654 escrita por Dodi


Capítulo 36
Capítulo 36




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Resolvemos pular o serviço de babá, porque eu nunca cuidei de uma criança. Eu sozinha com um bebê durante quatro horas? Não daria certo. Fomos primeiro pra algumas agências de jornal, perguntando se eu poderia ser entregadora. As quatro primeiras recusaram, mas na quinta, o gerente disse que me ligaria se precisasse de uma entregadora, mas ele só fez isso porque ele reconheceu Edward - os pais dele têm assinatura daquele jornal há vinte anos.

– Ok, vamos admitir: eu nunca vou conseguir um emprego.

– Não fala assim, esse é só o primeiro dia. - ele disse, tentando me consolar. - Talvez seja mais difícil conseguir um trabalho de entregadora do que passear com cachorros.

– Onde eu arrumaria pessoas dispostas a me pagar pra isso? Eu nem sei por onde começar.

– Eu sei.

Ele me levou até o prédio da tia dele, Fátima. Ele disse que sempre ia pra lá pra cuidar dela, porque ela é velha e está bem doente. Edward conhecia todo mundo, e era um prédio de vinte andares. Realmente parecia um bom lugar pra começar. Ele disse que de todos os apartamentos, apenas doze tinham cachorros - se dez aceitarem, eu posso vir em dois turnos e passear com cinco cachorros de cada vez.

E acabou que foi assim mesmo. Decidimos cobrar cinco reais por semana de cada um. Por mês, ficava vinte reais por pessoa. Contando com todo mundo, duzentos reais por mês. Nada mal. É bom saber que eu tenho um salário fixo agora, já que na fábrica eu ganhava o que sobrava em um dos bolsos de Pedro no fim do mês.

Eu passearia com os cachorros todos os dias, alguns de manhã, alguns de tarde. Encontrei com todos eles, e são todos tão lindos! 

- Gostou deles? - ele perguntou, quando estávamos voltando pra casa dele.

- Muito, eles são super fofos.

- Mas...

- Mas o quê? Eu gostei deles.

- Você não parece muito animada. O que foi?

- Nada! Sério. Tudo bem, eu gosto mais de gatos, mas não é nada demais. - vi que ele estava abrindo a boca pra falar, e eu interrompi. - Não, você não pode me comprar um gato. Os cachorros iriam estranhar o cheiro, e eu não ia conseguir fazer com que ele vivesse preso no quarto. Eu gosto de gatos porque eu via vários na porta da fábrica. Eles vinham, eu dava comida e água pra eles, eles iam embora. Eles são livres. Eu nunca poderia ter um no quarto de hóspedes.

- Ok, e se eu te der um apartamento, e depois um gato? - ele perguntou, brincando.

- Ah, claro, aí ficaria tudo bem.


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