Então você invade meu sono e confunde meus sonhos.

Minhas noites tornaram-se incomodas e sem sono...

As sombras da noite continuavam a me perturbar. Sempre, insistentemente, a todo o momento. Mas se elas me atormentavam tanto, porque eu não conseguia parar de andar? Porque não ir para casa, ficar no quentinho da minha cama ao invés de ficar aqui, vagando pela rua, quase inconscientemente?

Eu era apenas guiada por uma voz. Uma voz rouca, que poderia ser confundida com a melodia de uma música.

Ela ficava chamando o meu nome, me pedia por ajuda e eu apenas seguia a voz, com a certeza de que eu deveria ajuda-lo.

O vento balançava os meus cabelos, me dando uma sensação gostosa de liberdade. As árvores balançavam, tamanha a força que o vento produzia aquela noite.

– Elena... - A voz me chamava, eu podia ouvi-la cada vez mais perto e eu só queria achar o dono daquela voz, eu precisava ajudá-lo pois eu tinha a certeza de que ele me ajudaria também.

Obriguei as minhas pernas a se moverem mais rápido, entrando na mata logo em seguida. Eu não tinha medo, apenas expectativas. Na verdade, a única coisa que eu queria, era encontra-lo logo.

Eu tropeçava e caía entre as raízes fincadas de algumas árvores, me erguendo logo em seguida, sem desanimar. A corrida era angustiante, meu peito inflamava de tanto cansaço e minhas pernas, pareciam não querer mais me obedecer.

Caio mais uma vez, chocando meu rosto contra o chão, sentindo a dor me consumir. Com o rosto afundado em meio as folhas das árvores, respiro fundo, tentando não desistir de continuar o meu caminho. Ergo um pouco meu rosto, avistando um tipo de porão e me levanto logo em seguida. Afasto os cabelos dos meus olhos, indo em direção ao porão.

Descço as escadas naquela imensa escuridão, vendo apenas a sombra de um homem. Sua silhueta era perfeita e reluzia a luz do luar. Ele tinha aparência de anjo mas ao julgar pelas roupas que vestia, não parecia que era o tipo de anjo bom.

Ele deu um lindo sorriso torto que transbordava sarcasmo. Seu olhar era carregado de maldade e ainda sim, ele conseguia ser extremamente sedutor.

O lindo e misterioso homem, começou a andar lentamente, até o jeito com que ele se movia era gracioso para mim. Seus lindos olhos azuis me olhavam com um certo interesse, só não conseguia distinguir em seu olhar, que tipo de interesse ele tinha por mim.

Um arrepio percorreu a minha espinha quando ele me deu um olhar gélido e recolheu o sorriso sarcástico que estava em seu rosto pouco tempo atrás e eu me perguntei se essa era a hora em que eu teria que correr.

O silêncio reinava entre nós, sendo o único barulho o do vento lá fora, que balançava raivosamente as árvores.

Assim que ele ficou frente a frente comigo, pude sentir a frieza que ele exalava mas eu não conseguia correr. Eu não queria correr, estava entorpecida demais para fazer alguma coisa.

Ele pendeu a cabeça para o lado e deu um sorrisinho debochado antes de dizer:

– Olá Elena, que bom que veio! - Era a mesma voz que me pedia por minha ajuda.

Antes que eu pudesse falar algo, seu rosto muda completamente e o horror me toma por completo. Antes que suas presas afiadas cheguem a perfurar meu pescoço, sou puxada para a realidade, saltando da cama assustada.

– Droga! Não acredito que sonhei com isso novamente! - Passei as mãos pelo meu rosto, enquanto tirava algumas mechas do meu cabelo que estavam grudadas em meu rosto, devido ao suor.

– Quando é que eu vou parar de ter o mesmo pesadelo? - Perguntei para mim mesma, enquanto me levantava da cama e ia para o banheiro, pensando no homem sarcástico que habitava meus sonhos e até meus pensamentos.