Senti uma mão acariciando o meu rosto e abri meus olhos de vagar, mas claridade do lugar ofuscou minha visão por um tempo. Quando me acostumei consegui enxergar o rosto da Senhora Yume que continuava a me acariciar.

– Senhora Yume – Abri um sorriso de felicidade.

– Oi minha querida, se sente melhor?

– Sim, eu me sinto bem... - olhei em volta e notei que estava no hospital - quando cheguei aqui?

– Já faz sete dias completos. Foi um garoto muito gentil que te trouxe aqui - abriu um sorriso.

– Kakashi... O nome dele é Hatake Kakashi – esclareci, deixando transparecer um pouco do meu estranhamento por ter sido ele quem me trouxe.

– É um amigo seu?

– Não, é só um colega de classe. Ele não parece ter interesse em amizades, passa a maior parte do tempo treinando.

– A sim. Então ele também que ser um grande ninja como você. Isso é bom, parece que teremos bons ninjas protegendo Konoha.

Baixei a cabeça me lembrando da mulher. "O país do fogo esta em guerra minha querida, oque significa que todas essas pessoas insignificantes vão morrer, uma por uma!".

–Espero mesmo que tenhamos - sussurrei.

– Tudo bem mesmo com você? Seu rosto ficou meio pálido - disse tocando minha testa.

– Não se preocupe, é só impressão sua, fique tranquila - dei um sorriso. Se ela descobrisse sobre a guerra, ela não conseguiria ficar em paz. O melhor era eu manter isso em segredo absoluto até o dia chegar.

– Estou tranquila. Na verdade só um pouco preocupada com você. Quando você chegou aqui estava com algumas partes do seu corpo avermelhadas como queimaduras, e alguns de seus órgãos vitais sofreram lesões graves que poderiam ter tirado sua vida se não fosse trazida ao hospital - respirou fundo, parece que eu a preocupei muito.

– Me desculpe Senhora Yume, eu não queria lhe preocupar - toquei a mão dela e abri um sorriso. A senhora Yume era como uma mãe para mim, sempre se preocupava comigo.

– Oque você fez para causar isso tudo? - tocou minha mão que estava em cima da dela.

– E-eu não sei... Eu estava treinando e acho que exagerei um pouco - Foi a desculpa mais convincente que eu pude criar.

– Devia pegar mais leve nos seus treinos, da próxima vez não se pressione tanto - disse com um olhar menos preocupado.

– Prometo que pego leve da próxima vez

Depois de um tempo com migo ela foi em bora, deixando uma tulipa vermelha em um vaso transparente na janela do quarto. Sentia-me mal por ter deixado a Yume desse jeito. A senhora Yume me acolheu desde o dia que eu vim para a vila, quando tinha apenas meus cinco anos de idade, ela me dava comida, carinho, e sempre estava por perto quando eu mais precisava. Antes de ela me receber, há alguns anos, ela havia perdido seu filho e seu marido em uma missão em que eles foram, ficando sozinha até que eu apareci em sua vida e me adotou como filha. Desde então tenho sido muito grata a ela de todo o meu coração.

Fiquei um tempo olhando a janela, pensando na guerra que já havia começado. Eu não queria assistir aquilo tudo vendo pessoas serem mortas sem fazer nada, sei que eu só sou uma gennin, um ninja de baixo nível, mas eu sentia que podia fazer alguma coisa pelo menos para proteger algumas pessoas. Sentei-me na cabeceira da cama e nesse momento senti uma pontada no estômago que me fez deitar de novo. O que aconteceu para eu ficar desse jeito? Nem eu sei direito, só lembro-me de sentir um calor passando pelo meu corpo. O calor parecia "sair" da minha barriga e passar por todo corpo. Acho que era o meu chakra... Mas ele não era tão forte e intenso como aquele. Nem chegava perto na verdade.

Passaram alguns dias e finalmente pude sair do hospital, mas mesmo assim os médicos me proibiram de usar uma quantidade grande de chakra por uma semana porque tinha riscos de as feridas internas voltarem caso eu exagerasse. Então durante esse tempo eu fiquei treinando sem usar o meu chakra - pelo menos usando o menos possível - e pude melhorar um pouco minha habilidade com as Kunais e as Shurikens. Não vi mais o Kakashi desde aquela noite.

Um dia, depois de eu ter me recuperado completamente, e fui me encontrar com minha equipe para começar os treinos, quando cheguei lá dei de cara com o sensei.

– Ohaio Mitsue – Me cumprimentou com um sorriso - esta melhor?

– Sim, eu já me recuperei totalmente.

– Ótimo, agora podemos treinar sério hoje.

– Ainda não chegaram? - Perguntei notando que o Gai e a Kurenai não estavam ali.

– Não - sensei fez uma cara estranha e depois de um suspiro falou - Mitsue, oque aconteceu com você naquele dia?

Congelei, ele me pegou de surpresa.

– Eu estava treinando e...

– Quero saber oque aconteceu de verdade Mitsue, não adianta mentir para mim - disse sério

– Mas eu estou falando a verdade.

– Ninguém consegue ter feridas como aquelas só em um treinamento de gennin. Aconteceu alguma coisa. – Ele fez uma pausa, observando meu rosto espatado - Sabe que no mesmo dia em que aconteceu o seu acidente foram encontrados dois ninjas da vila oculta da chuva praticamente mortos?

Comecei a suar, mas disfarcei mantendo meu rosto normal.

