– Quem é você?! – Um homem alto perguntou com uma cara sinistra pra mim.

            – H-Harry!

            – Legal. Quem é você?

            – Ah. – Eu ri. – Eu sou do andar de cima e eu...

            – Aaah, sei, sei! – Ele me interrompeu. – Vou chamar a Jenny. – Ele disse e sorriu.

            Eu também não entendi! Como ele sabia que eu queria falar com a Jenny? E por que ele mudou de “cara sinistra” pra “cara de vizinho bonzinho” depois que eu falei que morava no andar de cima?!

            – Harry! – A voz perfeita me desligou dos meus pensamentos.

            POV Jenny

            Tava lá de boa arrumando a cozinha porque eu tinha feito brigadeiro, né?

            Aí enquanto eu tava fechando o pote do Toddy (- não sei se tem em Londres mas finge que tem! ah, e vocês escolham o achocolatado favorito de vocês! ^^ -) e meu pai chegou lá gritando. Eu levei um susto! Joguei o pote pra cima e caiu em cima de mim! Caiu no meu cabelo, na minha roupa, na cozinha...

            – Ô desesperada! – Meu pai disse enquanto ria.

            – Pra quê os gritos?

            – Ah, tem um tal de Harry na porta e...

            – HARRY?! – Eu gritei interrompendo.

            Esqueci da vida e corri pra porta. Vi ele lá encostado olhando pro nada.

            – Harry! – Dei o sorriso mais lindo que pude.

            – Jen... – Ele arregalou os olhos. – O que aconteceu com você?!

            Olhei tipo “hã?” e ele me olhou dos pés a cabeça, aí eu lembrei que tava coberta de Toddy!

            – Aaah! Eu tava fazendo brigadeiro e aí...

            – Fazendo o quê?! – Ele interrompeu.

            – Doce brasileiro, brigadeiro.

            – Hmmmmm. E você é desastrada na cozinha ou se cobrir de achocolatado faz parte da cultura brasileira? – Ele disse e riu.

            – Engraçadinho! Eu tava guardando o pote, meu pai me assustou e no susto joguei o trem pra cima! Você tem que ver a cozinha!

            – Fato sobre você: você se assusta fácil e quando se assusta é escandalosa! – Ele disse e riu.

            – É verdade... – Eu sorri. – Enfim! Por que veio aqui?

            – Pra te visitar! Pode não?

            – Claro que pode! Mas é bom avisar pra eu ficar mais arrumadinha.

            – Você tá linda aí cheia de chocolate.

            – Vai cagar!

            Ele riu.

            – Na verdade vim aqui porque os meninos queriam te conhecer.

            – Me conhecer?

            – É! Quando eu cheguei em casa, eu disse que tava com você e eles começaram a fazer perguntas.

            – Ah! Explicado! Você contou a história e falou que eu era muito sonsa e doida e eles queriam conhecer uma sonsa-doida brasileira, né?

            – Na verdade, contei a história e falei tudo que achava de você. Sonsa e doida não estavam na lista. – Ele disse e sorriu.

            – E... O que você acha de mim?

            – Não vou te falar!

            – Ah, qual é!

            – Quem sabe um dia você descobre, né?

            – Harry, vai me contar não? – Eu perguntei e fiz beicinho.

            – Não! – Ele disse sorrindo.

            – Tá bom então! Não vou te contar o que eu acho de você também! – Disse e cruzei os braços.

            – Você acha alguma coisa de mim?! – Ele perguntou surpreso.

            – Eu acho muitas coisas de você...

            – SÉRIO?! – Ele arregalou os olhos.

            – Sério!

            – Ah, sei. – Ele disse e cruzou os braços.

            – Por que eu mentiria?

            – Pra me fazer contar, dã! Não vou cair no seu jogo!

            – Que jogo?

            – Sério que acha muitas coisas de mim? – Ele perguntou e fez uma carinha fofa de dúvida.

            – Sério.

            – Me conta Jenny!

            – Me conta primeiro!

            – Não!

            – Então não conto!

            – Vai contar não?

            – Não!

