Músicas Para A Vida escrita por Polly S


Capítulo 11
Capítulo 10 - Party Suck


Notas iniciais do capítulo

Boa Noite, meninas!



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– Então... vejamos... – Bella murmurou ajeitando seus óculos. – Nessie me ajuda a montar a ordem, por favor. Onde está a Leah?

Bella estava histérica. Era sexta-feira à tarde e no dia seguinte seria o encerramento do semestre. Onde os alunos mostrariam o que aprenderam durante os meses de aulas.

– Cheguei. – Leah anunciou sentando-se no balcão do Sue’s. – Foi difícil fugir da detenção. E Nessie, não esquece a festa hoje com o Seth. Meu pai me ligou implorando para que eu vá a Portland. A vovó está tendo alucinações novamente com aquele bichinho imaginário dela. Me diz se é possível uma senhora de noventa e sete anos ter alucinações com um Unicórnio Rosa chamado Rosildo?

– É normal devido à idade. – Bella disse e Leah olhou severamente para a mulher.

– Meu avô disse que ela conhece o Rosildo desde os seis anos de idade e nunca mais o largou, se isso é normal a minha mãe é virgem. – Leah declarou – Nessie me faz um café com três leites e me da um daqueles cupcakes da Sue.

– Eu já te falei que quem faz os Cupcakes sou eu e não a Sue. – Nessie rolou os olhos indo pegar o que a amiga pediu.

– Ta. Mas e aí? Como foi a tutoria hoje?

Nessie parou subitamente.

– Estranho. – disse parecendo distante.


Flashback

Quando Nessie chegou a Rivercourt usando seu horrível Poncho florido, surpreendeu-se ao ver Jacob lá, com os livros e os cadernos abertos, concentrado tentando decorar uma data histórica.

Sua surpresa foi tanta que ela travou no lugar com os olhos arregalados.

Jacob nem notou a presença da garota que por sua vez sacudiu a cabeça e andou até a mesa que ocuparam todos os dias naquela semana.

– Está... – ele consultou o relógio – um minuto e 15 segundos atrasada.

Ela arqueou uma sobrancelha para ele.

– Você estava morrendo de vontade de fazer isso, não é? – ela perguntou – Não precisa responder essa pergunta, mas essa que vou fazer agora exige uma resposta: Você está se sentindo bem?

Ele pareceu confuso.

– Por quê?

– Você está estudando, gênio! – ela disse o óbvio.

Ele deu ombros.

– Apenas resolvi fazer algo que preste com a minha vida, algo contra?

– Não. – ela disse. – Está estudando história, não é?

Ela puxou o livro e deu uma olhada.

– Civilização grega... – murmurou – facinho, preste... O que é isso, Black?

Jacob estendia uma pulseira para ela. Era simples de miçangas com o formato de flores e bolinhas e era colorido. Nada extravagante.

– Uma pulseira não está vendo?

– Claro que estou vendo! – ela disse irritada, mas ficou confusa quando ele gentilmente puxou seu pulso branco e fino e depositou a pulseira lá.

– Nunca diga que nunca te dei nada. – ele disse – e no dia em que disser eu vou poder dizer que você está mentindo.

– Certo, porque você me deu... uma pulseira que vem em caixinhas de cereal premiadas. – ela disse irônica.

– Achei que ficaria bem em você. E você errou. No meu cereal veio uma mini máscara de papelão do Homem de Ferro. Eu comprei pra uma prima minha há alguns anos e ela não quis, achei ontem no meio das minhas coisas e achei a sua cara. Fique com ela se quiser.

Parte daquela história era mentira.

Ele havia saído com sua mãe para ir ao Shopping, já que a mesma queria comprar um presente para uma amiga que teria um bebê em breve e ele aproveitou a deixa para sair de perto de Billy, alegando que queria esfriar a cabeça depois que terminara com Lauren por telefone. Estava esperando sua mãe do lado de fora da loja de bebês quando viu a pulseira em um quiosque de bijuterias feitas por índios Cherokee e assim que a viu lembrou-se de Nessie. Imaginou a pulseira no pulso fino dela e não conseguiu achar lugar mais bonito. Pagou quinze dólares por ela. E se dependesse dele, Nessie jamais saberia dessa história.

