cena chocado.

—-RON! –Hermione começou. –Eu não...

[i]Meus pés não tocam mais o chão.
Meus olhos não veêm minha direção.
Da minha boca saem coisas sem sentido.
Você era meu farol e hoje estou perdido.[/i]

Ela se calou. Ron avançou na direção dos dois e deu um soco na cara de Boot. 

O outro deu um grito e colocou a mão no nariz que sangrava. Arfando, o ruivo lançou um olhar desprezível para Hermione e saiu da sala batendo a porta. A garota saiu correndo atraz dele, gritando:

—-Espera, Ron!! RONY!

[i]O sofrimento vem à noite sem pudor.
Somente o sono ameniza minha dor.
Mas e depois? E quando o dia clarear?
Quero viver do teu sorriso teu olhar.[/i]

Eles estavam na frente do retrato da Mulher Gorda quando o ruivo parou e olhou pra ela. Ele tinha uma expressão de puro ódio e ressentimento. Seu rosto estava vermelho e os olhos marejados.

[i]Eu corro pro mar pra não lembrar você.
E o vento me traz o que eu quero esquecer.
Entre os soluços do meu choro eu tento te explicar.
Nos teus braços é o meu lugar.
Contemplando as estrelas, minha solidão.
Aperta forte o peito é mais que uma emoção
Esqueci do meu orgulho pra você voltar
Permaneço sem amor, sem luz, sem ar...[/i]

—-Rony, me escuta! –Ela praticamente implorou. –Foi a Lavander! Pergunta pra Gina, ela quem propôs o desafio pro Teo! 

—-E você aceitou. –ele acusou gritando. –eu mal virei as costas e você já estava se agarrando com OUTRO! E não venha me dizer que foi por causa do jogo –ele acrescentou. –PORQUE VOCÊ PODERIA TER DITO NÃO!

[i]Perdi o jogo, tive que te ver partir.
E minha alma sem motivo para existir.
Já não suporto esse vazio quero me entregar
Ter você pra nunca mais nos separar [/i]

—-Ronald! Para de gritar e me escuta! –Ele cruzou os braços e olhou feio pra ela. –A lavander armou isso, eu tenho certeza! Ela me deixou num beco sem saída e eu nem prestei atenção...

—-Desde quando você faz o que os outros manda, Hermione? –seu tom era baixo e mortal. –Quer saber de uma coisa? ME ESQUECE, GRANGER! 

[i]Você é o encaixe perfeito do meu coração.
O seu sorriso é a chama da minha paixão.
Mas é fria a madrugada sem você aqui.
Só com você no pensamento.[/i]

Ele praticamente gritou a senha para a Mulher Gorda, que observava a briga atentamente, e entrou batendo o pé. A sala estava completamente silenciosa, e todos encaravam a garota. Hermione ignorou isso e subiu as escadas, em direção ao dormitório masculino.

—-Rony! Ronald! –ela batia forte na porta. –Abre Ron! –Ele não respondeu. –ALOHOMORA!

A porta abriu com força. Hermione entrou no quarto, e encontrou o ruivo furioso olhando pra ela.

[i]Eu corro pro mar pra não lembrar você.
E o vento me traz o que eu quero esquecer.
Entre os soluços do meu choro eu tento te explicar.
Nos teus braços é o meu lugar.[/i]

—-Você tá maluca, Granger?!

—-Vai me escutar ou não? –ela ignorou a fala do ruivo.

—-Se alguém viesse me CONTAR alguma coisa, eu te escutaria. Mas eu VI o que aconteceu! Resumindo, Granger: EU NÃO QUERO OUVIR NADA DE VOCÊ!

—-Ronald, você está sendo infantil! –a voz dela tremia desesperada. –Me escuta, por favor! Eu não queria...

—-VOCÊ JÁ DISSE ISSO! –ele urrou de fúria –MAS EU ÃO ACREDITO! FOI SÓ EU VIRAR AS COSTAS E VOCÊ ME TRAIU! VOCÊ NÃO PRESTA, GRANGER. E aquele seu papo de “Eu tenho medo de te perder, Ron...” –ele imitou a voz dela. –ERA TUDO MENTIRA! VOCÊ TINHA MEDO É DE PARAR DE TER SEUS ‘CASOS’, ISSO SIM!

[i]Contemplando as estrelas minha solidão.
Aperta forte o peito é mais que uma emoção
Esqueci do meu orgulho pra você voltar
Permaneço sem amor, sem luz...[/i]

Ele arfava e ela chorava. A jovem parecia ter levado uma bofetada na cara. Mesmo estando muito magoada, ela tentou mais uma vez:

—-Pela ultima vez, Ron! Foi aquela vaca da sua ex-namorada que armou tudo!

Ela fez uma careta quando se referiu à Lilá.

Rony estava com os olhos fechados com força. Ele parecia estar com dor, e sua voz estava embargada, porém decidida quando respondeu:

—-A minha ex-namorada é você, Granger.

[i]Meu ar, meu chão é você
Mesmo quando fecho os olhos
Posso te ver...[/i]

Hermione deu um soluço alto e saiu correndo para o seu quarto. Sem trocar de roupa, ela se jogou na cama e fechou a cortina, se isolando de tudo. Ela chorou, chorou até o dia amanhecer, que foi quando o sono a venceu.

[i]Eu corro pro mar pra não lembrar você.
E o vento me traz o que eu quero esquecer.
Entre os soluços do meu choro eu tento te explicar.
Nos teus braços é o meu lugar.[/i]

No outro quarto, Rony se largou na cama chorando, sem se preocupar que os amigos o veriam. Na verdade, ele nem viu os colegas entrarem. Só o Harry foi falar com ele. Não falar com palavras, mas com um abraço fraterno, que era o que ele precisava no momento.

[i]Contemplando as estrelas minha solidão.
Aperta forte o peito é mais que uma emoção
Esqueci do meu orgulho pra você voltar
Permaneço sem amor, sem luz
sem ar...[/i]