P.O.V. Taylor

A semana passou bem rápido e eu ainda não tinha tido nenhum problema na escola. Eu passava a maior parte do tempo tentando prestar atenção nas aulas (tentando mesmo, porque as conversas das garotas ao meu lado pareciam ser bem mais interessantes do que as aulas) e lendo pelos cantos da escola. Bom, estava tudo bem. Não quer dizer que as coisas não pudessem piorar outra vez.

P.O.V. Nia

Nem parecia que só havia passado uma semana de aula. Pra mim já parecia que estávamos ali há um século. Já não agüentava mais aquele lugar. Pode parecer exagero, mas eu realmente não gostava de escola. Preferia mil vezes estar tocando por aí ou viajando com uma banda do que ali presa. Mas fazer o que, eu não podia mudar aquilo. Não agora...

Aquele dia as meninas tinham ido até a biblioteca procurar uns livros e eu estava andando sozinha pelo corredor. Estava meio desligada (com sono), mas ouvi um barulho vindo do corredor ao lado e corri pra lá. Era um barulho de risadas, mas risadas “más” se é que você me entende... era Lucy, com certeza. Lucy e suas amiguinhas idiotas. Elas se achavam uma gangue, viviam metendo o terror nas garotas da escola que elas não iam com a cara (eu era uma delas), mas não mexiam mais comigo e com as meninas desde que brigamos no ano passado e Hayley fez ela chorar igual a um bebê. Nós não costumávamos brigar assim na escola, mas daquela vez foi inevitável. Ou a gente brigava com elas, ou elas iam pegar a Demi. Nós nunca deixaríamos isso acontecer. Qualquer um que mexesse com ela estava arrumando briga conosco também. Ela e suas amigas não eram do tipo que batiam nas pessoas ou coisa do tipo (a não ser que realmente não gostassem da pessoa), mas conseguiam te ofender a ponto de te fazer sentir um nada. Aquela garota tinha o dom de infernizar as pessoas, mas pra mim aquilo tudo não passava de inveja.

Eu já sabia que elas estavam mexendo com alguém e que aquilo não me dizia respeito, mas eu precisava pelo menos ver quem era. Quando cheguei ao corredor eu finalmente vi. Era a Taylor. Ela estava toda encolhida contra o armário, enquanto Lucy e seu bando a zuavam e a ameaçavam. Lucy a segurava pelos braços e estava praticamente a levantando no ar. Elas estavam prestes a fazer algo além daquilo (talvez prendê-la no armário ou algo ainda pior) quando eu apareci gritando.

 -Ei, vocês! O que pensam que estão fazendo? – eu disse querendo parecer mais forte do que realmente era.

-Ora ora, vejam quem apareceu! – disse ela num tom sarcástico que me deixou com mais raiva ainda – Uma das garotas de fogo! O que é, virou a heroína dos corredores agora?

-Não, não virei – eu estava me segurando pra não ir até lá e brigar de verdade com ela – Mas acho que é melhor você tirar suas mãos dela logo antes que...

-Antes que o que? – ela disse enquanto se aproximava de mim. Eu estava com medo, mas não pretendia demonstrar isso, não agora – Você realmente pensa que eu tenho medo de você coisinha? Pensa que pode fazer alguma coisa contra mim? – ela estava me segurando assim como a Taylor, eu quase não sentia o chão sob meus pés.

-Eu ac...

-Ela não pode, mas eu tenho certeza de que posso! – todas se viraram para olhar, e graças a Deus era a Hay. Não sabia há quanto tempo ela estava ali, mas com certeza ela apareceu no momento certo. – Agora eu acho melhor você tirar as suas patas nojentas das duas antes que eu faça você chorar pra sua mamãe como na última vez! – eu podia não ser uma heroína, mas Hay com certeza era.

Lucy me soltou e se afastou cabisbaixa dali com suas amiguinhas. Pela primeira vez no meio da discussão, eu pude olhar para Taylor. Ela parecia com medo. Parecia uma garotinha assustada encolhida ali.

P.O.V. Taylor

Eu estava apavorada. Quando aquelas garotas me fecharam no corredor eu imaginei o pior. Sabia que estava perdida só de olhar para o rosto da maior delas, que parecia ser a “líder”. Elas me pressionaram nos armários, e eu tentava me encolher cada vez mais, como se isso pudesse me fazer desaparecer. Já era. Estou ferrada. Só conseguia pensar naquela grandalhona me esmagando como uma formiguinha. Mas então eu ouvi alguém chegar gritando no corredor. Era uma das garotas do cabelo vermelho, a que sentava ao meu lado eu acho. Eu mal conseguia ouvir o que ela falava, meu medo tinha me paralisado. A garota maior a pegou pelo braço assim como tinha feito comigo e eu achava que agora sim estava acabado. Nós duas estávamos ferradas agora. Mas então chegou outra pessoa. Dessa vez percebi que a garota maior estremeceu só de ouvir aquela voz. Eram as duas outras meninas que estudavam comigo, mas a voz era da mais baixa, que também tinha o cabelo vermelho.

As meninas que tinham me cercado foram saindo atrás da maior enquanto eu ficava ali, paralisada. O por que de uma garota daquele tamanho ter ficado com medo de uma que parecia tão mais fraca eu não sabia, mas estava grata por ela ter aparecido.

-Ei, você está bem? – eu tentava me recuperar, mas pude ver que quem falava comigo era a primeira garota, a que interrompera meu massacre. – Não precisa mais ficar com medo, já acabou ok.

-Eu... eu... – era difícil falar, mas eu tentava organizar bem as palavras em minha mente – Obrigado por terem me livrado dessa. – eu estava realmente muito grata.

-Que isso – agora era a outra ruiva que falava comigo – A Lucy é uma babaca mesmo... mas agora não precisa mais se preocupar com ela, nós vamos estar aqui pra te ajudar.

“Com vamos estar aqui ela queria dizer o que?” Eu pensei enquanto relaxava um pouco...

-É sim, nós vamos estar aqui agora – Pela primeira vez eu ouvia a voz da garota morena atrás delas. – E a propósito, acho que não fomos apresentadas devidamente... Eu sou a Demi.

-Ah é, tinha até me esquecido... Eu sou a Hayley e essa é a Nia. Acho que já nos conhece de algumas aulas em que estudamos juntas, mas de qualquer forma...

-É um prazer, eu sou a ... Taylor. – eu disse meio envergonhada.

-O prazer é todo nosso. – disse a Hayley – Agora vamos ou senão o Zac vai comer tudo antes de nós.

-Vamos então, estou morrendo de fome – disse a Nia – Venha com a gente Taylor, podemos não ser as pessoas mais legais do mundo, mas acho que dá pra nos agüentar.

Eu ri, ainda meio sem jeito, e acabei acompanhado-as. Elas tinham me salvado. Pode parecer exagero, mas pra mim foi como pareceu. Agora elas estavam me chamando pra ficar com elas. A idéia me pareceu ótima, se estar com elas significava manter aquelas outras garotas longe, era isso que eu iria fazer.