Cliquem aqui *-* na boa deixa o capitulo mais emocionante :) 

“-Copperfield - respondeu Spenlow com um sorriso amável – você não conhece o meu sócio tão bem como eu. Longe de mim atribuir ao doutor Jorkins a mínima astúcia. Ele o que tem é uma forma de expor assuasobjecçõesquemuitasvezeschegaailudir.Não,Copperfield-concluiu, meneando a cabeça -Jorkins não se deixará abalar, acredite-me”  Eu continuei lendo. Já estávamos quase finalizando o livro ,e daqui alguns meses o inverno iria acabar e então teríamos que voltar para a escola. Harry estava cada vez mais magro. Podia ver os pulsos finos e pálidos por cima do livro. Estavamos no hospital eu ficava lendo para Harry para ele poder passar o tempo. Por mais doente que ele estivesse, por mais que suas crises de tosses piorassem Harry sempre mantinha o mesmo sorriso no rosto. “Procurava habituar-me ao pior e imaginar que resoluções se deviam tomar para um futuro que se antolhava tão sombrio, quando me ultrapassou um trem. Olhei para dentro do veículo, que acabava de parar, e vi que, por cima da portinhola, se me estendia uma mão delicada...”

-Harry ? – escutei a voz da enfermeira o chamando. Eu abaixei o livro e ela veio em sua direção para ajudar ele se levantar. Ele se levantou com muito esforço, e logo sorriu para mim, eu retribui. Por mais que eu quisesse me acabar de chorar por vê-lo nesse estado procurava sempre sorrir para que eu pudesse trazer um pouquinho de alegria a ele. E como dizem... um sorriso sempre é o melhor remédio. Ele saiu do quarto de hospital e eu fiquei ali sozinha. Iria ficar ali sozinha por longas duas horas, até a radioterapia acabar. Suspirei e olhei para os lados , não havia ninguém! Apenas um quarto branco e pobre de cores. Um quarto frio. Aos poucos meus olhos despejaram toda a dor e angustia. “Procurava habituar-me ao pior e imaginar que resoluções se deviam tomar para um futuro que se antolhava tão sombrio” as palavras que havia acabado de ler rondavam a minha mente. Por que eu? Por que ele ? Fechei os olhos e comecei a rezar. Era isso que me restava, a fé nunca vai embora. Rezei, rezei por Harry. Rezei para que tudo voltasse como era antes. Rezei para que ele voltasse com a pele corada. Rezei para que ele conseguisse se levantar da cama. Rezei para que ele conseguisse cantarolar novamente no meu ouvido a noite sem perder o fôlego. Rezei para que ele conseguisse respirar fundo novamente sem se contorcer de dor e quase chorar. Rezei para que ele não tossisse mais sangue. Rezei para que todo essa doença não se passasse de um pesadelo. Rezei para que Harry continuasse junto a mim. Rezei para que a vida não fosse tão cruel e injusta comigo. Rezei para que eu continuasse vendo aquele sorriso novamente. Rezei para continuar vendo seus olhos mudar de cor junto a luz.  Abri os olhos lentamente, ainda com a visão embaçada pelas lágrimas, e solucei.

                                                           [...]

“A  tia Betsey, ocupada todo esse tempo no outro quarto, comPeggotty, não os pôde acompanhar ao domicílio, mas insistiu comigo por que o fizesse, e eu obedeci. Jantámos juntos e, depois, Agnes sentou-se ao lado do pai, como antigamente, e serviu-lhe o vinho. Wickfield tomou apenas o que ela lhe deu e nada mais, e nós três ficámos a admirar, pela janela, o cair da tarde. Quando começou a escurecer, o advogado estirou-se num canapé: de volta à janela, ainda estava luz suficiente para que eu lhe visse brilhar lágrimas nos olhos....”  Tentei ler contendo a tremedeira em meu maxilar.  Senti Harry deslizar seus dedos sob meus cabelos.

-Eu amo o pôr-do-sol. – escutei Harry comentar, e eu me virei para ele e sorri – eu poderia passar a vida inteira aqui no cais, apenas vendo o pôr-do-sol com você. –e ele disse ainda com os olhos fixos no céu alaranjado que mantinha o oceano com um tom terroso. Fechei os olhos um pouco para conter a claridade. Me levantei e me inclinei, e beijei seus lábios. Harry colocou suas mãos em minha cintura me puxando para mais perto de seu corpo. Eu coloquei minhas mãos em seu cabelo bagunçando-o um pouco. O beijo ficava mais intenso e eu gostava. Parecia que tudo que eu sentia estava contido naquele beijo.

- Eu te amo. – disse Harry acariciando o meu rosto e sorrindo:

-Eu também te amo. – eu disse o abraçando e colocando minha cabeça em seu peito magro. Fechei os olhos. Fechei os olhos capturando todas as sensações de estar com Harry. Era como se aquele momento fosse único. Meu estômago embrulhou só de pensar que o fim estava próximo. Esta caindo em um abismo sem fim.