A parte mais difícil de tudo - além de me sentir nervosa pelo fato de que membros da realeza teriam que me aprovar- foi tentar não me perder dentro do que me parecia um castelo.

Nunca pensei que chegaria a conhecer uma casa maior do que a de Edward, já que me sentia um pouco perdida lá. E não foi que o destino resolveu me dar essa chance?

Assim que coloquei meus pés dentro do castelo, me deparei com um aposento cercado de portas. Na casa de Edward, havia a grande escada que nos levava até o segundo andar. Na casa de Emmett, havia um elevador que não apenas nos levava até o segundo andar, como também até o quarto.

Tudo bem, eu definitivamente espero que ninguém saiba em que lugar passei a minha vida inteira. Afinal, minha antiga casa poderia ser comparada como uma oca peregrinada por índios perto deste castelo. Ah, não. Se a casa já é assim, imagina a família. Será que ainda dava tempo de voltar correndo para Dark Roses?

O ar continuava frio mesmo dentro do castelo e apertei meu braço no de Edward mais forte ainda, querendo, de algum jeito, tentar me esquentar. Emmett tinha acabado de apertar no botão perto do elevador para que as portas de ferro se abrissem quando Alice chamou sua atenção tranquilamente, sem nem se quer sendo intimidada pelo local.

– Depois de mostrar nossos aposentos, quero que ligue o ar-condicionado em uma temperatura quente, mas não muito. Não posso trocar a roupa que escolhi para Bella por culpa do clima. – Rapidamente, lancei um olhar acusador para ela. Alice ignorou, revirando os olhos – Tudo tem que estar perfeito.

– Sim, pequena. – Ele concordou, movendo-se graciosamente para dentro do elevador assim que as portas se abriram – Se quiser, pode deixá-la sem roupa, tenho certeza que causará uma boa impressão... Para os homens desta casa, claro.

Edward retribuiu com um olhar meio ameaçador para ele.

Nessie fez careta, sem entender nada.

E eu apenas tentei me esconder o máximo possível atrás de Edward, sabendo que seria a atração principal da noite. Droga.

Não demorou muito para que todos entrassem no elevador, que sem dúvida alguma tinha espaço suficiente para dez pessoas. Antes que as portas se fechassem, Alice ordenou para o motorista, que lutava para trazer um monte de malas nas mãos, que em cinco minutos, tudo teria que estar lá em cima.

Emmett apertou o botão que tinha o numero três. Tudo bem, terceiro andar, obviamente o quarto dos hóspedes. Notei que minha irmã não abriu a boca para falar nada deste que chegamos ao Alasca, e apenas observava tudo com atenção. Enquanto o elevador subia, eu pegava Edward me olhando com certa preocupação. Senti meus pulmões um pouco pesados e por uma fração de segundos, pensei que não pudesse respirar. Falta de ar. Sentindo o ar dentro de meus pulmões novamente, eu suspirei.

– O que foi? – Perguntei baixinho, olhando para ele.

– Você está um pouco pálida... Suas bochechas não estão coradas. – Edward respondeu, analisando-me.

– Deve ser o frio. – Concluí, agora com as pernas um pouco bambas.

– Não se preocupem! – Emmett inesperadamente apareceu por trás de nós e passou os braços ao meu redor – Já tive muitos momentos aqui dentro, com várias mulheres. É normal elas ficarem pálidas.

Nessie olhou para mim confusa e apenas sorri para ela, querendo, por um milagre, que minha irmã ficasse surda toda vez que Emmett resolvesse abrir a boca.

– Emmett – Edward murmurou – Temos uma criança dentro do elevador e duas damas. Se quiser algumas dicas sobre o assunto, ainda mais dentro do elevador, ficarei feliz em te ensinar alguns truques. Só que neste momento, dá pra calar sua boca?

Emmett, obviamente considerou a proposta e se afastou de mim e de Edward. Neste exato momento, a porta do elevador se abriu e me deparei com um longo corredor, mais uma vez, cheio de portas. Um tapete vermelho se estendia ali, dando um ar elegante para o local.

Edward me guiou com suas mãos na base de minha coluna, como um perfeito cavalheiro. E também como um perfeito canalha, já que, vez ou outra, suas mãos ‘’acidentalmente’’ roçavam minha bunda.

Emmett nos guiou até o fim do corredor onde havia duas portas, uma de frente para a outra. Ele disse que o quarto da direita era o meu e de Edward, e o segundo de Alice e Jasper.

– E Nessie? – Perguntei, observando com o canto do olho que Jasper brincava com um dos fios de cabelo solto de minha irmã.

– Bem, tem quarto sobrando aqui para ela. Minha mãe foi quem deus a ordens e...

