Durante dias eu tentava conversar com a Monica, mas ela fingia que não me ouvia, ou simplesmente saía andando, sem falar nada. A Magali também percebeu e disse que conversaria com ela pra ver o que estava acontecendo. Enquanto isso eu ficava cada vez mais amiga do Cê. Percebi que curtíamos as mesmas coisas, como internet, vídeo games e música. Como a Monica não estava conversando comigo eu andava muito com ele e o Cascão.

Íamos ao cinema, jogávamos nas máquinas do shopping, lanchávamos quase todos os dias na padaria do pai do Quim, namorado da Magali. E esses passeios foram virando fofoca na escola. Todos achavam que eu estava saindo com o Cebola. Mas ninguém sabia de onde surgiam esses boatos.

Quando a Monica finalmente decide conversar comigo, veio tirar satisfações a respeito desses fuxicos.

- Ei Isa, eu queria conversar com você.

- Oi Monica, tudo bem? Eu também queria falar umas coisas.

- Eu quero saber o que ta rolando entre você e o Cebola. – ela disse indiferente.

- Não tem nada acontecendo. Somos só amigos. E eu descobri que temos muitas coisas em comum, mas é só isso. Por que o interesse Monica?  Você ta com ciúmes? - disse em tom de brincadeira.

- É claro que não. Eu só vi que vocês estavam andando muito juntos.

- E por isso você se afastou de mim? Não conversava comigo e me ignorava completamente?

- A... acho que sim, ele sempre foi meu amigo e de repente se afastou de mim, porque estava andado com você.  E pelo que os outros estavam falando era meio difícil não acreditar.

- Ai Monica, eu nunca roubaria nenhum amigo seu. A gente tava junto por causa dos nossos gostos. E eu tentava conversar com você pra te convidar pra sair com a gente. A Magali não aceitava nossos convites porque não queria deixar você sozinha. Você ta chateada comigo ainda?

- Não, Isa. Tá tudo de boa. Mas vem cá, quem você acha que está espalhando esses boatos?

- Não sei, mas vou descobrir. –eu disse, decidida.

Uma semana depois da Monica voltar a conversar comigo, houve outro boato: de que eu era amante do Cascão! Fiquei chocada, porque sou muito amiga da Cascuda, namorada dele. E depois disso todo mundo se virou contra mim, menos a Monica, Magali, o Cebola e o Cascão, que tentavam desmentir essa história. Até a Cascuda brigou com ele quando nos viu chegando no colégio de braços dados. Mas eu sempre andei assim com meus amigos na minha outra cidade, e nunca houve nenhuma fofoca quanto a isso.

Depois disso vieram varias fofocas sobre mim. Que eu estava paquerando os professores, e me atirando para todos os garotos da sala, até mesmo os que tinham namorada, como o Titi e o Quim, namorado da Magá, que é minha melhor amiga. Ela sabia que isso tudo era boato, pois confia muito em mim e no Quim.

Eu estava muito triste por conta dessa confusão e todo dia prepara uma bandeja cheia de brigadeiros, cajuzinhos e outros docinhos e levava para o colégio. Quando fico triste como muitos doces e a Magali vivia brigando comigo.

- Amiga você não pode comer todo dia esse tanto de doces, faz mal pra sua saúde. – disse ela preocupada.

- Magá me deixa, eu to muito triste. Quero me afogar no açúcar.

- Desse jeito os garotos não vão mais te querer fófis, misses tem que ser magrinhas esqueceu? – escutei a Denise falando isso perto de mim e saiu andando com a Maria Melo, as pupilas da Carminha. Nem ânimo para brigar com elas eu tinha mais.

- Ai essas duas, não duvido nada que elas estão por trás disso.- falou Magali com raiva.- Mas deixa essas duas bobonas pra lá Isa. Não se rebaixe diante desses comentários.

- Tudo bem Magá, eu to bem. Não me importo com isso. – mas era mentira. Eu estava sofrendo. Só de ver os olhares me recriminando dentro do colégio o tempo inteiro eu me sentia mais pra baixo.

Durante a aula de Biologia, eu recebi um bilhete dizendo:

Isa, me encontre no final da aula na frente do anfiteatro.

