Penseira (Ou "O Texto Que Deveria Ter 0 Palavras")

Quando minha mente perturbada não me deixa dormir, levanto, ligo o computador, posiciono-me na postura mais torta que consigo e coloco os dedos pra trabalhar.

Furiosamente batem no teclado as pontas avermelhadas dos dedos de desenhista, e as torneiras são abertas; O fluxo começa das reações químicas nas sinapses neurais  pro documento, todos aqueles pensamentos turvos e ruído interno são convertidos em caracteres, palavras, linhas, parágrafos, um dois, vinte, cem.

Os diques finalmente se rompem; eu deito de novo na escuridão, fecho meus olhos ressecados e pegajosos, e entro finalmente naquele estado de semiconsciencia e devaneio que chamam de sono.

Mente vazia.