Marionete do Fascínio (Ou “Oi, eu sou alérgica a poeira de estrelas”)

Da minha janela eu vejo uma cidade feita de concreto, silêncio e poeira de estrela.

Um espelho opaco da minha melancolia fria encravada de coisinhas acesas.

Um cenário desolado se emoldura na minha janela (por que não há nada mais solitário do que ver uma cidade apagar suas janelas e a sua permanecer brilhando.)

O céu é violeta e vermelho da minha janela; as nuvens são néon sobre o fundo escuro, são alto-contraste, tons de sépia e por trás, por baixo, no fundo, há os astros que restaram, fulgurando...

O que é o reflexo, o que é o real?

O que há na essência?

Porque, quando amanhecer eu sentirei falta da melodia dessas luzes, da profundidade dessa escuridão, dessa fria fascinação que me mantém desperta nessa noite estéril?

Essas pequenas chamas estão queimando o manto negro da noite.

Essas pequenas chamas estão queimando os meus olhos.

Essas pequenas chamas estão queimando minha alma.

Marcando-me por dentro..