Nessie respirou fundo e disse:

– Se isso foi uma tentativa de me irritar você conseguiu e eu só não te deixo estudando sozinho porque o professor de Ioga da minha tia me disse para exercitar a paciência e porque eu firmei um compromisso com você.

Jacob sorriu feliz.

– Que bom, mas eu não estava tentando te irritar.

Aquilo fez Nessie picar surpresa.

– Embora você fique muito fofa com raiva.

Ela corou.

– Vamos estudar? – perguntou colocando o cabelo atrás da orelha.

– Vamos, mas a propósito... Você fica mais bonita com o cabelo solto.

E com isso ele fixou seus olhos no caderno deixando a garota completamente confusa com a atitude dele.

Fim do Flashback


Ela balançou a cabeça indo preparar o café da amiga.

– Então... – Bella disse – Eu coloco os pais nas mesas da frente ou nas da Galeria para verem melhor? E James confirmou o cenário?

– Confirmou. Katie ligou dizendo que chegará amanhã. E o grupo de teatro esta com tudo em cima. Inclusive eu: Que irei fazer a Rosalina do conto moderno de Shakespeare! Ah... E o coral também está ótimo e se por acaso acontecer algo eu treinei com eles uma música que define bem o Romeu quando pensa que a Julieta está morta. E o pessoal de Artes Plásticas já terminou os quadros, que o tio Riley está levando para o Salão agora mesmo. – Nessie disse rapidamente enquanto trabalhava no café de Leah entregando para a amiga logo em seguida.

– Ah. – Leah disse – ligaram do salão que a senhora reservou confirmando o aluguel. E o cara da decoração...

A atenção de Nessie foi tomada pela entrada de um trio de rapazes.

Embry Call, Quil Ateara e Jacob Black.

Não havia outra pessoa além dela para atendê-los. Uma vez que Sue havia ido a Seattle para escolher pessoalmente o novo carregamento de queijos e Sarah, a sócia de Sue e mãe de Jacob havia ido com ela.

– Eu já volto. – falou pegando o caderninho, foi até eles e perguntou – Em que posso ajudá-los?

Jacob sorriu e perguntou:

– Minha mãe está por aqui?

– Não, sua mãe saiu com Sue há algumas horas. Vai querer alguma coisa?

– Três hambúrgueres, três cocas, um bolo de chocolate e dois donuts. – Jacob disse e Nessie ia anotando tudo rapidamente.

– Mais alguma coisa?

– Não. – falou despreocupado e agindo como se nunca tivesse visto-a na vida.

Aquilo a confundiu. Ele agia como uma pessoa amigável de manhã e agora a ignorava?

Ela virou e foi buscar o que ele havia pedido.


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Leah sabia que tinha algo acontecendo.

Nessie parecia confusa e meio desapontada ao passo de Jacob que ria como o idiota que era.

Bella parecia ter notado também porque largou o caderno suavemente na mesa, levou a mão ao queixo parecendo prestar atenção a cada movimento da filha.

– Nessie! – a mãe chamou – o que você acha de sugerir a Sue e a Sarah uma noite de karaoquê?

Nessie quase derrubou o chocolate quente que fizera.

– Sem chances, mamãe. – disse. – A senhora sabe que eu prezo as minhas sextas-feiras.

– Sei disso e a prova é que você e Seth estão saindo juntos hoje... por falar nele... – Bella arqueou uma sobrancelha sugestivamente – ele até que é bonitinho não acha?

– Eu acho. – Leah disse sorrindo bobamente.

– Eca! – Nessie fez careta. – Mãe sem chance!

– A qual é querida! Seth é um bom rapaz, vocês se conhecem desde crianças, cresceram juntos... por que não?

– Porque eu o vejo como um irmão. Imagine a senhora beijando o tio Riley ou o tio James.