– Nessie pode dormir conosco. – Edward argumentou, olhando para mim a espera de minha resposta. Apenas balancei a cabeça em sinal de aprovação.

– Claro, então é isso. Pessoal, vou dar uma saidinha e volto a tempo da festa. Edward sabe o caminho. Tchau. – E então Emmett se despediu, indo em direção do elevador.

Festa. Argh.

– Bella, entre no quarto e tome seu banho. Você tem quinze minutos, depois entro lá e começaremos a te arrumar. – Ela foi falando habilmente, como se já tivesse planejado tudo. Seus olhos pararam em Nessie – E você, vem comigo e Jasper, vou te arrumar antes.

Senti que ia desmaiar a qualquer momento e apenas concordei com a cabeça, os movimentos estavam rápidos demais para que eu conseguisse acompanhar.

Edward abriu a porta da direita e rapidamente entrou no quarto, ainda segurando minha mão. Eu o segui.

O quarto era espaçoso e havia uma cama de dossel posta no meio, daquelas que alguém como eu só via em filmes. Uma porta de vidro enorme dava acesso à varanda, que estava coberta de gelo. O guarda roupa que ia de uma parede e se estendia até o final de outra parecia ter sido feito sob medida. Uma porta de madeira estava a alguns centímetros da cama, certamente indicando que lá era o banheiro.

Eu ia tomar banho. Edward estava ali.

Quando olhei para ele, peguei seus olhos fitando-me. Percebi que em nenhum momento sequer encontrei sua expressão surpresa, somente tranqüila, como sempre. Ele já deveria estar acostumado com lugares assim. Eu, não.

Inesperadamente, ele passou os braços ao redor de mim e aproximou seu rosto do meu. Senti o cheiro de seu hálito de álcool em meu rosto e senti meu corpo todo ficar quente. Seus lábios estavam a poucos centímetros dos meus e instantaneamente senti toda minha boca formigar.

– Vamos aproveitar aquela cama. – Sugeriu, passando a ponta de seu dedo em minha cintura. Seus gestos nunca foram tão calmos e relaxados, como se ele já tivesse tido tempo o suficiente para conhecer meu corpo.

– Tenho que tomar banho.

– Vamos tomar banho juntos.

Ideia tentadora.

– Não dá tempo. – Eu disse. Edward ergueu uma sobrancelha, semicerrando os lábios. – Não dá para fazer absolutamente nada em dez minutos com você. – Contrapus. E então empurrei seu peito, afastando-o de mim. Sorri assim que propositalmente seu corpo caiu em cima da cama.

Dando às costas para Edward, fui em direção à porta que certamente dava para o banheiro e a abri.

Deparei-me com um banheiro longo e grande, cheio de toalhas dobradas perfeitamente em cima da pia. Dava para perceber que dentro do boxe havia um chuveiro e vários shampoos.

O mais rápido que pude, tirei minhas roupas e entrei no boxe, ligando o chuveiro enquanto pegava um sabonete. Eu não sabia se podia molhar meu cabelo, então entrei com tudo em baixo da água quente, já que estava sentindo meu corpo fraco e estranho demais.

Contei mentalmente doze minutos até desligar o chuveiro, para que assim que eu saísse do banheiro, Alice estivesse lá e não Edward. Dado determinado tempo, me enrolei na toalha e fiquei com pena de sair do vapor quente que estava preso ali dentro, sabendo que assim que saísse lá para fora, iria sentir muito frio.

Agora, contado exatamente quatorze minutos, abri a porta do banheiro.

E maldito seja meu azar, Edward estava lá, deitado na cama, enquanto analisava todo meu corpo, de cima a baixo. Seus braços estavam cruzados e ele já tinha tirado seu casaco, ficando somente com sua camisa de manga longa preta. Descartei imediatamente a ideia de sentir o frio, pois senti exatamente o contrário. Ver seus olhos tão famintos por mim fez todo meu corpo se arrepiar, enquanto uma onda de calor enlouquecedora vinha logo em seguida.

Fiquei paralisada, até que seus olhos encontraram os meus. Foi impossível não notar o desejo que estava presente em ambos. Com movimentos ágeis, ele pulou da cama e veio até mim. Não recuei, fiz totalmente o contrário e esperei até que seu corpo se aproximasse do meu.

Assim que Edward se aproximou o suficiente, avancei um passo em sua direção. Suas mãos foram de encontro a minha cintura e me guiaram até a parede. Minhas costas se depararam com o sólido frio, fazendo com que eu me arrepiasse por completo. Olhei para cima e encontrei seus olhos dourados analisando todo meu corpo.