– E oque eu tenho a ver com isso?

– Foi achado nos dois resquícios de um chakra diferente, mas que era muito semelhante com o seu chakra - olhou para mim fixamente.

– Eu não faço ideia do que está falando! E você está muito esquisito sensei, me perguntando coisas como estas de repente... - disse um pouco nervosa.

– Conversamos sobre isso depois - Olhou na direção das árvores - o nosso treinamento está para começar.

No mesmo instante o Gai e a Kurenai entraram no campo de treinamento.

– Desculpe pelo atraso Sensei. O Gai não desgrudava do Kakashi desafiando ele do nada.

– Desculpe! Mas não pude perder a oportunidade, ele é meu rival...

– Kakashi?! Onde vocês o viram? - Cortei

– Estava aqui perto com a Rin, o Obito e o Minato-sensei, por quê a pergunta? - me olhou de um jeito estranho.

– Nada, é que faz um bom tempo que eu não vejo o Kakashi - refleti.

– Bem, soube que ele anda treinando o dia inteiro, como sempre, então é natural não ver ele. E também ele não é do tipo sociável, então acho melhor você desistir.

– Não é possível que ele seja assim tão frio. Tenho certesa que ele é melhor do que parece.

– Boa sorte então – deu de ombros.

– Ok, ok, que tal seguirmos o exemplo do Kakashi e começar o treinamento? Já perdemos um bom tempo por causa do Gai – Sensei lançou um olhar acusatório para ele.

– Desculpe! - disse em quanto se curvava - prometo treinar muito para ser tão forte quanto o Kakashi.

O nosso treinamento foi normal - com o sensei sendo cruel como sempre -  já na metade dele comecei a ficar exausta. Quando terminou, fui a primeira a sair, antes que o sensei começasse a me interrogar de novo. Em quanto andava já na metade do caminho de casa, me lembrei do kakashi e resolvi ver como ele estava. Pulei nos telhados indo o mais rápido que eu podia até a area de treino que ele costumava ficar, e depois de alguns minutos de corrida finalmente cheguei no lugar. Cuidadosamente pousei em uma árvore, evitando barulho e olhei para a grande clareira onde o Kakashi estava. Ele parecia cansado, estava arfando e escorria suor do rosto dele, realmente ele estava dando o melhor de si, um sorriso escapou dos meus lábios, talvez amanha eu faça alguma coisa para ele. Kakashi de repente fica ereto e começa a fazer uma posição de mãos que nunca vi antes, me inclino e presto atenção nos seus movimentos curiosa... Seria um Ninjutsu? Ele segura seu pulso do braço direito de repente e uma bola de luz começa a aparecer, depois de uns momentos a bola de luz começa a soltar correntes elétricas ao redor dela ao mesmo tempo que aumentava de tamanho.

O que era aquilo? - Arregalei os olhos me inclinando mais um pouco.

– Raikiri! - ele grita correndo com a bola de luz até uma rocha, que ao fazer contato com a rocha abre uma cratera enorme lançando com correntes elétricas em volta dele.

– Oque é aquilo?! - falei impressionada com o poder que aquilo tinha, onde ele aprendeu aquele jutsu?

De repente a bola de luz desapareceu de sua mão e ele se ajoelhou no chão arfando sem parar, aquilo eliminou boa parte do chakra dele. Fiquei preocupada, mas não fui ajudá-lo. Ele ficaria nervoso se eu fizesse alguma coisa, Kakashi sempre se virou sozinho. Pude ficar tranquila assim que ele se levantou.

– Ele não para, não é mesmo? - virei meu rosto e do meu lado estava o Minato-sensei.

– Minato-sensei... Quando você apareceu?

– Eu acabei de chegar - me deu um sorriso. Não é a toa que ele é conhecido como "Relâmpago Dourado de Konoha".

– Ah... Mas eu tenho que concordar com você. O kakashi não sabe oque significa "limite" - sorri.

– Sempre que eu pensava que ele fosse desmaiar de cansaço, ele levantava e continuava, tirando energia não sei de onde - sorriu - ele é notável.

– Eu acho ele meio metido às vezes. Sempre agindo com um adulto, sempre sério. Mas... Por algum motivo eu ainda não consigo ter raiva dele.

Minato me observou um tempo e depois voltou os olhos para o Kakashi. De repente ele deu uma risada.

– Oque foi? - olhei para ele confusa. Seus olhos azuis me fitaram, divertidos.

– Quando penso em vocês dois juntos, me lembro de mim e da Kushina.

Corei violentamente com o pensamento de nós dois juntos.

– Minato-sensei! A relação entre você e a Kushina e a minha com o Kakashi são muito diferentes!! - Ele abriu um grande sorriso ao me ver nervosa.

– Sério? Pensei que você...

– Nem pense nisso - corei - Aliás, uma coisa dessas é impossível de acontecer, ainda mais alguém com a personalidade do Kakashi.

– Um dia você vai ver como o tempo pode mudar as pessoas. Pode não parecer, mas ele esta mudando do mesmo jeito que você esta mudando.

Olhei para o Minato com um sorriso, ele é muito gentil e por mais que eu negasse, sabia que ele estava mudando, ele tinha razão.

– Eu tenho que ir Minato-sensei. Mande um “Oi” para a Kushina - sorri para ele.

– Claro! - abriu um sorriso e em um segundo Minato já estava na clareira indo na direção do Kakashi.

Corri em direção a minha casa pulando de galho em galho, pensando no que o minato disse.