Bella fez careta com nojo.

– Agora a senhora me entende. – Nessie falou e então olhou para Leah – mas eu acho que a Leah não se importaria em beijar o Seth não é?

– Não. Nenhum... – então ela se deu conta – Claro que me importaria!

Nessie rolou os olhos colocando os donuts na bandeja.

– Ta! Você não o acha bonitinho e eu sou o Peter Pan. Leah, seja sincera. Você gosta do Seth.

– Mas ele gosta da Carrie. – Leah objetou – e eu não vou sabotar ninguém.

– Não se trata de sabotar. – Bella disse – se trata de lutar pelo que quer. Um homem muito inteligente disse que ‘No amor e na guerra vale tudo’.

– E quando no ‘amor’ está incluso ‘amizade’? – Leah questionou.

– O fato é que Carrie não gosta de Seth. – Nessie disse – Vai lá, garota! Faça-o gostar de você.

Leah pensou por um momento.

Leah gosta de Seth que gosta de Carrie que sofreu uma desilusão amorosa sem amor por Jacob Black que quer usar Nessie que só falta estapeá-lo todas as vezes que o vê. Ô vidinha complicada!” pensou “Nessie lutou por Drew e ele ficou com a egípcia e ele se ferrou depois. Mas era amor platônico o dela, porque a egípcia gostava do Drew... Carrie não gosta do Seth, romanticamente falando... Então, quem sabe ele possa me dar uma chance!?

– Vocês estão certas!

Bella e Nessie sorriram uma para a outra enquanto Nessie levava o pedido de Jacob.

– Quem vê de fora vê melhor. – Bella disse simplesmente se virando para observar a filha.


...........................


Nessie depositou a bandeja lotada de comida e lançando um olhar de raio laser para Jacob se afastou.

O rapaz não entendeu nada.

– Porque você ta encarando a garçonete? – Embry perguntou confuso.

– Ela esqueceu o ketchup. – ele mentiu – eu vou buscar na cozinha.

Enquanto passava ouvira a conversa de Bella com Leah e Nessie.

– Ta, eliminamos o Seth, quem é o próximo candidato? – Bella perguntou.

– Tyler Crowley? – Leah riu fazendo Nessie corar.

– Já disse que ele me beijou a força, Leah.

– A força ou não foi seu primeiro beijo, lindinha. Aliás, além dele quem mais hein? Ah teve o Drew, não podemos esquecer o Drew. Ele foi o culpado pelo coraçãozinho partido da ruiva.

Nessie passou as mãos pelo cabelo e Jacob viu que ela usava a pulseira.

Sorriu consigo mesmo satisfeito.

– Que pulseira é essa? – Leah puxou o braço de Nessie.

– Veio em uma caixinha de cereal. Não é nada. – Nessie desconversou e tirou a pulseira jogando-a dentro de sua bolsa.

Jacob abaixou os olhos pegando o ketchup e a mostarda.

Quando ele voltou a sua mesa não parou de pensar na conversa das três.

Tyler Crowley dera o primeiro beijo de Nessie e foi á força... Drew... quem era Drew?

– Ei, vocês sabem de algum Drew lá da escola? – perguntou como quem não quer nada

Os dois pensaram por um momento e Quil falou:

– Bem... tem o Drew Parkinson, aquele cara que engravidou a egípcia e tal...

– A tal egípcia não deixou ele e o bebê? – Embry perguntou.

– É. Agora ele cuida do bebê com a ajuda dos pais dele. – Quil disse – O cara joga basquete pra caramba.

– Está falando do D. Parkinson. O power forward que nunca vai a festas? – Jacob perguntou surpreso.

– Esse mesmo. O PF puritano! – Embry disse sorrindo maldoso.

– O melhor Pivô do basquete de colegial que a FHS já teve! – Quil disse.

Jacob franziu a testa.