            – Vamos ver então!

            Ele me olhou com uma cara maliciosa e de repente, meus pés não tocavam mais o chão. Ele me levantou! Eu estava tipo deitada nos ombros dele e o braço dele segurava as minhas costas.

            – ME PÕE NO CHÃO HARRY! – Eu gritei rindo.

            – Vai me contar?

            – NÃO!

            – Então vai ficar no ar! – Ele disse rindo.

            – HARRY!

            Comecei a balançar o cabelo e começou a cair Toddy nele.

            – Ei! Isso não vale!

            – Não vale você me levantar! – Eu disse e balancei mais o cabelo.

            Ele finalmente me pôs no chão.

            – Haa! Ganhei. Agora estamos kits e acholatados. – Eu disse e fiz uma dancinha boba.

            – Ganhou nada! Continua não sabendo o que eu acho de você. – Ele disse e fez língua pra mim.

            – Me coonta Harry! – Eu implorei.

            – Me conta primeiro!

            – Não! Só quando você me contar.

            – Af! Por que não quer me contar?

            – Medo da sua reação.

            O que ele quis dizer com isso?!

            Fiquei calada e ele riu.

            – Você quer ir lá em casa conhecer os meninos?

            – Agora?

            – É! A gente vê um filme ou sei lá!

            – Olha, eu tenho que arrumar a cozinha, trocar de roupa, tirar o resto de chocolate do meu cabelo e pedir pros meus pais.

            – Isso é um não?

            – Não!

            – Não?

            – Não! Não é um “não”, é um não pro “isso é um não”.

            – O quê?

            – Ai, entra Harry?

            Entramos na sala.

            – JENNIFER! O QUE VOCÊ FEZ AQUI?! – Minha mãe gritou da cozinha.

            – Fica aí Harry! – Eu disse e corri pra lá.

            – Calma! Eu vou limpar eu...

            – VAI LIMPAR MESMO MOÇA!

            – Oi! – O Harry chegou.

            – Eu disse pra você ficar lá! – Eu disse.

            – Sou mal, né? – Ele disse e sorriu.

            Minha mãe ficou toda sem graça!

            – Ah... ér... eu, não queria ter gritado! Eu não sabia que você estava...

            – Meu nome é Harry! – Ele interrompeu, puxou a mão da minha mãe e deu um beijo nela.

            Fofíssimo né?!

            – Sou Loren. – Minha mãe disse e sorriu.

            – Mãe, o Harry mora no andar de cima. – Eu disse.

            – E vocês se conheceram antes?

            – É! No aeroporto! – Ele disse.

            – É! No elevador! – Eu disse exatamente junto com ele. -.-

            – Onde?! – Minha mãe perguntou.

            – Aah... No elevador do aeroporto? – O Harry disse e riu.

            – Elevador do aeroporto? – Minha mãe perguntou.

            – Ele tá brincando mãe! Foi no elevador aqui do prédio. – Eu respondi.

            – E o que você tá fazendo aqui, Harry? – Minha mãe perguntou.

            – Ah, ele...

            – Eu explico. – Ele me interrompeu. – Eu conheci a Jenny na recepção e conversando, descobri que ela veio do Brasil. Eu então supus que ela não tinha amigos, certo? E agora eu estou indo ver um filme e comer pipoca e pensei “Por que não chamar a Jenny?”, e aqui estou eu, pra chamar a Jenny! – Ele disse e sorriu.

            Enquanto ele falava eu viajava! A voz dele é grossa e ele fala devagaaaaar e caaalmoo... Seduz qualquer um!

            – Só vocês dois? – Minha mãe perguntou me fazendo voltar pra realidade.

            – Não, não. Eu moro com quatro amigos meus...

            Minha mãe arregalou os olhos um pouco.

            – Você quer ir, Jenny? – Ela perguntou sorrindo.

            – Quero né? Vai ser legal...

            – Harry, você pode ser lindo, mas não parece ser muito confiável!

            – MÃE! – Eu gritei e o Harry riu.

            – O quê?! – Ela perguntou.

            – Ai! Você vai deixar?