Uma de suas mãos ficou pousada em minha cintura. Enquanto a outra descia até minha coxa, na parte em que não estava coberta pelo tecido felpudo da toalha. Seus dedos fizeram uma volta pela minha coxa até ficarem na parte de trás e subiram até minha bunda. Ele apertou a região. Seu toque foi como receber uma corrente de eletricidade e meu corpo todo estremeceu. Levei minhas mãos até a cintura dele e empurrei seu corpo contra o meu. Subi minhas mãos até a barra de sua camisa e comecei a levantá-la lentamente. A outra mão dele que estava em minha cintura, divertiu-se descendo até o meio de minhas pernas, raspando os dedos lá.

Era delicioso. Tentador.

Eu estava pronta para me entregar para ele. A toalha estava se afrouxando ao meu redor.

Resolvi levar meus lábios até os deles. Céus, quanto tempo eu não o beijava?

Tudo isso durou em apenas uma fração de segundos, até que alguém abriu a porta do quarto e Edward se afastou de mim.

Infernos.

Ainda prensada contra a parede, olhei para o lado e encontrei Alice, carregando um amontoado de malas enquanto olhava para a cena, paralisada.

– Só pode ser brincadeira. – Edward murmurou a contragosto, abaixando a camisa, cobrindo a parte definida de sua barriga. Depois, ele saiu do quarto e fechou a porta furiosamente atrás de si.

– Espero que ele não desconte de seu salário. –Falei para Alice, depois de tantos minutos de silencio entre nós.

– Se ele fizer isso, vou dar um jeito de cortar todo aquele cabelo enquanto ele dorme. – Ela respondeu gentilmente, jogando as malas por cima da cama – Então, eu quero te mostrar o que vai vestir.

Concordei com a cabeça e ajeitei a toalha ao redor de mim. Maldição! Será que o destino estava me sacaneando? Sempre, sempre acontecia alguma coisa toda vez que eu e Edward estávamos... Bem, nos pegando. Será que era o destino dando um aviso?

Hum, espero que não.

Alice abriu uma das malas e tirou lá de dentro um vestido, agora o esticando para que eu pudesse vê-lo. Reconheci na hora.

Estava tão negro como antes. Havia sumido todo o sangue que antes estivera em suas mangas, até a parte do tecido que ia até meus joelhos. A imagem da rosa quase transparente continuava ali. Alice virou para a parte de trás, eu soube que encontraria as pétalas das rosas abertas atrás das costas. Bem, não foi só isso que encontrei. Os cacos do que me lembravam vidros estavam ao redor das pétalas, só que não eram mais transparentes. E sim vermelho. Isso mesmo, vermelho. Eu soube que os cacos haviam ficado manchados com meu sangue.

Mesmo assim, o vestido continuava a coisa mais linda que eu já vira em minha vida toda.

– Bem, é claro que eu não ia jogar fora. – Alice foi se desculpando, vendo meu eventual desconforto – E então, procurei a maneira mais conveniente de aproveitá-lo, e achei. Os cacos de vidros vermelhos ficaram ótimos. Não vou aceitar não como resposta. Por favor, por favor. Aceite usar! – Ela insistiu, seus olhos brilhando.

– Tudo bem. – Aceitei, sabendo que seria uma tentativa já descartada á de discutir. Eu normalmente evitava discussões – Aceito, anda logo e me arruma.

E então, Alice começou a me arrumar. Não sei quanto tempo ela me fez ficar sentada, enquanto arrumava meu cabelo. Depois, me maquiou. Só que essa parte durou menos, já que Alice sempre evitava passar maquiagem demais em mim. Enfim, os processos foram vários, incluindo pintar minha unha de vermelho até mesmo vestir inúmeros pares de sapato, no fim, optou por um preto com delicados traços em um tom bordô.

Assim que ela me fez olhar para minha imagem no espelho, não acreditei –como sempre - que pudesse ser eu.

O vestido preto ficou proporcional ao meu corpo, destacando todas as partes que mais chamava a atenção em mim. A luz refletia nos pequenos cacos vermelhos atrás de minhas costas que faziam todo meu vestido brilhar.

O que mais ficou perfeito foi o que Alice fez em meu cabelo. Eles começavam lisos e terminavam ondulados, caindo em minhas costas, faltando pouco para chegar até minha cintura. No fim dos cachos, Alice tinha - de algum modo - deixado as pontas vermelhas, só que era um tom quase impercebível. Jurei que ela tinha colocado um caco vermelho de vidro em cada ponta, já que a luz refletia ali também. Toda vez que eu me movia, parecia que a rosa estava saindo do vestido, querendo se fundir ao meu corpo. Nunca me senti mais poderosa na vida.

– Ficou perfeito. – Eu elogiei, querendo abraçá-la ali mesmo, agora vendo sua imagem por trás de mim.