Nessie já fora apaixonada por ele e ele a trocou por uma egípcia que não valia nada. Ela sofrera, mas ele ficou feliz por ser apenas uma paixonite, assim os estragos foram menos. Ele conseguia ver nos belos olhos castanhos dela que ela era apaixonada pela família, apaixonada pelos amigos, e apaixonada pela música. Ele percebera ao vê-la cantar no dia anterior que a música definia a pessoa que ela era. Música era a sua vida. Era tudo o que ela tinha certeza de que nunca iria perder. E ele queria dar a ela mais uma certeza: a certeza de que ele nunca iria perdê-lo se o tivesse pelo menos que fosse uma única vez.

– Olha a hora! – Leah exclamou – Nessie vamos, você ainda tem que esperar o jegue número 1.

– Não chame o Seth desse jeito. Se bem que... – Nessie disse sorrindo travessa – você pode.

Leah rolou os olhos.

– Querida eu posso tudo, inclusive chutar o seu traseiro pra fora daqui, inclusive te fazer cantar lindamente em um show de karaoquê sem duas pílulas do calmante mais poderoso que existe.

– Eu não posso ir agora, Leah... – a garota negou – Se eu sair, o Sue’s fica sem ninguém e...

Na hora Sue e Sarah entraram.

– Olá Nessie. – Sue sorriu colocando várias sacolas no balcão. – Pode ir, Seth me ligou agora a pouco.

– Tchau tia. – Nessie e Leah disseram, já que Leah empurrava Nessie pela porta e jogava o avental da menina sobre os ombros.

O mesmo caiu na cabeça de Quil.

– A cara, qual é? – Quil reclamou – Um avental de... – ele parou de repente – Ta cheiroso... Hmm... essa garçonete cheira bem! – Quil cheirava curioso – Ela cheira muito bem.

Jacob viu vermelho e arrancou o avental da cabeça do amigo em menos de um segundo, levantando-se em seguida com raiva.

– Eu vou guardar o avental daquela desleixada.

Ele foi para o balcão e deixou lá certo de que sua mãe iria ver o avental e guardá-lo.

Ele sabia que ela era cheirosa. Ele mesmo sentiu, de longe, o perfume suave e floral dela.

Era um cheiro que se ele pudesse ficaria sentindo para o resto da vida.


..............................


– Tem certeza de que você pode dirigir? – Nessie perguntou nervosa pela milésima vez.

– Absoluta. Minha mãe assinou um documento. – Seth sorriu para a amiga.

Ela entrou no carro e colocou o cinto de segurança.

– Ta nervosa porque ruivinha? – ele bagunçou.

– Porque eu sinceramente não estou segura de que você pode dirigir, nem se você sabe dirigir e não quero correr o risco de ter um traumatismo craniano e morrer. Porque se a gente bater você sabe que corremos um sério risco de morrer. Você sabe, leis da física. Toda ação corresponde a uma reação. Se você estiver a uma velocidade de oitenta quilômetros por hora a uma distância de...

– Ok. Já entendi. – ele a interrompeu antes que ela fizesse mais um de seus cálculos de cabeça e falasse algo que o deixasse mais confuso do que já estava.

Eles foram a caminho da festa e Seth, sentindo pena da amiga nervosa, ligou o som e a voz da Taylor Swift começou a tocar.

Nessie olhou assustada para o som antes de começar a rir.

Seth também teria rido.

– Muito obrigada, Seth. – ela disse limpando as lágrimas. – Isso realmente me acalmou.

– Essa Playlist tem o nome: Acalmar a Nessie.

Ela balançou a cabeça negativamente.

– Você é um gênio. – ela disse.

– Modéstia a parte sou sim.

Eles chegaram ao local da festa dez minutos depois.

Era em uma casa de praia, em La Push.

Jacob estava na frente da casa exibindo o seu sorriso perfeito e seu casaco do time.

Seth estacionou.

– Pronta? – ele perguntou.

– Espera só um instante. – ela pediu e tirou da bolsa seu Ipod, colocou os fones no ouvido e selecionou na pasta de nome “Anti-Privada”. A música começou a tocar alta em seus ouvidos.

Seth gargalhou.