Quero conversar com você. É sobre esses fuxicos que andam falando.

E não fale pra ninguém.

Cebola.

Eu olhei pra ele, e estava com a cara séria, mas sorriu para mim, daquele jeito que só ele consegue sorrir, e me que faz sentir uma segurança enorme. Eu sorri de volta e não percebi a Monica olhando para mim curiosa. Quando o sinal tocou eu saí com pressa arrumando minhas coisas. O Cê já tinha ido, porque ele fingiu que ia ao banheiro antes do sinal tocar.

- Vai tirar o pai da forca Isa? – perguntou a Monica.

- É que eu to muito apertada pra ir ao banheiro. – disse a primeira coisa que me veio à cabeça.

- Tudo bem, Mô, a gente espera ela no portão. – Falou Magá, toda tranqüila como sempre.

Eu saí feito um foguete em direção ao anfiteatro com medo de alguém me ver. Quando cheguei lá não tinha ninguém, mas percebi a porta entreaberta, e o zelador é muito responsável pra deixá-la assim. Decidi entrar e de repente alguém puxa meu braço e me encosta na parede. Como estava muito escuro eu não vi quem era e meu coração acelerou. Será que é um vampiro querendo meu sangue? Espero que ele não seja diabético pois com tanto doce que comi, acho que estou virando uma bomba de açúcar.

-Calma Isa, sou eu. – Quando o Cebola falou, meu coração acelerou mais rápido e comecei a sentir borboletas no estômago.

- Cê... que.. que susto. Você quer me matar do coração criatura? Eu quase que boto um ovo aqui de tanto medo.

- He He He He, preocupa não, meu docinho, eu só não queria que vissem a gente entrando aqui. – ele me chamava assim depois que comecei a trazer os doces para o colégio. – eu queria te falar uma coisa que eu descobri.

- E o que é? Se for quem está espalhando essas mentiras da gente e do Cas, além de falar que sou uma oferecida, eu vou quebrar a cara dessa pessoa.

- Exatamente. Eu descobri quem está espalhando essas fofocas. Mas antes de eu dizer, você tem que me prometer que não vai ficar louca da vida e ir atrás delas.

- Tá bom, eu prometo. Peraí, “delas”? isso significa que...

- Sim, foram a Carminha, Maria e Denise. – Cebola afirmou sério.

- Mas eu mato aquele “trio das belezas”, elas são umas loucas se pensam que...

- Ei, você prometeu não ficar louca e ir atrás delas.

- Tudo bem, foi instinto. Mas elas vão se safar assim, sem ao menos receberem um castigo?

- E quem disse que elas vão sair dessa impunes? – Cê sussurrou isso em meu ouvido, e eu me arrepiei toda, além das borboletas baterem suas asas freneticamente em meu estomago. - Eu tenho um plano.

- Isa você ta aqui? Mas... o que é isso? – uma luz veio em nossa direção de repente eu vi a última pessoa que deveria ver o Cebola e eu juntos naquela posição. ( eu encostada na parede e o Cê na minha frente, com um braço apoiado na parede e seu rosto perto do meu)

- Monica? Não está acontecendo nada o Cebola só desco...

- Eu não acredito que confiei em você, Isa. “Somos só amigos”. Até parece. E você Cebolinha ao menos abra o jogo com seus amigos antes de começar a namorar com alguém. Eu sempre fui sincera com vocês e é dessa forma que agradecem. – ela saiu correndo com a Magali atrás dela. O Cascão ficou parado como se estivesse congelado, olhando para nós.

- Véi, que sinistro. Cebola precisamos levar um papo sério.

- Depois a gente conversa Isa, eu vou tentar explicar pro Cas.

- Tudo bem, pode ir. Eu entendo. – e ele saiu correndo puxando o Cascão.

 Não acredito no que aconteceu comigo. Em menos de um mês eu fiz muitos amigos, virei motivo de fofocas no colégio inteiro, minha melhor amiga acredita que eu a traí com meu melhor amigo e ainda estou com fama de oferecida, amante e traidora. Que belo começo de ano heim, senhorita Isa.