– Eu sei. – E então ela deu alguns pulinhos, até que parou e arregalou os olhos – Faltam apenas vinte minutos. Vou colocar meu vestido, me espera aqui!

E então ela saiu do quarto. Desconfie que ela estava contando os minutos mentalmente.

E em seu lugar, entrou Jasper.

– Você está... Incrível. – Ele elogiou, arrumando sua gravata cinza.

– Você também esta muito bem. – Retribuí o elogio, sorrindo.

– Obrigado. – Jasper agradeceu e então abaixou o tom de voz, vindo até mim. – Andei pensando muito e acho que temos que contar para Alice.

Droga, será que não era impossível poder se esquecer nem se quer por algumas horas sobre esse assunto?

Ao invés de ficar nervosa, apenas suspirei, me sentindo cansada.

– Acho que não é a hora certa. Sinto que agente não deve contar para ela. – Fui falando cuidadosa, vendo sua expressão de desapontamento. –Não sei quantas pessoas devem saber, você pode estar correndo risco de vida, entende? Eu confio demais em Alice, só não quero ver sua vida em perigo. Olha... – E então tive uma idéia, algo em que talvez pudesse colocar o tempo ao meu favor: - Assim que a gente chegar em Dark Roses, eu conto. Tudo bem?

– Certo. – Jasper concordou, depois de muito tempo pensando – Só quero que Alice saiba ao mais rápido possível, assim, posso ter alguém para me ajudar a descobrir e pesquisar sobre quem possa ser. Quero que tudo termine logo.

– Também quero. – Menti, sabendo que precisava de mais tempo. Tempo era o que estava me faltando.

– Tudo bem. – Ele concordou, sorrindo para mim – Vou descer com Nessie, ela está no quarto com Alice. Apenas se divirta, estaremos cuidando dela, não se preocupe.

Apenas concordei com a cabeça enquanto ele me dava ás costas e saia do quarto.

Tentando acalmar os nervos, fui em direção da grande porta de vidro que dava acesso a área de fora e a toquei, tentando me concentrar na quantidade de frio que minha pele estava recebendo, ao invés de meu nervosismo.

Olhei para fora e varri todo o lugar com os olhos, percebendo o quão escuro estava. Encontrei, no meio da neve e das arvores, alguém todo vestido de preto, com a cabeça coberta por um capuz. Instantaneamente, esqueci de respirar e vi tudo embaraçado. Sou obrigada a apoiar todo meu peso no vidro, senti minhas pernas bambas. Tudo isso durou em um piscar de olhos, já que quando abro meus olhos novamente, não encontro nada. Só a neve.

Alice, quase me matando de susto, apareceu no quarto usando um lindo vestido cinza, que combinava com a gravata de Jasper. Ela analisou minha expressão e perguntou se tudo estava bem, apenas respondi que sim.

– Vou descer na frente com Jasper e Nessie. Edward está te esperando ali fora. – Ela foi falando, apoiada na porta – Não me olhe com essa cara, quero guardar a surpresa do vestido que ela está usando. Assim, você se surpreende. Adoro isso.

Alice estava dando as costas para mim quando eu chamei pelo seu nome:

– Alice?

– Sim? – Ela olhou para mim, curiosa.

– Você conhece alguém chamado Samuel Meghan? – Perguntei antes que eu pudesse pensar duas vezes. As palavras saíram involuntariamente.

Seus olhos se arregalaram. Jurei que ela deu um passo para trás.

– Onde ouviu esse nome? – Perguntou rapidamente, com as sobrancelhas unidas.

Não respondi. Ao invés disso, tentei formular uma desculpa em minha cabeça o mais rápido que pude, mas bem, não deu muito certo.

– Você o conhece? – Retruquei, curiosa. Eu inventaria uma desculpa qualquer mais tarde.

– Falaremos disso mais tarde. Apenas, arrase lá na frente, como sempre. Conte dez segundos e pode vir, Edward vai estar te esperando. – Foram suas últimas palavras antes de sair do quarto.

Nervosa, contei mentalmente dez segundos e até mais. Saí do quarto e encontrei Edward, no fim do corredor. Ele usava um terno, só que não o usava do jeito certo. Não estava usando a gravata. A jaqueta social aberta estava jogada por cima de uma camisa branca, exibindo por de trás do tecido o seu peito largo. Sua beleza ficava ainda mais radiante quando ele usava roupas despojadas. Vi que seus olhos me analisavam maravilhados e me senti incrível usando aquela roupa.

– Pronta? – Ele perguntou, estendo o braço para mim, sorrindo no canto dos lábios.

– Estou sempre pronta. – Respondi, passando os braços ao redor do dele.

Só que era mentira.

Eu não me sentia pronta agora e muito menos para as coisas que estavam para acontecer naquela noite.