– Porque o nome da pasta é Anti-Privada? – ele perguntou saindo do carro.

– Porque meu ouvido não é privada para ficar escutando merda. E para não escutar merdas eu coloco nessa playlist que por sinal é bem arquivada. Adoro Arctic Monkeys.

– Seu gosto musical é estranho.

Ela deu ombros.

– Pessoas normais são chatas. As esquisitas são mais Undergrounds. – disse ela saindo do carro.

Seth achou que ela estava se cobrindo muito.

Tudo bem que estava frio, mas ele não via necessidade de ela usar seu velho gorro verde, um casaco de couro marrom de marca que ganhara de Alice.

– Vou jantar na casa dos meus avós domingo. – Nessie disse – na casa dos avós Cullens.

Seth sorriu e abraçou a amiga pelos ombros.

– Fico feliz por você. Finalmente está se encontrando?

– Podemos dizer que sim. – ela sorriu animada e depois seus sorriso se desfez.

Jacob lançava um olhar curioso para os dois.

– Você veio e trouxe a namorada! – disse sarcástico, ele então estendeu a mão para Nessie e disse – Jacob Black, prazer em conhecê-la.

– Nessie Swan, já nos conhecemos. E você sabe que sua mãe é minha chefe.

Dizendo isso ela entrou na casa pisando duro e deixando os Blacks sem entenderem nada.


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Idiota! Idiota! Idiota! Idiota! Jacob Black você é o maior idiota que eu já conheci.” Nessie pensava irritada. Ela havia odiado o sarcasmo dele e o jeito ridículo em como ele tentara fazer acharem que eles não se conheciam fora a gota d’água. Uma criança de cinco anos de idade podia fazer melhor que aquilo! E ele era muito estranho! De manhã estava completamente fora de si sendo gentil, prestativo e um perfeito cavalheiro, no Sue’s ele a tratou arrogantemente e agora ele bancava o idiota ridículo e com um sarcasmo excessivo irritando-a ao extremo e provavelmente dando asas a percepção de Seth.

Porque Seth não era burro. Ele logo perceberia que havia algo errado e ficaria com ódio dela até o próximo século.

Ela tinha certeza de que ele tivera muita sorte por ela não ter uma arma ali, ou ela teria atirado nele.

Ela respirou fundo para se acalmar.

TPM. Só podia ser TPM.

Ela aumentou o volume dos fones de ouvido e deixou que, pelo menos por aquela noite, o rock pesado de Three Days Grace estourasse os seus tímpanos.

Estava com sede, foi a geladeira, mas só tinha cerveja, vodca e coisas mais fortes.

Foi até o cara que servia as bebidas e pegou um copo qualquer.

Ela não era boba, antes que fosse beber cheirou o líquido e fez careta.

Eca! Cerveja!” pensou e jogou o líquido em uma planta.

Ela sentiu alguém cutucar seu ombro.

Era Seth, ela tirou seus fones de ouvido.

– Você acabou de matar uma planta ou transformá-la em uma planta alcoólica. – ele disse.

Ela rolou os olhos.

– Eu quero uma água, mas aqui não tem nada se álcool. – ela falou desconfortável. – Eu quero ir embora.

– A gente acabou de chegar! – ele protestou.

– Se você quiser ficar tudo bem, eu fico mais alguns minutos por você, mas eu estou odiando tanto esse lugar que trocaria essa festa por meia hora de conversa com a tia Tanya.

Ele fez uma careta.

– Exagerei não é? – ela perguntou.

– Exagerou. – ele disse sinceramente fazendo a amiga respirar.

– Aguenta só mais uma hora?

– Eu agüentei catorze anos nesse mundo, acho que consigo agüentar uma hora, mas se por um acaso não me achar em lugar nenhum antes dessa uma hora saiba que eu dei no pé.

Ele riu.

– Ora, ora... se não é meu mais novo casal favorito! – Jacob surgia seguido por seus colegas de time e Lauren Mallory que sorriu maldosa para Nessie.

Nessie estreitou os olhos para ela, já prevendo alguma provocação de baixo nível.

– Nessie, que prazer te encontrar aqui. – Lauren dizia com falsidade – Seu apelido é do que? Monstro do Lago Ness?

– Na verdade é. É que desde pequena eu costumo colocar cada coisa em seu lugar. E estou muito tentada a colocar esse seu nariz de quatro metros no tamanho perfeito se não me deixar alternativa.

Ela tentava desesperadamente se lembrar as aulas de Ioga que tivera com tia Rose. Ou das aulas de meditação que tivera com tia Ângela alguns meses antes.

Lauren riu.

– Duvido muito. Você não sabe colocar nem essa camiseta ridícula no lugar quanto mais qualquer outra coisa.

Nessie suspirou parecendo entediada.

– Eu não vou mais gastar saliva com você que é um desperdício inútil.

Ela colocou os fones de ouvido vendo Lauren gritar e gesticular, mas ela não ouvia uma única palavra proferida pela loira.

No entanto quando Jacob abriu a boca ela discretamente abaixou o volume para ouvir.

– Bem vindo à festa, bastardo. – Jacob sorria arrogante – A propósito... belos sapatos.

Seth nem se incomodou eu olhar para seus velhos tênis Nike.

Nessie bufou e saiu de perto deles.

Ela estava irritada! Muito irritada!

Resolveu tomar um pouco de ar puro para ver se conseguia se acalmar.

Foi até a ponte da propriedade e respirou fundo.

Havia algo de errado com ela. Ela nunca ficara irritada com tanta facilidade. Na TPM ela chorava como se estivesse com depressão. Ok, uma vez foi depressão e ela teve que ficar tomando antidepressivos durante todo o período em que estivera no vermelho. Mas nunca ficara com raiva. Ou irritada.

Assistiu as ondas irem e virem. Viu sua respiração condensar-se no ar e sentiu o cheiro das árvores que habitavam o outro lado da ponte.

– Bela paisagem não? – uma voz suave e rouca a fez pular de susto. – Desculpe! – disse Jacob – não era minha intenção assustá-la.

Lá estava ele. O cavalheiro que ela havia visto de manhã cedo.

“Ele só pode ser bipolar.” Ela pensou.

– Tanto faz. – ela disse escorando-se na madeira da ponte.

Ele sorriu suavemente olhando-a.

Ele ficou tanto tempo olhando para ela que ela se sentiu desconfortável.

Desviou os olhos, girou a cabeça e esfregou o pescoço, mas ele parecia não querer parar de olhá-la, como se ela fosse a coisa mais linda do mundo. Ok, ela sabia que não era. Era desengonçada e gostava de comprar roupas em brechós, o dinheiro que tinha era economizado para futuros gastos, como faculdade ou mudar-se para Nova York, comprar seu apartamento e dar aulas de música em Juilliard.

– Você está me deixando desconfortável. – ela disse após cinco minutos de silêncio.

Ele pareceu acordar.

– O que? – ele perguntou.

– Você está me deixando desconfortável. – ela disse e então suspirou começando a voltar para a festa.

– Onde você vai? – ele perguntou correndo para alcançá-la.

– Para casa. Se por um acaso você achar o seu meio-irmão não banque o idiota como você sempre faz e diga a ele que eu já fui pra casa.

– Já? Mas vocês acabaram de chegar.

Ela parou e fitou-o fazendo um enorme esforço para não deixar sua paciência ir de vez pro espaço.

– Pra começar eu nem deveria ter vindo. – ela disse – e para terminar eu prefiro mil vezes ficar conversando com uma tia minha que é uma completa... ahn... sem-vergonha insuportável do que ficar mais um minuto nesse antro de podridão e escutando essas músicas que falam muito, mas não falam sobre nada.

Ele se perdeu na frase dela, mas continuou a caminhar ao lado dela pelo simples prazer de tê-la por perto.

– Como assim?

– Músicas que tem muito texto, mas não expressam nada. Não falam sobre seus sentimentos, sobre as condições horríveis em que o mundo está, sobre a sociedade hipócrita, não fazem criticas sociais... enfim, falam sobre “eu vou urinar na sua cabeça”, mas não falam sobre “O mundo precisa de pessoas sinceras que cuidem para que a vida persevere” ou sobre como ela se sente em relação as criticas sociais ou sobre como ela se sente com tanta gente esperando tanto da pessoa que a pessoa se sente triste e deprimida... as melhores canções surgiram em situações ruins.

– Ah, ta... entendi. – ele disse.

– É como dizem: Ano ruim, música boa. Ano bom, música aceitável.

– Quem fala isso? – ele perguntou.

– Meu pai. – ela respondeu simplesmente.

– Edward Cullen. – ele sentiu um calafrio ao lembrar-se da ameaça do homem. – Você quer uma carona para chegar a sua casa? – ele perguntou já sabendo que ela negaria.

– Não, obrigada. – ela disse fazendo-o sorrir.

– Vamos, hoje é sexta e são quase uns trinta quilômetros daqui até a sua casa. Você não vai querer ficar com bolhas nos pés de tanto andar não é?

Ela hesitou.

– Não. Não quero. – disse por fim.

– Você não quer ter bolhas nos pés ou não quer a minha carona? – ele perguntou.

– Por enquanto os dois. – ela disse.

– Vamos, Nessie. Eu juro que ninguém vai ficar sabendo se é disso que tem medo.

Ela hesitou olhando para a casa cheia de adolescentes com música alta e para ele.

– Tudo bem. – disse por fim – aceito sua carona.

Ele sorriu e pegou na mão dela puxando-a para um atalho escondido que daria na garagem onde seu pai guardava os carros.

Ele entrou num carro preto e pequeno comparado aos outros e fez sinal para que Nessie entrasse também.

A garota entrou e logo sentiu calor.

Tirou seu gorro e sua jaqueta e enrolou a manga da blusa que usava.

– Quente não? – Jacob indagou quando já estavam na estrada.

– Um pouco ela falou prendendo o cabelo em um coque.

Jacob parou em um sinal e olhou para ela que se ocupava em amarrar a jaqueta em torno do quadril. Foi então que ele viu algo na nuca dela.

Teve vontade de sorrir.

– Não sabia que tinha uma tatuagem! – disse em um tom sabe-tudo.

Ela se virou surpresa para ele e disse no mesmo tom que ele:

– Não sabia que era tão observador...

Ele sorriu.

– Posso ver?

– Não é nada demais. – ela disse – apenas a minha frase favorita e algumas estrelas...

– Posso ver? – ele insistiu.

Ela virou-se para ele e ele pode ver a frase: It’s Never Too Late adornado de estrelas pequenas e delicadas.

Ele passou a mão suavemente sentindo um choque, um calor que nunca sentira.

Seus dedos queimaram, ele ouviu Nessie arfar e suspirar tremulamente e então tirou a mão voltando a olhar para frente e apertando o volante com força. Ele queria agarrá-la ali mesmo. Beijá-la como nunca havia beijado ninguém e como ela também nunca havia sido beijada antes. Queria tocá-la e amá-la sem medo. Fazê-la sentir o amor que ele sentia por ela. Dizer a ela tudo que estava guardado em seu peito... e se dar bem com o pai dela, mas não era isso o que ele planejara.

Ele não era digno dela. Ela não podia ser visto com alguém como ele. E ele queria ser bom o suficiente para andar com ela. Para ser visto com ela. Para que ela se orgulhasse de andar com ele.

E seriam apenas amigos.

Com essa amarga decisão ele deu partida no carro.


...................................


Nessie respirava com dificuldade.

Sentia-se meio tonta e a parte da pele onde Jacob tocara – que fora justamente a parte de sua tatuagem – estava formigando, estava quente.

Que diabos era aquilo?

O resto da viagem fora silencioso.

Eles não falaram, não ousaram olhar um para o outro e quando o faziam desviavam os olhos constrangidos.

Assim que Jacob parou em frente a casa dela ele perguntou:

– Teremos aula amanhã ou estou livre o final de semana?

– Não. Não teremos aula amanhã. – ela disse. – Boa noite.

– Boa noite. – ele disse ao vê-la sair do carro.

Suspirando descontente ele deu partida de volta à festa.


........................


Seth não estava surpreso por não encontrar Nessie.

A garota parecia de mau-humor, como uma grávida com crise de chatice, o que o surpreendeu fora Jacob Black a dar-lhe a noticia.

Ele ficou com aquilo na cabeça durante horas e horas até perguntar para Skills se ele sabia onde ficava o banheiro.

– Na garagem. – Skills disse. – tem uma porta do lado de um carro pequeno o que o Jacob usou agora a pouco pra tentar queimar os pneus no asfalto aproveitando que hoje é feriado para os caras do trânsito.

Seth assentiu e seguiu para a garagem.

Ele fez o que tinha que fazer no banheiro e saiu, mas uma olhada rápida dentro do carro de Jacob o fez gelar como se tivesse saído de cueca no meio de uma tempestade de neve.

O que o velho gorro verde de Nessie estava fazendo no carro que Jacob usara há pouco tempo?


..........................................................

Edward e Bella estavam ha muito tempo deitados.

– Está acordado? - Bella perguntou.

– Estou. - respondeu fazendo a mulher rir. - O que foi?

– Você. - respondeu simplesmente.

– O quê que tem eu? - perguntou confuso.

– Não está conseguindo pregar o olho. Relaxe e descanse seu cavalo, paizão. Nossa filha sabe se cuidar. Ela é muito esperta sabia?

– Eu sei... Isso é um carro? – ele perguntou erguendo a cabeça.

– Deve ser. – Bella disse imitando o namorado.

Preocupados, os dois se entreolharam e se levantaram.

Abriram a cortina um de cada lado para não serem pegos espionando abertamente.

Nessie conversou rapidamente com a pessoa no volante e saiu apressada como o diabo foge da cruz.

Mesmo a distância e no escuro, Edward pode ver quem dirigia e seu maxilar travou com a raiva, mas sua mente temia por sua filha.

– Conseguiu ver quem era? – Bella sussurrou – Estava escuro demais não vi quem estava no volante.

– Jacob Black. – ele respondeu secamente – era Jacob Black quem dirigia aquele carro.


..................................


Leah achou super estranho sua melhor amiga entrar quase voando em casa sem se dar conta de três coisas: Ela, Carrie e o bolo de aniversário que ambas fizeram para Nessie.

Então, de um modo engraçado Nessie voltou da mesma forma que entrara: andando para trás.

– Carrie? – perguntou confusa.

– Feliz Aniversário? – Carrie perguntou.

Leah passou o dedo na cobertura do bolo e o levou a boca desconfiada.

Nessie bateu com a mão na testa.

– É mesmo! Hoje é meu aniversário.

As outras duas riram.

– Só você mesmo, amiga. – Carrie riu e se virou – Leah... por favor...

– Claro!

Leah pegou três copos da geladeira e disse:

– A Nessie!

As outras dias pegaram cada uma um copo.

– Vamos brindar a mim e a algo que todas passamos e nunca mais iremos passar.

As outras duas esperaram.

– Drew, um fulano e o outro fulano. – Nessie brincou e as outras duas caíram na gargalhada apesar da piada não ter um pingo de graça.

Carrie entendeu o que a amiga disse:

– A gente nunca vai deixar um cara, que não seja nosso pai, controlar nossas vidas. – Carrie disse.

– Essa foi profética. Até me arrepiei. – Leah brincou. – A Nessie.

– A Nessie.

– A mim. – Nessie disse e as três caíram na gargalhada.

Edward e Bella entraram parecendo sérios e impassíveis e a campainha tocou.

Quando Edward atendeu Seth entrou furioso com o velho gorro verde de Nessie.

– O que isso estava fazendo no carro de Jacob Black? – ele questionou.



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Notas finais do capítulo

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